A Comissão Europeia anunciou este sábado que 200 milhões de
doses de vacinas anticovid-19 chegaram já à União Europeia (UE) e 160
milhões de europeus já receberem a primeira dose, levando a que a
vacinação esteja “no bom caminho”.
“Atualizei os líderes sobre os bons progressos
que temos com a nossa campanha de vacinação. Já entregámos mais de 200
milhões de doses ao povo europeu e, por isso, estamos no bom caminho
para atingir o nosso objetivo de entregar doses suficientes até julho para vacinar 70% da população adulta europeia”, divulgou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Falando aos jornalistas no final de um
Conselho Europeu informal, no Palácio de Cristal do Porto, a líder do
executivo comunitário assinalou que “a administração de vacinas é ainda
melhor”, sendo que “os números são próximos dos 160 milhões de europeus
que já receberam uma primeira dose, o que corresponde a mais de 25% da população da UE”.
“Esta é uma boa notícia e vamos continuar assim”, garantiu Ursula von der Leyen.
Ainda esta manhã, a Comissão Europeia anunciou
um novo contrato de aquisição de 1,8 mil milhões de vacinas da
Pfizer/BioNTech contra a covid-19 para 2022 e 2023 e, sobre esta
questão, a responsável disse ter ficado “satisfeita pela conclusão das
negociações”.
Isto porque este novo contrato irá permitir
abranger crianças e adolescentes que, “mais cedo ou mais tarde”, terão
de ser vacinados, irá garantir reforço da vacinação além das duas doses e
ainda responder às “chamadas variantes de preocupação”, elencou Ursula von der Leyen.
“O caminho para ultrapassar a pandemia é
através da campanha de vacinação, mas é claro que não podemos baixar a
guarda e temos de nos preparar para o futuro”, acrescentou a líder do
executivo comunitário, anunciando também novos contratos semelhantes
para aquisição de compras “baseadas em outras tecnologias como as
baseadas em proteína [spike]”.
Já abordando a discussão em curso sobre a criação do certificado verde digital,
Ursula von der Leyen classificou este como “um tópico que foi
importante [porque], naturalmente, todos estão a pensar na estação do
verão”.
“É importante para que as pessoas planeiem com
antecedência as férias e é igualmente importante para os trabalhadores
do turismo, da hotelaria ou do setor dos transportes que esperam estar
de novo no ativo e para as empresas, claro, desses setores que esperam
começar a recuperar”, assinalou Ursula von der Leyen.
Para tal, além do “parâmetro-chave que é a
vacinação”, também “devemos permitir viajar dentro e para a União
Europeia”, insistiu a líder do executivo comunitário, revelando que “o
trabalho jurídico e técnico sobre o certificado está no bom caminho para que o sistema esteja operacional” em junho.
Isto porque, “graças ao excelente trabalho da
presidência portuguesa do Conselho e devido à rapidez dos parlamentos em
chegar a uma posição, podemos realisticamente visar um acordo político
até ao final deste mês”, adiantou.
Em causa está a proposta legislativa
apresentada pelo executivo comunitário em meados de março para a criação
de um certificado digital para comprovar a vacinação, testagem ou
recuperação da covid-19, um documento bilingue e com um código QR que
deve entrar em vigor até junho para permitir a retoma da livre
circulação na UE no verão.
Em meados de abril, os Estados-membros da UE
aprovaram um mandato para a presidência portuguesa do Conselho negociar
com o Parlamento Europeu a proposta de implementação deste certificado
verde digital.
No final de abril, foi a vez de a assembleia
europeia adotar a sua posição negocial, passo após o qual arrancaram as
negociações interinstitucionais.
Europa focada em “questões mais urgentes” do que direitos de vacinas
A presidente da Comissão Europeia defendeu também que a União
Europeia (UE) se deve focar em “questões mais urgentes” do que o debate
sobre os direitos intelectuais das vacinas anticovid-19, como a exportação para países de baixo rendimento.
