Em Espanha, cerca de 200 empresas vão aderir à semana de
trabalho de quatro dias, uma iniciativa que irá durar três anos e que
tem como objetivo avaliar este modelo de trabalho.
De acordo com o Inverse, o Governo espanhol vai suportar o protejo-piloto através de um fundo de 50 milhões de euros
a ser distribuído pelos participantes para cobrir todas as despesas
relacionadas com a implementação da semana de trabalho de quatro dias.
No início do ano, o Más País, um pequeno partido de esquerda
espanhol, anunciou que o Governo havia aceitado a sua proposta para
testar a ideia e, desde então, têm decorrido as primeiras negociações.
“Com a semana de trabalho de quatro dias (32 horas), abrimos um
autêntico debate dos nossos tempos”, escreveu Iñigo Errejón, do Más
País, no Twitter.
“É uma ideia cujo tempo chegou.”
O político considera que “trabalhar mais horas não significa
trabalhar melhor”. Esta experiência vai fornecer mais detalhes ao
implementar a semana de trabalho de quatro dias durante um longo período
de tempo, uma mais-valia se comparada com experiências semelhantes
anteriores.
Andrew Barnes, fundador do Perpetual Guardian, salientou que as conclusões da experiência espanhola serão inestimáveis para os investigadores interessados em saber se a semana de trabalho de quatro dias é eficaz.
“Esperamos que Espanha forneça dados macro que levem os Governos a
olhar para a semana de quatro dias de trabalho como um método para
abordar questões sociais, produtividade e para desenvolver programas
para ajudar as empresas a implementá-lo”, acrescentou.
O que diz a Ciência?
Um estudo de 2015, publicado na Education Finance and Policy,
analisou este modelo de trabalho e os resultados revelaram um impacto
positivo no desempenho de alunos do ensino básico, bem como no dos
professores. Em relação a estes últimos, a experiência reduziu a
rotatividade e o absentismo.
Mark Anderson, professor de economia e economia agrícola da Montana
State University, acredita que estes resultados podem ser verificados
também noutros setores de atividade e evidenciou que a literatura existente sobre a semana de trabalho de quatro dias mostrou que este modelo está frequentemente associado à maior satisfaçãodo trabalhador.
“No geral, acho que trabalhadores mais felizes são também trabalhadores mais produtivos”, afirmou Anderson.
A ciência apoia a suposição do professor universitário. Um artigo
de 2019 da Saïd Business School, da Universidade de Oxford, concluiu
que o “efeito causal da felicidade” levou a aumentos na produtividade e
impulsionou as vendas num dos maiores empregadores privados do Reino
Unido, a British Telecom.
Com o início da pandemia o Zoom tornou-se numa plataforma
indispensável para comunicar com os amigos, família ou estar em
teletrabalho. Agora, também chimpanzés de dois jardins zoológicos da
República Checa exploram o mundo virtual e, para eles, é como quem está a
“ver televisão”.
Para compensar a falta de interação com os visitantes, desde que as
atrações fecharam devido às restrições da pandemia, os chimpanzés do Safari Park Dvur Kralove
e de um Jardim Zoológico em Brno, a 150 quilómetros de distância, podem
agora assistir ao dia-a-dia uns dos outros em ecrãs gigantes.
Durante as chamadas, o som está desligado, mas há muito interesse no que os primos distantes estão a fazer, desde que o projeto começou na semana passada.
Entre o grupo estão os chimpanzés Faben, Gina e Mary, que podem observar virtualmente outros macacos em outro zoológico do país durante várias horas por dia.
“No início eles aproximaram-se do ecrã com gestos defensivos ou
ameaçadores, houve interação”, disse Gabriela Linhartova, vigilante do
jardim zoológico em Dvur Kralove, a 135 quilómetros a Leste de Praga.
No entanto, com o hábito “passou para o modo de ‘estou no cinema’ ou ‘estou a ver televisão’. Quando veem algumas situações tensas, levantam-se do sofá, como nós quando assistimos a um evento desportivo ao vivo”, refere a responsável.
Enquanto assistem às videochamadas, os chimpanzés também adotaram outros comportamentos humanos, como agarrar guloseimas – como nozes – para comer.
As videoconferências, também transmitidas no website do parque, irão decorrer diariamente das 8h às 16h até ao final de março, altura em que os guardas vão avaliar se devem continuar, diz o The Washington Post.
A empresa Mighty Buildings está a criar uma nova
comunidade habitacional na Califórnia, Estados Unidos, adotando uma
abordagem pré-fabricada em que os painéis são impressos em 3D e enviados
como kits para uma construção mais eficiente.
Com a ajuda da empresa Palari, a Mighty Buildings está
a construir uma comunidade impressa em 3D, num terreno com dois
hectares em Rancho Mirage, na Califórnia. O empreendimento de 15 milhões de dólares consistirá em 15 casas, que serão cobertas por painéis solares para formar uma comunidade de energia líquida zero.
De acordo com o NewAtlas, estas casas possuem três quartos, duas casas de banho, quintais e piscinas.
Os painéis solares podem ser complementados com baterias Tesla Powerwall
opcionais e portas de carregamento de veículos elétricos. Além disso,
há outros extras disponíveis, como banheiras de hidromassagem, fogueiras
e chuveiros ao ar livre.
Algumas casas também têm configurações com uma residência secundária mais pequena na propriedade, adicionando mais dois quartos e uma casa de banho.
Estas casas podem ser feitas de forma barata e eficiente,
sendo que as impressoras 3D são usadas para extrudir uma argamassa de
um bico, construindo as estruturas básicas da casa camada a camada. Os
humanos apenas adicionam os retoques finais, como é o caso das janelas e
portas.
Em vez disso, o Mighty Buildings imprime as peças em 3D para
as suas casas nas suas instalações em Oakland. Segundo a empresa, estes
painéis pré-fabricados, que combinam estruturas de aço com materiais de
isolamento, barreiras de ar, humidade e fogo e acabamentos internos e
externos, substituem até oito camadas de materiais de construção convencionais e eliminam 99% dos resíduos típicos.
