Um grupo de arqueólogos amadores franceses conduzia uma escavação ilegal perto da cidade francesa de Craonne, quando encontrou o que acredita ser os restos do infame desastre do túnel de Winterberg, que aconteceu há 101 anos.
Na floresta, numa colina perto da cidade de Reims, os corpos de mais de 270 soldados alemães jazem há mais de um século. Esquecidos na confusão da guerra, a sua localização exata era até agora um mistério.
Porém, graças ao trabalho de uma equipa, pai e filho, de historiadores locais, foi agora encontrada a entrada do túnel Winterberg na frente de batalha de Chemin des Dames.
No início de 1917, as forças francesas lançaram uma ofensiva total no cume Chemin des Dames, a nordeste de Paris, na tentativa de retomar a região de Aisne. Para abastecer as forças da Alemanha – e sem o conhecimento dos franceses -, as tropas alemãs construíram um túnel subterrâneo de 300 metros no lado norte do cume.
A 4 de maio de 1917, mais de 270 soldados estavam abrigados dentro deste túnel quando um bombardeamento dos franceses atingiu a entrada e a saída, incendiando-a juntamente com a munição de reserva ali armazenada e selando as únicas saídas.
Os poços de ventilação também foram fechados, deixando os túneis para serem preenchidos com gás venenoso. Nos seis dias seguintes, o oxigénio acabou, sufocando os soldados que não se tinham suicidado.
Árvores e folhagens cresceram no campo de batalha, obscurecendo o local onde antes ficava o túnel. A localização permaneceu um mistério durante um século até Alain Malinowski descobrir um mapa.
As autoridades não fizeram nada sobre o assunto durante mais de uma década e, então, o filho de Alain Malinowski, Pierre, realizou uma escavação ilegal no local, cavando quatro metros abaixo do solo.
A equipa encontrou, assim, centenas de recipientes de máscaras de gás, dois corpos, bem como uma série de armas.
Segundo o jornal britânico The Times, especialistas da comissão alemã de sepulturas de guerra estão quase certos de que o túnel de Winterberg foi finalmente encontrado.
As autoridades irão agora decidir se escavarão o local em breve.
Sobreviventes contam a história do desastre
Apenas três soldados sobreviveram e descreveram a situação que enfrentaram, segundo o IFLScience.
“O tempo passou e a respiração tornou-se difícil”, escreveu Karl Fißer, do 11.º Regimento de Infantaria de Reserva da 11.ª Companhia. “O calor estava insuportável. Começámos a sentir sede… Perdemos todas as esperanças.”
“Jamais esquecerei a morte dos meus camaradas. Um estava a chamar pela esposa, outro pelos pais e irmãos. Eu também estava emocionalmente abalado e mentalmente despedi-me de tudo que amava. A luta pela vida ou pela morte foi lenta e terrível. Todos pediam água, mas foi em vão. A morte riu da sua colheita e a morte montou guarda na barricada, para que ninguém pudesse escapar”.
Fißer descreve que um amigo lhe pediu para carregar uma pistola para acabar com a sua própria vida, antes de procurar uma pistola para si mesmo, acabando por desmaiar antes que pudesse disparar a arma.
Enquanto rastejava no escuro, em busca de água, encontrou uma lanterna e tentou ligá-la. “Precisei de toda a minha força e, depois, a luz magoou-me os meus olhos, mas o que vi foram cenas terríveis. Os meus camaradas mortos e nus jaziam em posições apertadas e com os braços estendidos. Não queria ver mais e apaguei a luz novamente. Perdi a consciência, por quanto tempo eu não sei”, descreveu.
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