Apesar de ainda não haver permissão para a sua presença na
Guarda Suíça do Vaticano, já está a ser projetado um quartel adaptado à
acomodação de mulheres.
Atualmente, o corpo de elite que protege o papa ainda é totalmente
composto por homens, mas num futuro próximo esta realidade pode mudar.
De acordo com o jornal suíço Sonntags Zeitung, está a ser projetado um quartel adaptado à presença de mulheres.
O novo investimento poderá vir a alterar radicalmente o corpo desta elite.
O projeto de 50 milhões de francos suíços (cerca de 46.1 milhões de
euros) para um novo quartel deve estar concluído até 2026 e vai
transformar os aposentos dos guardas em quartos individuais com casa de
banho privativa.
Contudo, para que a presença de mulheres seja uma realidade, é necessária a aprovação do líder da Igreja Católica – o Papa Francisco.
“Assim que as guardas femininas forem permitidas, o potencial de recrutamento aumentará”, disse Ruth Metzler-Arnold, ao mesmo jornal.
A presidente da Fundação da Guarda Suíça Pontifícia revelou estar a
trabalhar para que este passo possa ser dado e defende que a presença de
mulheres no processo de candidatura e seleção ajudaria a encontrar
novos recrutas para o corpo de 135 homens.
Segundo a Reuters, é necessário contratar cerca de 30 a 35 pessoas por ano para manter a força de segurança estável.
Para já, escreve a Reuters, o papa ainda não está ocorrente do projeto.
Por sua vez, um porta-voz do Vaticano, que acompanhava o líder da
igreja na viagem à Hungria e Eslováquia, disse não ter conhecimento do
relatório e uma outra fonte de segurança a bordo do avião papal, quando
questionado se a Guarda Suíça algum dia permitiria mulheres, respondeu: “Veremos”.
De acordo com as atuais regras, quem estiver disposto a dar própria vida pelo Papa tem apresentar alguns requisitos como ser um cidadão suíço, homem, solteiro, com pelo menos 1,74 metros de altura, saudável e de boa reputação.
Todos os que são admitidos vivem num quartel comunitário fora dos
portões do Vaticano, enquanto os comandantes, que podem ser casados,
vivem em apartamentos separados.
Um responsável do Ministério da Saúde de Israel já colocou em
cima da mesa uma quarta dose, depois do país já ter começado a
administrar terceiras doses em Agosto.
Apesar dos repetidos apelos da Organização Mundial da Saúde
para que os países ricos não avancem com doses de reforço da vacina
enquanto os países mais pobres não estiverem mais adiantados no processo
de imunização, Israel já está a estudar uma possível quarta dose,
depois de já ter avançado em Agosto com a terceira.
O anúncio partiu de Nachman Ash, Director-Geral do Ministério da Saúde israelita, em entrevista à estação de rádio 103FM, no domingo.
“Não sabemos quando vai acontecer, espero que não seja nos próximos seis meses, como desta vez, e que a terceira dose dure mais tempo”, afirmou.
Israel foi um dos países pioneiros na vacinação e liderou
consistentemente as listas das nações com o processo mais avançado, mas
viu uma grande subida dos casos de covid-19 no início de Setembro, devido à variante Delta. O país chegou até a ter o nível de infecção per capita mais alto do mundo.
Ash afirmou que as doses de reforço ajudaram a controlar o aumento de
casos. Já 2.8 milhões de israelitas receberam a terceira dose, sendo
que o país está a administrar maioritariamente a vacina da Pfizer.
Outros 2.7 milhões de israelitas receberam já as duas doses e 500 mil
levaram apenas a primeira dose das vacinas. Quase 1 milhão de pessoas
ainda não tomaram qualquer dose.
Para além de Israel, outros países como os Estados Unidos, a Alemanha ou a França também estão a ignorar o apelo da OMS e querem ou já começaram a avançar com terceiras doses.
Um homem que completou 21 dias de quarentena obrigatória ao
retornar do exterior para a China foi identificado como a provável fonte
de um novo surto, infetando mais de 60 pessoas, incluindo 15 estudantes
do ensino básico.
Segundo avançou a CNN,
os primeiros casos foram detetados na quinta-feira em dois irmãos
durante uma testagem de rotina numa escola primária em Xianyou, na
cidade de Putian. No dia seguinte, outro estudante e três pais testaram
positivo.
O infetado que terá dado origem ao surto é um dos pais, que regressou recentemente de Singapura.
O homem chegou à China no início de agosto e esteve 14 dias de
quarentena obrigatórios num hotel. Passou depois mais sete dias em
quarentena centralizada em Xianyou, antes de regressar a casa para mais
uma semana de vigilância sanitária.
De acordo com segundo o governo municipal de Putian, durante os 21
dias de quarentena, o homem testou negativo nove vezes, voltando a
testar positivo 37 dias após ter dado entrada na China.
Este caso está a causar dúvidas na política de quarentena na China, uma vez que os 21 dias não foram suficientes para prevenir o atual surto em Putian.
A Coreia do Norte efetuou com sucesso um teste com um novo
“míssil de cruzeiro de longo alcance” durante este fim de semana,
anunciou este domingo a agência oficial KCNA.
Os disparos do teste, efetuado no sábado e no
domingo, decorreram na presença de altos responsáveis norte-coreanos,
indicou a agência, que também confirmou o sucesso dos ensaios.
Os mísseis percorreram uma trajetória de 1.500 quilómetros, antes de atingirem o seu alvo, não especificado pela KCNA.
Diversas resoluções do Conselho de Segurança
da ONU proíbem a Coreia do Norte de prosseguir os seis programas de
armamento nuclear e de mísseis balísticos.
Apesar de atingido por múltiplas sanções
internacionais, o país reforçou nos últimos anos as suas capacidades
militares sob a direção de Kim Jong Un.
A Coreia do Norte procedeu a diversos ensaios
nucleares e testou com sucesso mísseis balísticos com capacidade de
atingirem os Estados Unidos.
Os mísseis balísticos norte-coreanos, capazes de transportar ogivas nucleares, têm um alcance de até 10.000 km, podendo atingir a maior parte dos países da Ásia, América do Norte e Europa.
Lisboa está fora do alcance destes mísseis norte-coreanos, mas o Porto e o norte de Portugal estão ainda dentro do raio de acção das armas nucleares norte-coreanas.
(dr) RT
Alcance dos mísseis balísticos da Coreia do Norte
É uma ameaça à comunidade internacional
O Pentágono disse esta segunda-feira que o lançamento pela Coreia do Norte representa “uma ameaça” aos países vizinhos e à comunidade internacional.
“Esta atividade sublinha o desenvolvimento
contínuo do programa nuclear da Coreia do Norte e as ameaças que isso
representa para os vizinhos e para a comunidade internacional”, disse o
Pentágono, em comunicado.
Os Estados Unidos “vão continuar a acompanhar a
situação e a consultar de perto os [seus] aliados e parceiros”,
afirmou, na nota, o Comando Indo-Pacífico norte-americano.
Os EUA reiteraram ainda o compromisso, “resistente a todas as provas”, de defender a Coreia do Sul e o Japão contra Pyongyang.
Cerca de 28.500 soldados norte-americanos estão estacionados no sul da península.
Anne Hidalgo e Marine Le Pen anunciaram as suas respetivas candidaturas à presidência de França nas eleições do próximo ano.
A campanha presidencial em França registou esta segunda-feira uma
aceleração com a candidatura da responsável socialista pelo município de
Paris, Anne Hidalgo, e a decisão da líder de extrema-direita Marine Le Pen de prescindir da direção do partido para se concentrar na eleição.
Marine Le Pen, finalista das presidenciais de 2017, está bem colocada
nas sondagens para voltar a garantir lugar na segunda volta em 2022.
Hidalgo, que se apresenta pela primeira vez, surge muito atrás nas
intenções de voto.
Le Pen arrisca-se a enfrentar a eventual candidatura
do polémico editorialista Eric Zemmour, mas Hidalgo envolve-se numa
paisagem política assinalada por numerosas candidaturas, da
extrema-esquerda aos socialistas e ecologistas.
