A estátua do chefe de Estado russo já estava a ser vandalizada e a direção do museu afirma que não quer estar associada a Putin depois do início do conflito na Ucrânia. Uma estátua de Volodymyr Zelenskyy pode ser colocada no lugar da de Putin, na secção dos líderes mundiais.
Num sinal de protesto contra Vladimir Putin e manifestação de solidariedade com a Ucrânia, o museu Grévin, em Paris, removeu a estátua de cera do Presidente russo, que já tinha sido vandalizada por visitantes no último fim de semana.
De acordo com a euronews, a estátua foi criada em 2000 e estava na secção do museu dedicada aos líderes políticos mundiais. Foi agora removida e colocada num armazém indeterminadamente e o museu está a ponderar substituí-la com uma representação de cera do líder ucraniano, Volodymyr Zelenskyy.
“Hoje já não é possível representarmos alguém com o caráter dele. Pela primeira vez na história do museu, estamos a retirar uma estátua por causa dos eventos históricos que estão a decorrer de momento”, revelou o diretor do museu, Yves Delhommeau, à rádio francesa France Bleu.
O responsável do Grévin revelou ainda que a estátua foi vandalizada e estava ser destruída pelas visitantes no fim de semana passado, já depois do início da guerra na Ucrânia.
“Não o queremos aqui e os trabalhadores não querem passar por ele todos os dias, mas ele foi atacado algumas vezes este fim de semana e recebemos algumas ameaças pelo telefone, por isso achamos melhor removê-lo da parte dos líderes mundiais”, acrescentou Delhommeau.
A estátua estava ao lado de uma do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, da Rainha Isabel II de Inglaterra e do Presidente da China, Xi Jinping. O líder do museu Grévin lembra que este nunca representou “ditadores como o Hitler” e que não quer agora incluir Putin na sua coleção.
Um britânico morreu, recentemente, depois de ter ingerido uma enorme quantidade de cafeína em pó, o equivalente a cerca de 200 chávenas de café.
Tom Mansfield, um personal trainer de 29 anos, tomava cafeína em pó para intensificar o seu desempenho corporal. Apesar de supostamente aumentar a queima de gordura, a cafeína deve ser tomada com alguma cautela e nas doses recomendadas.
O britânico cometeu um erro trágico ao utilizar uma balança que media em gramas, e não miligramas, tendo falecido na sequência de uma overdose.
Segundo a BBC, que cita o relatório médico, depois de ter calculado mal a quantidade de cafeína em pó, Mansfield sentiu-se indisposto.
Com o ritmo cardíaco bastante rápido e intensas dores no peito, o britânico começou a espumar da boca, tendo sido levado para o Hospital Glan Clwyd, no País de Gales, onde os paramédicos tentaram reanimá-lo durante 45 minutos antes de declararem o óbito.
O pó específico de cafeína utilizado por Mansfield foi produzido pela Blackburn Distributions: tem uma dose recomendada de 200mg e uma dose máxima diária de 400mg. O inquérito apurou que a balança tinha uma faixa de pesagem de 2 a 5.000 gramas e que o personal trainer tentava pesar uma dose recomendada de 60-300mg.
A autópsia mostrou que Mansfield tinha níveis de cafeína de 392mg por litro de sangue, enquanto os níveis normais variam de 2 a 4 miligramas por litro depois de uma pessoa beber um café.
Em comunicado, Ben Blackburn, diretor da empresa, disse que o pó deveria ser pesado com duas casas decimais em miligramas. Depois do trágico acidente, o responsável disse que a empresa vai passar a incluir colheres medidoras na embalagem do suplemento.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, criticou hoje a NATO por se recusar a impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, dizendo que quem morrer agora “morrerá pela fraqueza e falta de unidade” da Aliança Atlântica.
“A Aliança [Atlântica] deu luz verde ao bombardeio de cidades e vilas ucranianas ao se recusar a criar uma zona de exclusão aérea”, acusou Volodymyr Zelenskyy num discurso emitido hoje durante a noite nas plataformas digitais do Governo da Ucrânia.
Hoje, a NATO recusou-se a impor uma zona de exclusão aérea, alertando que isso poderia provocar uma guerra generalizada na Europa com Rússia e com armas nucleares.
“Tudo o que a Aliança [Atlântica] conseguiu fazer hoje foi passar pelo seu sistema de compras 50 toneladas de diesel para a Ucrânia. Talvez para podermos queimar o Memorando de Budapeste”, disse o chefe de Estado, referindo-se às garantias de segurança de 1994 dadas à Ucrânia em troca da retirada das suas armas nucleares da era soviética.
“Vocês não nos poderão pagar com litros de combustível os litros do nosso sangue derramado pela Europa comum”, realçou.
Volodymyr Zelenskyy lembrou que os ucranianos vão continuar a resistir e já destruíram os planos da Rússia para uma invasão relâmpago, “tendo suportado nove dias de escuridão e maldade”.
“Somos guerreiros da luz. A história da Europa vai lembrar-se disto para sempre”, concluiu.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse hoje que os Aliados rejeitaram a exigência feita pela Ucrânia de criação de uma zona de exclusão aérea no país após a invasão russa, para evitar ser envolvidos no conflito.
“A questão foi discutida e os Aliados concordaram que não deveríamos ter aviões da NATO a operar no espaço aéreo ucraniano ou tropas da NATO no solo porque poderíamos acabar com uma guerra total na Europa”, declarou Jens Stoltenberg.
Falando em conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após uma reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte, o principal organismo de decisão política da organização e no qual cada país-membro tem assento ao nível dos chefes de diplomacia, o líder da Aliança Atlântica explicou que “a única forma de implementar uma zona de interdição de voo seria enviando caças da NATO para o espaço aéreo da Ucrânia e, em seguida, abater aviões russos para o fazer cumprir”.
Porém, “temos a responsabilidade de evitar que esta guerra se agrave para além da Ucrânia porque isso seria ainda mais perigoso, mais devastador e causaria ainda mais sofrimento humano”, referiu Jens Stoltenberg.
E assegurou: “A NATO é uma aliança defensiva. Não queremos fazer parte do conflito na Ucrânia”.
A NATO reforçou as suas defesas no leste com o destacamento, pela primeira vez, da sua força de reação rápida, enviando milhares de tropas da Aliança para os países da zona oriental, colocando mais de 130 aviões de combate em alerta e mais de 200 navios no mar.
Na quinta-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, pediu um reforço do apoio dos países ocidentais, insistindo que a Rússia, se derrotar o seu país, atacará depois o resto da Europa de leste para chegar “ao Muro de Berlim”.
“Se desaparecermos, que Deus nos proteja, então será a Letónia, a Lituânia, a Estónia, etc… Até ao Muro de Berlim, acreditem em mim”, afirmou Zelenskyy, acrescentando que o Kremlin pode ter como objetivo reconstruir toda a esfera de influência europeia da URSS.
Pedindo aos ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea no seu país desafiou-os, exclamando: “Se não têm força para fechar o céu, então deem-nos aviões”.
Bruxelas acolhe ainda hoje uma outra reunião extraordinária, dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, tal como a da NATO em formato alargado, e igualmente para discutir a guerra em curso na Ucrânia, ao nono dia da ofensiva militar russa.
A Rússia anunciou hoje um cessar-fogo temporário a partir das 10:00 em Moscovo. No entanto, os ataques terão continuado e os corredores humanitários foram suspensos.
“Hoje, 5 de março, é anunciado um cessar-fogo a partir das 10:00, hora de Moscovo, e a abertura de corredores humanitários para a saída de civis de Mariupol e Volnovaja”, no leste da Ucrânia, disse o Ministério da Defesa russo.
Antes, o autarca de Mariupol tinha afirmado que o porto estratégico de Mariupol se encontrava “sob bloqueio” e era alvo de “ataques impiedosos” do exército russo.
Mariupol, cidade com cerca de 450 mil habitantes junto ao mar de Azov, está “sob bloqueio” e é, há cinco dias, alvo de “ataques impiedosos”, escreveu Vadim Boitchenko na plataforma Telegram.
“A nossa prioridade é conseguir um cessar-fogo para que possamos restabelecer as infraestruturas vitais e criar um corredor humanitário para fazer chegar alimentos e medicamentos à cidade”, acrescentou.
O controlo de Mariupol é estratégico para a Rússia, uma vez que permitiria garantir uma continuidade territorial entre as forças vindas da Crimeia e as que chegam dos territórios separatistas pró-russos da região de Donbass.
“A retirada da população civil vai começar às 11:00 (09:00 em Lisboa)”, disse a câmara municipal de Mariupol. Segundo a NEXTA, é esperada a evacuação de mais de 200 mil pessoas da cidade.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo. Cessar-fogo não estará a ser respeitado
A Ucrânia argumenta que o cessar-fogo não está a ser respeitado em todo o corredor humanitário.
“A partir das 10h55, o cessar-fogo foi confirmado apenas no território da região de Donetsk. Mais adiante, na região de Zaporozhye, há batalhas. Estamos a negociar com o lado russo para confirmar o regime de cessar-fogo ao longo de toda a rota de evacuação da população civil de Mariupol”, disse Pavel Kirilenko, líder da Administração Estatal Regional de Donetsk, através do Telegram.
O Batalhão de Azov informou que a decisão de evacuar os moradores de Mariupol ainda não foi tomada, porque o regime de “cessar-fogo” não foi introduzido.
Entretanto, o autarca de Mariupol anunciou que a evacuação da cidade foi suspensa após a violação do cessar-fogo pela Rússia.
Depois do combate a um terramoto, e do sucesso na Indonésia, investigadores querem utilizar a espuma em incêndios florestais.
17 de Janeiro de 1995. Kobe, no Japão, foi a cidade que mais sofreu com o terramoto de 20 segundos que matou mais de 6 mil pessoas.