Em seguida, são enviados como kits e montados no local, onde reduzem as horas de trabalho em 95%.
“Esta será a primeira atualização local da nossa visão para o futuro da habitação
– capaz de ser implantada de forma rápida, acessível, sustentável e
capaz de aumentar as comunidades vizinhas com uma dinâmica positiva”,
disse Alexey Dubov, cofundador e COO da Mighty Buildings.
Com o local garantido, o desenvolvimento está em andamento. As casas
estão disponíveis em pré-venda com preços a partir de 595 mil dólares
para um modelo básico e até 950 mil dólares para a configuração com duas
casas.
Metade dos adultos do Reino Unido já recebeu a primeira dose
da vacina contra a covid-19, anunciou este sábado o ministro da Saúde
inglês, que considerou um “enorme sucesso” a administração de mais de 26
milhões de doses.
“Estou absolutamente satisfeito por vos dizer que já vacinámos metade
de todos os adultos do Reino Unido. É um enorme sucesso”, afirmou o
ministro Matt Hancock, num vídeo publicado na sua conta da rede social Twitter.
O governante agradeceu a “todos os envolvidos,
incluindo a metade de todos os adultos que se chegou à frente” e
destacou que esse gesto “é tão importante, porque esta vacina é a nossa
via de saída desta pandemia”.
No Reino Unido, já foram administradas mais de 26 milhões de primeiras doses
da vacina contra a covid-19. Para o responsável pela tutela da Saúde,
“o programa de vacinação do Reino Unido é uma grande história de
sucesso”. “Isto não é fácil, mas estamos a fazer enormes progressos”,
admitiu o ministro.
Matt Hancock deixou, ainda, um apelo: “Quando receber a chamada, por favor, chegue-se à frente e receba a vacina, junte-se à maioria dos adultos que já foram vacinados”.
Esta sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson,
recebeu a primeira dose da vacina AstraZeneca, depois de terem sido
emitidos pareceres das entidades reguladoras britânicas e europeias que
garantem a segurança daquela vacina.
Boris Johnson foi vacinado no hospital St. Thomas, em Londres, onde
esteve internado nos Cuidados Intensivos, em abril de 2020, devido à
covid-19, recorda a agência de notícias francesa AFP.
O Reino Unido é o país europeu mais afetado pela pandemia.
No total, morreram naquele país 126 026 pessoas entre 4 285 684 casos
de contágio confirmados desde o início da pandemia covid-19.
Até hoje, 26 263 732 pessoas receberam a primeira dose de uma vacina
contra o novo coronavírus, das quais 2 011 070 receberam uma segunda
dose, que é administrada com um intervalo de até 12 semanas.
A fabricante britânica The Royal Mint,
encarregada de produzir todas as moedas do Reino Unido, lançou um novo
desenho de edição limitada que retrata, pela primeira vez, o ícone
nacional Britannia como uma mulher negra.
Britannia era o nome latino dado ao Reino Unido pelos romanos após a
sua invasão em 43. A guerreira vestida com armas tornou-se uma
personificação das Ilhas Britânicas e é a moeda do país desde 1672.
O uso da Britannia em moedas foi reavivado sob o rei Carlos II,
quando o seu escudo trazia as cruzes de São Jorge e Santo André e
segurava um ramo de oliveira, além de uma lança. Modificações
posteriores incluíram a substituição da lança por um tridente e o
acréscimo de um leão.
Projetada pelo famoso artista P.J. Lynch, a nova moeda faz parte da coleção 2021 da Britannia – uma série de moedas que são lançadas com um novo design todos os anos.
A moeda de edição limitada é um dos dois novos designs para “oferecer
uma nova visão contemporânea da Britannia”, segundo o jornal britânico The Times.
Em comunicado enviado à CNN, Clare Maclennan, diretora de moedas comemorativas do The Royal Mint, disse que “Britannia é um símbolo duradouro do povo e, à medida que a nação evolui, é certo que a sua imagem também evolua“.
“Criar um novo design original para um ícone como Britannia é um sonho para um artista”, disse Lynch. “Queria que parecesse forte, decidida e atraente, mas também senti que as suas características deveriam refletir algo da diversidade do povo da Grã-Bretanha no século XIX”.
The Royal Mint criou uma série de peças colecionáveis populares no passado, comemorando um medley
da cultura britânica desde os Jogos Olímpicos de Londres de 2011 a
figuras artísticas importantes como Elton John, Jane Austen e
Shakespeare.
Em 2009, lançou-se um projeto a celebrar os Kew – os Jardins Botânicos Reais do país. O valor da moeda de 50 pence do Kew Gardens, com a frase “Diversity Built Britain”, aumentou 2.733% na última década.
Diz-se que a moeda 2021 da Britannia se baseia no “compromisso da Royal Mint em refletir uma maior diversidade” e “uma nação que é diversa e está a evoluir com uma nova representação contemporânea”.
A novidade foi revelada juntamente com a introdução de uma série Premium Exclusive de quatro anos.
A Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia
Judiciária (PJ) tem colaborado com as autoridades alemãs no âmbito das
investigações em torno de ameaças de morte ao Presidente da Alemanha,
Frank-Walter Steinmeier. Há portugueses implicados num alegado plano de
atentado ao governante.
Estas ameaças de morte são atribuídas a um grupo de extrema-direita “com possíveis ligações a Portugal”, conforme avança o semanário Nascer do SOL.
As autoridades alemãs terão apelado à colaboração da PJ que, na passada quinta-feira, realizou várias buscas na Grande Lisboa relacionadas com estas suspeitas, ainda de acordo com o mesmo jornal.
A PJ terá seguido pistas relativas a “registos de tráfego electrónico de sites
de grupos nacionalistas”, tendo assim localizado os suspeitos e
efectuado “buscas às suas residências”, como atesta a mesma publicação.
Em causa podem estar ligações ao grupo Clandestinidade Nacional-Socialista, mais conhecido por NSU 2.0 que já esteve envolvido em vários atentados bombistas, entre 2000 e 2006, com motivações racistas.