Le Pen, 53 anos, transmitiu ao seu número dois, Jordan Bardella,
a direção da União Nacional (RN) e detalhou o seu programa num discurso
em Frèjus (sul), enquanto Hidalgo, 62 anos, confirmou a sua candidatura
num discurso em Rouen (oeste).
A sete meses da primeira volta, a primeira revelou a sua palavra de
ordem da campanha, as “liberdades”, para abordar alguns dos seus temas
favoritos.
Desta forma, Le Pen prometeu, entre outras propostas, um referendo sobre a imigração em caso de eleição e maior firmeza no combate à criminalidade,
prometendo colocar “os delinquentes franceses na prisão, os
estrangeiros no avião”, ou ainda restaurar a autoridade nas
“narco-cidades ou nas zonas talibanizadas”.
Hidalgo declarou-se por sua vez “candidata para oferecer um futuro às
crianças, a todas as crianças”. Ao recordar a sua “experiência” de
presidente do município da principal cidade de França e a sua política
de combate à poluição automóvel, insistiu na dimensão ecológica da sua
campanha.
“Devemos concretizar a transição ecológica”,
assinalou, ao prometer um “plano de cinco anos para descarbonizar a
economia”, mais descentralização ou o direito à eutanásia, entre outras.
Nas suas intervenções, as duas mulheres e rivais políticas também atacaram Emmanuel Macron, acusado de arrogância.
O atual Presidente francês, provável candidato a um segundo mandato,
recebeu esta segunda-feira o apoio do seu antigo primeiro-ministro Edouard Philippe, figura popular da direita.
Camila Reveles é nascida e criada no Brasil, mas há quatro gerações, o
tetravô de Reveles deixou Portugal e mudou-se para a região de Praia
Seca, perto do Rio de Janeiro. Com ele trouxe a salicultura — a produção do sal marinho por evaporação solar.
Praia Seca era o sítio perfeito: é um dos lugares mais salgados do
mundo. A Lagoa de Araruama, é o maior lago hipersalino do mundo, com uma
salinidade de 5,2% — muito mais salgado do que o oceano, que tem 3,2%.
Hoje, a indústria de sal comercial no nordeste do Brasil está a
tornar obsoletas as antiquadas salinas solares e, uma a uma, elas foram
fechadas, escreve o Free Think.
Reveles quer mostrar que é possível cultivar a terra para algo diferente do sal e dos resorts
que hoje surgem nas antigas salinas. No entanto, qualquer agricultor
dirá que o excesso de sal transforma inadvertidamente as terras
agrícolas em terrenos baldios.
“O meu desejo é cultivar comida sem água doce”, disse, discordando do
senso comum. Camila Reveles vê isto como uma boa oportunidade para
cultivar colheitas plantas tolerantes ao sal.
Trocado por miúdos, Reveles quer cultivar halófitas — plantas que
estão adaptadas a viverem no mar ou próximo dele, sendo tolerantes à
salinidade. As algas marinhas são um exemplo de halófitas, mas os
brasileiros não estão propriamente habituados a comê-las com a picanha e
o feijão preto.
Reveles quer dar passos de bebé. Ela está a cultivar salicórnia, uma
planta encontrada em pântanos e consumida na Europa. Assim que os
brasileiros se encantarem pelo seu sabor salgado e crocante, Reveles
avançará para outras halófitas.
“Ao fazer algo com a salina solar, esta área abundante, estou a
tentar mostrar outra perspetiva. Não temos que vender este terreno.
Podemos preservá-lo e torná-lo lucrativo”, defende. Até agora tem
resultados, com alguns restaurantes locais a utilizarem a salicórnia nos
seus menus.
Jose Dinneny, biólogo da Universidade de Stanford, estuda como é que
as plantas podem sobreviver em condições adversas com água doce limitada
e alta salinidade do solo. Ele diz que será necessário que os futuros
agricultores comecem a tomar por exemplo o trabalho de Camila Reveles.
Além disso, com colheitas geneticamente modificadas e a introdução de
novas colheitas como comestíveis, podemos ter a hipótese de transformar
o problema numa oportunidade.
Discrepância entre o tempo de estadia do Papa na Hungria
(sete horas) e na Eslováquia (três dias) está a ser vista como um sinal
que o responsável da igreja Católica quer enviar às autoridades
húngaras.
Numa viagem muito antecipada à Hungria, o Papa Francisco
alertou para o perigo do anti-semitismo que, na opinião do pontífice,
estão à espreita na Europa. Numa reunião com líderes cristãos e judeus,
Francisco destacou que esta ameaça “está à espreita na Europa e em todo o
lado”. “Este é um rastilho que não podemos deixar que queime. A melhor maneira para o desarmar é trabalhar em conjunto, de forma positiva, e promover a fraternidade”, explicou.
As declarações foram feitas na Hungria, a propósito de uma viagem
oficial do Papa a um país que é frequentemente notícia pelas políticas homofóbicas, islamofóbicas e anti-semitas do seu Governo. Tal como relembra o Político, em 2017, o Governo de Viktor Orbán foi alvo de criticismo depois de espalhar pelo país milhares de anúncios com a cara de George Soros,
ele próprio judeu, acompanhados da frase “Não deixem o Soros rir-se no
final”. Na altura, Orbán recusou todas as acusações de anti-semitismo.
Outro dos temas que motiva contestação à governação do Orbán,
considerado de forma consensual um populista, são as políticas que visam
impedir a entrada de imigrantes e refugiados no país,
questão sobre a qual a igreja e o próprio Papa Francisco têm posições
muito marcadas. “O sentimento religioso tem sido a força vital desta
nação, está invariavelmente ligado às suas origens. A cruz, colocada no
chão, não só nos convida a termos raízes sólidas, mas também estende os braços em direção a toda a gente.” Uma declaração vista como um incentivo às autoridades húngaras para o acolhimento de refugiados.
Sobre a reunião de Francisco com Viktor Orbán, o Vaticano adiantou que esta decorreu numa “atmosfera cordial“.
“Entre os vários assuntos tratados esteve o papel da igreja no país, o
comprometimento com a proteção do ambiente, a proteção e a promoção da
família.” Já o gabinete de Victor Orbán, por sua vez, revelou que o
chefe do Governo húngaro pedir ao pontífice para “não deixar a Hungria cristã desaparecer“.
Francisco passou um total de sete horas na Hungria
antes de partir para a Eslováquia, onde deverá permanecer três dias. A
discrepância entre o tempo de estadia entre os dois países está a ser
vista como um sinal que o responsável da igreja
Católica quer enviar às autoridades governamentais do país.
Aparentemente, este foi recebido. Numa das televisões pró-regime do país
foi possível ouvir, segundo relata a BBC, um analista a especular sobre as intenções de Francisco. “O Papa quer humilhar a Hungria ao permanecer apenas algumas horas”, disse.
Duas empresas russas de crio-preservação, administradas respetivamente por ex-cônjuges, estão em conflito aberto.
Na passada quarta-feira, a empresa do ex-marido acusou a empresa da sua antiga esposa de tentar roubar corpos congelados e equipamentos de um dos seus depósito na cidade de Sergiyev Posad, na região de Moscovo.
Em 2006, Valéria Udalova e Danila Medvédev,
atualmente divorciados, fundaram a empresa de crio-preservação KrioRus,
que se dedica ao congelamento e armazenamento de corpos congelados com o
objetivo de os fazer ressuscitar num futuro hipotético.
Os corpos são colocados em contentores especiais onde, segundo a
empresa, podem ser preservados sem sofreram grandes alterações ao longo
de centenas de anos.
Em 2019, outros fundadores da empresa “expressaram a sua insatisfação
com a atuação da diretora”, cargo na época ocupado por Valéria Udalova,
e decidiram demiti-la.
Em resposta, Udalova criou uma outra empresa de crio-preservação. com o mesmo nome, a KrioRus.
Danila Medvedev, por sua vez, decidiu criar uma nova empresa ao qual chamou de Otkrytaya Crionica.