Nessa altura, uma das armas utilizadas pelas autoridades locais, para tentar evitar maiores estragos, foi uma espuma de combate a incêndios – as bocas-de-incêndio e as cisternas foram destruídas pelo terramoto e não foi possível armazenar muita água.
27 anos depois, destaca a Euronews, a ideia de muitos investigadores japoneses é passar a utilizar frequentemente essa espuma, durante os combates ao incêndios.
Em Kitakyushu, cidade que foi afectada por 10 fogos florestais em 2021, uma universidade e uma empresa de sabão têm ajudado os bombeiros daquela cidade a aperfeiçoar a espuma.
A solução é uma mistura de sabão de origem natural em água. Não contém químicos, é biodegradável e funciona através de gotículas de água.
“Quando o agente extintor é misturado, a gotícula de água não se consegue formar e torna-se aderente. Portanto, o produto é bem absorvido nas aberturas dos tecidos ou da madeira”, explicou Masaaki Sakamoto, gerente do Departamento de Gestão de Incêndios e Desastres de Kitakyushu.
Análises da Universidade de Kitakyushu demonstram que esta espuma é até 266 vezes menos prejudicial do que outras versões sintéticas.
Esta inovação já foi testada na Indonésia. Foi utilizada, entre outras experiências, num teste de incêndio e 10 meses depois a vegetação estava novamente a crescer. “Têm sido resultados muito bons”, assegurou Kitso Kusin, coordenador de campo do laboratório de Palang Karaya, na Indonésia.
Há outro factor importante: a utilização de água pode cair 17 vezes, graças a esta solução. Combate incêndios e ajuda o ambiente.
Já há conferências académicas internacionais nas quais esta espuma é debatida. O próximo passo dos responsáveis da Universidade de Kitakyushu é testar a espuma em Chiang Mai, na Tailândia.
As mulheres não se escondem durante a invasão russa e muitas delas juntaram-se aos militares ucranianos na defesa do seu país.
A reforma militar ucraniana de 2014 permitiu que mulheres adotassem funções de combate no exército. No início de 2021, havia cerca de 57.000 mulheres nas forças armadas da Ucrânia, representando 22,8% do total, segundo o Ministério da Defesa.
Num artigo do The Wall Street Journal, do dia 17 de fevereiro, lia-se que caso os russos invadissem a Ucrânia, as mulheres estariam na linha da frente.
E assim foi. A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. Apesar de apenas haver indicação para os homens ficarem a lutar, várias mulheres juntaram-se à causa.
“O risco de dizer adeus à vida está sempre presente. Não temos medo da morte; temos medo de ser escravas”, disse Kristina em declarações à VICE. “Estarei na minha terra até ao fim”.
Não são apenas as mulheres das forças armadas que mostram a sua coragem. Até mesmo civis ucranianas manifestaram a sua força contra os invasores russos.
Nas redes sociais, circulou um vídeo de uma mulher a confrontar soldados russos, entregando-lhes sementes de girassol para as flores desabrocharem na terra “quando morreres aqui”.
Na CNN, uma avó de um subúrbio de Kiev mostrou os cocktails molotov que estava a fazer a partir de instruções que encontrou no Google. “Deixe esses m***** russos virem aqui”, disse a mulher. “Estamos prontos para recebê-los”.
Em Dnipro, no leste da Ucrânia, através de imagens transmitidas pela Sky News, também é possível ver um grupo de mulheres a preparar cocktails molotov.
A deputada ucraniana e líder do partido político Voz, Kira Rudik, recorreu às redes sociais para partilhar uma fotografia sua a empunhar uma arma.
“Aprendo a usar uma Kalashnikov e preparo-me para segurar armas. Parece surreal, pois há apenas alguns dias isto nunca me ocorreria. As nossas mulheres protegerão o nosso solo da mesma forma que os nossos homens. Força Ucrânia!”, escreve Rudik no Twitter.
As mulheres sofrem um risco extra. Além de poderem enfrentar a morte, são também vítimas de violação. O próprio ministro dos Negócio Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou para a situação.
“Quando as bombas caem nas nossas cidades, quando os soldados violam mulheres em cidades ocupadas — e temos inúmeros casos de violações, infelizmente — é difícil falar em aplicação de leis internacionais”, disse Kuleba, esta sexta-feira, citado pela Reuters.
A ex-miss Anastasiia Lenna, que representou a Ucrânia no concurso Miss Grand International de 2015, tornou-se uma sensação nas redes sociais.
“Todos que cruzarem a fronteira ucraniana com a intenção de invadir serão mortos! Parem a agressão russa! Fale, mundo!! Agora!!”, escreveu a jovem de 31 anos numa história divulgada no Instagram.
Numa outra publicação, Lenna aparece equipada a rigor com equipamento militar e a empunhar uma arma de fogo.
Os Estados Unidos condenaram hoje no Conselho de Segurança da ONU o ataque russo à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, classificando-o como “uma enorme ameaça para toda a Europa e o mundo”, enquanto a Rússia rejeitou qualquer responsabilidade.
“Graças a Deus, o mundo escapou a uma catástrofe nuclear” durante a noite, disse a embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, descrevendo o ataque russo como “irresponsável” e “perigoso”.
“Não só [Vladimir Putin] não ouviu” os apelos para pôr fim à sua invasão da Ucrânia, “como acabamos de assistir a uma perigosa nova escalada no conflito, que representa uma enorme ameaça para toda a Europa e para o mundo”, sustentou a diplomata.
O seu homólogo russo, Vassily Nebenzia, rejeitou as afirmações da Ucrânia e do Ocidente segundo as quais Moscovo é responsável pelo ataque à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, no sudeste do país, classificando-as como “mentiras”.
Fazem “parte de uma campanha de mentiras” contra Moscovo, defendeu.
O diplomata russo também afirmou que a Ucrânia foi responsável pelo incêndio que deflagrou a seguir ao bombardeamento à instalação nuclear de Zaporizhzhia.
Vassily Nebenzia reconheceu, contudo, que combates envolvendo militares russos decorriam na zona em causa. Mas falou de trocas de tiros de “armas ligeiras” que não incluíam, segundo ele, bombardeamentos.
O embaixador russo afirmou que a segurança da central nuclear está assegurada, pedindo ao Ocidente para “se acalmar”.
Por sua vez, o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, numa nova troca de palavras tensa com o seu homólogo russo, exigiu-lhe que “parasse de dizer mentiras”.
“Está em contacto com a sua capital?”, perguntou-lhe, espantado com as afirmações proferidas pelo diplomata russo.
Os inspetores de segurança nuclear ucraniana “viram ser-lhes recusado o acesso” às instalações nucleares de Zaporizhzhia, denunciou o diplomata ucraniano.
Sergiy Kyslytsya indicou ter pedido formalmente, numa carta à ONU, para criar uma zona de exclusão aérea para o seu país, reafirmando que “zonas residenciais estão a ser reduzidas a ruínas” e que “civis pacíficos estão a ser mortos”.
Devido ao direito de veto da Rússia no Conselho de Segurança, não há qualquer hipótese de este órgão das Nações Unidas criar essa zona de exclusão aérea, já rejeitada pela NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte).
“A comunidade internacional deve manter a cabeça fria e permanecer racional”, sublinhou o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun.
“Não se deve pôr mais lenha na fogueira”, acrescentou, apelando para o diálogo.
Na sessão de emergência do Conselho de Segurança, pedida pelo Reino Unido, a embaixadora britânica, Barbara Woodward, frisou que não há qualquer dúvida de que foram “as forças russas que atacaram” Zaporizhzhia, onde se situa a maior central nuclear da Europa.
No início da sessão, Rosemary DiCarlo, secretária-geral-adjunta da ONU para os Assuntos Políticos, sublinhou que “os ataques a centrais nucleares são contra o direito internacional humanitário”.
Por sua vez, Rafael Grossi, diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), salientou, numa ligação vídeo em direto de um avião em rota para Teerão, “a importância” da quinzena de centrais nucleares implantadas na Ucrânia, declarando-se pronto para lá se deslocar e precisando que já fez o pedido à Ucrânia e à Rússia, que “está a analisá-lo”.
Esta missão da AIEA seria limitada à “segurança” desses locais, sem intervenção política, sustentou.
Zaporizhzhia foi atingida na madrugada de hoje por artilharia russa, segundo as autoridades ucranianas. Edifícios anexos à central foram alvo de um incêndio.
Hoje, o exército russo ocupava a central. O regulador ucraniano indicou que o fogo, que atingiu um laboratório e um edifício de formação, foi extinto e que não foi detetada qualquer fuga radioativa.
Análise crítica de uma revista, no dia anterior a palavras duras de António Vitorino: “Isto é inaceitável”.
Há relatos credíveis e confirmados de discriminação, violência e xenofobia, no tratamento a pessoas que tentam fugir da guerra na Ucrânia.
O “alarme” foi dado por António Vitorino, director-geral da Organização Internacional para as Migrações, numa mensagem publicada nesta quinta-feira, na qual é claro: “Discriminação é inaceitável“.
“Deploro esses actos e peço aos Estados que investiguem esta questão e que a resolvam imediatamente”, pediu o português, que tem recebido relatos que originam ainda maior risco e maior sofrimento para os refugiados.
No dia anterior, um artigo na revista Fast Company considerou que a guerra na Ucrânia tem mostrado que a Europa, no geral, não trata todos os refugiados “da mesma forma”.
“A cor da pele tem definido a experiência de algumas pessoas que têm tentado fugir da Ucrânia”, escreve Adele Peters, centrando-se nos estudantes africanos e asiáticos que estudavam na Ucrânia, que se têm queixado de discriminação – sendo até empurrados para o fim da fila para os ucranianos poderem passar primeiro.
