Os restos mortais de Francis Wayne Alexander foram encontrados há mais de 40 anos na casa do infame serial killer John Wayne Gacy. Mas só agora se conseguiu verificar a sua identidade.
Segundo conta a cadeia televisiva CNN, os restos mortais de Francis Wayne Alexander foram encontrados no dia 26 de dezembro de 1978, na casa do serial killer John Wayne Gacy, que ficou conhecido como o “Palhaço Assassino”, em Norwood Park, Illinois.
Durante décadas, a sua identidade foi um mistério. Mas agora, graças ao trabalho da organização sem fins lucrativos DNA Doe Project (DDP) e da polícia de Chicago, a genealogia genética e um dente da vítima ajudou finalmente a resolver o caso.
“As correspondências de ADN relativamente a um primo de segundo grau
foram encontradas, permitindo à equipa de genealogistas genéticos
voluntários do DDP construir árvores genealógicas e assim identificar
Francis Wayne Alexander como candidato a ser a vítima número cinco de
Gacy”, explicou o projeto.
Depois de receber estas informações de ADN, a polícia obteve amostras
de ADN da mãe e de um meio-irmão de Alexander. O ADN destes familiares
revelou ter uma “forte associação genética” com a vítima encontrada na casa do serial killer.
“A polícia também analisou registos financeiros, registos públicos,
relatórios post-mortem e outros dados para confirmar que a vítima número
cinco e Alexander eram a mesma pessoa”, lê-se no comunicado das
autoridades citado pela CNN.
“É difícil, mesmo 45 anos depois, conhecer o destino do nosso querido
Wayne. Foi morto pelas mãos de um homem vil e mau. Os nossos corações
estão pesados e as nossas condolências vão também para as famílias das
outras vítimas. O nosso único conforto é saber que este assassino não
respira mais o mesmo ar que nós”, disse também a família.
Gacy foi preso em dezembro de 1978 e, dois anos depois, foi condenado pelo homicídio de 33 jovens do sexo masculino. Acabaria por ser executado em 1994.
As autoridades explicaram que o assassino atraiu as suas vítimas para
sua casa durante seis anos. Para levá-los até lá, prometia empregos na
construção, drogas e álcool, ou fazia passar-se por polícia ou oferecia
dinheiro em troca de sexo. Gacy costumava ter como alvo jovens que
pediam boleia na estrada ou que se encontravam em estações de autocarro.
Wim van Dijk não está preocupado com uma possível pena de
prisão. A intenção do psicólogo holandês é alimentar o debate sobre a
morte assistida.
O psicólogo holandês Wim van Dijk disse ter vendido
um “pó suicida” a mais de 100 pacientes. “Ciente das consequências” e
sem medo de ser detido, o objetivo do especialista é provocar o debate sobre morte assistida nos Países Baixos.
“Estou ciente das consequências da [divulgação] da minha história.
Não me importa”, afirmou o psicólogo, de 78 anos, numa entrevista.
“Quero que a agitação social se torne tão grande que o poder judicial
não a possa ignorar. Não quero saber se me prendem ou me põem na prisão.
Quero que algo aconteça.”
Segundo o The Guardian, o especialista arrisca uma pena de três anos de prisão.
Nos Países Baixos, a morte assistida só é permitida quando há um
“pedido voluntário e bem ponderado” em casos de “sofrimento insuportável
do qual não há perspetiva de melhora ou tratamento alternativo”.
O diário britânico escreve que o psicólogo é membro do Coöperatie Laatste Wil, um grupo que está a ser investigado pelas autoridades e que reivindica uma legislação mais liberal para a morte assistida.
Há suspeitas de que pessoas presentes nas reuniões deste grupo acabaram por comprar uma droga mortal, conhecida como Agent X.
Van Dijk revelou ter sugerido a pessoas que participaram nas reuniões
da organização que ficassem depois de o moderador sair para lhes poder
vender o “pó suicida” por 50 euros. “Tenho fornecido cuidadosamente às
pessoas que querem manter o controlo sobre o seu próprio fim de vida os
meios para acabar com ela no momento da sua escolha”, admitiu.
“Eu sou um fornecedor. Tenho fornecido o Agente X a mais de 100 pessoas“, acrescentou, na mesma entrevista.
Um novo desabamento do cone do vulcão de La Palma (Canárias)
está a fazer com que uma grande quantidade de lava se desloque,
principalmente em direção ao oeste, sobre o fluxo primário de lava.
Durante as últimas 24 horas, a evolução da erupção foi marcada pela modificação e reconfiguração do cone principal do vulcão,
de acordo com o último relatório do Departamento de Segurança Nacional
espanhola (DSN) emitido às 08h00 locais (a mesma hora em Lisboa).
A nova rutura do cone, que ocorreu na tarde de segunda-feira,
provocou transbordamentos de lava e deslizamentos de terras que geraram
correntes de ar, mas que não afetaram o fluxo que corre para sul e que
está atualmente praticamente parado.
Por seu lado, o Governo da comunidade autónoma das Canárias sublinhou que o fluxo de lava de La Laguna não sofreu alterações significativas
e, tal como o resto dos fluxos de lava, continua a ser monitorizado,
para o caso de ser necessário adotar novas medidas de proteção civil.
A altura média da coluna de cinzas e gases emitidos pelo vulcão atingiu 3.800 metros na segunda-feira, de acordo com o DSN.
A instituição também observa que as condições meteorológicas são
favoráveis à qualidade do ar e que as operações aeroportuárias nas Ilhas
Canárias são atualmente satisfatórias.
No que diz respeito à sismicidade, os últimos dados do Instituto
Geográfico Nacional espanhol mostram que, durante as primeiras horas da
manhã de hoje, 36 tremores de terra foram registados em
La Palma, um dos quais, afetou o município de Mazo com uma magnitude de
4,2 graus e uma intensidade de quatro, localizado a uma profundidade de
36 quilómetros.
Por seu lado, o DSN assinala que os movimentos de terra continuam a
localizar-se nas mesmas zonas geográficas e que, por sua vez, aumentaram
em profundidades intermédias, entre 10 e 15 quilómetros, o que favoreceu a probabilidade de terramotos até à intensidade seis sentida pela população.
Segundo os especialistas, há cinco bocas ativas no vulcão, que estão a
emitir lava. Não é de descartar ainda que se abram outras futuramente,
mas deverão cingir-se à região em volta do cone principal, que é agora a
maior preocupação dos cientistas, que temem que outro colapso possa dar
origem a mais fluxos de lava, escreve o Observador.
A poucos dias da cimeira do clima de Glasgow, onde é esperado
que os países anunciem cortes nas emissões de gases com efeito de
estufa, apenas um, a Gâmbia, cumpre o acordo de Paris sobre redução de
emissões.
De acordo com estimativas independentes e científicas, referentes a
este mês, das organizações que elaboram o índice Climate Action Tracker
(CAT), só o pequeno país africano está no caminho de cumprir as metas definidas no Acordo de Paris,
alcançado em 2015, para evitar um aquecimento do planeta superior a 1,5
graus celsius (ºC) acima dos valores da era pré-industrial.
Há dois anos a Gâmbia já estava na linha da frente da luta contra as alterações climáticas, a par de Marrocos, que está agora no grupo de países com metas quase suficientes para cumprir o acordo de Paris, a par da Costa Rica, Etiópia, Quénia, Nepal, Nigéria e Reino Unido.
A União Europeia – na escala de cores do CAT em que a verde aparece
apenas a Gâmbia e os “quase lá” estão a amarelo – aparece no grupo dos
países cor de laranja, com metas insuficientes e no
mesmo grupo de países como o Chile, o Japão, o Peru, a África do Sul ou
os Estados Unidos, entre outros. Os Estados Unidos estavam há dois anos
na lista negra, que representa os piores países do mundo em termos de
metas para evitar um aquecimento global que os cientistas consideram
catastrófico para a humanidade.