Na quarta-feira, a Otkrytaya Crionica denunciou que na véspera,
funcionários da empresa de Udalova “entrarem num depósito de
crio-preservação, derrubaram uma parte da parede do contentor e drenaram
a maior parte do nitrogénio”. A empresa refere ainda que foram roubados
corpos que estavam congelados.
Os funcionários da empresa lesada chamaram a polícia que está agora a
investigar o caso. “Os danos causados aos crio-pacientes e aos
instrumentos de preservação ainda precisam de ser avaliados. As ações de Valéria foram extremamente irresponsáveis,
pois estão fora do marco legal e põem em risco os crio pacientes. Agora
vamos iniciar um processo criminal”, especificou um dos fundadores,
citado pelo RT.
Agora que o talibãs supostamente assumiram o controlo total
do Afeganistão e começaram a formar um governo, um desafio iminente
aguarda-os: como é que manterão o seu país e economia à tona?
Nos últimos 20 anos, o governo dos EUA e outros países financiaram a
grande maioria do orçamento não militar do governo afegão — e cada
centavo da força de combate que se transformou nos talibãs em agosto de
2021.
Agora, com a provável ajuda americana fora de questão e mil milhões de euros em reservas estrangeiras do banco central congeladas, os talibãs terão que encontrar outros meios.
Compreender como é que os talibãs vão pagar pelo seu governo começa
com a última vez em que estiveram no poder, há mais de 20 anos.
Afeganistão mudou muito
Na década de 1990, o Afeganistão era um país muito diferente.
A população era inferior a 20 milhões e dependia de grupos de ajuda
internacional para os poucos serviços que podiam fornecer. Em 1997, por
exemplo, o governo talibã tinha um orçamento de apenas 100 mil dólares,
que mal dava para os salários dos funcionários do governo, muito menos
para as necessidades administrativas e de desenvolvimento de todo o
país.
Hoje, o Afeganistão mudou significativamente. A
população cresceu e os seus cidadãos passaram a esperar cada vez mais
serviços como saúde e educação. Em 2020, por exemplo, o Afeganistão
tinha um orçamento não-militar de 5,6 mil milhões de dólares.
Como resultado, Cabul transformou-se, de uma cidade devastada pela
guerra, numa capital moderna, com um número crescente de prédios altos, cyber cafés, restaurantes e universidades.
A maior parte dos gastos com desenvolvimento e infraestrutura que
ocorreram desde 2001 veio de outros países. Os EUA e outros doadores
internacionais cobriram cerca de 75% dos gastos não-militares do governo
durante esses anos. Além disso, os EUA gastaram 5,8 mil milhões desde
2001 em desenvolvimento económico e de infraestrutura.
Ainda assim, a receita do governo estava a começar a cobrir uma
parcela crescente dos gastos domésticos nos últimos anos. As fontes
incluíram direitos alfandegários, impostos, receitas de taxas sobre
serviços como passaportes, telecomunicações e estradas, bem como
receitas da sua vasta, mas principalmente inexplorada, riqueza mineral.
A receita teria sido muito maior se não fosse a corrupção endémica do governo,
que alguns especialistas citam como uma das principais razões para a
sua queda. Um relatório de maio de 2021 sugeria que 8 milhões de dólares
estavam a ser desviados do país todos os dias, o equivalente a cerca de
3 mil milhões por ano.
Onde os talibãs vão buscar o dinheiro
Enquanto isso, os talibãs tinham os seus próprios fluxos de receita
significativos para financiar a sua insurgência à medida que ganhavam o
controlo do país.
Apenas no ano fiscal de 2019-2020, os talibãs arrecadaram 1,6 mil milhões de dólares de uma ampla variedade de fontes.
Mais notavelmente, ganharam 416 milhões naquele ano com a venda de
ópio, mais de 400 milhões com a mineração de minerais como ferro,
mármore e ouro, e 240 milhões com doações.
Agências de inteligência dos EUA e outras acreditam que vários países, incluindo Rússia, Irão, Paquistão e China, ajudaram a financiar os talibãs.
Com esses recursos, os talibãs foram capazes de comprar muitas armas e
aumentar as suas fileiras militares enquanto aproveitavam a retirada
dos EUA e conquistavam o Afeganistão numa questão de semanas.
Os desafios do Afeganistão
Mas vencer a guerra pode ser mais fácil do que gerir o condado, que enfrenta muitos problemas.
O Afeganistão enfrenta atualmente uma seca severa que ameaça mais de 12 milhões de pessoas — um terço da população — com níveis de “crise” ou “emergência” de insegurança alimentar.
Os preços dos alimentos e outros bens essenciais dispararam, enquanto a
maioria dos bancos começou a reabrir com disponibilidade limitada de
dinheiro.
E, como muitos países, a sua economia foi prejudicada pela covid-19
— e alguns temem um ressurgimento de casos conforme as taxas de
vacinação estagnam. Muitas instalações de saúde pública enfrentam uma
grave escassez de financiamento.
Os talibãs também enfrentam desafios financeiros assustadores. Aproximadamente 9,4 mil milhões de dólares em reservas internacionais do Afeganistão foram congelados
imediatamente depois de os talibãs conquistarem Cabul. O Fundo
Monetário Internacional suspendeu mais de 400 milhões em reservas de
emergência e a União Europeia suspendeu os planos de dispersar 1,4 mil
milhões em ajuda ao Afeganistão até 2025.
Fontes potenciais de financiamento para o novo governo
Alfândegaetributação.
Agora que os talibãs têm controlo total sobre as passagens de fronteira
e escritórios do governo do Afeganistão, podem começar a recolher todos
os impostos de importação e outros.
Drogas. Os talibãs disseram que não vão permitir
que agricultores afegãos cultivem papoilas do ópio enquanto procuram
reconhecimento internacional para o seu governo. Mas podem mudar de
ideias se esse reconhecimento não ocorrer e, nesse caso, podem continuar
a gerar uma fonte significativa de receita com o contrabando de drogas.
Diz-se que o Afeganistão é responsável por cerca de 80% do fornecimento
mundial de ópio e heroína.
Mineração. Estima-se que o Afeganistão tenha 1
bilião de dólares em minerais na suas montanhas e em outras partes do
país. A China, em particular, está ansiosa por extrair esses metais, que
incluem aqueles que são essenciais para a cadeia de fornecimento
moderna, como lítio, ferro, cobre e cobalto. No entanto, isto pode não
ser possível a curto prazo.
Países não ocidentais. Vários governos têm ajudado
financeiramente os talibãs, incluindo Rússia, Qatar, Irão e Paquistão, e
esses países podem continuar a fazê-lo. Depois de o anterior governo
afegão cair em agosto, o Qatar terá injetado milhões de dólares para
apoiar a economia afegã. A China,
em particular, destaca-se pelos seus laços potenciais com o novo
governo, já que os talibãs declararam recentemente o país como o seu
“principal parceiro”. A 8 de setembro de 2021, a China deu ao governo 31
milhões de dólares em ajuda de emergência. Além da mineração, a China
também está interessada em alargar a sua Nova Rota da Seda — um projeto
de desenvolvimento de infraestrutura global — ao Afeganistão.
Ajuda ocidental. Mesmo com estas outras fontes de
rendimento, os talibãs ainda estarão ansiosos para restaurar a ajuda dos
EUA e de outros países ocidentais e livrar-se das sanções das Nações
Unidas que estão em vigor desde 1999. Os talibãs disseram que pretendem
comportar-se de forma diferente do que na década de 1990, inclusive
respeitando os direitos das mulheres e não permitindo que terroristas
operassem a partir do Afeganistão. E a UE, os EUA e outros governos
podem querer usar a ajuda e as reservas congeladas como alavanca para
que os talibãs mantenham estas promessas.
Marc Lore quer construir uma cidade no deserto avaliada em
400 mil milhões de dólares. Os seus 5 milhões de cidadãos vão ter acesso
a educação, saúde e transportes públicos, entre outras coisas.
O bilionário norte-americano quer a utopia de uma cidade moderna, em
que o fosso entre o rico e os pobres seja encurtado ao máximo. Marc Lore planeia chamar-lhe Telosa.
Embora haja atualmente cerca de 150 projetos para “cidades
inteligentes”, Lore considera que nenhum deles aborda a questão das
desigualdades.