De acordo com o relato de uma estudante nascida no Gana, os responsáveis ucranianos pela fronteira gritam constantemente para os africanos voltarem para onde estavam, para não deixaram a Ucrânia. A própria estudante esteve quase dois dias à espera para sair do país, sem comer.
Há também imagens que mostram militares ucranianos a colocar africanos fora de autocarros e de comboios que levaram refugiados para outros países. “Nenhum negro aqui dentro”, terá dito um ucraniano.
No início desta semana o Governo da Nigéria já apelou ao tratamento “com dignidade e sem favores” a todos os refugiados.
Polónia e Hungria apresentam igualmente relatos de alegada discriminação, com refugiados que não são ucranianos a ficarem retidos, na sua tentativa de mudança de país. O Governo polaco não quer imigrantes do Médio-Oriente na Polónia.
A Bielorrússia tem sido um aliado de Vladimir Putin na invasão russa à Ucrânia. O apoio dos bielorrussos não é em vão, assim como detalha a especialista Tatsiana Kulakevich.
A Rússia está a atacar a Ucrânia, mas a Bielorrússia, um país vizinho, é “o outro agressor nesta guerra”, disse a presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, a 27 de fevereiro de 2022.
Alexander Lukashenko governou a Bielorrússia com mão draconiana nos últimos 28 anos, sem interrupção no poder. E agora, Lukashenko está a apoiar a Rússia na guerra, retribuindo a recente ajuda do presidente russo Vladimir Putin na manutenção do seu próprio poder político.
Putin está a usar a Bielorrússia como palco para a sua guerra, que resultou em pelo menos 500 mortes de civis ucranianos e fez com que mais de 1 milhão de pessoas fugissem do país. Tropas russas entraram na Ucrânia através da fronteira bielorrussa no norte.
A especialista na Europa de Leste, Tatsiana Kulakevich, acredita que há três pontos-chave para entender o envolvimento da Bielorrússia na guerra na Ucrânia. Rússia controla virtualmente a Bielorrússia
A Bielorrússia é uma ex-república soviética de 9,4 milhões de pessoas que faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia, bem como com a Lituânia, Letónia e Polónia. É também a última ditadura da Europa.
Lukashenko passou quase três décadas a equilibrar os seus laços com as potências ocidentais e Putin. Mas as últimas eleições presidenciais marcaram um ponto de viragem que empurrou Lukashenko para mais perto de Putin.
Lukashenko reivindicou a vitória após as eleições de 9 de agosto de 2020, que especialistas internacionais consideram amplamente fraudulentas. Lukashenko reuniu 80% dos votos, um resultado incrivelmente favorável dado o descontentamento público com o seu regime.
Seguiu-se uma revolta pública sem precedentes, enquanto centenas de milhares de bielorrussos protestavam contra os resultados das eleições.
Putin ofereceu apoio financeiro e militar para ajudar Lukashenko a silenciar os protestos – sem qualquer resposta ou reação internacional. Putin também alertou as potências estrangeiras para não interferirem nos assuntos da Bielorrússia. Essa promessa aumentou a confiança e os sentimentos de impunidade de Lukashenko.
A polícia bielorrussa posteriormente atacou os manifestantes com canhões de água, gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento.
Desde 2020, a Bielorrússia enfrenta uma série de sanções económicas internacionais que alienaram ainda mais Lukashenko do Ocidente. A União Europeia e os EUA anunciaram a 2 de março de 2022, um novo conjunto de sanções que restringe a tecnologia e as potenciais exportações de material de guerra para a Bielorrússia.
A falta de reação internacional a Putin permitindo o comportamento de Lukashenko – ao lado da pressão económica – empurrou o líder bielorrusso para ainda mais perto do Kremlin. Isto deixa Lukashenko com uma capacidade limitada de ter uma posição independente ou neutra na guerra. Bielorrussos não podem falar livremente contra Lukashenko
A situação dos direitos humanos na Bielorrússia deteriorou-se acentuadamente desde as eleições de 2020, levando cerca de 100.000 a 200.000 pessoas a deixar a Bielorrússia para os países vizinhos da União Europeia e Ucrânia.
As pessoas cada vez mais não podem expressar livremente as suas opiniões sobre qualquer uma das decisões do Governo, por medo de perseguição e prisão.
Desde 2020, a Bielorrússia deteve mais de 1.000 presos políticos, informou o Departamento de Estado dos EUA em janeiro de 2022.
E pelo menos 497 jornalistas e trabalhadores dos media foram detidos pelo Governo durante os primeiros oito meses de 2021, segundo a especialista em direitos humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet. Estima-se também que 129 organizações bielorrussas sem fins lucrativos e de direitos humanos fecharam durante esse período.
Apesar das ameaças de multas e detenções, milhares de bielorrussos voltaram às ruas a 27 de fevereiro de 2022 para protestar contra o referendo e expressar solidariedade à Ucrânia. Como resultado, a polícia prendeu cerca de 800 manifestantes.
O silenciamento da opinião pública dá a Putin mais poder para explorar o território bielorrusso para os seus interesses políticos e militares. Os bielorrussos não podem pressionar o Governo e impedir Lukashenko de seguir as ordens de Putin. Bielorrússia é um palco estratégico para a Rússia
A fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia estende-se por cerca de 1.084 quilómetros – aproximadamente metade do comprimento da fronteira da Ucrânia com a Rússia. Isto expandiu significativamente a base da Rússia para atacar a Ucrânia.
A Bielorrússia e a Rússia realizaram exercícios militares conjuntos de larga escala antes da invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro. Apesar das garantias públicas do Governo bielorrusso de que as tropas russas voltariam para a Rússia, cerca de 30.000 soldados russos prolongaram a sua estadia na Bielorrússia e muitos acabaram por cruzar a fronteira para a Ucrânia.
Lukashenko continua a seguir as ordens de Putin à medida que a guerra escala.
Putin colocou as forças nucleares da Rússia em alerta máximo a 27 de fevereiro, aumentando a preocupação internacional. Nesse mesmo dia, a Bielorrússia desistiu do seu compromisso de permanecer livre de armas nucleares após uma votação em referendo público que foi fraudulenta, dizem especialistas internacionais.
Essa mudança na constituição da Bielorrússia permitiria que o país hospedasse fisicamente armas nucleares russas.
Lukashenko anunciou em setembro de 2021 que a Rússia enviaria equipamentos militares, incluindo helicópteros e sistemas de defesa aérea, para a fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia.
Dois meses depois, Lukashenko quebrou a sua neutralidade na Crimeia, uma península ucraniana que a Rússia anexou à força em 2014. O líder bielorrusso reconheceu publicamente que a Crimeia era território russo. Lukashenko também se ofereceu para hospedar armas nucleares russas se a NATO transferisse armas nucleares da Alemanha para a Europa Oriental, como tinha sido relatado.
Lukashenko repetiu o seu plano de posicionar ogivas russas em solo bielorrusso a 27 de fevereiro de 2022.
A capacidade da Rússia de colocar armas nucleares na Bielorrússia alertou os países vizinhos da NATO, principalmente Polónia, Letónia e Lituânia, bem como os EUA e outras potências ocidentais.
Ao hospedar tropas e armas russas, Lukashenko mostrou que está intimamente alinhado com Putin – apesar da vontade popular do povo bielorrusso de manter a distância.
O secretário-geral da NATO disse hoje temer que “os dias vindouros sejam piores” na Ucrânia, devido à guerra causada pela invasão russa, e que a Rússia avance para outros países da Aliança, como a Geórgia ou a Bósnia-Herzegovina.
“É provável que os dias vindouros sejam piores, com mais mortes, mais sofrimento e mais destruição, à medida que as Forças Armadas russas trazem armamento mais pesado e continuam os seus ataques por todo o país”, disse Jens Stoltenberg.
O responsável falava em conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após uma reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte, o principal organismo de decisão política da organização e no qual cada país membro tem assento ao nível dos chefes de diplomacia.
“Esta é a pior agressão militar da Europa em décadas, com cerco a cidades e a escolas, hospitais e edifícios residenciais e ações imprudentes de bombardeamento em torno de uma central nuclear ontem [quinta-feira] à noite e muitos civis mortos ou feridos”, assinalou.
“A ambição do Kremlin é recriar uma esfera de influência e negar a outros países o direito de escolherem o seu próprio caminho e, por isso, os ministros [da NATO] discutiram a necessidade de apoiar os parceiros que possam estar em risco, incluindo a Geórgia e a Bósnia-Herzegovina”, referiu Jens Stoltenberg.
De acordo com o secretário-geral da Aliança Atlântica, “a agressão da Rússia criou um novo normal para a segurança”. NATO protegerá “cada centímetro” da Aliança
A NATO sublinhou esta sexta-feira que é uma organização defensiva, que não procura o conflito armado com a Rússia, mesmo à luz da agressão à Ucrânia, mas advertiu que, se o conflito chegar à Aliança, protegerá “cada centímetro” do seu território.
“Somos uma aliança defensiva, não procuramos conflitos, mas se o conflito chegar a nós, estamos prontos e vamos defender cada centímetro do território da NATO”, advertiu o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, à chegada ao quartel-general da Aliança, em Bruxelas, para uma reunião do Conselho do Atlântico Norte ao nível de chefes de diplomacia.
A seu lado, Jens Stoltenberg realçou igualmente que “a NATO não faz parte do conflito, a NATO é uma aliança de defesa”, que “não procura o conflito bélico com a Rússia”, mas advertiu também para a intransigência da organização na defesa de todos os seus membros.
“Ao mesmo tempo, temos que assegurar que não há quaisquer mal-entendidos sobre o nosso compromisso em defender e proteger todo os aliados, e daí termos aumentado a presença de forças da NATO na zona leste da Aliança”, declarou.