O CAT é produzido por duas organizações, a Climate Analytics e o New
Climate Institute, e rastreia as promessas e políticas climáticas de 37
países/regiões, cobrindo cerca de 80% das emissões globais de gases com
efeito de estufa.
O Acordo de Paris, assinado por praticamente todos os países do mundo
em 12 de dezembro de 2015, pretende ser um plano de ação, assente em
compromissos concretos dos países, para limitar o aquecimento global a
menos de 2ºC, de preferência menos de 1,5ºC, acima dos valores médios da
era pré-industrial.
Segundo o CAT, as medidas da União Europeia são insuficientes, permitem um aumento de temperatura que ultrapassa os 2ºC, mas ainda assim o bloco está no bom caminho.
A vermelho, com medidas altamente insuficientes, estão 15 países,
entre eles grandes economias e grandes emissores de gases com efeito de
estufa, como a Argentina, Austrália, Brasil, Canada, China, Índia,
Indonésia, México ou Ucrânia estão neste grupo, cujos compromissos de
redução de emissões resultam num aumento do aquecimento global que
ultrapassa os 3ºC.
Em situação crítica, na lista negra do CAT, estão seis países,
praticamente sem medidas para conter as emissões de gases com efeito de
estufa. A Federação Russa, a Arábia Saudita, o Irão, Singapura, Tailândia e Turquia estão neste grupo, e pelas suas políticas diz o CAT que a temperatura global aumentaria 4ºC.
O CAT foi atualizado há menos de duas semanas, mas a Climate
Analytics e o New Climate Institute dizem que desde maio, quando foi
feita a ultima atualização, quase nada mudou em relação às promessas de
redução de emissões de gases com efeito de estufa. Desde novembro do ano
passado um reduzido número de países concluiu as suas propostas de
redução de emissões para 2030.
Por isso as duas organizações consideram ser “absolutamente
necessário” que mais governos aumentem as chamadas “contribuições
nacionalmente determinadas” (NDC na sigla original) de redução de gases
com efeito de estufa. “Há demasiados, especialmente entre os grandes
emissores e países desenvolvidos, que ainda não o fizeram. Cerca de 70
países não atualizaram de todo as suas NDC”, segundo a organização.
O esquema de classificação do CAT foi alterado e tornado mais
abrangente, juntando as políticas, a ação e as metas de cada
país/região, classificando agora 37 países/regiões, mais quatro do que
anteriormente: Nigéria, Irão, Tailândia e Colômbia.
Dos 37, apenas a Gâmbia tem uma ação climática global compatível
com o Acordo de Paris, em sete píses a ação climática global é quase
suficiente, o que significa que ainda não são compatíveis com o limite
de 1,5ºC, mas podem alcançar esse patamar com pequenas melhorias, e os
restantes três quartos dos países analisados têm “lacunas
significativas” na ação climática. Portugal não é analisado
individualmente, apenas a União Europeia em bloco.
No CAT a União Europeia deu “grandes passos” na
mitigação das alterações climáticas em 2020, como o chamado “Green
Deal”, ou a aprovação já este ano da Lei Europeia do Clima.
No entanto, a ação climática da União Europeia, segundo as
organizações que compilam o índice, ainda pode melhorar, “especialmente
em torno da aceleração da eliminação gradual do carvão, aumentando o
financiamento da ação climática no estrangeiro, e indo além do atual
objetivo de redução das emissões” de gases com efeito de estufa em 55%
até 2030.
Presidente do Brasil é já reincidente na divulgação de
notícias falsas sobre a pandemia (tendo já sido alertado antes), pelo
que a plataforma avançou de imediato para a suspensão dos seus canais
oficiais.
O Youtube suspendeu na segunda-feira o canal do Presidente brasileiro por pelo menos sete dias, após Jair Bolsonaro ter alegado num vídeo que o uso de vacinas contra covid-19 poderia facilitar o desenvolvimento de SIDA. O vídeo, que foi transmitido em direto na conta oficial do Presidente na quinta-feira, também foi removido porque viola as diretrizes de “desinformação médica sobre a covid-19″ da plataforma, disse o YouTube.
“Aplicamos as nossas políticas de forma consistente em toda a plataforma, independentemente de quem for o criador
ou qual a sua opinião política”, indicou a plataforma de vídeos em
comunicado. Porta-vozes do YouTube explicaram à agência espanhola Efe
que a plataforma também optou por suspender a conta de Bolsonaro por pelo menos uma semana porque o seu canal já havia sido notificado em julho sobre a publicação de desinformação sobre a pandemia.
Assim, por se tratar de uma “reincidência“, o líder da extrema-direita brasileira não poderá publicar novos vídeos ou transmitir ao vivo
pelos próximos sete dias. É a primeira vez que uma rede social suspende
o perfil de Bolsonaro, que se tem caracterizado pelo negacionismo
diante da gravidade da pandemia da covid-19 e da eficácia das vacinas
para combater a doença.
Antes do YouTube, também as redes sociais Facebook e Instagram
retiraram das suas plataformas o vídeo em que Bolsonaro vinculava o uso
de vacinas contra a covid-19 ao desenvolvimento de SIDA (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida). Num vídeo em direto na última quinta-feira,
o chefe de Estado citou uma notícia falsa na qual se
defendia que relatórios oficiais do Governo do Reino teriam sugerido que
algumas pessoas vacinadas contra a covid-19 estariam a desenvolver SIDA
“muito mais rápido do que o previsto“, justificando assim a sua posição contra a imunização.
“Eu só vou dar a notícia. Não a vou comentar porque já disse isso no passado e foi muito criticado. Relatórios oficiais do Governo do Reino Unido sugerem que pessoas totalmente vacinadas estão desenvolvendo SIDA 15 dias após a segunda dose. Leia essa notícia. Não vou ler aqui porque posso ter problemas com a minha transmissão ao vivo”, disse o Presidente.
As declarações de Bolsonaro geraram uma onda de críticas
de diferentes associações médicas e científicas, que rapidamente
negaram qualquer ligação entra a vacina e a SIDA, e as rotularam como
notícias falsas. O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Arthur Lira, disse nesta segunda-feira que Jair Bolsonaro deve ser responsabilizado
por divulgar informações falsas, ao comentar a decisão tomada pelas
redes sociais. “Se ele [Bolsonaro] não tiver nenhuma base científica,
ele vai pagar sobre isso“, afirmou Lira, ao comentar o assunto durante um seminário sobre o agronegócio em São Paulo.
O negacionismo de Bolsonaro levou à instauração de uma comissão parlamentar que investigou durante seis meses
as alegadas omissões do Governo em plena emergência sanitária, cujo
relatório final, que deve ser votado hoje, acusa Bolsonaro de “crimes contra a humanidade” por ter agravado a pandemia.
Com mais de 605 mil mortes e 21,7 milhões de infetados pelo covid-19, o Brasil é, em números absolutos, um dos três países mais afetados pela pandemia no mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia.
“Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais”. É desta
forma que Espanha vai propor à Comissão Europeia, na reunião
extraordinária desta terça-feira, uma “solução revolucionária” para
acabar com a escalada de preços na energia. E os portugueses também
podem ser beneficiados se for aprovada.
Espanha vai solicitar a Bruxelas permissão para abandonar o sistema
de preços europeus da electricidade, segundo adianta o espanhol El País.
O jornal teve acesso a um “documento oficioso” onde Espanha assinala
que “em situações excepcionais, deve permitir-se aos Estados-membro
adaptar a formação do preço da electricidade às suas situações específicas“, como cita o El País.
Assim, o Governo espanhol coloca em cima da mesa uma “solução revolucionária”, segundo o mesmo diário, para permitir um mecanismo que reflicta o preço mais barato das energias renováveis nos preços finais da luz pagos pelos consumidores.