O grupo teria sido desmantelado em 2011. Mas nos últimos anos surgiram suspeitas de que o NSU 2.0 teria enviado diversas ameaças de morte a políticos, advogados e instituições.
Também terão sido encontrados, nos últimos anos, “listas de inimigos” e esconderijos de armas
entre grupos de extrema-direita na Alemanha. Além disso, vários agentes
da polícia do país foram descobertos por estarem associados a este tipo
de movimentos em grupos do WhatsApp.
As investigações em torno do alegado plano de atentado contra o Presidente alemão surgem no âmbito de uma crescente preocupação
com o aumento da influência de grupos de extrema-direita no país. Estes
grupos manterão ligações internacionais com cidadãos de diversos países
e terão também ramificações em Portugal.
O terrorismo de movimentos de extrema-direita abala a Alemanha desde há décadas.
Num discurso a 26 de Setembro de 2020, Frank-Walter Steinmeier,
eleito pelo Partido Social Democrata da Alemanha, fez referência a esse
“fantasma” que persiste na cerimónia que assinalou o atentado bombista de 1980 no Oktoberfest, em Munique, que matou 30 pessoas e feriu 213, algumas das quais tiveram que amputar membros.
Foi o atentado terrorista mais letal na Alemanha, no pós-II Guerra Mundial, tendo sido cometido por um terrorista que morreu no ataque, com uma bomba artesanal.
Na sua intervenção em 2020, Steinmeier questionou se “as redes de extrema-direita não são levadas suficientemente a sério pelos investigadores criminais“,
apontando que podem estar a ser “deliberadamente ignoradas”. Estas
palavras podem reportar para o facto de terem sido encontradas ligações
de alguns polícias a movimentos nazis.
Drones que voam para as nuvens, dando-lhes um choque elétrico
para “persuadi-los” a produzir chuva, estão prestes a ser testados nos
Emirados Árabes Unidos.
Os Emirados Árabes Unidos já usa uma tecnologia de semeadura em
nuvens, atirando sal para estimular a precipitação. Porém, com a
precipitação média de apenas 100 milímetros por ano, o país quer gerar mais.
De acordo com a BBC,
em 2017, o Governo forneceu 15 milhões de dolares (equivalente a 12,5
milhões de euros) para nove projetos diferentes de intensificação da
chuva. Um deles está a ser liderado por cientistas da Universidade de
Reading, no Reino Unido.
Assim, os Emirados Árabes Unidos estão prestes a testar uma forma
incomum e de alta tecnologia de provocar mais chuvas: fazer drones voar
entre as nuvens e eletrizá-las para acionar chuvas.
powered by plistO projeto visa alterar o equilíbrio da carga elétrica nas gotas da nuvem, segundo explicou Maarten Ambaum,
que trabalhou no projeto. “O lençol freático está a afundar-se
drasticamente nos Emirados Árabes Unidos e o objetivo disso é tentar
ajudar com as chuvas”, disse.
O país, contufo, “tem muitas nuvens”, por isso o plano é persuadir as
gotas de água dentro delas a fundirem-se e a colarem-se “como cabelo
seco a um pente” quando encontra eletricidade estática. “Quando as gotas
se fundem e são suficientemente grandes, caie como chuva”, disse
Ambaum.
“Equipados com uma carga útil de instrumentos de emissão de carga
elétrica e sensores personalizados, estes drones voarão em baixas
altitudes e enviarão uma carga elétrica ao ar moléculas, o que deve
estimular a precipitação”, afirmou Alya Al-Mazroui, diretora do programa de investigação científica para intensificação da chuva dos Emirados Árabes Unidos, em declarações ao Arab News.
Depois, o estudo será avaliado para, possivelmente no futuro, receber
mais financiamento para uma aeronave maior para entregar a carga útil.
Atualmente, os sistemas de modificação do clima geram controvérsia. A
propagação de nuvens já existe há décadas, mas o potencial uso indevido
da tecnologia preocupa os especialistas com as ramificações
geopolíticas, especialmente na China.
Nesse caso, no entanto, a tecnologia de controlo do clima tem um caso de uso claro de ajudar a fornecer água a grandes cidades desertas que correm o risco de ficar sem água que está naturalmente disponível.
Uma coleção de documentos recentemente divulgados sobre o
trágico naufrágio do submarino de ataque nuclear USS Thresher em 1963
confirma que a Marinha dos Estados Unidos não encobriu o misterioso
acidente e que não houve um único evento ou erro que o tenha causado.
No ano passado, um comandante de submarino reformado venceu uma ação judicial que
obrigava a Marinha a divulgar o relatório sobre o que aconteceu ao USS
Thresher, que naufragou durante os testes de mergulho em abril de 1963,
matando toda a tripulação de 129 pessoas. Desde então, a Marinha
divulgou vários documentos que contam a história do naufrágio.
O USS Thresher foi o primeiro submarino de ataque com propulsão nuclear.
A classe Thresher foi apenas a segunda a usar o novo casco em forma de
lágrima projetado para maximizar a velocidade debaixo de água.
Ao contrário dos submarinos com propulsão convencional, os submarinos
com propulsão nuclear conseguiam permanecer submersos indefinidamente e
não exigiam um casco eficiente para navegar na superfície.
Os Threshers também foram os primeiros a usar a liga de aço HY-80,
mais recente e mais forte. Os submarinos tinham 84 metros de
comprimento, 4.369 toneladas debaixo de água e conseguiam fazer
submersos durante mais de 30 nós.
Em 9 de abril de 1963, o USS Thresher estava a realizar testes de
mergulho a 354 quilómetros a leste de Cape Cod. O submarino notificou os
navios na superfície que monitorizavam os testes de que estava a encontrar “pequenas dificuldades” e que ia explodir os seus tanques de lastro para regressar à superfície.
Os técnicos de sonar relataram ter ouvido ruídos misteriosos de “ar a correr”, mas o submarino não conseguiu emergir.