Também Blinken disse que os Aliados estão igualmente a preparar “o futuro da NATO”, comentando que “os acontecimentos das últimas semanas forjarão ainda mais esse futuro”, a ser desenhado com o novo conceito estratégico da organização e a próxima cimeira da NATO, “dentro de alguns meses”, em junho, em Madrid.
O chefe da diplomacia norte-americana saudou a forma como, “face à agressão premeditada da Rússia contra a Ucrânia, a Aliança juntou-se com velocidade, unidade e determinação“, apontando que, “cada aliado, de uma forma ou outra, está a assistir a Ucrânia e o reforço da NATO”.
Relativamente aos mais recentes acontecimentos no terreno, o secretário-geral da organização apontou que o ataque russo à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, “demonstra bem a imprudência desta guerra, a importância de lhe por fim, e a importância de a Rússia retirar todas as tropas e comprometer-se de boa fé com os esforços diplomáticos”.
O propulsor do foguetão chinês Chang’e 5-T1, lançado em 2014, colidiu esta sexta-feira com o lado oculto da Lua.
O impacto aconteceu por volta das 12h25 de Portugal, naquela que foi a primeira queda não intencional de lixo espacial no satélite natural da Terra.
O pedaço de foguetão com 2,7 toneladas atingiu a Lua a uma velocidade estimada de 9.288 km/h. O impacto terá formado uma cratera com dimensões entre 20 e 30 metros de diâmetro.
Infelizmente, para os entusiastas que gostavam de ter assistido ao impacto, isso não foi possível. Como a colisão ocorreu no lado mais distante da Lua, o impacto foi impossível de ver usando telescópios terrestres.
Ainda assim, a cratera eventualmente poderá ser vista nas próximas semanas ou meses. Satélites que orbitam a lua, como o Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA e a aeronave Chandrayaan-2 da Índia, serão capazes de identificar a cratera de impacto.
“Com base em observações feitas há semanas atrás, estamos confiantes de que ele atingirá a cratera Hertzprung às 12.25 UTC de 4 de março, porque confiamos no tio Isaac [Newton] — prevendo com sucesso a trajetória das coisas no Espaço desde 1687”, escreveu no Twitter Jonathan McDowell, astrónomo do Centro de Astrofísica de Harvard, na manhã desta sexta-feira.
O astrónomo Bill Gray, o primeiro a identificar o eventual impacto, disse que a Lua está habituada a colisões mais sérias. Por isso, o impacto nunca seria um problema para a Lua ou para os terrestres.
Pelo contrário, o impacto do foguetão, ainda que não tenha sido intencional, poderá ser bastante útil para os astrónomos.
“Este evento único apresenta uma empolgante oportunidade de investigação”, disse um porta-voz da NASA ao Space.com.
“Após o impacto, a missão pode usar as suas câmaras para identificar o local do impacto, comparando imagens mais antigas com imagens tiradas depois. A procura pela cratera de impacto será desafiante e pode levar semanas a meses”, acrescentou o porta-voz da agência espacial norte-americana.
Autoridades ucranianas confirmam tomada russa da central de Zaporizhzhia. Regulador diz que, apesar dos ataques e de um incêndio, não foram registadas fugas ou alterações nos níveis de radiação da infraestrutura.
Militares e civis ucranianos montaram um cerco em redor da central nuclear de Zaporizhzhia, perto da cidade de Energodar, nas margens do rio Dniepre, e resistiram como puderam, segundo noticia o Público.
Mas, ao fim de vários dias de combates e já depois de um ataque do invasor ter causado um incêndio na infraestrutura, a maior central nuclear da Europa caiu nesta sexta feira de manhã para as mãos das tropas russas.
A confirmação foi dada pelas autoridades regionais ucranianas, através de uma mensagem publicada no Facebook, citada pela Reuters: “[A central] foi capturada por forças militares da Federação Russa. O pessoal operacional está a monitorizar o estado dos reatores nucleares“.
A central nuclear de Zaporizhzhia é responsável por cerca de um quarto da produção energética da Ucrânia.
Apesar dos bombardeamentos russos e do enorme incêndio que deflagrou nas últimas horas num dos edifícios da central, o SINR, autoridade reguladora da energia nuclear da Ucrânia, informou que, por enquanto, não foram identificadas fugas ou alterações nos níveis de radiação em Zaporizhzhia.
O incêndio deflagrou na central nuclear de Zaporizhzhia, durante a madrugada de sexta feira, e depois da aproximação de tropas russas.
O fogo fez temer um desastre, mas a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o órgão de vigilância das Nações Unidas, disse que o regulador ucraniano não reportou qualquer alteração nos níveis de radioatividade na central.
O fogo “não afetou equipamentos essenciais” e o pessoal da central está a tomar medidas de mitigação, divulgou a AIEA, no Twitter, às 2h25, depois de receber informações do regulador ucraniano.
A informação foi confirmada por Andriy Tuz, porta-voz da central que dizia que não havia perigo de fugas de radiação.
“Exigimos que parem os disparos com armas pesadas. Há uma ameaça real de perigo nuclear na maior central da Europa“, apelou, notando que os bombeiros estavam a ter dificuldades em chegar ao incêndio, por causa dos combates.
Horas antes, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, tinha pedido às tropas
russas junto da central um cessar-fogo e para se absterem de violência.
Mas a situação parece ter-se deteriorado e por volta da meia-noite
chegou um alerta do presidente da câmara de Enerhodar, a cidade vizinha
da central nuclear, dando conta de que havia um incêndio na central, numa publicação no serviço de mensagens encriptadas Telegram.
“Como resultado do contínuo bombardeamento de edifícios e unidades da
maior central nuclear da Europa, a central nuclear de Zaporizhzhia está
a arder”, escreveu Orlov no seu canal Telegram descrevendo a situação
como uma “ameaça à segurança global”.
O Serviço Estatal de Emergências da Ucrânia informou, mais tarde, que
o fogo atingiu um edifício de formação e um laboratório, “fora da
central nuclear”.
Numa mensagem colocada na plataforma Telegram, o serviço acrescentou
que o sistema de energia da uma das unidades da central foi desligado como prevenção.
“Alertamos todo o mundo para o facto de que nenhum outro país além da Rússia alguma vez disparou contra centrais nucleares. Esta é a primeira vez na nossa história, a primeira vez na história da Humanidade. Este Estado terrorista recorreu agora ao terror nuclear”, afirmou Volodimir Zelensky, num vídeo difundido pela presidência ucraniana.
Zelensky falou também com o Presidente norte-americano, Joe Biden, que apelou também a que a Rússia pare toda a atividade militar na área, para que os serviços de emergência possam aceder ao local.
“Os sistemas e os elementos, importantes para a segurança da central de energia nuclear, estão a funcionar em condições. Até ao momento, não foram registadas mudanças no estado de radiação”, informou o SINR, citado pela Sky News.
Durante o ataque e antes da captura russa, Volodimir Zelensky,
Presidente da Ucrânia, tinha apelado aos países europeus para ajudarem o
Exército ucraniano na defesa da central de Zaporizhzhia e acusado a
Rússia de recorrer ao “terror nuclear” e de “querer repetir” a catástrofe de Chernobyl.
Ucranianos estavam a fabricar bomba atómica
De acordo com a LUSA, o chefe do Serviço de Informações Externas da
Rússia afirmou que o Ocidente quer impor um bloqueio económico,
informativo e humanitário à Rússia, com o objetivo de destruir o país.
O chefe do Serviço de Informações Externas (FSB, que sucedeu ao KGB)
da Rússia, Sergey Naryshkin, denunciou esta quinta-feira que a Ucrânia
estava a trabalhar no fabrico de uma bomba atómica.
“De acordo com os dados do Ministério da Defesa da Rússia, a Ucrânia
conservou (desde a União Soviética) o potencial técnico para criar armas
nucleares e é mais capaz de o fazer do que o Irão ou a Coreia do Norte.
Além disso, de acordo com os dados do FSB, a Ucrânia estava a trabalhar
nessa direção”, afirmou em comunicado.
Segundo Naryshkin, não era só a Rússia que estava ciente disso, mas também os Estados Unidos.
“Contudo, não só não colocaram quaisquer obstáculos a estes planos, como estavam prontos a dar um impulso aos ucranianos, esperando que os mísseis ucranianos com ogivas nucleares fossem apontados não para o Ocidente, mas para o Oriente”, denunciou ainda Naryshkin.
“A máscara foi removida. O Ocidente está só a cercar a Rússia com uma nova ‘cortina de ferro’. Trata-se de tentar destruir o nosso Estado,
um ‘cancelamento’ [do Estado], como estão agora habituados a dizer os
meios de comunicação liberais-fascistas tolerantes”, acrescentou.
Naryshkin apontou que “uma vez que nem os Estados Unidos, nem os seus
aliados têm a coragem de tentar fazê-lo abertamente e num confronto
político-militar honesto, estão a tentar impor de forma vil um bloqueio
económico, informativo e humanitário”.
“O mais repulsivo é que tudo isto está a ser feito sob ‘slogans’ enganadores sobre a necessidade de proteger a soberania da Ucrânia e a segurança europeia”, alerta.
Algo que os políticos e especialistas ocidentais definem como “uma nova Guerra Fria”, mas que, na opinião da Rússia, “já é uma guerra bastante quente“, concluiu Sergey Naryshkin.
Para o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, um encontro com Vladimir Putin é a única forma de pôr fim à guerra. Mas o seu homólogo russo não mostra sinais de qualquer cedência.
Volodymyr Zelenskyy desfiou Vladimir Putin para um encontro, salientando que “não há outra forma de parar a guerra”.