Esta medida avançada pelo Governo espanhol surge numa altura em que
os ministros da Energia da União Europeia (UE) procuram soluções para
fazer face à escalada de preços da electricidade, devido ao aumento dos preços do gás.
“Solução revolucionária” pode ser boa para Portugal
Espanha perdeu a paciência com “os tempos de Bruxelas”, avança o El
País. As palavras do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, já
tinham denotado o desgaste com a demora da Comissão Europeia (CE) em
tomar medidas para fazer face à escalada de preços.
Assim, Espanha propõe um mecanismo “extraordinário” e de excepção para “desvincular” o efeito do elevado preço do gás sobre o preço final da electricidade.
Portanto, o país vizinho quer recuperar a “liberdade para fixar os
seus próprios preços de electricidade à margem do sistema europeu”, com o
objectivo de que os consumidores possam beneficiar do menor custo das energias renováveis na factura da luz.
O documento a que o El País teve acesso foi distribuído pelos
responsáveis espanhóis antes da cimeira de ministros europeus em torno
da energia, que decorre nesta terça-feira, no Luxemburgo, para encontrar soluções para fazer face à crise energética que ameaça a recuperação da crise pandémica.
“Tempos excepcionais exigem medidas excepcionais com
carácter de urgência”, considera Espanha, notando que cada aumento de
um euro por MWh no preço do gás natural representa 2.700 milhões de
euros por ano nos custos adicionais de electricidade para todos os
consumidores europeus, conforme cita o El País.
Assim, a ideia de nuestros hermanos é romper com o actual sistema de fixação de preços da UE, onde é a energia mais cara que define o preço de todas as outras fontes. Esta fórmula acabou por levar a recordes nas tarifas de electricidade.
Mas em países como Portugal e Espanha, onde há uma
produção significativa de energias renováveis, aumentar o peso destas na
formulação do preço motivaria números mais vantajosos para os
consumidores.
“Nestas circunstâncias extraordinárias, em vez do sinal de preço
marginal puro (contaminado pelos picos dos preços do gás), o preço da
electricidade obter-se-ia como um preço médio com referência também ao custo das tecnologias limpas infra-marginais (especialmente as renováveis)”, destaca Espanha.
“O preço da electricidade estaria directamente vinculado ao mix de produção nacional,
protegendo, ao mesmo tempo, os consumidores de volatilidades excessivas
e permitindo-lhes participar nos benefícios que proporciona um mix de
geração mais barato”, defende ainda o Governo de Sánchez.
Oposição da Alemanha e do norte da Europa
Espanha vai, agora, procurar apoios entre os restantes Estados-membro para levar a sua ideia avante. Mas deverá ter a oposição provável de países como Alemanha, Áustria, Países Baixos, Irlanda e Finlândia.
Estes países e outros do Norte da Europa já vieram sublinhar, numa carta, que não podem apoiar “nenhuma medida que entre em conflito com o mercado interno do gás e da electricidade, como por exemplo uma reforma ad hoc do mercado grossista da electricidade”.
Uma fabricante de adereços disse que, no passado, já tinha
mostrado preocupação com o facto de o assistente de realização ter
protagonizado situações inseguras.
No fim-de-semana, um documento judicial obtido pela CNN
mostrou que a arma que matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins
foi entregue ao ator Alec Baldwin pelas mãos do assistente de realização David Halls, que lhe terá dito que era uma “cold gun”, ou seja, a indicação de que seria seguro usá-la.
Agora, em comunicado, Maggie Goll, fabricante de adereços e
pirotécnica licenciada, explicou que já tinha trabalhado com Halls na
série “Into the Dark” e que, na altura, avisou os produtores executivos
para o seu comportamento inseguro no set.
Segundo a Associated Press, Goll contou também numa entrevista que o assistente de realização ignorou os protocolos de segurança para armas e pirotecnia e tentou continuar as filmagens mesmo depois de o pirotécnico supervisor ter perdido a consciência.
A funcionária disse ainda que Halls não realizou as reuniões de
segurança e falhou várias vezes o anúncio à equipa de que estaria no set
uma arma de fogo, tal como mandam os protocolos.
Apesar disso, a fabricante de adereços considera que “esta situação não é sobre Dave Halls” e que “não é culpa de uma só pessoa”. “Trata-se de um debate maior sobre a segurança nos sets e o que estamos a tentar alcançar com essa cultura.”
Goll referiu que esta é uma situação que não poderia ter acontecido
porque há “tantos passos que têm de ser seguidos” que a possibilidade de
a arma carregada ter chegado àquele destino por si só “deveria ser
impossível”.
Entretanto, um produtor do filme “Freedom’s Path” também contou que o assistente de realização já havia sido despedido por um acidente semelhante.
“Dave Halls foi despedido das filmagens de ‘Freedom’s Path’ em 2019,
depois de um membro da equipa sofrer ferimentos leves quando uma arma
foi disparada acidentalmente”, disse à agência France-Presse o produtor.
“Halls foi expulso do local de filmagens imediatamente” e “a produção
não voltou a filmar até que Dave saiu”, acrescentou a fonte,
acrescentando que na altura foi elaborado um relatório escrito sobre o
incidente.
Baldwin matou
a diretora de fotografia, de 42 anos, na semana passada, depois de ter
disparado a arma em questão no set de filmagens das gravações do filme
“Rust”, quando a equipa de filmagem se preparava para ensaiar uma cena.
A AFP escreveu ainda que a investigação está centrada no papel da
responsável pelo armeiro no local de rodagem, Hannah Gutierrez, a quem
coube preparar as armas para serem usadas no filme, e em Dave Halls.
O primeiro-ministro polaco acusou a União Europeia (UE), esta
segunda-feira, de “ter uma arma pontada à cabeça” da Polónia, ao exigir
que Varsóvia reveja as reformas judiciais, ameaçando-a com sanções.
Numa entrevista publicada pelo Financial Times, Mateusz Morawiecki
exortou os 27 a reverterem a exigência junto do Tribunal Europeu de
Justiça (TEJ) de obrigar a Polónia a pagar uma multa por causa das
reformas judiciais impostas por Varsóvia.
“Será a atitude mais sábia que pode ter. Assim não estaríamos a
discutir com uma arma apontada à cabeça”, afirmou o primeiro-ministro,
que insistiu na necessidade de a UE pôr termo às ameaças de sanções.
Questionado sobre se a Polónia poderá, como retaliação, vetar projetos importantes da UE, Morawiecki respondeu com uma pergunta.
“O que acontecerá se a Comissão Europeia iniciar a Terceira Guerra Mundial? Na verdade, defenderemos os nossos direitos com todas as armas à nossa disposição”, afirmou.
A Polónia está envolvida num confronto acirrado com a UE por causa de
uma série de reformas judiciais polémicas. Bruxelas sustenta que as
reformas prejudicam as liberdades democráticas, mas o Governo
nacionalista e populista polaco argumenta que são necessárias para
erradicar a corrupção entre os juízes.
As declarações de Morawiecki foram já comentadas por Bruxelas, com o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, a considerar que a “guerra de retórica” do primeiro-ministro polaco “é inaceitável”.
Num encontro com jornalistas, Mamer defendeu que a UE é um projeto
que “contribuiu com muito sucesso para o estabelecimento de uma paz
duradoura entre os seus Estados membros”.
“Não há espaço para uma retórica de guerra. É
inaceitável”, acrescentou o porta-voz da UE, sublinhando que “muitos dos
opositores políticos” de Morawiecki estão “profundamente preocupados”
com o crescente isolamento da Polónia dentro dos 27.
“Tenho a impressão de que Morawiecki teve recentemente alguns
problemas com o inglês ou que perdeu a cabeça”, escreveu no Twitter o
ex-primeiro-ministro da esquerda polaca, Marek Belka, atualmente membro
do Parlamento Europeu.