“Penso que é muito importante e deveríamos
estar abertos a esta discussão […] e ter um olhar atento sobre o papel
do licenciamento. É importante que estes sejam tópicos a discutir, mas
devemos estar cientes de que estes são tópicos a longo prazo,
não a curto ou médio prazo”, disse Ursula von der Leyen, em declarações
aos jornalistas após o final do Conselho Europeu informal.
Falando sobre uma eventual suspensão das patentes de vacinas contra a covid-19, a líder do executivo comunitário vincou que a UE não deve “perder de vista as principais urgências”,
que são “produção de vacinas o mais rapidamente possível e a
salvaguarda de que estas são distribuídas de forma justa e equitativa”.
Vincando que existem “tópicos que devem ser
abordados” antes, Ursula von der Leyen assinalou que “a União Europeia é
a farmácia do mundo, tendo já exportado 200 milhões de doses de
vacinas, metade das doses produzidas, para 90 países diferentes no mundo
de baixo rendimento.
“Convidamos outros a fazer o mesmo [porque]
esta é a melhor maneira de, a curto prazo, abordar os estrangulamentos e
a falta de vacinas em todo o mundo”, vincou a responsável.
Na quarta-feira passada, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou
que apoiava a suspensão das patentes das vacinas contra a covid-19, uma
proposta que tinha sido inicialmente avançada pela Índia e pela África
do Sul na Organização Mundial do Comércio.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reiterou este
sábado a oposição ao levantamento das patentes das vacinas contra a
covid-19 e pediu aos Estados Unidos que abram o “mercado” para permitir
as exportações.
“Desejo que agora que grande parte da
população norte-americana já foi vacinada, possamos ter uma livre troca
de componentes e também uma abertura do mercado de vacinas”, disse a
chanceler, numa conferência coletiva, destacando que a União Europeia
exporta “uma grande parte” da sua produção de vacinas.
“A União Europeia sempre exportou grande parte
da sua produção para o mundo e, por isso, tal também deve tornar-se a
regra, por assim dizer”, argumentou Merkel, citada pela agência France-Presse.
Para a chanceler alemã, a questão principal é
“levar o mais rápido possível o maior número possível de vacinas ao
maior número de pessoas no mundo” e, para isso, “é preciso conceder
licenças”, tal como “está a acontecer em grande escala.”
Ao mesmo tempo, frisou, é “muito importante que os detentores de patentes também monitorizem a qualidade da produção”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, também pediu este sábado aos “anglo-saxões” que parem de “bloquear” as exportações.
Macron sublinhou que de 110 milhões de doses
produzidas na Europa, a UE exportou 45 milhões e guardou 65 milhões e
lamentou que “100% das vacinas produzidas nos Estados Unidos da América
vão para o mercado norte-americano”.
A chanceler alemã também reiterou a sua
oposição ao levantamento das patentes de vacinas, proposto pelo governo
dos EUA, liderado por Joe Biden.
“Esclareço mais uma vez que não acredito que o levantamento de patentes seja a solução
para disponibilizar vacinas a mais pessoas”, disse Merkel, explicando
acreditar que “a criatividade e a inovação empresarial são necessárias” e
isso, sustentou, “inclui as patentes”.
O Papa Francisco apoiou também este sábado a
proposta de suspender as patentes de vacinas contra a covid-19, a fim de
acelerar a distribuição de vacinas aos países pobres.
Ainda que políticos europeus como Ursula von
der Leyen ou o Presidente francês, Emmanuel Macron, se tenham mostrado
disponíveis para debater a proposta, outros já se opuseram à discussão
sobre as patentes.
Com o objetivo de harmonizar as posições, o
presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que o tema
seria debatido hoje pelos chefes de Estado e de Governo da UE na Cimeira
do Porto, organizada pela presidência portuguesa da UE.
https://zap.aeiou.pt/vacinacao-bom-caminho-25-populacao-ue-401097