O Presidente ucraniano manifestou a sua vontade esta quinta-feira, com a ressalva de que quer sentar-se “lado a lado” com o chefe de Estado russo e não “a 30 metros” – numa clara alusão à mesa que separou Putin de Emmanuel Macron e Olaf Scholz.
“Sou uma pessoa normal. Fala comigo. Eu não mordo. Tens medo de quê? Não sou uma ameaça para ninguém, não sou um terrorista”, atirou, num discurso ao país, citado pelo Observador.
À comunidade internacional, fez questão de deixar claro que, se a Ucrânia cair, os próximos países a ser alvo de uma invasão russa serão os Países Bálticos, como a Estónia, Letónia e Lituânia, apesar de pertencerem à NATO. Tal levaria à entrada da aliança militar e a uma guerra mundial.
Depois será a “Geórgia, a Moldávia, a Polónia“, porque a Rússia vai “até ao muro de Berlim”, sublinhou. “O mundo tem de mostrar à sua força.”
Ao longo do discurso, agradeceu aos seus aliados, apesar da resposta lenta e tardia, e voltou a insistir na fly-zone, o encerramento do espaço aéreo ucraniano, por forma a evitar “bombardeamentos a infraestruturas não militares”. Em troca do não encerramento do espaço aéreo, Zelenskyy pediu mais “aviões” aos aliados.
Vladimir Putin não respondeu ao repto de Zelenskyy na reunião do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, mas disse que nunca abandonará a convicção de que russos e ucranianos são “um povo”. No entanto, alegou que “a forma como a batalha se está a desenvolver” mostra que a Rússia está “a lutar contra neonazis“.
Já num telefonema com o Presidente francês, Putin deixou claro que Moscovo não vai desistir. “A Rússia pretende continuar a luta intransigente contra militantes de grupos armados nacionalistas.”
Há poucas dúvidas de que o nível do mar está a subir, e há cidades que correm o risco de ficar submersas. Lisboa está em 17º lugar na lista das primeiras cidades submersas nas próximas décadas.
Já não se trata de uma questão de se, mas de quando. No entanto, ninguém pode prever exatamente a altura em que vai acontecer.
Mas de acordo com o The Swiftest, com base em simples mapas de elevação do Coastal Risk Screening Tool, podemos prever quais as principais cidades do mundo com maior probabilidade de ficarem debaixo de água primeiro.
Os mapas interativos da Coastal Risk Screening Tool, criados pela Climate Central, comunidade de cientistas e jornalistas independentes, permitem aos utilizadores visualizar mapas de diversas partes do mundo, filtrados por área de risco.
Algumas previsões colocam o nível do mar a taxas muito mais elevadas à medida que nos aproximamos do ano 2100, mesmo até 2,5 metros, se nada for feito para abrandar as emissões de gases com efeito de estufa.
1,5 metros é uma estimativa realista que muito provavelmente ocorrerá dentro dos próximos 80 anos. Este cenário é possível dadas as atuais projeções, o aumento da temperatura global, e a inação dos principais líderes políticos e industriais mundiais.
O Euromonitor permitiu dentificar as 36 maiores das cidades mais visitadas do mundo, que serão afetadas pela subida do nível do mar. Estas serão as primeiras cidades submersas nos próximos 80 anos.
Utilizando os mapas gerados para estas cidades, é possível observar as principais atrações turísticas em risco, por estarem total ou parcialmente submersas dentro das zonas identificadas que serão afetadas pela subida do nível do mar.
O The Swiftest classificou estas 36 cidades por população, para destacar os destinos de maior risco, que terão a maior deslocação de vida tal como a conhecemos.
Tóquio, a capital do Japão e a cidade mais populosa do mundo, encabeça a lista. A sua população aumenta em 2,4 milhões ao longo do dia, devido aos estudantes e trabalhadores de distritos vizinhos, que se mudam para Tóquio.
Mumbai, na Índia, com mais de 20 milhões de habitantes, e Nova Iorque, nos Estados Unidos, com uma população semelhante, completam o Top 3 das cidades.
Em 7º encontra-se a cidade de Banguecoque, na Tailândia, com cerca de 10 milhões e 700 mil habitantes.
O governo tailandês não conseguiu implementar qualquer ação no sentido de evitar a situação precária da gestão costeira e está a receber críticas de cientistas climáticos. Algumas previsões colocam Banguecoque debaixo de água até 2050.
Em 8º lugar na lista está Jacarta. A cidade da indonésia, que já se está a afundar, vai ser brevemente transferida para o Bornéu, onde os indonésios estão a construir a sua nova capital, Nusantara.
Com uma população de 10 milhões de habitantes, Jacarta é considerada por alguns como “a cidade que mais rapidamente se vai afundar no mundo”, estimando-se que estará “inteiramente submersa até 2050“.
Em dezembro de 2021, Jarcarta foi novamente submersa, tendo partes da capital ficado 2,7m debaixo de água.
Lisboa entre as grandes cidades submersas
Lisboa é a 17ª cidade na lista. A capital portuguesa, que já foi atingida por um megatsunami em 1755 e está “em cima de um barril de pólvora”, pode afinal ficar submersa apenas pela subida do nível das águas do mar.
Lisboa é uma das 36 cidades em risco de ficar submersas
Em 22º na lista está Nova Orleães. A cidade norte
americana, que em 2005 foi já devastada pelo furacão Katrina, corre o
risco de enfrentar novamente a água do mar.
Amesterdão, situado nos Países Baixos, um país já de
si conquistado ao mar pela sua população através de diques e barragens,
é a 25ª na lista. Será também uma das primeiras cidades submersas.
Veneza, que há anos sofre com o problema da sua baixa altitude — está apenas a 1 metro acima do nível das águas do mar — sofre prejuízos todos os anos com as cheias, e encontra-se em 27º na lista.
Pela primeira em 1.200 anos, em outubro do ano passado, a cidade italiana foi capaz de travar a subida do nível da água, recorrendo a barreiras móveis recentemente instaladas no mar.
O sistema de defesa MOSE, nome italiano para para Moisés, derivado do Modulo Sperimentale Elettromeccanico (Módulo Eletromecânico Experimental), visa reter a subida das águas e a consequente inundação das cidades.
Macau, cidade chinesa, encontra-se em 28º na lista.
Com 661 mil habitantes, pode ver submersos o seu aeroporto e a AJ
Hackett Macau Tower.
Destinos turísticos em risco
Algumas destas cidades submersas nos próximos anos são também
destinos turísticos populares, que já estão a lutar contra o aumento do
nível das águas e os danos causados pelas inundações frequentes.
Veneza é um exemplo fácil de um destino turístico que sofre uma tensão significativa e crescente devido a inundações frequentes.
A Basílica de St. Mark em Veneza já sofreu graves inundações e danos causados pela água.
Apesar dos esforços para introduzir um sistema de barreira de
inundação, a Praça de St. Mark foi danificada em 2020 quando a barreira
de inundação não foi utilizada, demonstrando que mesmo quando existem
infraestruturas para prevenir os efeitos da crise climática, estas só
resolverão alguns dos problemas.
O destino turístico popular Waikiki Beach no Havai já está a lutar com a subida do nível do mar e requer maior proteção contra a crescente erosão costeira.
Já desapareceram 13 milhas da praia havaiana no século passado. As
suas atuais tentativas de reabastecer as praias com areia importada são
medidas dispendiosas e temporárias.
O estado da Florida está a investir 4 mil milhões de
dólares na prevenção de mais danos, em particular em Miami Beach, um
destino turístico popular com quase 1.200 casas atualmente em risco de
inundação. Na verdade, as inundações estão a tornar-se uma ocorrência
anual nesta região.
Segundo a UNESCO, a famosa Ilha de Páscoa e as suas
icónicas estátuas estão gravemente em risco devido à subida do nível do
mar e às chuvas. A ilha está já a sofrer uma erosão significativa e as
ondas aproximam-se todos os anos do local.
A famosa Ilha de Páscoa está em risco
Mais de 90 ilhas nas Maldivas sofrem inundações todos os anos e prevê-se que percam 80% ou mais das suas ilhas nas próximas três décadas.
Já estão a ser feitos planos pelo governo local para adquirir terras
noutros países como um seguro para deslocalizar a população das
Maldivas, se necessário.
O Wadden Sea faz parte do património europeu da UNESCO e é visitado por milhões de pessoas todos os anos.
A miríade de espécies vegetais e animais está em risco devido à
subida do nível do mar e à erosão, o que causará danos significativos.
Estão a ser feitos esforços para evitar que isto aconteça.
Embora a região deEifel não se encontre na costa, os rios estão também sujeitos a grandes catástrofes de alterações climáticas.
Como exemplo, Eifel, localizada no epicentro das adegas e festivais
de vinho na Alemanha, foi atingida por inundações maciças em 2021 que
nivelaram edifícios e arruinaram empresas. Mais de 220 pessoas morreram
na Alemanha e na Bélgica durante estas inundações.
Key West, na Flórida, já investiu em infraestruturas e projetos de relocalização antes de se verificarem danos incalculáveis.
Os peritos estimam que partes da Key West estarão submersas em 2040, e
o dinheiro que custaria para se preparar para isso está nos milhares de
milhões.
A cidade de Nova Iorque está a experimentar uma
frequência e gravidade crescentes das cheias, recebendo a primeira
emergência de inundação instantânea da cidade na história registada em
novembro de 2021.
Este é um problema para o qual Nova Iorque não está estruturalmente preparada.
Entre as suas atrações turísticas mais emblemáticas, a Estátua da Liberdade foi danificada durante o furacão Sandy e corre o risco de sofrer danos imediatos devido à subida do nível do mar.
Porque é que a subida do nível do mar é importante?
De acordo com as Nações Unidas, aproximadamente 10% da população
mundial (ou 790 milhões de pessoas) vive na linha costeira. Muitas das
maiores cidades do mundo têm evoluído ao longo das costas do mundo.