Segundo a Fortune, forneceria a todos os cinco milhões de cidadãos uma frota de carros elétricos autónomos, agricultura interior, transporte públicode alta velocidade, educação e saúde para todos.
À medida que a cidade atrai investidores, qualquer dinheiro ganho
pela fundação financiará diretamente todos os serviços sociais — pondo
um ponto final aos impostos sobre a propriedade que o capitalismo
tradicional exige, explica o All That’s Interesting.
Lore está à procura de mais de 800 quilómetros quadrados de terreno desocupado para começar a construir a cidade. Nevada, Utah, Idaho, Arizona, Texas e os Apalaches têm sido zonas sondadas.
A inspiração parte do economista político e jornalista norte-americano Henry George. Ele foi o representante mais influente dos defensores do Single Tax
(imposto único) sobre a terra, com o intuito de “conformar os arranjos
sociais com as leis naturais” e remediar a desigualdade de rendimento, o
desemprego e as crises económicas que surgem paradoxalmente com o
progresso económico.
Em 1904, Lizzie Magie criou um jogo de tabuleiro chamado The Landlord’s Game para demonstrar as teorias de George. Isso mais tarde foi transformado no popular jogo de tabuleiro Monopólio.
Assim como George, Lore acredita que as pessoas e a sociedade é que
criam o valor de um lote de terra sem valor — mas raramente recebem
muito em troca.
“Se você fosse para o deserto onde a terra não valia nada, ou muito
pouco, e você criasse uma fundação que possuía a terra, e as pessoas se
mudassem para lá e o dinheiro dos impostos construísse infraestrutura e
nós construíssemos uma das maiores cidades do mundo, a fundação pode valer um bilião de dólares”, disse Lore.
Telosa será construída de forma a que os seus cidadãos consigam chegar às escolas, locais de trabalho e locais de lazer apenas 15 minutos após saírem de casa.
A primeira fase do plano vai exigir 25 mil milhões de dólares e terá
50 mil pessoas a morar num bairro circular de seis quilómetros quadrados
até 2030. Depois, nos próximos 40 anos, a cidade deverá expandir para
uma população de 5 milhões, com um custo total de 400 mil milhões de
dólares.
“A solução não é impostos mais altos. Isso é socialismo”, disse Lore, citado pela CNN.“Que a terra seja propriedade do povo! Mas de uma forma capitalista”.
Piratas informáticos não identificados violaram os sistemas
de computação da Organização das Nações Unidas (ONU) em abril deste ano,
revelou um porta-voz da instituição. Medidas de seguranças adicionais
tiveram de ser impostas nos meses seguintes.
A revelação surge depois de vários especialistas em cibersegurança
privada alertarem que alguns fóruns criminosos tinham vendido, ao longo
dos últimos meses, senhas de acesso a um software que a ONU usa para
monitorizar projetos internos.
De acordo com a CNN, este software pode ser uma mais valia para invasores que têm o objetivo de roubar dados da ONU.
“Podemos confirmar que hackers desconhecidos violaram partes da
infraestrutura das Nações Unidas em abril de 2021”, referiu o porta-voz
da ONU Stéphane Dujarric em comunicado.
O responsável referiu ainda que “que outros ataques foram detetados e estão a ser alvo de uma resposta rápida por estarem ligados à invasão anterior”.
A Resecurity, uma empresa de segurança cibernética com sede na Califórnia, referiu à CNN
que entrou em contacto com funcionários da instituição no início deste
ano, após perceber que as senhas de acesso ao software estavam a ser
vendidas no mercado negro online.
Já em janeiro de 2020, a ONU confirmou que hackers não identificados
tinham invadido o seu sistema de computação nos escritórios de Genebra e
Viena.
Este tipo de ataques representam um grande perigo para as instituições internacionais, que tentam a todo o custo manter as suas comunicações confidenciais.
Ameaçada pela desflorestação, exploração mineira e pecuária, a
preservação da floresta está a ganhar fôlego com a indústria 4.0. O
novo projeto visa fomentar negócios que protegem a vida e distribuem os
lucros entre os habitantes locais.
Entre árvores frutíferas nativas e rodeada pela Floresta Amazónica,
Selma Ferreira aguarda uma grande transformação na dinâmica do trabalho
que faz com outras 40 mulheres na Amabela – Associação
de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Belterra, município no Pará. De
forma artesanal, elas recolhem e transformam caroços de cupuaçu – que
antes iam para o lixo – num produto apreciado: um tipo de chocolate.
A mudança tão aguardada virá em forma de uma tecnologia. Uma fábrica à
medida será instalada no início de 2022 para que consigam ganhar mais
com o que retiram cuidadosamente da floresta.
“Os investigadores já nos explicaram o projeto. Estamos
empolgadíssimas, queremos desenvolver um produto de qualidade,
apresentar uma boa venda, levar o nosso chocolate para o Brasil, para o mundo”, diz Ferreira. Por enquanto, a iguaria só é fornecida às feiras da região.
Esse ambiente criado pelo esforço destas mulheres, movidas pelo
slogan “do lixo para a mesa” e que aproveitam todas as partes das
plantas nativas, é como um laboratório perfeito para testar a
experiência dos cientistas à frente do projeto Amazónia 4.0.
A iniciativa propõe uma via alternativa à que está em curso na região, atualmente pavimentada pelo desflorestação,
exploração mineira e pecuária de baixa produtividade. O projeto quer
comprovar que existem modelos de negócio que podem preservar o
ecossistema com maior biodiversidade do mundo, evitar emissões de gases
de efeito estufa causadas pelo corte e queima da mata, e distribuir a riqueza gerada entre os habitantes da floresta.
“A nossa meta é ajudar a agregar valor à matéria-prima que vem da
floresta, do trabalho dos locais, para que esta economia da floresta em
pé seja superior à economia do trator, da destruição”, explica Ismael
Nobre, diretor científico do Amazónia 4.0.
Alta tecnologia para os moradores da floresta
A fábrica móvel aguardada por Ferreira está quase pronta, a mais de 3
mil quilómetros dos pés de cupuaçu e cacau de onde ela retira os
frutos. Em São José dos Campos, em São Paulo, a equipa de investigadores
faz os últimos ajustes antes do transporte até à comunidade amazónica.
Ancorado no conceito de indústria 4.0, em que as máquinas são criadas
com tecnologias como inteligência artificial, robótica e computação em
nuvem, o projeto pensa em modelos para incentivar a bioeconomia e recompensar os conhecimentos tradicionais.
“As tecnologias da quarta Revolução Industrial tornam possível, pela
primeira vez, pensar numa economia de valor agregado feita com e por
atores locais”, comenta Nobre.
A ideia é que todo o processo, da recolha na floresta à produção
final, fique nas mãos das comunidades, assim como o lucro. Estudos sobre
diferentes cadeias feitos pelos investigadores mostram que as
matérias-primas saem da Amazónia por baixo valor e,
quando atingem alguns mercados, tornam-se artigos caros, como cosméticos
vendidos fora do país que contêm açaí ou o próprio cupuaçu na sua
composição.
De todos os empreendimentos em fase de desenvolvimento, chamados de
Laboratórios Criativos da Amazónia, o que envolve cacau e cupuaçu é o
mais avançado. Inicialmente, contará com uma fábrica inovadora pequena,
para demonstração do modelo, movida a energia solar. Um
sistema de rastreabilidade automático, com tecnologia blockchain,
permitirá que o consumidor consulte todas as informações sobre a origem
do futuro chocolate.
“Nós vamos treinar as comunidades nessa fase inicial. O sistema todo
automatizado também vai permitir que o resultado final da produção seja
compatível com mercados internacionais”, adiciona Nobre.
Tecnologia para monitorizar a destruição
Foi o uso da tecnologia que permitiu que o ritmo de destruição da
maior floresta tropical do mundo fosse acompanhado dia a dia. Em
Belterra, por exemplo, cidade onde atuam as mulheres da associação que
serão beneficiadas por um dos projetos do Amazónia 4.0, a transformação
de áreas de mata nativa em campos de cultivo de soja provocou um aumento histórico na temperatura, como mostrou um estudo recente publicado pela Embrapa Amazônia Oriental.