O USS Thresher nunca voltou à superfície e, mais tarde, a Marinha encontrou o submarino em seis pedaços no fundo do Oceano Atlântico. Todos os 129 funcionários a bordo, incluindo 112 membros da tripulação e 17 contratados civis, morreram.
Muito foi especulado e muitas teorias foram propostas. Houve quem, por exemplo, culpasse, as soldas defeituosas que falharam durante os testes, causando um curto-circuito nos sistemas elétricos críticos do submarino e minando a sua energia.
O que aconteceu realmente ao USS Thresher?
A investigação da Marinha sobre o naufrágio permaneceu secreta durante décadas até que James Bryant,
um comandante de submarino aposentado dos Estados Unidos que comandou
três submarinos da classe Thresher, processou a Força em 2019.
Em 2020, um juiz concordou com Bryant, ordenando a desclassificação
de 3.600 páginas de arquivos, que foram agora divulgadas pelo U.S. Naval Institute News.
Enquanto a investigação da Marinha culpou o naufrágio num cano de
água do mar que falhou, Bryant e outros especialistas navais acreditam
que os arquivos desclassificados mostram que houve vários fatores que criaram o acidente fatal.
De acordo com o painel de especialistas, citados pelo Popular Mechanics, a Marinha dos Estados Unidos estava com pressa para colocar o USS Thresher na frota para combater uma nova classe de submarinos nucleares soviéticos.
Uma expansão da frota de submarinos criou uma demanda por mais
tripulações subtreinadas e há quem sugira que as tripulações foram para o
mar sem o treino adequado. As próprias tripulações confiavam excessivamente nos sistemas, acreditando que era impossível que os submarinos com propulsão nuclear perdessem energia.
A Marinha disse oficialmente que um cano soldado incorretamente colapsou a bordo do navio, causando uma fuga de água do mar que acabou por causar um curto-circuito
no sistema elétrico do navio. As tripulações não conseguiram alcançar o
equipamento para impedir a inundação a tempo e os tanques de lastro não
funcionaram corretamente.
O historiador naval Normal Friedman acredita que o treino inadequado exacerbou esses problemas, sendo que a tripulação foi incapaz de responder com rapidez suficiente para salvar o navio.
A perda do USS Thresher, bem como do USS Scorpion em 1968, levou a uma reformulação das práticas de treino e engenharia a bordo de submarinos nucleares da Marinha dos Estados Unidos.
A Marinha criou também uma agência especializada, o SUBSAFE,
para supervisionar o projeto e a construção de submarinos para garantir
que os submarinos pudessem emergir mesmo nas circunstâncias mais
terríveis. Graças ao SUBSAFE, a Marinha não perdeu um submarino em 52 anos.
Bryant considera que a divulgação dos documentos é positiva para a
Marinha. Durante várias décadas, os críticos acusaram a Força de
encobrir o acidente ao manter os arquivos da investigação em segredo.
O conteúdo dos arquivos deixa claro que não houveencobrimento
e que a Marinha apenas manteve o segredo para evitar que detalhes
operacionais de submarinos nucleares dos Estados Unidos fossem público e
beneficiassem os adversários.
A Administração do novo presidente dos EUA, Joe Biden,
convidou cinco funcionários a demitirem-se e colocou outros em regime de
teletrabalho. Os trabalhadores foram classificados como ocasionais
consumidores de marijuana e terão oportunidade de corrigir
comportamentos.
Uma investigação interna na Casa Branca identificou vários
funcionários com um historial de consumo de droga, incluindo drogas
duras, segundo detalha a CNN, o que levou a administração de Joe Biden a forçá-los a demitirem-se.
Por outro lado, outros funcionários encontram-se suspensos
ou a trabalhar a partir de casa, em regime de teletrabalho. “Em
centenas de pessoas contratadas, apenas cinco já não são funcionárias da
Casa Branca”, confirmou no Twitter, nesta sexta-feira, 19, a assessora de imprensa Jen Psaki.
Segundo o jornal, os que foram convidados a sair terão sido os que revelaram um historial relacionado com drogas pesadas, enquanto os consumidores de marijuana vão ser alvo de outro tipo de enquadramento – uma espécie de segunda oportunidade.
A marijuana é legal em 14 dos 50 estados norte-americanos, por isso o uso desta substância não desqualifica imediatamente alguém de servir no gabinete executivo da Presidência dos EUA.
Contudo, vai obrigar a um compromisso dos trabalhadores, se quiserem manter-se em funções, a começar no abandono de tal prática e a acabar na disponibilidade para se sujeitarem a testes de deteção aleatórios.
Enquanto o “bom comportamento” não se confirmar, alguns vão permanecer suspensos e outros em regime de teletrabalho, avança a CNN.
Esta medida de exceção é aplicada apenas a funcionários que se tenham
revelado consumidores ocasionais ao longo do último ano e aos que, por
via das suas funções, não precisem de autorizações especiais de
segurança.
É no Baluchistão, uma província do sudoeste do Paquistão, que
habita a espécie abetarda houbara. Contudo, este pássaro encontra-se em
vias de extinção e a culpa é de uma política que permite que grandes
figuras do Médio Oriente possam caça-lo.
A província do Paquistão abriga mais de 300 espécies de pássaros,
sendo a abetarda houbara uma das mais raras. Embora a caça da espécie
seja proibida para os habitantes locais, o Governo do Paquistão permite que a realeza árabe mate os animais durante as viagens anuais.
“Muito dinheiro é deitado fora quando começa a época de caça. São
montadas tendas, os árabes trazem os seus SUVs e jatos particulares para
circular pela região. É o Governo que beneficia diretamente desta
atividade e apenas alguns homens locais são contratados”, conta Rizwan Talpur, uma caçador local.
Durante a época de caça, a zona torna-se proibida para a população,
pois as autoridades governamentais assumem o controlo da segurança.
A abetarda houbara é a ave oficial da província de Baluchistão e
carateriza-se por ser solitária, o que faz com que seja difícil
avista-la. Esta situaçõa aumenta o desejo dos caçadores reais de a
caçar.