Donald Tusk, o líder do principal partido da oposição na Polónia,
também já reagiu às declarações de Morawiecki, tendo defendido que, na
política, “a estupidez é a causa da maioria dos mais graves infortúnios”.
O porta-voz do Governo de Varsóvia, Piotr Müller, disse à imprensa
polaca que o comentário do primeiro-ministro foi um exagero e não deve
ser interpretado de forma literal.
Desde que chegou ao poder, em 2015, o partido nacionalista Lei e
Justiça está em conflito com Bruxelas numa série de questões, incluindo a
das migrações e a dos direitos da comunidade LGBT. A disputa mais
antiga, no entanto, está centrada nas tentativas do Governo polaco em
assumir o controlo político do sistema judicial.
O assunto veio à tona no início deste mês, quando o Tribunal Constitucional polaco decidiu que algumas partes importantes da legislação da UE não são compatíveis com a Constituição do país.
A decisão de um tribunal repleto de apoiantes do partido no poder foi
tomada depois de Morawiecki ter pedido ao Constitucional que se
pronunciasse sobre se a lei da UE tinha primazia sobre a nacional.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen, lembrou que foi a primeira vez que um tribunal nacional
considerou que os tratados da UE são incompatíveis com a Constituição
nacional.
“Esta decisão questiona os fundamentos da União Europeia e é um desafio direto à unidade da ordem jurídica europeia”, frisou Von der Leyen.
O Programa Alimentar Mundial da ONU alerta para a crise no
Afeganistão, afirmando que o país está “entre os piores desastres
humanitários do mundo, senão o pior”.
Cerca de 22,8 milhões de afegãos, mais de metade da população do país, estarão este inverno em situação de insegurança alimentar aguda, levando o país a uma das piores crises humanitárias do mundo, alertaram esta segunda-feira agências da ONU.
“Neste inverno, milhões de afegãos serão forçados a escolher entre
migrar ou morrer de fome, a menos que possamos aumentar a nossa ajuda
para salvar vidas”, disse David Beasley, diretor executivo do Programa
Alimentar Mundial (PAM), num comunicado conjunto com a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
A crise alimentar no Afeganistão já é mais grave do que na Síria ou no Iémen.
Apenas a República Democrática do Congo (RD Congo) está numa situação
mais desesperadora, disseram funcionários da ONU à agência de notícias
francesa AFP.
“O Afeganistão está agora entre os piores desastres humanitários do mundo, senão o pior”, acrescentou Beasley.
“A contagem regressiva para o desastre começou e se não agirmos agora, teremos o desastre total nas nossas mãos”, alertou.
Sob os efeitos combinados da guerra, aquecimento global e crises económicas e de saúde,
mais de 50% da população afegã estará neste inverno nos níveis 3 (crise
alimentar) e 4 (emergência alimentar) do índice IPC (Quadro Integrado
de Classificação de Segurança Alimentar), desenvolvido em colaboração
com a ONU.
O estágio 3 é caracterizado por subnutrição aguda grave ou incomum e o
estágio 4 por subnutrição aguda muito elevada e mortalidade excessiva. O
último estágio (5) é o da fome. Este é o número mais alto desde que as
Nações Unidas começaram a analisar esses dados no Afeganistão, há dez
anos.
De acordo com o PAM, 37% mais afegãos sofrem
atualmente de insegurança alimentar aguda em comparação com abril de
2021. Entre estes, 3,2 milhões de crianças menores de cinco anos
sofrerão de subnutrição aguda até ao final do ano.
O Afeganistão está devastado por mais de quatro décadas de conflito e está a sofrer as consequências do aquecimento global, que levou a secas severas em 2018 e 2021.
A sua economia estagnou desde que os talibãs assumiram o poder em
agosto, o que levou a comunidade internacional a congelar a ajuda da
qual o país já dependia fortemente.
Cimeira tem início a 31 de outubro, mas os sinais que chegam
não são positivos, com muitos dos líderes e representantes dos
principais países a apontar dedos aos que ainda não se comprometeram com
metas mais básicas e antigas.
A 26.ª cimeira das partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, conhecida como COP26
decorre a partir do último dia deste mês de Outubro, em Glasgow. Nela,
estão depositadas muitas esperanças de ambientalistas e jovens ativistas
tendo em vista ações e políticas mais ambiciosas para mitigar, lutar e
prevenir as alterações climáticas. No entanto, semanas
antes de os trabalhos terem sequer início — ou de os líderes mundiais
começarem a viajar para a Escócia — os primeiros alertas emitidos não são promissores.
Desde recusas de chefes de Estado em se deslocar até
à cidade escocesa (será o caso de Putin ou de Xi Jinping), a avisos do
presidente delegado para dirigir os trabalhos (alertando de que será
ainda mais difícil alcançar acordos do que na cimeira de Paris) ou
lamentos dos ativistas devido à inexistência de um líder político que se destaque na luta pela causa ambientalista, a cimeira parece já condenada ao fracasso.
Desta feita, foi a vez de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e Ação Climática, também notar o seu estado de espírito “pouco otimista”
em relação à reunião, relembrando que muitos países ainda não se
comprometeram com objetivos mais ambiciosas para lutar contra as
alterações climáticas. “Não estou ainda muito otimista, mas não quer dizer que as coisas não venham a correr melhor até lá“,
afirmou. O governante português considera ainda que esta será “uma COP
mais importante que todas as outras”, desde que os quase 200 países
assinaram o Acordo de Paris.
Segundo Matos Fernandes, “há dias, ainda faltavam entregar 75 novas
declarações de compromisso”, três das quais de países responsáveis por
uma grande quantidade de emissões carbónicas: Índia, China e África do Sul,
enumerou. Como tal, Matos Fernandes preferiu não avançar uma meta para a
subida da temperatura global até 2100 que os países podem acordar em
Glasgow. “2,5 graus até ao final do século XXI, com
estes novos compromissos, era de facto um grande salto em frente.
Seremos capazes desse número? Não tenho a certeza“, disse à Lusa.
“Se não conseguirmos, a COP, por muito que venhamos a dizer que correu bem, não vai correr tão bem como isso“, alertou.
Da parte portuguesa, Matos Fernandes destaca que Portugal foi o “país que foi o primeiro no mundo que disse que ia ser neutro em carbono em 2050
e o país que presidia à União Europeia quando se comprometeu com ser o
primeiro continente neutro em carbono em 2050 e, depois disso, ter emissões negativas“,
argumentou o ministro do Ambiente e da Ação Climática. Na sequência
destes compromissos, Portugal vai ainda avançar com a promessa de “em
dez anos contribuir com 35 milhões de euros para o financiamento aos países em vias de desenvolvimento que têm também que fazer um trajeto para apostar nas energias limpas”.
“Muitos destes países, mormente os que em África falam português, têm já problemas graves de adaptação e sabem bem já hoje quais são as consequências da mudança do clima” destacou o governante que aponta ainda outro tópico sensível da cimeira, a transparência.
“De uma vez por todas, temos de ter regras que sejam as mesmas
para Portugal, para os Estados Unidos da América ou para a República
Centro-Africana de como é que se contabilizam as emissões”, advogou. Na
mesma linha, Portugal também defende que os créditos de emissões poluentes gerados desde o Protocolo de Quioto de 1997, “devem ser todos deitados ao lixo porque os valores que têm são muito discutíveis, com métricas muito estranhas, pouco transparentes e difíceis de comparar agora“.
“Temos sempre uma posição de negociação, mas a nossa posição de entrada é que esses créditos não fazem qualquer sentido“,
reforçou o ministro do Ambiente. Matos Fernandes considerou que “é
inevitável que seja ainda mais desafiante uma COP em tempos de crise energética, porque essa crise não tem rigorosamente nada a ver com sustentabilidade“. “A eletricidade encareceu porque o gás natural, que é o combustível fóssil, encareceu. Os combustíveis estão mais caros porque o bem original — petróleo — está mais caro”, disse.