Como olhos vigilantes em tempo integral, os satélites capturam dados e
imagens do corte de árvores e permitem o cálculo da área destruída. Carlos Souza Jr.,
investigador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazónia
(Imazon), foi um dos que ajudaram a criar meios para se observar o corte
seletivo da madeira de valor comercial na imensidão verde.
“O corte raso, quando a floresta é toda removida, é fácil de ser
identificado nas imagens de satélite. Já o corte feito para a extração
de madeira não remove completamente a cobertura original, e nós ajudamos a criar um algoritmo para fazer essa deteção”, detalha Souza Jr. à DW.
A inovação foi essencial para uma conclusão inédita: 4.640 quilómetros quadrados
da Amazónia desapareceram exclusivamente por causa da exploração de
madeira entre agosto de 2019 e julho de 2020. Essa área soma-se àquela
detetada pelo INPE como desflorestada por completo e que, no mesmo
período, foi de 10.861 quilómetros quadrados.
“Toda essa tecnologia de sensores remotos e a capacidade de processar os dados em larga escala é parte da solução para salvar a Amazónia.
Precisamos de ter bons diagnósticos, entender o que está a acontecer.
Nisso, o Brasil está bem servido”, opina Souza Jr., que coordena a Rede
Simex (Sistema de Monitorização da Exploração Madeireira), composta pelo
IMAZON, pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia (IDESAM), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e
Agrícola (IMAFLORA) e Instituto Centro de Vida (ICV).
Dos nove estados analisados, o estado do Mato Grosso registou 50,8%
do total de madeira explorada, seguido pelo Amazonas (15,3%), Rondônia
(15%) e Pará (10,8%).
Ainda é difícil saber exatamente a taxa de ilegalidade, detalha o investigador. Para isso, é preciso cruzar a informação obtida pelo satélite com as autorizações concedidas – e isso só é possível nos estados de Mato Grosso e Pará.
Mais que tecnologia
Mas a tecnologia por si só não basta: é preciso saber usar todas
essas informações produzidas com ajuda dela. “Para manter a Amazónia,
precisamos de avanços na esfera judicial, com aplicação das multas e responsabilização“, comenta Souza Jr.
Selma Ferreira defende a floresta por meio da recolha dos frutos
nativos e das receitas de chocolate criadas com a ajuda das filhas.
Apesar do entusiasmo, também não acredita que a tecnologia sozinha dará
conta de todo o trabalho.
“A floresta significa vida, não só para nós que
vivemos dela, mas para todos. Só quando todos entenderem isso é que a
Amazónia estará a salvo”, diz, sobre o futuro que deseja para a
floresta, que tem um dia no calendário nacional para marcar sua
importância, celebrado a 5 de setembro.
Milhares de pessoas participam
hoje na manifestação pela independência da Catalunha, em Barcelona, que
marca o regresso das mobilizações de rua interrompidas em 2020 pela
pandemia, embora com menor afluência do que nos anos anteriores.
A manifestação teve início pouco depois das 17:00 locais, sob o lema “Vamos lutar e conquistar a independência“, na praça Urquinaona, para comemorar o Dia da Catalunha, conhecido por “Diada”.
Conforme
noticia a agência EFE, os movimentos independentistas fretaram mais de
200 autocarros para levar manifestantes a Barcelona, capital da
Catalunha, onde está também o presidente regional catalão, o separatista moderado, Pere Aragonès.
Entre os
manifestantes, a maioria com máscaras faciais, devido à pandemia de
covid-19, é possível ver cartazes com ‘slogans’ como “Queremos independência agora“, ou “Governo, cumpra o seu compromisso: independência total”.
Por volta das 18:30 locais, começam os discursos dos presidentes das três entidades
pró-independência: Jordi Gaseni (Associação dos Municípios pela
Independência), Jordi Cuixart (Òmnium Cultural) e Elisenda Paluzie
(ANC).
As tensões entre independentistas e o Governo central
voltaram a subir esta semana com o anúncio surpresa feito por Madrid,
na quarta-feira, de que suspendia um projeto controverso de expansão do aeroporto de Barcelona, devido à “perda de confiança” no governo regional separatista.
O projeto,
denunciado por ambientalistas e envolvendo um investimento de 1,7 mil
milhões de euros, tinha sido objeto de um acordo no início de agosto
entre as duas partes.
“O governo mostrou que não tem qualquer desejo de diálogo“, disse na quinta-feira Pere Aragonès, que foi eleito para o cargo em maio.
Esta nova frente no conflito entre Madrid e Barcelona foi iniciada dois dias antes da “Diada”, que se tornou palco de grandes manifestações pró-independência
durante a última década, e, sobretudo, uma semana antes do reinício
previsto das negociações para encontrar uma solução para a crise catalã.
O Dia da Catalunha (“Diada”) assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha
Filipe V em 1714, depois de um cerco de 14 meses, mas o dia tem sido
utilizado nos últimos anos para defender a causa da independência, com
imagens, que passam em televisões de todo o mundo, de uma concentração ordeira e de grandes dimensões.
Marta Perez / EFE / EPA
A última concentração, em 2020, não teve a mesma importância da de anos anteriores, devido às medidas em vigor de luta contra a covid-19. A “Diada” de 2020 foi marcada também por vários atos de vandalismo que afetaram sobretudo a circulação ferroviária na Catalunha.
O ex-presidente catalão Carles Puigdemont, que está fugido à Justiça
espanhola, defendeu na quinta-feira, nas celebrações da “Diada” em
Bruxelas, organizadas pela delegação do Governo regional junto da União
Europeia, o direito dos catalães a “serem independentes a fim de
preservar a [sua] nação”.
No entanto, o contexto mudou radicalmente desde a tentativa falhada de independência feita em outubro de 2017.
A principal
exigência do movimento pró-independência é a realização de um referendo
sobre a autodeterminação da Catalunha, que tem uma população de 7,8
milhões de habitantes num total de cerca de 47,4 milhões em Espanha.
A Rainha Isabel II e toda a Família Real Britânica apoiam o
movimento “Black Lives Matter”. A garantia é dada por Ken Olisa, o
primeiro sargento afro-descendente condecorado com a Ordem do Império
Britânico de Londres.
De acordo com o funcionário da Casa Real, o racismo é um tema
constante entre os membros da família, que revela, inclusive, que já
teve conversas sobre as manifestações sobre o “Black Lives Matter” com diversos elementos, que mostram sempre uma posição de apoio ao tema.
O representante da monarca esclareceu ainda que após a morte de George Floyd,
em maio de 2020, nos Estados Unidos, foram recorrentes no palácio das
discussões sobre racismo, o que preocupou a Família Real.
“A questão é o que podemos fazer mais para ajudar a sociedade
a quebrar estas barreiras. Eles preocupam-se apaixonadamente em unir
cada vez mais a nação em torno dos mesmos valores”, referiu Olisa,
citado pela CNN, que ao ser questionado se a Casa Real apoia o movimento Black Lives Matter respondeu: “sim, sem dúvida”.
A atitude da monarquia britânica em relação a questões raciais tem estado a ser observada de perto depois da entrevista que os Duques de Sussex deram no início deste ano.
Meghan Markle, que é afro-americana, admitiu que foi
vítima de racismo por parte de um elemento da monarquia quando informou
que estava grávida do seu primeiro filho. Segundo a esposa de Harry,
foram levantadas questões sobre a cor de pele da criança que ainda estaria para nascer.
Após este episódio, a Família Real foi duramente criticada e surgiram
até várias apostas para tentar adivinhar qual dos membros da monarquia
teria proferidos tais afirmações.
Mais tarde, em junho deste ano, uma investigação do jornal britânico The Guardian
revelou documentos que mostram que o Palácio de Buckingham proibiu
“imigrantes de cor ou estrangeiros” de servir em funções clericais na
casa real até ao final dos anos 1960.
A história colonial britânica está intrinsecamente
ligada à família real que explorou países e povos durante anos. O
racismo sistémico radica na prática da escravatura aquando da construção
e manutenção da Commonwealth, o império britânico, por isso, estes
novos detalhes não foram uma grande novidade para os britânicos, mas
ainda assim não caíram bem aos olhos da opinião pública.