Nos países do Médio Oriente, a caça desta espécie é considerada um desporto. A sua carne é considerada um afrodisíaco, embora a sua eficácia não tenha sido comprovada cientificamente, refere Sana Baloch, uma veterinária local do Baluchistão.
Na altura das viagens de caça, o Paquistão emite licenças especiais
com taxas obrigatórias de 100.000 dólares por pessoa e recebe cerca de
1.000 dólares por cada falcão que os caçadores trazem para matar a
abetarda houbara. “Em recompensa, o governo federal espera obter ajuda e
favores diplomáticos”, frisa Baloch.
Antes de chegar ao poder, o primeiro-ministro Imran Khan
opôs-se à caça da ave no país. No entanto, a prática continua a
prosperar sob a sua administração e o Governo não comenta o assunto.
Para a época de caça de 2020-21, os convites foram enviados ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, ao xeque Tamim Bin Hamad Al-Thani do Qatar e às famílias reais dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi e Bahrein.
Uma razão pela qual a política de caça do Paquistão continua sem ser
alterada é por que o país tem dependido economicamente dos países árabes
em termos de empréstimos e pagamentos de petróleo, lembra o VICE.
Em 2014, foi noticiado que um príncipe saudita matou cerca de dois
mil pássaros de uma espécie ameaçada de extinção. “O príncipe matou,
sozinho, 1977 aves e as pessoas que o acompanhavam 123”, detalhou a AFP na altura.
O ministro da Saúde alemão disse na sexta-feira que seria a
favor do uso da vacina contra a covid-19 russa, através da assinatura de
um acordo de distribuição nacional.
Jens Spahn sublinhou que as autoridades alemãs estão
em contacto com a Rússia, relativamente a questões sobre a vacina
Sputnik V. “Admito a rápida assinatura de contratos”, disse numa
conferência de imprensa.
Um pré-requisito para a conclusão deste tipo de acordo será o
fornecimento de mais detalhes sobre quantas doses conseguiriam ser
enviadas para a Alemanha, disse Spahn.
O ministro avançou ainda que é “muito a favor” de que a Alemanha assine protocolos com a Rússia sobre a vacina, “caso a União Europeia não faça nada”.
“Consigo perfeitamente imaginar que possamos fechar contratos – e
fechá-los rapidamente”, indicou Jens Spahn, em conferência de imprensa
citada pela Reuters. acrescentando que “na verdade, sou muito favorável a
que possamos fazer alguma coisa a nível nacional, se a União Europeia
não fizer nada“.
A Alemanha surgiu nas últimas semanas como uma das principais defensoras da vacina russa, com Angela Merkel a dizer em fevereiro que “todas as vacinas são bem-vindas”.
A agência europeia do medicamento (EMA) pode aprovar vacina russa na segunda quinzena de maio, avança o Observador.
“Se tudo estiver preparado, a aprovação por parte da EMA pode chegar
daqui a dois meses”, disse a fonte que não foi identificada.
A vacina Sputnik V está sob avaliação da Agência Europeia do Medicamento desde 4 de março.
As primeiras conversas entre a administração Biden e a China
foram “duras”, mas “construtivas”, revelaram as duas partes, numa altura
em que há um aumento das tensões entre as duas potências mundiais.
O encontro iniciou-se na quinta-feira com acusações mútuas de ações
perturbadoras para a estabilidade mundial. Este foi o primeiro encontro
entre delegados dos dois países desde a chegada ao poder de Biden, a 20
de janeiro.
Mas depois de longas conversas, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que as potências rivais encontraram pontos em que os seus interesses se sobrepõem.
Blinken referiu que os Estados Unidos revelaram preocupações sobre a
atitude de Pequim com Hong Kong e Taiwan, bem como a forma como o país
age ciberespaço.
O mais alto funcionário do Partido Comunista da China para a diplomacia, Yang Jiechi,
foi embora sem falar com os jornalistas, mas, posteriormente, avaliou
como “construtivas” as conversas, segundo a agência de notícias estatal
chinesa Xinhua. O diálogo foi “direto, construtivo e útil, embora ainda haja divergências importantes entre ambas as partes”, afirmou.
O ministro chinês das Relações Exteriores da China, Wang Yi,
considerou que se cada parte respeitar os interesses e as preocupações
da outra, o diálogo entre os dois países “estará sempre aberto”,
mencionou a Xinhua.
As reuniões foram fixadas como uma troca de pontos de vista e não se esperavam acordos ou pactos.
Biden herdou a tensa relação com Pequim do seu antecessor, Donald Trump,
e até agora informou que mantém a mesma linha dura, vendo a China como o
adversário número um dos Estados Unidos, a nível económico político e
militar.
Washington tem sido particularmente crítico com o controlo político
crescente da China em Hong Kong, bem como com as suas ameaças contra
Taiwan e maus-tratos à minoria uigur, que os funcionários americanos
denominam como uma política de “genocídio”.
No entanto, a China refuta as críticas e diz que os Estados Unidos estão a interferir em seus assuntos internos.
Mentalidade da Guerra Fria
Blinken acusou a China de ações que “ameaçam a ordem baseado em
regras que mantêm a estabilidade global”, declarações que Biden apoiou
nesta sexta-feira afirmando que está “orgulhoso” de seu secretário de Estado.
Yang respondeu à linguagem “condescendente” de Blinken, acusando-o de fazer uma demonstração de força para a tribuna.
“Quando entrei nesta sala, deveria ter lembrado à parte americana que
preste atenção ao seu tom nos respetivos comentários de abertura”,
disse Yang.
Sullivan disse que os Estados Unidos não queriam conflitos, mas saudava “uma dura concorrência”.
Yang pediu para “abandonar a mentalidade da Guerra Fria” e disse que Pequim não queria “nenhum confronto ou conflito”.
A China rejeitou a afirmação de Blinken de que a sua discussão com
“quase uma centena de homólogos” em todo o mundo mostrou que a maioria
apreciava o papel global dos Estados Unidos e tinha “profunda
preocupação” com o comportamento de Pequim.