“É essencial que todos se comprometam, também por razões de preço mais baixo e por razões de estabilidade no preço, a avançar muito depressa para um mundo neutro
em carbono. Para o ter, temos mesmo que chegar a 2050 com um mundo mais
eletrificado e com 100% da eletricidade gerada a partir de fontes limpas“, defendeu.
Apesar de considerar que “o discurso apocalíptico não acrescenta nada” ao esforço por um ambiente melhor, Matos Fernandes reconheceu que “uma posição mais alarmista tem sido determinante na consciencialização
do cidadão comum”. “Nunca podemos é criar um discurso de ‘já não vale a
pena’, esse temos que retirar de cima da mesa e, às vezes, o alarme
pode fazer com que alguns encontrem esse álibi. Nenhum país se deve desculpar com os outros não fazerem”, concluiu.
A internet e a rede telefónica estão a sofrer cortes no
Sudão, que já sofreu uma tentativa de golpe de Estado há poucas semanas.
Vários ministros, incluindo o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, foram
detidos.
Depois de semanas de escaladas na tensão entre o governo e os militares, esta segunda-feira, o primeiro-ministro do Sudão foi “detido em casa” e pressionado a “apoiar o golpe de Estado”, o que o líder político recusou.
A notícia partiu de uma publicação do Ministério de informação do
Sudão no Facebook. “As forças militares conjuntas, que mantêm o
primeiro-ministro sudanês Abdalla Hamdok dentro da sua casa, estão a
pressioná-lo a fazer uma declaração de apoio ao golpe“, revelou o Ministério.
Há apenas dois dias, uma facção sudanesa que quer uma transferência de poder para o Governo civil alertou para um possível golpe de Estado iminente durante uma conferência de imprensa que foi interrompida por um grupo de pessoas não identificadas.
Recorde-se que o Sudão está a viver uma grande fase de instabilidade política, depois do Presidente Omar al-Bashir ter sido afastado do poder em Abril de 2019.
Desde Agosto desse ano que o rumo do país está nas mãos de um executivo
civil e militar, que tinha como função garantir um transição pacífica
para um Governo totalmente civil.
As Forças pela Liberdade e Mudança (FFC), que lideraram os protestos
contra o Presidente em 2019, são o principal bloco civil no Governo. As
tensões entre os grupos têm subido de tom nas últimas semanas,
especialmente depois de um golpe falhado a 21 de Setembro, que contrapôs islamistas mais conservadores que querem o exército a liderar o país contra os grupos que derrubaram Bashir.
“A crise atual é artificial – e assume a forma de um golpe. Renovamos
a nossa confiança no Governo, no primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, e
na reforma das instituições de transição, mas sem (…) imposição”, disse o
líder da FFC, Yasser Arman, numa conferência de imprensa, no sábado.
Nas últimas semanas, ambas as facções têm saído às ruas em protesto.
Dezenas de milhares de sudaneses manifestaram-se nos últimos dias
contra o Governo militar e exigem a transição final para um executivo
civil. Estes protestos aconteceram poucos dias depois da concentração
dos apoiantes dos militares junto ao palácio presencial na capital.
Para além do primeiro-ministro Abdalla Hamdok, o Ministro da
Indústria Ibrahim al-Sheikh, o Ministro da Informação Hamza Baloul, o
membro do Conselho Soberano Mohammed al-Fiky Suliman, e o conselheiro de
Hamdok Faisal Mohammed Saleh também foram detidos. O governador do
estado onde fica Cartum, Ayman Khalid, também foi preso, de acordo com
um anúncio na sua página oficial do Facebook.
A internet foi cortada em todo o país enquanto
manifestantes se concentravam nas ruas da capital para protestaram
contra as detenções, segundo avança a Associação de Profissionais
Sudaneses, um grupo que tem encorajado a população a protestar contra o
golpe nas ruas. O sinal telefónico também está a sofrer cortes, avançam.
“Apelamos às massas que saiam às ruas e as ocupem, fechem as estradas, façam uma greve e não cooperem com os golpistas e usem a desobediência civil para os confrontar”, escreveu o grupo.
Já o grupo NetBlocks, que acompanha as disrupções no fornecimento de
internet, revelou que vários fornecedores no Sudão estavam a falhar. “É
provável que a disrupção limite a livre circulação de informação online e a cobertura mediática de incidentes no terreno”, afirmam.
No sábado, Hamdok que tivesse concordado em fazer uma remodelação no
Governo negou os rumores de que tinha concordado com uma remodelação do
gabinete, tendo-se já referido às divisões no executivo como “a crise mais grave e perigosa” que pode pôr em causa a transição pacífica do poder.
Os EUA já reagiram à crise no Sudão, expressando “profunda
inquietação” sobre as detenções aos líderes políticos que “vão contra a
declaração constitucional (que determinou a transição do país” e as
“aspirações democráticas do povo do Sudão”, disse o emissário
norte-americano para o Corno de África, Jeffrey Feltman.
As Nações Unidas também consideram “inaceitávels” as
detenções levadas a cabo pelos militares. O enviado da ONU no Sudão,
Volker Perthes, mostra-se também “muito preocupado com as notícias de um
golpe de Estado”.
O ministro do Interior alemão, Horst Seehofer, considerou que
“é legítimo” querer proteger as fronteiras, numa altura em que Estados
europeus exigem a ajuda da UE para erguer muros que evitem a entrada de
migrantes.
A Polónia solicitou 350 milhões de euros e mobilizou milhares de soldados para a fronteira para construir um muro na fronteira com a Bielorrússia.
“Parece-nos legítimo proteger a fronteira externa [da União Europeia] a fim de evitar entradas ilegais”, disse o ministro do Interior alemão ao jornal “Bild”, este domingo, comentando a necessidade de ser construída um muro na Polónia.
Milhares de migrantes, principalmente do Médio Oriente e de África,
têm tentado cruzar a fronteira da Bielorrússia para a Polónia, num
movimento de migração que Bruxelas suspeita ser instigada pela
Bielorrússia como retaliação a sanções impostas pela União Europeia.
A Lituânia também lançou a construção de uma cerca de arame farpado
ao longo da sua fronteira com a Bielorrússia e, em 7 de outubro,
ministros do Interior de 12 países (Áustria, Bulgária, Chipre,
Dinamarca, Estónia, Grécia, Hungria, Lituânia, Letónia, Polónia,
República Checa e Eslováquia) enviaram uma carta conjunta à Comissão
Europeia a pedir para a UE financiar essas construções.
Na sexta-feira, a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, respondeu que a União Europeia não financiaria “arame farpado ou muros” nas fronteiras.
Seehofer também alertou que o controlo na fronteira com a Polónia
será reforçado, tendo sido já destacados cerca de 800 agentes das forças
policiais para o fazer. E, “se for necessário, estou pronto para
fortalecer [o controlo fronteiriço] ainda mais”, garantiu.
Segundo dados do Ministério do Interior alemão, cerca de 5.700
pessoas cruzaram ilegalmente a fronteira entre a Polónia e a Alemanha
desde o início do ano.
No sábado, um alegado contrabandista de pessoas foi detido depois de
terem sido encontrados 31 imigrantes ilegais do Iraque numa carrinha
perto da fronteira polaca.
Seehofer, que descartou a possibilidade de a fronteira com a Polónia ser encerrada,
escreveu, na semana passada, ao seu homólogo polaco, Mariusz Kaminski,
propondo um aumento das patrulhas conjuntas ao longo da fronteira face
ao crescente número de migrantes, sugestão que o ministro polaco disse
“apoiar completamente”.
O preço da energia de todas as fontes convencionais está explodindo globalmente. Longe de ser acidental, é um plano bem orquestrado para o colapso da economia industrial mundial que já foi dramaticamente enfraquecida por quase dois anos de ridícula quarentena cobiçosa e medidas relacionadas.