Historicamente, estas cidades costeiras têm prosperado devido à facilidade do comércio e das trocas comerciais.
Estes polos económicos são também algumas das cidades mais povoadas,
o que coloca milhões de habitantes em risco. Estima-se que dois terços
das cidades com mais de 5 milhões de habitantes se situam em regiões
costeiras ameaçadas.
A erosão costeira é uma grande ameaça sem sequer ter em conta o aumento do impacto de catástrofes naturais, como furacões ou tsunamis.
Isto significa que as cidades irão enfrentar grandes cataclismos, antes de ficarem completamente submersas de forma permanente.
2/3 das cidades com mais de 5 milhões de habitantes estão em regiões costeiras
A perda de terreno não é a única preocupação
A subida do nível do mar é um tema de grande preocupação, mas a isto acresce o aumento das catástrofes naturais que acompanha o aumento da temperatura. Prevê-se que secas, incêndios, furacões e tempestades tropicais aumentem.
Os animais estão também a ser afetados pelo aumento das temperaturas
globais, à medida que os locais naturais de vida são perturbados ou já
não são habitáveis, o que tem um impacto enorme na biodiversidade e na capacidade de sobrevivência nos seus habitats naturais.
A extinção de espécies animais está na realidade a
prejudicar ainda mais o desembolso de sementes de plantas, o que por sua
vez prejudica a adaptação ao clima natural.
O impacto da subida do nível do mar varia, em grande medida, em
função da capacidade dos governos locais de reconhecer o problema
suficientemente cedo e de dispor dos recursos necessários para mitigar
os danos graves.
Por exemplo, Jacarta está em vias de construir um muro marítimo
de 40 mil milhões de dólares para travar a maré. Além disso, o governo
aprovou uma lei que permite que a capital seja transferida de Jacarta
para uma zona de selva não desenvolvida na ilha vizinha de Bornéu.
O United States Geological Survey está atualmente a trabalhar num
estudo de avaliação de risco da paisagem costeira da região nordeste dos
Estados Unidos para (eventualmente) fazer recomendações sobre como enfrentar a crise climática.
Tal como a nação insular de Kiribati, algumas nações literalmente não têm para onde ir e já estão a preparar o seu povo para a migração em massa.
Não há dinheiro ou terras suficientes para opções alternativas, e o
governo está a comprar propriedades noutros países para deslocar o seu
povo quando o inevitável acontecer. Tuvalu deve desaparecer dentro das próximas duas décadas.
Não é demasiado tarde
Mas mesmo os países mais pro-ativos não podem evitar completamente os
efeitos da subida do nível do mar sobre as suas populações.
Medidas preventivas não evitarão unilateralmente os efeitos
devastadores de um aumento global da temperatura do mar, especialmente
quando alguns políticos ainda hesitam em chamar às mudanças climáticas
extremas “mudanças climáticas”.
De facto, já foram gastos biliões de dólares em
resposta a eventos de catástrofes naturais e isto só irá aumentar à
medida que as calamidades crescerem em frequência e gravidade.
Mesmo quando se discute a erosão das linhas costeiras, a destruição
das cidades, a perda de vidas, e a incalculável pressão financeira da
crise climática, ainda pode ser muito difícil para muitos conceptualizar
exatamente a gravidade do problema.
De acordo com a NASA, a NOAA, e outros grupos de defesa da ciência, não é demasiado tarde para abrandar ou prevenir muitos dos efeitos devastadores das alterações climáticas.
Entretanto, podemos aprender muito com a forma como os holandeses têm vindo a lidar com este problema há décadas.
A Dutch Delta Works é uma das sete maravilhas do mundo moderno e tem mantido a Holanda acima do nível do mar com a sua rede de barragens, diques, e outros sistemas de prevenção de cheias, desde os anos 50.
Bruxelas está nervosa. Há um medo real de que a Europa possa estar a caminhar em espiral para a sua pior crise de segurança, em décadas.
Mas a angústia dos belgas não está totalmente centrada no atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
A preocupação dominante no Ocidente — Washington, NATO, Reino Unido e UE — está mais relacionada com Moscovo procurar dividir e desestabilizar a Europa, abalando o equilíbrio do poder continental a favor do Kremlin.
O primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki, no final do ano passado, sublinhou que o Ocidente precisava de “acordar do seu sono geopolítico” em relação às intenções da Rússia, de acordo com a BBC News.
As consequências da invasão da Ucrânia pelo Presidente russo Vladimir Putin e o anúncio de que colocou o sistema de dissuasão nuclear russo em “alerta máximo” continuam a ecoar em toda a Europa Central.
Segundo a Raw Story, as pessoas que vivem nos antigos Estados da era soviética têm ido a correr para as farmácias para comprar iodo, na crença de que este as protegerá de envenenamento por radiação.
Para além de levantarem dinheiro dos bancos e encherem os seus depósitos de gás, dezenas de pessoas tentam armazenar iodo para o caso de Putin se virar para o ataque nuclear.
Hugo, um português que mora na Bélgica, explicou ao ZAP que, “por causa das centrais nucleares, é habitual haver pessoas a procurar essas pastilhas”.
“Mas, agora, claro que com as notícias de possível guerra nuclear”, acrescenta, as pessoas andam “paranoicas”.
“Nos últimos seis dias, as farmácias belgas venderam tanto [iodo] como durante um ano”, disse Nikolay Kostov, presidente do Sindicato das Farmácias, à Reuters.
“Algumas farmácias já nem têm em stock. Encomendámos mais quantidades, mas receio que não durem muito tempo”, acrescenta.
Segundo relata o La Voix du Nord, os mísseis russos com alcance de até 2500 km, que podem ser carregados com ogivas convencionais ou nucleares, preocuparam imediatamente o público.
As farmácias belgas foram tomadas de surpresa, segundo Le Soir. Cerca de 1.500 caixas de 10 comprimidos de iodeto de potássio foram entregues na quinta feira passada, e quase 4.000 por dia na sexta feira e no sábado. Na segunda feira, o número aproximava-se das 30.000 caixas.
De acordo com o Courrier International, na Bélgica, os comprimidos de iodo são distribuídos gratuitamente nas farmácias, há quatro anos, devido ao mau estado das instalações nucleares do país.
As pessoas que viviam num raio de 20 quilómetros à volta das centrais nucleares em atividade no país em 2018 – Tihange, no leste, e Doel, no norte – receberam, na altura, cápsulas.
Em setembro do mesmo ano, também as autoridades alemãs tinham distribuído pastilhas de iodo aos habitantes da cidade de Aachem, a 70 km da central nuclear belga. As autoridades alegaram que a central estava tão próxima que, em caso de emergência, não haveria tempo para distribuir os comprimidos.
Miroslava Stenkova, representante das farmácias Dr. Max na República Checa, onde algumas lojas tinham ficado sem iodo depois de a procura ter disparado, admitiu que “tem sido uma loucura“.
O iodo — tomado em comprimidos ou xarope — é considerado uma forma de proteger o corpo contra condições como o cancro da tiroide em caso de exposição radioativa. As autoridades japonesas recomendaram em 2011 que as pessoas em redor da central nuclear de Fukushima tomassem iodo.
Mas alguns funcionários da região advertiram que o iodo não iria ajudar em caso de guerra nuclear. Dana Drabova, chefe do escritório estatal checo de Segurança Nuclear, escreveu no Twitter: “Pergunta-se muito sobre as pastilhas de iodo como proteção contra a radiação, mas quando (Deus nos livre) as armas nucleares são utilizadas, são basicamente inúteis“.
No entanto, na Polónia, o número de farmácias que vendem iodo mais do que duplicou, segundo o Gdzie po lek, um site polaco que ajuda os doentes a encontrar a farmácia mais próxima com o medicamento que procuram.
“Dados internos no nosso site mostram que o interesse pelo iodo aumentou cerca de 50 vezes desde quinta-feira passada”, disse Bartlomiej Owczarek, co-fundador da plataforma.
A Agência Federal Belga de Controlo Nuclear escreveu no Twitter, na segunda-feira, que “a situação atual na Ucrânia não requer pastilhas de iodo. Ainda estão livremente disponíveis nas farmácias, mas não são necessárias neste caso específico. Tomar apenas iodo por recomendação das autoridades”.
A caça aos mega-iates dos oligarcas russos tornou-se um desporto na internet, com muitos a tentarem localizar as embarcações.
O bilionário russo Alisher Usmanov foi sancionado pela União Europeia e dois dias depois o seu iate Dilbar, avaliado em quase 600 milhões de dólares, foi apreendido pelas autoridades alemãs, noticiou esta quarta-feira a Forbes.
De acordo com três fontes da indústria de iates, um dos bens mais valiosos de Usmanov, o iate Dilbar, de 512 pés, foi apreendido pelas autoridades alemãs na cidade de Hamburgo, no norte.
Usmanov não é o único bilionário russo com um mega-iate: a Forbes e os especialistas de avaliação de iates VesselsValue detetaram 32 deles. Apesar de ter sido alvo das sanções da União Europeia na segunda-feira, Usmanov ainda não comentou sobre as mesmas ou acerca da guerra na Ucrânia.
Também em França, o CEO da produtora de petróleo russa Rosneft, Igor Sechin, viu o seu iate de 280 pés ser apreendido.
Os oligarcas russos continuam a atravessar o mundo nos seus jatos particulares e iates, apesar das sanções aplicadas.
Alguns deles começaram a transferir os seus iates para o Montenegro e para as Maldivas, possivelmente numa tentativa de evitar que fossem confiscados, escreve a CNBC.
Enquanto isso, na Internet, há pessoas a fazer desporto da caça aos mega-iates dos oligarcas russos.