Pequim acusou ainda Washington de adotar uma abordagem agressiva e pouco diplomática ao receber os convidados no Alasca.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) atualizou esta
sexta-feira o documento com as informações da vacina da AstraZeneca. Os
vacinados devem procurar atendimento médico se após a vacinação sentirem
falta de ar, inchaço nas pernas, visão turva, dor abdominal ou dores de
cabeça persistentes.
A EMA refere que seguiu as recomendações do Comité de Avaliação do
Risco de Farmacovigilância, responsável pela avaliação do risco do uso
de medicamentos para a vida humana, e atualizou o documento na sequência
dos casos de eventos tromboembólicos em pessoas que tinham sido
vacinadas.
“A combinação de tromboses e trombocitopenia, em alguns casos com
sangramento, foi observada raramente depois da vacinação com a vacina da
AstraZeneca para a covid-19”, pode ler-se no capítulo dedicado às
“advertências e precauções especiais de utilização”, ao qual o Expresso teve acesso.
Acrescenta ainda que “incluem quatro casos graves apresentados como tromboses
venosas, incluindo em locais pouco usuais como trombose venosa
cerebral, trombose da veia mesentérica, assim como trombose arterial em
simultâneo com trombocitopenia”.
A maioria desses casos, lê-se na informação hoje divulgada, ocorreram nos primeiros sete a 14 dias após a vacinação em mulheres com menos de 55 anos, apesar de a prevalência nesse grupo poder refletir o “o aumento do uso da vacinação nessa população”, apontam.
A EMA recomenda, aos profissionais de saúde “que devem estar atentos
aos sinais e sintomas de tromboembolismo e/ ou trombocitopenia” e
aconselha quem se tenha vacinado que esteja alerta e procure
“imediatamente” um médico caso sinta falta de ar, dor no peito, inchaço
na perna, visão desfocada e dores abdominais.
Esta quinta-feira, após a vacina da AstraZeneca ter sido suspensa preventivamente em vários países, a EMA assegurou que esta é segura, reforçando que os benefícios continuam a ser maiores que os riscos.
No comunicado enviado à Imprensa, o Infarmed assegura que já propôs a
atualização da informação destinada aos cidadãos e profissionais de
saúde para fazerem a adequada monitorização e publicou nova circular.
Pela primeira vez na história do Bangladesh, uma estação de
televisão contratou uma pessoa transgénero para ser pivô. A empresa
espera que esta decisão ajude a mudar mentalidades no país.
De acordo com a agência Associated Press, Tashnuva Anan Shishir estreou-se como pivô da Boishakhi TV, esta segunda-feira, precisamente no dia em que se celebrou o Dia Internacional da Mulher.
“Estava muito nervosa, a sentir-me muito emocionada, mas tinha em
mente que precisava de superar este desafio, este teste final”, disse
Shishir, de 29 anos, que também já trabalhou como atriz.
A também ativista contou que foi no início da adolescência que começou a mostrar sem medos que se sentia uma mulher.
Uma fase difícil em que foi muito criticada por familiares e amigos,
mas também intimidada e explorada sexualmente, o que a levou mesmo a
tentar o suicídio.
“O bullying era tão insuportável que tentei suicidar-me quatro vezes.
O meu pai deixou de falar comigo durante anos”, disse Shishir, citada
pela emissora de televisão Al Jazeera.
Foi então que decidiu sair de casa e mudar-se para a capital, Daca,
onde fez tratamentos hormonais e trabalhou para instituições de caridade
e num grupo de teatro. Em janeiro, começou a estudar saúde pública na universidade, uma parte da sua vida que terá agora de conciliar com o trabalho na estação televisiva.
“Isto pode ser algo revolucionário e criar uma nova
dimensão de pensamento nas pessoas”, disse ainda Shishir. “O grande
problema é que as pessoas não estão sensibilizadas. Espero que isso
possa acontecer e peço-lhes que possam cuidar das muitas ‘Tashnuvas’ que
estão à sua volta”, acrescentou.
O canal privado de televisão por satélite, que fez história no país
com esta contratação, disse que quer estar do lado da mudança e anunciou
já ter contratado uma segunda pessoa transgénero para o seu departamento de entretenimento.
“A nossa primeira-ministra tem dado muitos passos para ajudar as
pessoas transgénero. Encorajados por estas medidas, decidimos contratar
duas pessoas transgénero. Queremos que a atitude da sociedade mude
através destas decisões”, disse Tipu Alam Milon, vice-diretor
administrativo da estação, citado pela AP.
Desde 2013 que, por decisão do Governo, liderado por Sheikh Hasina,
as pessoas trans podem identificar-se como tendo um género diferente. Em
2018, também foram autorizadas a registar-se para votar com esse terceiro género.
De acordo com a agência norte-americana, o país tem oficialmente mais
de dez mil pessoas transgénero, mas ativistas da comunidade LGBT dizem
que o número deverá ser muito maior.
Esta comunidade enfrenta uma grande discriminação no
Bangladesh, tendo muitas dificuldades em encontrar emprego e sendo
muitas vezes forçados a viver na rua ou a trabalhar na prostituição.
Em 1726, a camponesa Mary Toft, que vivia no condado de
Surrey, em Inglaterra, foi a protagonista de uma história que causou
grande surpresa na comunidade médica, mobilizou a imprensa local e até
chamou a atenção do rei George I: a jovem de 25 anos convenceu todos que
estava a dar à luz coelhos.
Mary Toft já era mãe de três crianças quando revelou estar grávida
novamente. No entanto, segundo os relatos da camponesa, a gestação
estava a ser diferente das outras. A jovem queixava-se que não conseguia
trabalhar ou realizar as tarefas domésticas, uma vez que tinha dores
insuportáveis e não conseguia ficar de pé durante muito tempo.
Quando finalmente deu à luz, Mary surpreendeu todos. É que em vez de um bebé, a camponesa deu à luz vários pedaços de animais que se pareciam com coelhos. Desta forma, a sua história tornou-se numa espécie de lenda local.