O que estamos vendo é uma explosão de preços no petróleo, carvão e, agora, especialmente, na energia do gás natural. O que torna isso diferente dos choques de energia da década de 1970 é que, desta vez, está se desenvolvendo à medida que o mundo dos investimentos corporativos, usando o modelo de investimento verde ESG fraudulento, está desinvestindo em petróleo, gás e carvão no futuro, enquanto os governos da OCDE adotam uma atitude extremamente ineficiente , energia solar e eólica não confiáveis que garantirão o colapso da sociedade industrial talvez já nos próximos meses. Salvo um repensar dramático, a UE e outras economias industriais estão cometendo suicídio econômico deliberadamente.
O que há poucos anos era aceito como óbvio era que garantir uma energia abundante, confiável, eficiente e acessível define a economia. Sem energia eficiente, não podemos fazer aço, concreto, minerar matérias-primas ou qualquer uma das coisas que sustentam nossas economias modernas. Nos últimos meses, o preço mundial do carvão para geração de energia dobrou. O preço do gás natural aumentou quase 500%. O petróleo está indo para US $ 90 o barril, o maior em sete anos. Esta é uma consequência planejada do que às vezes é chamado de Grande Reinicialização de Davos ou a loucura de carbono zero da Agenda Verde. Com o bloqueio generalizado da indústria e das viagens em 2020, o consumo de gás natural na UE caiu drasticamente. O maior fornecedor de gás da UE, a Gazprom da Rússia, no interesse de um mercado ordenado de longo prazo, reduziu devidamente suas entregas para o mercado da UE, mesmo com prejuízo. Um inverno invulgarmente ameno de 2019-2020 permitiu que o armazenamento de gás da UE atingisse o máximo. Um inverno longo e rigoroso quase apagou isso em 2021. Há cerca de duas décadas, a Europa iniciou uma grande mudança para as energias renováveis ou Energia Verde, principalmente solar e eólica. A Alemanha, o coração da indústria da UE, liderou a transformação com a mal concebida Energiewende da ex-chanceler Merkel, onde as últimas usinas nucleares da Alemanha serão fechadas em 2022 e as usinas de carvão estão sendo rapidamente eliminadas. Tudo isso agora colide com a realidade de que a Energia Verde não é de forma alguma capaz de lidar com a grande escassez de suprimentos. A crise era totalmente previsível. Galinhas verdes voltam para o poleiro Ao contrário do que afirmam os políticos da UE, a Gazprom não fez política com a UE para forçar a aprovação de seu novo gasoduto NordStream 2 para a Alemanha. Com a retomada da demanda da UE nos primeiros seis meses de 2021, a Gazprom correu para atendê-la e até mesmo ultrapassar os níveis recordes de 2019, e até mesmo às custas de reabastecer o armazenamento de gás russo para o inverno que se aproxima. Com a UE agora firmemente comprometida com uma agenda de Energia Verde, Apta para 55, e rejeitando explicitamente o gás natural como uma opção de longo prazo, ao mesmo tempo que elimina o carvão e o nuclear, a incompetência dos modelos climáticos de grupos de reflexão que justificaram um 100% livre de CO2, a sociedade elétrica em 2050 voltou para casa.
Como os investidores financeiros em Wall Street e Londres viram o benefício de enormes lucros com a agenda de energia verde, trabalhando com o Fórum Econômico Mundial de Davos para promover o ridículo modelo de investimento ESG, as empresas convencionais de petróleo, gás e carvão não estão investindo lucros na expansão da produção. Em 2020, os gastos mundiais com petróleo, gás e carvão caíram cerca de US $ 1 trilhão. Isso não vai voltar. Com a BlackRock e outros investidores boicotando a ExxonMobil e outras empresas de energia em favor da energia "sustentável", as perspectivas de um inverno excepcionalmente frio e longo na Europa e uma falta recorde de vento no norte da Alemanha, desencadearam uma compra de gás pelo pânico no mundo Mercados de GNL no início de setembro. O problema foi que o reabastecimento foi tarde demais, já que a maior parte do GNL disponível dos EUA, Qatar e outras fontes que normalmente estariam disponíveis já haviam sido vendidos para a China, onde uma política energética igualmente confusa, incluindo uma proibição política do carvão australiano, levou a fechamentos de usinas e uma recente ordem do governo para garantir gás e carvão "a qualquer custo". O Catar, os exportadores de GNL dos EUA e outros migraram para a Ásia, deixando a UE no frio, literalmente. Desregulamentação de energia O que poucos entendem é como os mercados de energia verde de hoje são manipulados para beneficiar especuladores como fundos de hedge ou investidores como BlackRock ou Deutsche Bank e penalizar os consumidores de energia. Os principais preços do gás natural negociado na Europa, o contrato futuro de TTF holandês, é vendido pela ICE Exchange, com sede em Londres. Especula quais serão os preços futuros do gás natural no atacado na UE daqui a um, dois ou três meses. O ICE é apoiado pelo Goldman Sachs, Morgan Stanley, Deutsche Bank e Société Générale, entre outros. O mercado está nos chamados contratos futuros de gás ou derivativos. Os bancos ou outros podem especular por centavos do dólar, e quando surgiram notícias sobre como o armazenamento de gás da UE estava baixo para o inverno que se aproximava, os tubarões financeiros começaram a se alimentar de um frenesi. No início de outubro, os preços futuros do gás TTF holandês explodiram em 300% sem precedentes em apenas alguns dias. Desde fevereiro está muito pior, já que uma carga de GNL padrão de 3,4 trilhões de BTU (unidades térmicas britânicas) agora custa US $ 100-120 milhões, enquanto no final de fevereiro seu custo era inferior a US $ 20 milhões. Isso é um aumento de 500-600% em sete meses. O problema subjacente é que, ao contrário do que ocorreu na maior parte do período pós-guerra, desde a promoção política de “renováveis” solares e eólicas não confiáveis e de alto custo na UE e em outros lugares (por exemplo, Texas, fevereiro de 2021), os mercados de utilidades elétricas e seus preços foram deliberadamente desregulamentados para promover alternativas verdes e expulsar o gás e o carvão sob o argumento duvidoso de que suas emissões de CO2 ameaçam o futuro da humanidade se não forem reduzidas a zero até 2050. Os preços suportados pelo consumidor final são fixados pelos fornecedores de energia que integram os diferentes custos em condições de concorrência. A forma diabólica como os custos de eletricidade da UE são calculados, supostamente para encorajar a energia solar e eólica ineficientes e desencorajar as fontes convencionais, é que, como disse o analista de energia francês Antonio Haya, “a usina mais cara das necessárias para cobrir a demanda (usina marginal) define o preço para cada hora de produção para toda a produção combinada no leilão. ” Portanto, o preço do gás natural de hoje define o preço para eletricidade hidroelétrica de custo essencialmente zero. Dado o aumento do preço do gás natural, é isso que define os custos da eletricidade na UE. É uma arquitetura de preços diabólica que beneficia especuladores e destrói consumidores, incluindo famílias e indústria. Uma causa agravante fundamental para a recente escassez de carvão abundante, gás e petróleo é a decisão da BlackRock e outros fundos globais de fundos de forçar o investimento longe de petróleo, gás ou carvão - todos fontes de energia perfeitamente seguras e necessárias - para o acúmulo de grosseiramente ineficiente e solar ou eólica não confiável. Eles chamam isso de investimento ESG. É a última moda em Wall Street e em outros mercados financeiros mundiais desde que o CEO da BlackRock, Larry Fink, ingressou no Conselho do Fórum Econômico Mundial Klaus Schwab em 2019. Eles criaram empresas certificadoras ESG que atribuem classificações ESG “politicamente corretas” a empresas de capital , e punindo aqueles que não cumprem. A corrida para os investimentos ESG rendeu bilhões