Em janeiro, o ex-oficial da CIA Alex Finley publicou uma fotografia do porto de Barcelona, identificando mega-iates que pertenciam a quatro oligarcas russos.
“Tirei esta foto panorâmica do porto de Barcelona hoje. De cabeça, vejo quatro superiates russos. 1. Solaris (Abramovich) 2. Galactica Super Nova (Vagit Alekperov) 3. Aurora (Andrey Molchanov) 4. Sea Rhapsody (Andrey Kostin)”, lê-se no tweet.
Num outro tweet publicado no dia 22 de fevereiro, Finley disse que fez da sua missão de vida “estar lá quando o iate de Roman Abramovich MY SOLARIS for apreendido pelas autoridades espanholas”.
Na semana passada, um ucraniano foi detido pela Guardia Civil por ter tentado afundar um iate de luxo de Alexander Mijeev, CEO da Rosoboronexport, uma empresa russa de armamento militar, noticiou o Mallorca Daily Bulletin.
“Bem, fãs do #YachtWatch, alguém resolveu o problema pelas suas próprias mãos”, escreveu Finley no Twitter.
Ao longo do tempo, Finley foi atualizando a situação de vários dos iates. Por exemplo, ainda esta quarta-feira, o norte-americano escrevia que tanto o Solaris — de Roman Abramovich —, como o Aurora — de Andrey Molchanov —, continuavam atracados, sem serem confiscados.
“Estamos a unir-nos aos aliados europeus para encontrar e apreender os seus iates, os seus apartamentos de luxo, os seus jatos particulares”, disse o Presidente norte-americano, Joe Biden, na terça-feira.
O caso curioso de Pondicherry, uma cidade que tinha ficado sem praia. E o momento ainda mais curioso de Aurofilio Schiavina.
Imagine que passeia todos os dias, ou pelo menos todas as semanas, num determinado local, perto de casa. E imagine que, um dia, depois de alguns anos fora do seu país, volta àquele local…e ele já não existe.
Agora pode deixar de imaginar: isso aconteceu mesmo, com Aurofilio Schiavina, na Índia.
Aurofilio, relata a revista National Geographic, costumava passear junto ao mar em Pondicherry. A cidade no sul da Índia conta com a bela paisagem da baía de Bengala. O (na altura) estudante aproveitava os ares oferecidos pelo oceano Índico e andava pela praia local.
Deixou a sua cidade, o seu país, para completar o seu percurso académico no Reino Unido. Isto em 1991.
Quando regressou à Índia, oito anos depois…a praia já não estava lá.
Entretanto tinha sido construído um porto, naquela zona. A construção não foi bem executada, ou bem pensada (ou ambas), e o nível de água foi subindo, até que a areia ficou “inundada”. A praia ficou dentro do mar.
Assim, Pondicherry ficou famosa: a cidade do litoral da Índia que não tem praia.
Sem areia, os indianos e os turistas limitavam-se a andar pelo paredão de cimento, pelas pedras irregulares.
E, como a praia desapareceu, até os guias turísticos começaram a levar os turistas para outros pontos da cidade, mais longe do mar – e há muito para apreciar em Pondicherry: arquitectura, cafés, boutiques…
Bishwajit Banik, guia turístico, confessou que nos últimos 20 anos muitos turistas perguntaram o que aconteceu à praia, “que arruinou o ecossistema costeiro” local.
O que aconteceu foi a tal construção de um porto, que arrancou ainda na década 1980. A areia começou a ser transferida, acumulou-se na zona sul da praia, em vez de manter o seu percurso natural. Nos anos 1990 a praia foi mesmo “engolida” pelo mar. E passou a ser a “praia de pedra”.
E há algo mais sério: esta alteração ao movimento natural da areia prejudicou claramente a biodiversidade local e os meios de subsistência de muitos moradores. Estima-se que mais de 7 mil famílias ficaram sem a sua única fonte de rendimento – a pesca. Reverter a situação
Foram precisos anos para identificar o problema. Foi precisamente Aurofilio Schiavina quem identificou a raiz do problema (a transferência da areia) na construção do porto.
Depois de lutas em tribunal e de anos a tentar convencer as autoridades locais, em 2018 arrancou um projecto experimental, que começou a dragar areia da foz do porto; a areia tem sido conduzida de volta à zona da praia através de um oleoduto de quase três quilómetros.
A peça central do projecto é um recife artificial submerso – o primeiro na Índia – que pesa 900 toneladas. A água e sedimentos são desviadas para a zona norte da praia; os tubos, que foram instalados ao longo do paredão, colocam areia de novo na praia.
A iniciativa foi da organização PondyCAN | Pondy Citizen’s Action Network, que trabalha em colaboração com o Governo indiano desde 2009, para recuperar aquela praia.
Três anos depois, no Verão passado, já havia cerca de 60 metros de praia.
Agora os locais e os turistas regressam à zona litoral, até para acompanhar este processo. Os pescadores agradecem e também voltam.
Elementos dos serviços secretos da Rússia terão evitado a morte do presidente da Ucrânia.
Volodymyr Zelenskyy foi alvo de, pelo menos, três tentativas de assassinato nos últimos dias. Foi salvo com ajuda de russos.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira pelo jornal The Times, que indica que foram elementos dos serviços secretos da Rússia que transmitiram informação secreta ao presidente ucraniano, evitando assim a sua morte.
O mesmo jornal já tinha avisado que mais de 400 mercenários russos terão ordens do Kremlin para assassinar o presidente ucraniano e membros do seu Governo.
O Grupo Wagner, uma milícia privada dirigida por um dos aliados mais próximos de Putin, trouxe mercenários de África para derrubar Zelenskyy em troca de dinheiro.
E ainda haverá outro grupo com esse objectivo, formado por elementos ligados às forças especiais da Chechénia.
De acordo com a mesma fonte, quer no Grupo Wagner, quer no grupo da Chechénia, houve pessoas ligadas aos serviços secretos russos que impediram o assassinato do líder da Ucrânia.
Os russos avisaram os seguranças do que iria acontecer e de quando e onde iria acontecer a tentativa de homicídio; e a equipa de segurança de Zelenskyy antecipou os movimentos e salvou a vida do presidente.
Oleksiy Danilov, da segurança nacional ucraniana, afirmou que a informação veio do Serviço Federal de Segurança da Rússia, “vinda de elementos que não querem fazer parte desta guerra sangrenta”.
Desde que o exército russo começou a invadir a Ucrânia, no dia 24 de Fevereiro, políticos e especialistas têm chamado a atenção para a situação de Volodymyr Zelenskyy.
Jean-Yves Le Drian, chefe da diplomacia de França, disse directamente: “Acho que a segurança do presidente ucraniano é central. Estamos em condições de o ajudar, se necessário. Estou muito impressionado com a sua frieza”.
Uma das prioridades de Vladimir Putin, nesta invasão, será derrubar o Governo ucraniano liderado por Zelenskyy. Especula-se que Putin gostaria de colocar no seu lugar Viktor Yushchenko, que já ocupou o cargo entre 2010 e 2014 – e que é mais próximo de Putin do que do resto da Europa.
Forças militares da Bielorrússia receberam ordens para cruzar a fronteira rumo à Ucrânia e vão receber indicação para atacar o país vizinho, que enfrenta uma invasão russa, revelou o Comando Geral das Forças Armadas ucranianas.
Perto da região de Volhynia, no oeste da Ucrânia e na fronteira com a Bielorrússia ao norte e com a Polónia a oeste, “38 brigadas de assalto aerotransportadas estão numa área arborizada”, referiu a fonte das Forças Armadas da Ucrânia através da rede social Facebook.
“De acordo com as informações disponíveis, o comando da unidade militar foi ordenado a cruzar a fronteira com a Ucrânia“, salientou.
De acordo com o Comando Geral das Forças Armadas da Ucrânia, “a ordem de combate será dada depois de cruzarem a fronteira”.
A mesma fonte referiu que o estado moral e psicológico das forças bielorrussas é “muito baixo” e que “os oficiais e militares não querem desempenhar o papel de mercenários russos“.
“Um número significativo manifestou-se a favor da rescisão dos contratos, que expiram principalmente em maio”, acrescentou.
O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, reiterou em várias ocasiões, nos últimos dias, que não tem planos para atacar a Ucrânia.
Grupo de antigos militares que decidiu responder à chamada do Presidente ucraniano conta com comandos e para-quedistas portugueses.
De acordo com o Público, vão para a Ucrânia para prestar apoio às populações, dispostos a “fazer o que é preciso ser feito”.
Volodymyr Zelenskyy apelou a todos os que quisessem juntar-se à defesa “da Ucrânia, da Europa e do mundo” e a resposta não tardou.
Segundo o presidente ucraniano, já há 16 mil a caminho do país “para proteger a liberdade e a vida”. Em Portugal, ex-militares portugueses – e não só – já responderam ao apelo e preparam-se para viajar para a Ucrânia.
O grupo com quem o Público esteve em Vila Nova de Gaia prefere manter o anonimato, mas conta com ex-membros dos comandos, dos para-quedistas e do Exército brasileiro.
Vão também acompanhados de um ucraniano. Quem falou foi um dos comandos, com experiência de campo na República Centro-Africana (RCA), onde integrou a 1.ª Força Nacional Destacada. São três os que preparam a viagem para a Ucrânia.
“Eu, o ex-militar do exército brasileiro e um para-quedista [português]. Ainda vamos esperar por mais dois camaradas comandos e um vai encontrar-nos na Polónia”, conta, enquanto enchem um monovolume com material para a viagem. Têm todos “entre 25 e 30 anos“, exceto o homem ucraniano, que já está na casa dos 40.
O objetivo da viagem recai sobretudo sobre “apoiar as populações”, começa por dizer o comando. Combater? “Vamos fazer o que é preciso ser feito“, é a resposta, sublinhando depois que tudo acontecerá dentro do enquadramento legal, já tendo o grupo contactado a embaixada da Ucrânia em Portugal.