Na altura, o médico John Howard teve conhecimento do acontecimento e tentou descobrir mais sobre o assunto. Ao chegar a casa de Mary assistiu à jovem a dar à luz pedaços de animais e notificou de imediato a comunidade médica de Londres.
O caso acabou por chegar aos ouvidos do rei George I, que enviou até Surrey um dos seus cirurgiões pessoais, Nathaniel St. Andre. O médico real também confirmou a história, concedendo ainda mais notoriedade a Mary Toft.
O rei solicitou que a jovem se dirigisse a Londres para se submeter a
exames mais detalhados e ela foi. Deste modo, o terceiro médico a
analisar o caso – o cirurgião real Cyriacus Ahlers –
chegou à conclusão de que os animais saíam das trompas de falópio da
mulher e sugeriu uma cirurgia invasiva para confirmar a hipótese.
Contudo, na altura da análise já existiam indícios de que algo não batia certo. Ahlers descobriu que um dos coelhos tinha vestígios de feno, milho e palha, ou seja, o animal foi colocado dentro da vagina de Mary depois de ter comido.
No meio de tanta especulação, Toft explicou que o nascimento
sobrenatural foi causado por um coelho que a assustou enquanto
trabalhava no campo. A justificação foi facilmente aceite pela
população, uma vez que na época as pessoas acreditavam que os
pensamentos e sentimentos das mães podiam impactar a aparência e o
desenvolvimento dos filhos no útero, diz o IFL Science.
Perante a insistência para que fosse submetida a uma operação, Mary
não teve outra opção senão contar a verdade. A camponesa confessou que,
juntamente com o seu marido, comprava coelhos e empurrava-os através do canal vaginal para fingir o nascimento dos animais.
Com a verdade revelada, os especialistas foram alvo de gozo e vários
jornais e teatros desacreditaram os médicos devido à sua ingenuidade
perante o assunto.
Howard foi particularmente arrasado, pois na altura em que Mary fez a
revelação, tinha acabado de artigo de 40 páginas intitulado “Uma breve
narração sobre o extraordinário parto de coelhos”.
A camponesa acabou por ser aprisionada sob acusação de fraude, sendo libertada pouco tempo depois.
Até hoje, não se sabe ao certo por que razão a mulher sustentou a
mentira. Mary Toft morreu aos 62 anos, e a sua história nunca mais foi
esquecida pela população local.
No 10.º aniversário da campanha da NATO na Líbia, o
ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega revelou negociações nos
bastidores que procuravam acabar com a guerra pacificamente.
Tinham passado dois meses desde que os líbios tinham saído à rua pela
primeira vez para uma onda de protestos populares contra a ditadura de
Muammar al-Gaddafi. Centenas de pessoas morreram enquanto as forças do
Governo e os rebeldes apoiados pela NATO lutavam num conflito brutal.
No entanto, num quarto de hotel a 3.000 quilómetros de distância, os dois lados em conflito fizeram um acordo secreto para acabar com a guerra, segundo relata o jornal britânico The Independent.
As conversações confidenciais mediadas pela Noruega deram a esperança
de um fim pacífico da guerra civil da Líbia em 2011. Os dois lados
concordaram com um rascunho, que afirmava que Gaddafi, que governou a
Líbia durante 42 anos, renunciaria e deixaria a política, mas manteria as instituições do Estado.
No entanto, as negociações desmoronaram-se e os rebeldes, com o apoio da NATO, acabaram por capturar e matar Gaddafi.
Na sua primeira entrevista aos media internacionais sobre as negociações de 2011, o então chanceler norueguês Jonas Store, que intermediou o acordo, acusou a França e a Grã-Bretanha de se opor a uma solução negociada.
Há muito tempo que o então primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês Nicolas Sarkozy, são acusados de procurar a mudança de regime a todo custo, alegações que negam.
“Senti que a mentalidade em Londres e Paris não tinha abertura para realmente refletir sobre a opção diplomática”, disse Store, em declarações ao The Independent.
“A França e a Grã-Bretanha estavam dispostas a olhar para algo além das
soluções militares? Se houvesse na comunidade internacional vontade de
seguir esse caminho com alguma autoridade e dedicação, acredito que
poderia ter havido uma abertura para alcançar um resultado menos
dramático e evitar o colapso do Estado líbio”.
Em fevereiro de 2011, a Líbia seguiu outros países árabes numa
revolta, com dezenas de milhares de pessoas a tomar as ruas e a exigir o
fim do governo de Gaddafi. As forças de segurança reprimiram
brutalmente e Gaddafi prometeu esmagar os “ratos nas ruas”.
Em 17 de março do mesmo ano, as Nações Unidas votaram para intervir
para impedir Gaddafi de matar o seu próprio povo, com aeronaves da NATO a
voar contra as forças líbias nos sete meses seguintes.
Contudo, os aliados de Gaddafi também procuravam silenciosamente um
resultado negociado. Enquanto prometia publicamente esmagar a rebelião, o
filho favorito e mais proeminente de Gaddafi, Saif al-Islam, convidou altos funcionários noruegueses para negociar em Trípoli, capital da Libia.
Dois altos funcionários noruegueses estavam no palácio presidencial
quando a resolução da ONU foi aprovada em Nova Iorque e tiveram de ser
levados à pressa através da fronteira com a Tunísia para a sua própria
segurança devido aos iminentes primeiros ataques aéreos da NATO, contou
Store.
Diplomacia silenciosa da Noruega
A Noruega tornou-se um membro ativo da campanha de bombardeamento da
NATO, lançando quase 600 bombas. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro do
país, Jens Stoltenberg, que agora é secretário-geral da NATO, pediu a
Store que continuasse as conversas ultrassecretas, hospedando-as na Noruega.
O país tem uma longa história de diplomacia silenciosa no Médio
Oriente, incluindo a mediação dos Acordos de Oslo de 1993 que viram o
reconhecimento mútuo entre Israel e a Organização para a Libertação da
Palestina.