para Wall Street e amigos. Ele também freou o desenvolvimento futuro de petróleo, carvão ou gás natural para a maior parte do mundo. A 'Doença Alemã' Agora, após 20 anos de investimentos tolos em energia solar e eólica, a Alemanha, outrora o carro-chefe da indústria da UE, é vítima do que podemos chamar de doença alemã. Como a Doença Holandesa econômica, o investimento forçado em Energia Verde resultou na falta de energia confiável e acessível. Tudo por uma afirmação não comprovada de 1.5C do IPCC que supostamente encerrará nossa civilização em 2050 se não alcançarmos o Carbono Zero. Para fazer avançar a agenda de Energia Verde da UE, país após país, com algumas exceções, começaram a desmantelar o petróleo, o gás e o carvão e até mesmo o nuclear. As últimas usinas nucleares restantes da Alemanha serão fechadas permanentemente no próximo ano. Novas usinas de carvão, com depuradores de última geração, estão sendo desmanteladas antes mesmo de serem iniciadas. O caso alemão fica ainda mais absurdo. Em 2011, o governo de Merkel adotou um modelo de energia desenvolvido por Martin Faulstich e o Conselho Consultivo Estadual sobre o Meio Ambiente (SRU), que alegou que a Alemanha poderia atingir 100% de geração de eletricidade renovável até 2050. Eles argumentaram que o uso de energia nuclear por mais tempo não seria necessário, nem a construção de usinas movidas a carvão com captura e armazenamento de carbono (CCS). Com isso, nasceu a catastrófica Energiewende de Merkel. O estudo argumentou que funcionaria porque a Alemanha poderia contratar a compra de energia hidrelétrica excedente, sem CO2, da Noruega e da Suécia. Agora, com seca extrema e verão quente, as reservas hidrelétricas da Suécia e da Noruega estão perigosamente baixas no inverno, apenas 52% da capacidade. Isso significa que os cabos de energia elétrica para a Dinamarca, Alemanha e agora o Reino Unido estão em perigo. E para piorar, a Suécia está dividida em fechar suas próprias usinas nucleares, que fornecem 40% da eletricidade. E a França está debatendo o corte de até um terço de suas usinas nucleares claras, o que significa que a fonte para a Alemanha também não terá certeza. Já em 1º de janeiro de 2021, por causa de uma eliminação do carvão ordenada pelo governo alemão, 11 usinas movidas a carvão com uma capacidade total de 4,7 GW foram fechadas. Durou apenas 8 dias, quando várias das usinas a carvão tiveram que ser reconectadas à rede devido a um período prolongado de baixo vento. Em 2022, a última usina nuclear alemã será fechada e mais usinas a carvão serão fechadas permanentemente, tudo para o nirvana verde. Em 2002, a energia nuclear alemã era fonte de 31% da energia elétrica sem carbono. Quanto à energia eólica que compensa o déficit na Alemanha, em 2022 cerca de 6.000 aerogeradores com capacidade instalada de 16 GW serão desmontados devido ao término dos subsídios de feed-in para turbinas mais antigas. A taxa de aprovações de novos parques eólicos está sendo bloqueada pela crescente rebelião dos cidadãos e desafios legais à poluição sonora e outros fatores. Uma catástrofe evitável está se formando. A resposta da Comissão da UE em Bruxelas, em vez de admitir as falhas flagrantes em sua agenda de Energia Verde, foi dobrar para baixo como se o problema fosse gás natural e carvão. O Czar do Clima da UE, Frans Timmermans, declarou absurdamente: "Se tivéssemos o acordo verde cinco anos antes, não estaríamos nesta posição porque teríamos menos dependência de combustíveis fósseis e gás natural." Se a UE continuar com essa agenda suicida, ela se verá em um deserto desindustrializado em poucos anos. O problema não é gás, carvão ou nuclear. É a ineficiente energia verde solar e eólica que nunca será capaz de oferecer energia estável e confiável. A Agenda de Energia Verde da UE, dos EUA e de outros governos, juntamente com o investimento ESG promovido por Davos, só garantirá que, à medida que avançarmos, haverá ainda menos gás, carvão ou energia nuclear para usar quando o vento parar, há um seca em barragens hidrelétricas ou falta de sol. Não é preciso ser um cientista espacial para perceber que este é um caminho para a destruição econômica. Mas esse é de fato o objetivo da energia "sustentável" das Nações Unidas para 2030 ou a Grande Redefinição de Davos: redução da população em grande escala. Nós, humanos, somos sapos sendo fervidos lentamente. E agora os poderes constituídos estão realmente aumentando o aquecimento.
F. William Engdahl é consultor de risco estratégico e palestrante, ele é formado em política pela Universidade de Princeton e é um autor de best-sellers sobre petróleo e geopolítica, exclusivamente para a revista online “New Eastern Outlook”, onde este artigo foi publicado originalmente.
Ele é Pesquisador Associado do Center for Research on Globalization.
O sucesso da Coreia do Sul a combater a pandemia de covid-19
não assentou apenas no recurso à tecnologia de ponta — também envolveu o
tradicional toque humano.
De acordo com um recente relatório da Câmara dos Comuns sobre a
resposta à pandemia no Reino Unido, uma das principais falhas do governo
foi presumir que o sucesso de países como a Coreia do Sul no controlo
do vírus não poderia ser replicado na Grã-Bretanha.
Essa decisão de ignorar as abordagens que estavam a mostrar-se
bem-sucedidas em outros lugares foi um dos maiores descuidos do Reino
Unido no início da pandemia.
No entanto, o próprio relatório cai numa armadilha semelhante.
O documento considera a resposta à pandemia da Coreia do Sul como
excecional devido ao uso avançado de tecnologia digital, ignorando o
facto de que o país também dependeu muito de intervenções sociais
antiquadas — rastreamento de contactos, quarentena e isolamento de casos
— auxiliado por homens no terreno.
Para combater a covid-19 e as futuras pandemias, os governos precisam
de dar atenção às lições dessas intervenções sociais e não apenas às
tecnológicas. A Coreia do Sul ensina-nos que as soluções de alta tecnologia podem ajudar a proteger contra doenças, mas funcionam em conjunto com intervenções sociais.
O governo do Reino Unido tinha a ambição de criar um sistema de testar-rastrear-isolar
“revolucionário”. No entanto, o relatório da Câmara dos Comuns conclui
que o sistema de Inglaterra produziu pouco efeito, apesar dos grandes
gastos.
Outros países também não foram capazes de conter a covid-19
suficientemente sem recorrer a confinamentos draconianos. No entanto, a
Coreia do Sul tem sido regularmente citada como uma exceção.
Embora a Coreia do Sul tenha tido que introduzir algumas medidas de
controlo para limitar a propagação do vírus — houve confinamentos para
empresas e limites aos ajuntamentos em 2021 —, o país evitou confinamentos totais e fechos de fronteiras,
mantendo relativamente baixos os casos de covid-19. Vale lembrar que a
Coreia do Sul é um dos grandes países mais densamente povoados do mundo.
A chave para isto tem sido as medidas de quarentena para os viajantes
que chegam ao país, que foram introduzidas muito rapidamente, e o
sistema altamente eficaz de testar-rastrear-isolar do país. Este
processo cuidadosamente projetado fornece suporte local para aqueles que estão isolados, ao mesmo tempo que os monitoriza e sanciona o não cumprimento.
Sim, dados de telemóveis e outras formas de vigilância
têm sido usados para rastrear pessoas que podem ter o vírus. Mas, uma
vez que um caso positivo é confirmado, é a intervenção humana que
garante que essas pessoas não espalhem ainda mais o vírus.
É designado um responsável para trabalhar com as famílias afetadas.
Eles comunicam com pessoas infetadas durante o período de isolamento.
Depois de fazer contacto inicialmente por telemóvel para informar as
pessoas sobre a necessidade de isolamento e as diretrizes a serem
seguidas, os responsáveis pelo caso entregam um kit para ficar em casa o
mais discretamente possível para proteger a privacidade da pessoa.