No meio de tanta controvérsia em torno deste tema, a monarquia também se tem destacado de forma positiva na luta contra o racismo.
Em julho deste ano, altura em que o Reino Unido recebeu vários jogos
do Euro2020, foi notório que o país ainda é alvo de ataques racistas,
sobretudo por parte dos fãs de futebol. Na altura, o príncipe William veio a público dizer que se tinha sentido “doente” com os insultos racistas que os jogadores ingleses receberam nas redes sociais após perderem a final de futebol.
O neto da Rainha de Inglaterra também desprezou este tipo de comportamentos após a entrevista dos Sussex a Oprah Winfrey, declarando que a monarquia “não é uma família racista”.
A vacinação de menores de 12 anos contra a covid-19 é
considerada determinante para reduzir os contágios por covid-19 e para
combater a variante Delta, mas os reguladores aguardam resultados de
ensaios clínicos para decidirem. A Pfizer vai pedir a aprovação da
vacina para estes jovens dentro de “algumas semanas”.
Um responsável da BioNTech, a empresa que trabalhou com a Pfizer no
desenvolvimento da vacina contra a covid-19, anunciou, numa entrevista,
que a farmacêutica vai pedir a aprovação para imunizar crianças com idades entre os 5 e os 11 anos “dentro de algumas semanas”.
“As coisas estão a correr bem, está tudo a decorrer conforme o planeado“, salienta o director executivo da BioNTech, Ugur Sahin, em entrevista à revista alemã Der Spiegel, conforme cita a Forbes.
A farmacêutica estará prestes a divulgar os resultados de ensaios clínicos feitos nesta faixa etária.
Entretanto, a Pfizer prepara-se para avançar com o pedido de aprovação para a vacina em crianças entre os seis meses e os dois anos. Neste caso, o pedido deve ser feito até ao final do ano.
EMA ainda sem pedidos para menores de 12 anos
Para já, a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês)
confirmou à Lusa que ainda não recebeu nenhum pedido das empresas
farmacêuticas para aprovar a vacinação de crianças com menos de 12 anos.
Uma fonte do regulador europeu explica ainda que esta avaliação é sempre realizada de acordo com um plano de investigação pediátrica.
Os ensaios clínicos pediátricos são geralmente estruturados para que
uma vacina seja estudada primeiro em adolescentes e, progressivamente,
em crianças menores de 12 anos.
Assim que os dados de uma faixa etária mostram que a vacina é segura
e que confere uma boa resposta imunitária, as farmacêuticas podem
enviar os dados à EMA para a sua aprovação nessa faixa etária, adianta a
mesma fonte.
As duas vacinas de tecnologia RNA mensageiro (mRNA) aprovadas pela
EMA e que estão a ser administradas na União Europeia (UE) podem ser
utilizadas em crianças, mas, para já, apenas a partir dos 12 anos.
A vacina do consórcio Pfizer/BioNTech foi aprovada para utilização em menores dos 12 aos 15 anos, na UE, em 28 de Maio de 2021.
Já a da farmacêutica Moderna recebeu a `luz verde´ da EMA para imunização de adolescentes entre os 12 e os 17 anos em Julho passado.
“Vamos continuar a acompanhar esta matéria e tentar compreender se
estas vacinas podem ser usadas em crianças com menos de 12 anos”, disse
na quinta-feira o responsável pela estratégia de vacinação da EMA, Marco
Cavaleri, admitindo que os primeiros dados podem chegar às mãos do
regulador durante o Outono.
“Variante Delta criou risco urgente para crianças”
Marco Cavaleri alertou ainda que nos Estado Unidos, com a
disseminação da variante Delta, verifica-se um “grande aumento de
hospitalizações que afectam, maioritariamente, adolescentes que não estão vacinados“, uma preocupação que a Academia Americana de Pediatras (AAP, na sigla em inglês) também partilha.
A organização, que junta cerca de 67 mil pediatras, escreveu em
Agosto ao regulador norte-americano (FDA) a pedir para que as “vacinas
covid-19 para crianças possam ser autorizadas o mais rapidamente possível, para que as crianças de todas as idades possam beneficiar delas”.
A propagação da variante Delta do coronavírus
SARS-CoV-2, que é também a predominante nos Estados Unidos, está na base
do repto lançado por esta associação de pediatria à FDA, tendo em conta
que, segundo os seus dados, em Agosto verificou-se o “maior aumento
percentual por semana em casos pediátricos de covid-19 desde o início da
pandemia”.
“A variante Delta criou um risco novo e urgente para crianças e adolescentes
em todo o país, assim como também para adultos não vacinados”, alertou a
associação, ao avançar que, desde o início da pandemia, as crianças
representaram 14,3% do total de casos acumulados de infecção pelo novo
coronavírus, percentagem que, recentemente, aumentou para 19% nos
Estados Unidos.
Novas infecções em jovens a baixar em Portugal
Em Portugal, dados recentes da Direção-Geral da Saúde indicam que a
incidência de novas infecções nos jovens por 100 mil habitantes
acumulada a 14 dias está a baixar, apesar de continuar a apresentar valores bastante elevados.
Desde o início da pandemia, registaram-se cinco óbitos de crianças e jovens
até aos 19 anos e um total de 117.281 infecções, o que representa cerca
de 11% do total de mais de um milhão de casos positivos notificados em
todo o país.
Nas últimas semanas, os menores têm sido o grande alvo da vacinação em Portugal, com mais de meio milhão de jovens entre os 12 e os 17 anos já com a primeira dose tomada – o que representa mais de 80% desta faixa – e quase 160 mil com a imunização completa (25%).
Benefícios superam os riscos, segundo especialistas
À questão se as crianças devem ser vacinadas contra o SARS-CoV-2, o
virologista José Miguel Pereira responde que os benefícios dessa
imunização superam os riscos, tendo em conta que “uma criança vacinada é
menos uma que fica doente e é também uma fonte de contágio de menor importância“.
O investigador da Unidade da Interacção Hospedeiro-Patogeno do
Instituto de Investigação de Medicamentos (iMed.ULisboa) da Universidade
de Lisboa refere à Lusa que se as crianças forem vacinadas, a “infecção
por SARS-CoV-2 será gradualmente menos transmitida com todos os benefícios que daí se podem antecipar”.
De acordo com o especialista em virologia, apesar de uma criança
infectada correr um menor risco de contrair uma forma grave de covid-19
do que um adulto, a vacinação permite que seja “menos capaz de transmitir a infecção” a terceiros, uma vez que a sua carga viral, se existir, será mais reduzida do que se não tivesse imunizada.
Além disso, devido aos seus hábitos e comportamentos, as “crianças da
faixa etária de menos de 12 anos são sempre propensas a transmitirem
infecções que tenham como fonte de contágio as secreções respiratórias“, principalmente, em dois ambientes: em casa e na escola, alerta José Miguel Pereira.
“Em qualquer dos casos, a situação é mais importante quanto menos
vacinados houver em cada um desses ambientes”, alerta o virologista.
A covid-19 provocou pelo menos 4.602.565 mortes em todo o mundo,
entre mais de 223,06 milhões de infecções pelo novo coronavírus
registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da
agência France-Presse.
Em Portugal, desde Março de 2020, morreram 17.843 pessoas e foram
contabilizados 1.053.450 casos de infecção confirmados, segundo dados da
Direcção-Geral da Saúde.
Há exactamente 20 anos, um dos acontecimentos mais marcantes
da história contemporânea abalou os EUA e o mundo. O ZAP recorda o 11 de
Setembro e como o legado dos atentados ainda se faz sentir nos dias de
hoje.
Foi um dia que mudou o mundo e as imagens ainda estão gravadas na
nossa memória colectiva. Há precisamente 20 anos, o mundo ocidental foi
abalado com um ataque terrorista em nos Estados Unidos da América que
matou quase 3000 pessoas e cujo legado ainda se sente em 2021.
A 11 de Setembro de 2001, terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões comerciais e pilotaram dois contra as torres gémeas.