“Nada de hollywoodesco ou como mercenários, nada disso. Vamos como voluntários apoiar as populações”, refere o ex-militar, que diz estar a responder ao apelo de Volodymyr Zelenskyy, de quem considera que deve vir a iniciativa para este tipo de mobilização de estrangeiros.
“Isto foi a partir do que disse o Presidente da Ucrânia, que pediu ajuda a toda a gente que quiser colaborar com o que se está a passar, o terrorismo que se está a passar”, diz, recordando o trabalho na RCA. “[Na República Centro-Africana] vimos de perto que as populações precisam de nós. Vamos tentar fazer alguma diferença”.
Apelam ao apoio da comunidade, tanto portuguesa como de outros países, naquilo que for possível.
Louvando as doações que têm sido feitas, e que já permitiram carregar cinco camiões com ajuda humanitária a partir do seminário Cristo Rei, em Vila Nova de Gaia, o ex-militar pede também “apoio monetário” para que voluntários como eles possam comprar equipamentos como capacetes ou placas balísticas (coletes).
Em Portugal, o comando deixa familiares, mas apressa-se a dizer que “já estão habituados”. A mulher apoia a missão voluntária por se tratar de uma “causa nobre”. “Do meu ponto de vista, isto é um ato de terrorismo enorme e temos de fazer alguma coisa”, diz, sempre sereno.
Seguem como voluntários para se juntarem à legião estrangeira, o conjunto de pessoas de várias nacionalidades que vai ajudar as forças ucranianas no terreno.
Quando questionada se tem conhecimento deste e de outros casos de portugueses que se estejam a preparar para responder ao apelo de Zelenskyy, a Embaixada da Ucrânia em Portugal apenas referiu saber que os ucranianos têm recebido “muitos pedidos” de várias nacionalidades para ajudar no combate à invasão russa.
O português sublinha que o principal objetivo do grupo que parte na próxima semana é prestar auxílio às populações na Ucrânia.
“Ninguém é herói, ninguém vai para lá dar o peito às balas, nada disso. Vamos só lutar por aquela que é a maior causa: a causa humana, as famílias, as crianças, as mulheres”.
Pouco combustível, bombas do tempo da União Soviética, comida cujo prazo expirou em 2015 e walkie-talkies civis usados na frente de combate.
No lado russo, há relatos de contratempos para todos os gostos. Mas, se alguns deles já terão sido comprovados, outros poderão ser “contra-informação”, até porque o assalto a Kiev pode ainda mal ter começado, noticia o Jornal de Notícias.
“A Ucrânia está a ganhar a guerra“, afirmou, na terça-feira, o presidente do país, Volodymyr Zelensky.
A frase talvez funcione mais como fator de motivação interna do que como análise rigorosa dos acontecimentos mas, nos últimos dias, a ideia tem sido repetida um pouco por toda a parte.
“A ofensiva do Kremlin sofre graves problemas logísticos enquanto que os ucranianos se fortalecem”, escrevia, esta quarta-feira, o jornal espanhol El Mundo.
A sustentar esta tese estão, em primeiro lugar, as notícias que dão conta das dificuldades sentidas pelos russos em fazer chegar combustível aos seus veículos de combate.
O general Pinto Ramalho admite que esse cenário exista, mas pede cautela nas análises. “O facto de as viaturas estarem paradas não quer dizer que não tenham gasolina”, afirma.
“Há muita contra-informação sobre o que se diz dos russos“, justifica o antigo Chefe do Estado-Maior do Exército, afirmando ter visto um canal de televisão norte-americano e um britânico a fazerem relatos contraditórios sobre o assunto.
A suposta demora russa pode, por isso, ser propositada, de modo a evitar uma escalada de destruição em Kiev.
“Não sei se os russos não estarão a evitar avançar de forma indiscriminada”, explica Pinto Ramalho. Nesse sentido, a aposta parece ser criar um “cerco” à capital, de modo a deixá-la “sem luz, água e gás”. Assim, as tropas de Putin conseguiriam tornar a vida em Kiev “insustentável”, mas “sem se exporem”. Russos estarão a pedir “comida e roupa”
Mas as dificuldades logísticas russas estarão também a sentir-se ao nível da alimentação dos soldados.
A 27 de fevereiro, o presidente da Câmara de Kharkiv, Oleg Synegubov, escreveu nas redes sociais que, “desde o início do ataque à Ucrânia”, os militares russos “não receberam comida ou água”, e que estariam a pedir “comida e roupa” aos locais.
Também a resistência ucraniana tem publicado vídeos de alimentos alegadamente encontrados junto de viaturas russas.
Num deles, alguns produtos têm o ano de 2015 inscrito na embalagem, no local do prazo de validade, indicando que já não estão comestíveis há sete anos.
Já o britânico The Daily Telegraph publicou mensagens de soldados russos alegadamente intercetadas por uma empresa de espionagem do Reino Unido.
O jornal escreve que há tropas “a recusar a obedecer a ordens do comando central, incluindo para bombardear localidades ucranianas, ao mesmo tempo que se queixam amargamente da falta de alimentos e combustível”.
Se alguns relatos poderão ter de ser levados mais a sério, outros são mais facilmente descartados. É o caso dos relatos, também vindos de fontes ucranianas, de que os soldados russos estariam a utilizar walkie-talkies civis.
“Não acredito que os russos estejam a fazer a guerra assim”, atira Pinto Ramalho, pedindo que se tenha “extremo cuidado” com certas informações não confirmadas.
Nos últimos dias, alguns resistentes ucranianos têm publicado, nas redes sociais, imagens de walkie talkies alegadamente intercetados ao inimigo. Estes são da marca chinesa Baofeng, que vende alguns modelos por menos de 30 euros. “Acha que a Rússia traça um objetivo e não o cumpre?”
Há um último tema que deixa Pinto Ramalho apreensivo: o suposto uso de bombas com mais de 50 anos por parte das Forças Armadas da Rússia, avançado pelo El Mundo. As bombas com demasiada idade — o normal é terem entre 10 e 15 anos — “caem como se fossem pedras mas não rebentam“, explica o general. “É um risco tremendo porque, depois, podem sempre rebentar”.
Mas, assumindo que os russos estão mesmo a viver um impasse na Ucrânia, será que poderá haver derrota à vista? Pinto Ramalho admite que a resistência ucraniana “é maior do que se previa”.
Mas questiona: “acha que, se uma potência como a Rússia estabelece um determinado objetivo, não vai fazer tudo para o cumprir?”.
Para o general, uma eventual derrota russa “seria o descrédito absoluto, até em termos de segurança interna”. Assim, conclui: “Temo que, custe a guerra mais ou menos recursos, a Rússia vá até ao fim dos seus objetivos“.
A Rússia planeia tomar a Ucrânia em 15 dias, ou seja, até ao próximo domingo, 6 de Março, de acordo com alegados documentos secretos revelados pelas Forças Armadas da Ucrânia. Putin planeia controlar as principais cidades ucranianas e demover a resistência com execuções públicas.
Numa altura em que a Rússia ganha terreno a sul da Ucrânia, são divulgados os alegados planos russos para a ofensiva que preveem a conquista do país em 15 dias, ou seja, de 20 de Fevereiro a 6 de Março.
Estes documentos são publicados no Facebook pelo Comando de Operações das Forças Armadas Conjuntas da Ucrânia (COFACU) que garante que os planos foram aprovados a 18 de Janeiro passado.
“Graças às acções bem-sucedidas de uma das unidades das Forças Armadas da Ucrânia, os ocupantes russos perdem não apenas equipamento e força viva”, mas, “em pânico, também deixam documentos secretos”, aponta o COFACU na publicação na rede social.
O COFACU publica o que serão os “documentos de planeamento de uma das unidades do grupo táctico do batalhão 810.a”, da “brigada marinha da Frota do Mar Negro da Federação Russa”, incluindo “um mapa de trabalho, tarefas de combate, mesa de chamadas, mesas de sinais de controlo, mesas de gestão ocultas, lista de armazém de pessoal”, entre outros elementos.
Derrotar os ucranianos com execuções públicas
Entretanto, a jornalista da Bloomberg News Kitty Donaldson assegura que os serviços secretos da Rússia também têm planos para realizar “execuções públicas” logo que o exército russo passe a controlar as principais cidades ucranianas.
Uma estratégia para “desencorajar os ucranianos de lutarem” contra a ocupação, como refere.
A jornalista cita uma fonte da Inteligência Europeia e nota que os planos passam ainda pelo “controle violento das multidões” e por “detenções repressivas de organizadores de protestos” de forma a “quebrar a moral ucraniana”.
Contudo, os soldados de Putin têm enfrentado algumas dificuldades, sobretudo devido à resistência ucraniana, cujas forças armadas têm sido reforçadas por muitos civis voluntários.
Mas há também algum espanto pelo facto de a Rússia não ter conseguido afirmar a sua superioridade aérea.
Pelo meio, começa a ser evidente alguma desmoralização das tropas russas e há rumores de que alguns soldados acreditavam que iam, apenas, fazer exercícios militares.
Mas no sul da Ucrânia, os russos estão a fazer valer a sua superioridade naval no Mar Negro. Ao mesmo tempo, mantêm a pressão sobre a capital Kiev e sobre a segunda maior cidade ucraniana, Kharkiv.
Nesta altura, Putin está a isolar a Ucrânia nas suas fronteiras a sul, a oeste e a norte, na confluência com os territórios russo e bielorrusso.
O país tem apenas a parte ocidental livre de tropas russas, nas fronteiras com Moldávia, Roménia, Hungria, Eslováquia e Polónia. Mas o plano russo também pode passar por entrar na Moldávia.