Este kit contém bens essenciais que evitam que a
pessoa precise de sair. As famílias recebem comida, bebida, sacos de
lixo, um termómetro, máscaras e álcool-gel para ajudar a prevenir novas
infeções. Os kits também podem ser adaptados, por exemplo, para incluir
certos alimentos ou medicamentos — e até mesmo alimentos para animais de
estimação.
O responsável é o principal ponto de contacto da pessoa infetada,
fornecendo aconselhamento e apoio durante os 14 dias de isolamento.
Novamente, a tecnologia desempenha um papel. Uma aplicação de smartphone
pode ser usada para monitorizar os sintomas relatados pela pessoa e
para se certificar (via GPS) de que a pessoa não está a quebrar a
quarentena.
Mas a sua influência não deve ser exagerada. A aplicação é obrigatória, mas quem não tem smartphone ainda pode obter suporte através de chamadas e mensagens.
Pessoas que se auto-isolam podem entrar em contacto com o seu
responsável pelo caso quando ajuda extra for necessária, por exemplo,
com negócios diários urgentes, como serviços bancários ou cuidados com
animais de estimação.
Como o relacionamento funciona nos dois sentidos, isto incentiva a
conformidade através da criação de um vínculo social. O apoio abrangente
e individualizado dado àqueles que fazem o isolamento garante
principalmente a conformidade, removendo barreiras, em vez de punir as
infrações.
A necessidade de lidar com a perda de rendimento que as pessoas que se isolam enfrentam também foi identificada no início, com pagamentos modestos de até 374 dólares facilmente disponíveis.
A eficácia destas intervenções é clara: os dados publicados sugerem
que o não cumprimento das regras de isolamento foi extremamente baixo na
Coreia do Sul durante a pandemia. Aqueles que infringem as regras
correm o risco de perder o apoio financeiro que o governo oferece.
Não quebrar as regras também tem sido incentivado
como norma social através de reportagens diárias nos media sobre o
número de pessoas que não aderem ao isolamento. Geralmente, isso não é
mais do que quatro pessoas por dia — num país de 55 milhões.
O governo da Colômbia anunciou este sábado a captura do
narcotraficante mais procurado do país, Dairo Antonio Úsuga (com a
alcunha de ‘Otoniel’), por quem os Estados Unidos ofereciam uma
recompensa de cinco milhões de dólares.
Dairo Antonio Úsuga, ou ‘Otoniel’, o camponês que passou de
guerrilheiro de esquerda a paramilitar de extrema direita antes de se
consolidar como o chefe do narcotráfico mais procurado na Colômbia, foi
este sábado capturado pelo Exército do país.
O presidente Iván Duquecomparou a detenção à queda de Pablo Escobar,
o grande barão da cocaína, morto pela polícia colombiana em 1993. “É o
golpe mais duro desferido contra o narcotráfico este século no nosso
país”, disse Duque, numa declaração pública.
Imagens divulgadas pelo governo mostraram ‘Otoniel’, de 50 anos, algemado e cercado por militares com fortemente armados. “Estávamos atrás dele há sete anos“, detalhou o general Fernando Navarro, comandante das Forças Militares colombianas.
‘Otoniel’, líder do Clã do Golfo, a principal quadrilha criminosa da
Colômbia, não era procurado apenas pelas autoridades locais. Os Estados Unidos ofereciam 5 milhões de dólares por informações sobre o seu paradeiro ou que permitissem a sua captura.
Úsuga nasceu a 15 de setembro de 1971, em Necoclí, uma região estratégica
no noroeste da Colômbia, muito próxima da fronteira com o Panamá, mas
também do Pacífico e das Caraíbas. Passou a liderar o Clã do Golfo após a
morte do seu irmão, Juan de Dios, “Giovanni”, em confronto com a
polícia em 2012.
Da extrema esquerda à extrema direita
O criminoso é o sétimo dos nove filhos de Ana Celsa David e Juan de
Dios Úsuga, casal que diz ganhar a vida com a venda de porcos, galinhas e
gado na região de Antioquia, no noroeste do país.
Aos 18 anos, juntou-se ao Exército de Libertação Popular (EPL), organização de guerrilha marxista desmobilizada em 1991. “Não era um revolucionário, era o que tinha e um dia partiu com eles”, contou a mãe, em 2015, ao jornal colombiano El Tiempo.
Úsuga não participou no processo de paz que pôs fim a 26 anos de luta armada deste grupo rebelde com as forças governamentais colombianas.
Entre 1993 e 1994, juntou-se às Autodefesas Camponesas de Córdoba e Urabá (ACCU), uma organização paramilitar de extrema direita, criada para combater as guerrilhas e com ligações com o narcotráfico. “Era um camponês não muito ideologizado“, explicou à AFP o especialista em segurança Ariel Ávila.
A ACCU fez parte das Autodefesas Unidas da Colômbia, que se
desmobilizaram em 2006 por iniciativa do governo de Álvaro Uribe
(2002-2010). Mas, segundo o analista, “Otoniel” sentiu-se “desiludido” com o processo de submissão à justiça e decidiu manter-se na clandestinidade.
Rede espalhada pelo país
Úsuga montou uma rede criminosa com presença em quase 300 dos 1102
municípios do país, principalmente no Pacífico, local estratégico para o
envio de cargas de drogas, segundo o centro de estudos independente
Indepaz.
“Dario Úsuga é dono de um amplo portfólio de atividades criminosas, que incluem mineração ilegal e tráfico de imigrantes para o Panamá”, explicou Ávila.
Segundo o centro de investigação do crime organizado InSight Crime, o Clã do Golfo atua na também contratação de gangs de rua locais, que executam em seu nome atividades de microtráfico, extorsão e assassínio a soldo.
O narcotraficante viajava sempre sozinho, a pé ou em mula,
e nunca dormia duas noites seguidas no mesmo lugar, relataram as
autoridades colombianas. Nos últimos dias da perseguição, refugiou-se no
interior da floresta virgem da região de Urabá, de onde é originário, e
desfez-se dos seus telefones, substituindo-os por correios humanos.
A justiça norte-americana acusa Dairo Antonio Úsuga de liderar uma organização “fortemente armada, extremamente violenta”, que “usa a violência e a intimidação” para controlar as rotas do tráfico de drogas e laboratórios de processamento de cocaína.
Megaoperação de perseguição e captura
Para capturar ‘Otoniel’, a polícia colombiana recorreu a “vigilância
por satélite coordenada com agências dos Estados Unidos e do Reino
Unido”, explicou o diretor da instituição, general Jorge Vargas. Cerca
de 500 militares, apoiados por 22 helicópteros, participaram na operação, que provocou a morte a um agente da polícia colombiana.
Uma transmissão ao vivo da polícia nas redes sociais mostrou o
momento do desembarque do narcotraficante em Bogotá, algemado e cercado
por vários agentes. ‘Otoniel’ foi levado para um edifício da
instituição, rodeado de aparatosas medidas de segurança.
Nas últimas semanas, Úsuga “não chegava a permanecer em qualquer
casa, dormindo sem condições, à chuva, sem se aproximar de zonas
residênciais”, detalhou o diretor da polícia colombiana.
A queda do líder da maior quadrilha de traficantes da Colômbia é o
principal sucesso do governo do presidente colombiano no combate ao
narcotráfico e crime organizado no país que mais exporta cocaína no mundo.
“Sobre este delinquente há ordens de extradição pendentes, e
trabalharemos com as autoridades para cumprir também esta missão”,
adiantou Iván Duque.
‘Otoniel’ é procurado pela justiça norte-americana desde 2009, depois
de ter sido indiciado por tráfico de drogas pelo Tribunal do Distrito
Sul de Nova York.
Já o governo colombiano aponta a sua rede criminosa como uma dos responsáveis pela onda de violência que assola o país, a pior desde a assinatura do acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), em 2016.