Cerca de uma hora depois do impacto do primeiro avião contra torre
Norte, esta ruiu. 18 minutos após a primeira colisão, um segundo avião
foi contra a torre Sul, que colapsou 56 minutos depois.
Um terceiro avião colidiu com o Pentágono, a sede do Departamento de
Defesa do governo americano e um quarto caiu num campo perto do estado
da Pensilvânia, depois de os tripulantes terem conseguido desviar o
avião do destino planeado pelos terroristas, que era o Capitólio, em
Washington. Todos os passageiros e tripulantes dos aviões morreram.
Quando o segundo avião embateu contra a torre Sul, as dúvidas sobre
se o que passara tinha sido um acidente dissiparam-se. George Bush tinha
um evento marcado para o dia, que imediatamente cancelou, e o FBI abriu
na hora uma investigação a um possível sequestro de um avião.
Ainda esta semana, foram identificadas mais duas vítimas mortais,
algo que já não acontecia há dois anos. Uma delas chama-se Dorothy
Morgan, que era residente em Hempstead. Já identidade da segunda pessoa,
um homem, não foi revelada a pedido da família. Assim, foram já
identificadas 1647 vítimas mortais do total de 2753 mortos.
A identificação foi feita através de análises de ADN. “Há 20 anos,
fizemos uma promessa às famílias das vítimas do World Trade Center de
fazer o que fosse necessário para identificar os entes queridos. Não importa quanto tempo passe,
vamos usar as ferramentas à nossa disposição para garantir que todos
aqueles que foram perdidos se possam reunir com as suas famílias”,
explicou Barbara A. Sampson, médica de Nova Iorque.
Visto que cerca de 40% das vítimas ainda não foram identificadas, as
autoridades norte-americanas estão agora a usar um método forense mais
avançado, que já está a ser usado para identificar vestígios da Segunda
Guerra Mundial.
Para além do vídeo do embate avião a embater contra as torres, muitas
outras imagens marcaram o evento, como os bombeiros desesperados a
evacuar as vítimas e apagar os incêndios ou a conhecida fotografia de The Falling Man,
que retrata um homem a atirar-se do edifício para fugir às chamas.
Foram também inaugurados memoriais para lembrar as vítimas, tanto onde
era o World Trade Center como no Pentágono.
O
11 de Setembro foi também o momento catapultou a Al-Qaeda, na altura
uma organização relativamente obscura, para a notoriedade mundial, e o
fundador e cérebro da operação dos ataques – Osama Bin Laden – tornou-se o inimigo número um dos EUA.
Fundada em 1988, a Al-Qaeda atraiu recrutas revoltados com o
imperialismo e interferência americanos no Médio Oriente e contra o
apoio incondicional do país a Israel, tendo crescido e criado campos de
treino sob a alçada do governo talibã no Afeganistão, entre 1996 e 2001.
Bin Laden acabou por ser capturado e morto pelas forças
norte-americanas em 2011, na cidade de Abbottabad, no Paquistão, e o
exército recolheu também documentos e comunicações internas da
organização terrorista que têm sido revelados nos últimos anos.
Segundo escreve a Foreign Affairs, os Abbottabad Papers
incluem notas escritas à mão por Bin Laden em 2002 a detalhar como
surgiu a ideia para o 11 de Setembro. A intenção de atacar o solo
americano nasceu em Outubro de 2000, semanas depois do ataque USS Cole
no Iémen – em que um bombista suicida da Al Qaeda explodiu um destruidor
de mísseis da marinha dos EUA.
“O mundo muçulmano está todo submetido ao reinado de regimes
blasfemos e à hegemonia americana”, escreveu Bin Laden, que acreditava
que o 11 de Setembro ia “quebrar o medo deste falso deus e destruir o mito da invencibilidade americana“.
Apesar de esperar que os atentados mostrassem o impacto da política
externa dos EUA no Médio Oriente e virassem a população contra o
governo, o 11 de Setembro acabou por ter o efeito oposto e unir a sociedade americana de uma nunca forma antes vista.
Na história das sondagens Gallup,
nunca nenhum chefe de Estado americano teve uma maior taxa de aprovação
do que George W. Bush teve nas semanas a seguir aos ataques, que chegou
aos 90%. Quase 9 em 10 Democratas apoiavam o Presidente Republicano.
O discurso de Bush no dia dos ataques continua a ser um dos momentos
mais marcantes da sua presidência. “Hoje os nossos cidadãos, a nossa
forma de vida, a nossa própria liberdade foi atacada por actos
terroristas deliberados. Estes actos queriam assustar a nossa nação até à
desistência, mas falharam. Os ataques terroristas podem abanar as bases
dos edifícios, mas não podem abanar a fundação da América“, afirmou Bush.
20 anos depois, a Al-Qaeda persiste, mesmo depois da morte do seu líder e de vários Presidentes americanos já terem declarado a derrota do grupo terrorista.
Depois de ter começado mais concentrado no Afeganistão e no
Paquistão, o grupo descentralizou-se e já tem ligações a organizações na
Somália, no Iémen e nos países do norte de África que ficaram mais
instáveis durante a Primavera Árabe, escreve o Washington Post.
Apesar de ter ganhado fama mundial com o 11 de Setembro, a Al-Qaeda
dedica-se agora mais a batalhas internas do que à guerra contra os
Estados Unidos.
Nas últimas semanas, com o regresso dos talibãs ao poder no Afeganistão, regressaram também os receios de que a Al-Qaeda volte a ganhar relevância
no plano internacional – apesar de todas as potências exigirem ao novo
governo afegão o fim do apoio a grupos terroristas em troca do
reconhecimento internacional. Recorde-se que a recusa dos talibãs de
entregar Bin Laden foi o que motivou a invasão norte-americana em 2001.
O Ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, acredita que a saída das
tropas ocidentais do Afeganistão “deixa um grande, grande problema”.
“Foi por isso que disse que este não é o tempo nem a altura certa,
porque provavelmente a Al-Qaeda vai voltar. Os estados falhados são um
terreno fértil para este tipo de pessoas”, afirmou.
Joe Biden ordenou a 3 de Setembro o cumprimento de uma exigência
antiga das famílias das vítimas – que o Departamento de Justiça e outros
órgãos federais acabassem com a confidencialidade de documentos da investigação do FBI
aos ataques, o que pode finalmente confirmar ou negar as suspeitas do
envolvimento do governo da Arábia Saudita, um longo aliado dos EUA.
Dos 19 terroristas envolvidos no 11 de Setembro, 15 eram sauditas – incluindo Bin Laden – dois eram dos Emirados Árabes Unidos, um era libanês e outro tinha nacionalidade egípcia. O relatório final
sobre os atentados não encontrou provas do envolvimento do governo
saudita ou que este tivesse financiado a Al-Qaeda, mas as acusações
persistem.
“Estamos felizes por ver o Presidente a forçar a divulgação de mais
provas sobre as ligações sauditas aos ataques de 11 de Setembro. Estamos
a lutar contra o FBI e a comunidade de inteligência há demasiado tempo,
mas isto parece um verdadeiro ponto de viragem”, afirma Terry Starda,
cujo marido morreu no ataque ao World Trade Center.
Já há anos que as famílias das vítimas tentam processar o governo da Arábia Saudita
pela responsabilidade dos ataques. A embaixada do país nos EUA já
reagiu ao anúncio de Biden. “A Arábia Saudita sabe muito bem do mal que a
ideologia e as acções da Al-Qaeda representam. Ao lado dos EUA, o reino
tem lutado contra os homens e todas as formas da mentalidade
terrorista”, respondeu, em comunicado.
A embaixada acrescenta que espera que a divulgação dos documentos
acabe “com as alegações sem base contra o reino, de uma vez por todas”.
“Eu devia ter morrido naquele dia”
As décadas passam, mas as marcas físicas e psicológicas
de quem viveu os ataques ou perdeu familiares e amigos persistem. Joe
Dittmar estava numa reunião no 105º andar da Torre Sul quando teve de
evacuar o edifício.
O trabalhador de uma seguradora estava a descer as escadas no 72º
andar quando o segundo avião colidiu com o prédio, poucos andares acima.