Depois de semanas de conversas, Store organizou o primeiro encontro cara a cara
entre o regime e autoridades da oposição num quarto de hotel em Oslo em
27 de abril. Presentes estavam hammed Ismail, braço direito de Saif al-Islam, e Aly Zeidan, uma figura importante no Conselho Nacional de Transição da oposição, que viria a ser primeiro-ministro na Líbia pós-Gaddafi.
Store disse que a atmosfera era “emocionante . Estas eram pessoas
que, na nossa frente, puderam partilhar como conheciam as mesmas pessoas
e como ambas se preocupavam com o seu país”.
Diplomatas noruegueses iam e vinham, eventualmente elaborando um
“plano abrangente” para acabar com a crise. A primeira linha afirmava:
“O coronel Gaddafi decidiu deixar o poder, afastar-se e encerrar a primeira fase da revolução.”
O que aconteceria com Gaddafi, contudo, continuou a ser um ponto crítico. O famoso líder recusou-se a deixar a Líbia, levando a negociações sobre se poderia permanecer no país, mas deixar a política.
Store aceita que “não sabemos” se Gaddafi estaria disposto a
renunciar ou se grupos rebeldes mais extremistas teriam aceitado um
acordo, mas disse que as principais nações ocidentais não estavam interessadas num acordo negociado.
Em agosto de 2011, as imagens captadas no Aeroporto Internacional de Trípoli, na Líbia, tornaram-se prova da queda do regime de Muammar al-Gaddafi, ditador que governou o país durante mais de 40 anos.
Além de capturarem o próprio Gaddafi, que acabaria por ser morto em
outubro desse mesmo ano, as forças opositoras assumiram o controlo do
aeroporto e ainda conquistaram um “prémio”, um dos maiores símbolos de
poder do ditador.
Após a guerra de 2011, a Líbia entrou numa nova guerra civil, que durou grande parte da última década. Mais tarde, Barack Obama descreveu a falta de planeamento pós-conflito como o “pior erro” da sua presidência.
Durante uma década de guerra, centenas de civis morreram. As Nações
Unidas só negociaram um acordo para restaurar a paz no ano passado.
A cidade de Evanston, nos arredores de Chicago, deverá
aprovar, na segunda-feira, um projeto para começar a pagar reparações
aos cidadãos negros num valor estimado de 10 milhões de dólares na
próxima década.
Localizada nos arredores de Chicago, a cidade de 75 mil habitantes,
vai levar, segunda-feira, a votação do conselho municipal, um projeto
que permitirá desbloquear uma primeira parcela de 400 mil dólares para
oferecer reparações aos cidadãos afro-americanos, descendentes de
escravos, que ajudaram a construir os Estados Unidos (EUA).
O projeto será financiado pela taxa sobre a venda de canábis, conta
com largo apoio dos munícipes e deverá beneficiar nesta primeira fase
“um punhado” de habitantes que irão receber cerca de 25 mil dólares para
usar na compra ou reparação de casas, noticiou esta sexta-feira a
agência Lusa.
Entre os elegíveis, estão os descendentes diretos de cidadãos negros
que viveram em Evanston, entre 1919 e 1969, e que foram alvo de práticas
discriminatórias no acesso à habitação ou cidadãos negros com mais de
18 anos confrontados com as mesmas práticas na atualidade.
Em causa esta, em particular, a prática conhecida como “redlining”,
segundo a qual os bancos limitavam os empréstimos à habitação
concedidos aos residentes de certos bairros pobres, a maioria dos quais
eram negros, marcando-os com uma linha vermelha nos mapas e reforçando a
segregação que existia desde o final do século XIX.
“Não se trata apenas de escravatura, [a necessidade de reparações]
vai além disso”, observou Ron Daniels, membro da National African
American Reparations Commission (NAARC), uma associação fundada em 2015.
Para Daniels, as injustiças são imensas, e vão desde o facto de os
afro-americanos não terem podido beneficiar de medidas fundiárias e
imobiliárias, à falta de investimento nos bairros negros ou à guerra
antidroga que afeta de forma desproporcionada as populações negras. “Em
todas estas áreas, são necessárias reparações”, disse.
Ao concentrar-se na discriminação imobiliária,
Evanston pretende “construir riqueza através da habitação”, disse, por
seu lado, a vereadora Robin Rue Simmons, que representa um dos bairros
negros da cidade e lidera o projeto. Simmons ressalvou, no entanto, que a
iniciativa não pretende substituir as devidas reparações federais.
“Este é um pequeno primeiro passo para a restituição e justiça para a
minoria negra na nossa cidade de Evanston, mas as reparações não serão
suficientes sem a lei HR40 e os recursos federais que viriam com ela”,
disse, referindo-se ao projeto de lei que estabelece uma comissão
parlamentar sobre o tema, constantemente paralisado pelo Congresso.
Após a Guerra Civil (1861-1865), os ganhos obtidos pelos afro-americanos cedo deram lugar a uma era de segregação e violência, que só terminou nos anos 60, após a aprovação de leis de direitos civis.
O mandato do ex-presidente Donald Trump e os protestos do movimento
“Black Lives Matter”, que se seguiram à morte de vários afro-americanos
por agentes policiais em 2020, fizeram despertar os EUA, com vários
candidatos nas eleições primárias do Partido Democrático a proporem
abordar a questão das reparações.
Considerada uma questão complexa, os seus defensores apontam o
precedente dos milhões de dólares pagos aos nipo-americanos retidos em
campos durante a Segunda Guerra Mundial.
Nesse caso, contudo, o período de tempo e os danos causados eram mais facilmente mensuráveis, ao contrário dos danos sofridos por gerações inteiras de afro-americanos que ficaram marcados pela escravatura, segregação e discriminação.
Para Robin Rue Simmons, a complexidade da questão não deve impedir
que se comece a agir. “Comecem agora, sem necessidade de fazer estudos,
sem necessidade de esperar por novos dados. Diga sim às reparações e à
justiça para os negros”, apelou.