Dittmar estava numa sala de conferências quando um homem alertou para a explosão na Torre Norte.
“Todos os 54 de nós dissemos a mesma coisa, que estamos em Nova
Iorque, há sempre coisas a acontecer aqui, deixem-nos ter a nossa
reunião. Ele era bombeiro e avisou-nos que não podia sair do edifício
até toda a gente sair e eu sei que ele tirou toda a gente daquela sala
porque eu fui o último a sair”, explica ao City News.
A decisão de ir pelas escadas pode ter salvo a vida
de Joe. Depois de ter saído do edifício, os sobreviventes conseguiram
ouvir pela primeira vez a rádio a dizer que se tratava de um ataque
terrorista.
“Os nossos queixos caíram. Isto não acontece aqui, mas depois ouvimos
o cimento a cair, o ferro a dobrar-se e gritos de milhares de pessoas
em Nova Iorque” quando a torre caiu.
Lauren Manning tinha acabado de entrar na Torre Norte do World Trade
Center quando o avião atingiu o edifício, tendo sido atingida por uma
enorme chama que desceu do poço do elevador até ao hall de entrada.
“De acordo com qualquer critério médico, eu devia ter morrido.
Houve este assobio incrivelmente alto e penetrante e instantes depois,
estava envolvida em chamas. Estava a arder viva, não há outras
palavras”, revela à Sky News. Lauren ficou com 80% do corpo queimado, sendo cerca de 20% de quarto ou quinto grau, o que obrigou a amputações.
Lauren foi levada para o hospital e colocada num coma durante três
meses. O marido Greg lia-lhe poemas de Robert Burns e tocava-lhe músicas
do tempo em dois começaram a namorar. Alguns dias depois de acordar do
coma, o filho Tyler, na altura com um ano, visitou-a pela primeira vez
desde o ataque.
“Tinha tanto medo que ele não me reconhecesse. Ele
não me reconheceu ao início, mas depois reconheceu os meus olhos e voz.
Era tudo o que eu precisava”, confessa. Enquanto estava deitada a ver
pessoas a saltar das torres, Lauren sabia que os seus colegas de
trabalho estavam presos nos andares nas altos. Todos os 658
trabalhadores no escritório nesse dia acabaram por morrer.
O legado que ainda se sente hoje
Uma das principais consequências dos atentados foi o início da guerra contra o “eixo do mal” do terror, com os Estados Unidos a invadir o Afeganistão em 2001, uma guerra que acabou recentemente, e o Iraque em 2003, onde o exército norte-americano ainda está.
O projecto Custos da Guerra,
da Universidade de Brown, calculou os custos humanos e monetários dos
conflitos. “As mortes que calculamos estão provavelmente muito abaixo do
verdadeiro impacto que estas guerras tiveram. É crítico que tenhamos
propriamente em conta as vastas e variadas consequências das guerras e
operações contra-terrorismo dos EUA desde o 11 de Setembro”, apela Neta
Crawford, co-fundadora do projecto.
Mais de 929 mil pessoas morreram vítimas de
violência directa das guerras e 387 mil civis perderam a vida, segundo
os cálculos. Os conflitos causaram 38 milhões de refugiados e deslocados
e custaram mais de 8 biliões de dólares ao estado americano, que está
actualmente a levar a cabo actividades contra-terrorismo em 85 países.
O impacto do 11 de Setembro também ainda se nota na segurança nos voos
– depois dos terroristas que sequestraram os aviões terem embarcado
facilmente nos aeroportos em Portland, Maine, Boston, Newark e
Washington.
Antes dos atentados, era comum chegar-se aos aeroportos meros minutos antes de se embarcar e practicamente não eram exigidos documentos de identificação ou bilhetes até à porta do avião, escreve o NPR. Não era necessário remover casacos e calçado e apenas se passava num detector de metais.
Nos dias de hoje, é preciso ir para o aeroporto com horas de
antecedência e esperar em longas filas. Os passageiros têm de retirar
calçado e casacos e esvaziar os bolsos, as malas são sujeitas a um raio-X e temos de passar por um exame a todo o corpo.
A segurança era feita por empresas privadas contratadas pelas
companhias aéreas e tinha de obedecer a critérios federais. Os contratos
eram geralmente atribuídos à empresa que ficasse mais barata.
“Era tão fácil, muitos de nós ficamos surpreendidos que não tinha
acontecido antes”, afirma Jeff Price, que era assistente da direcção de
segurança no aeroporto de Denver no 11 de Setembro, sobre o aperto à
segurança. “Antes do 11 de Setembro, a segurança era quase invisível e
foi criada para ser assim. Era algo no fundo que não era muito
perceptível e que não interferia com as operações do aeroporto“, acrescenta.
Mas não foram só os americanos que sentiram a vida mudar de um dia
para o outro depois dos atentados – os muçulmanos também, especialmente
os que viviam nos EUA na altura. Imediatamente após o 11 de Setembro, os
crimes de ódio contra muçulmanos subiram de 28 incidentes em 2000 para 481 em 2001, segundo dados do FBI.
“Depois do 11 de Setembro, o ódio e a discriminação foram
amplificados. De repente, o dia-a-dia dos muçulmanos americanos
tornou-se objecto de consumo público, a sua fé foi tornada uma questão
racial e as comunidades foram muito escrutinadas pela sociedade”, explica Sumayyah Waheed, consultor político, à Al-Jazeera.
A aprovação no imediato do Patriot Act, uma
lei que deu mais poderes de espionagem às forças de segurança sobre
cidadãos suspeitos de terrorismo também ainda tem impacto hoje em dia na
população americana, especialmente nos muçulmanos, que foram
desproporcionalmente atingidos. Vários grupos de direitos civis afirmam
que a lei, cujos alguns elementos importantes expiraram em 2020, é
inconstitucional.
Em julho de 2021, uma equipa de investigadores do Reino Unido
publicou um livro que aborda as descobertas de um intrigante estudo que
pode dar uma nova interpretação à lenda do Rei Artur.
A obra “The Bristol Merlin: Revealing the Secrets of a Medieval Fragment” tem como foco um conjunto de sete manuscritos medievais que foram descobertos, acidentalmente, em meados de 2019 na cidade de Bristol, em Inglaterra.
Os artefactos, que continham diversos escritos ilegíveis, deram novos detalhes sobre a mágica lenda do Rei Artur e do seu guia, o mago Merlin.
Estes itens, noticia o Cienciaplus,
foram analisados pela equipa com o auxílio da tecnologia de imagem
multi espectral, que capta fotografias a partir de diferentes
comprimentos de onda eletromagnética.
A análise revelou diferenças no texto de versões anteriores da história,
sendo que através da tecnologia usada, os especialistas foram capazes
de ler secções danificadas do texto que seriam invisíveis a olho nu.
Um aspeto que chamou atenção destes documentos históricos foi a sua
idade: os manuscritos eram datados do período entre os anos 1250 e 1275.
O seu local de origem era França, mas também passaram por Inglaterra – e
lá acabaram por ser encontrados.
O livro, que ainda não possui uma edição em português, revela alguns detalhes da história do Rei Artur, mas de uma forma diferente da que conhecemos – o que abre espaço para que novas interpretações sejam feitas.
Por exemplo, o ferimento infligido na coxa do Rei Claudas – que era o adversário do protagonista – poderia ter sido na verdade apenas uma metáfora
para dar a sensação de impotência, segundo referem os investigadores,
uma vez que neste manuscrito mais antigo, o episódio não está registado.
Por outro lado, os fragmentos de Bristol mostram um relato “ligeiramente atenuado” do encontro sexual do mago Merlin com a feiticeira Viviane, também conhecida como a Dama do Lago.
O Rei Artur é um lendário líder britânico que, de
acordo com as histórias medievais e romances de cavalaria, liderou a
defesa da Grã-Bretanha contra os invasores saxões no final do século V e
no início do século VI.
Os detalhes das histórias Arturianas são, na sua maioria, compostas
por lendas literárias, e a sua existência histórica é motivo de debate
académico entre os historiadores contemporâneos.