Tudo “o que não sabemos” sobre o coronavírus – e é muita coisa! – é o que mais preocupa o especialista de Saúde Global do Conselho de Relações Externas dos EUA, Yanzhong Huang, que alerta que é “bastante provável” que já se esteja a formar a versão covid-21.
Quando o mundo está a meio do combate contra a covid-19 – a doença provocada pelo coronavírus assim baptizada em referência a 2019, o ano em que surgiram os primeiros casos, na China -, o especialista de Saúde Global do Conselho de Relações Externas dos EUA está preocupado com tudo o que não sabemos sobre esta pandemia, nomeadamente as suas origens.
E se não conhecemos as origens do coronavírus, é “bastante provável” que já se esteja a formar a sua versão 2021, alerta numa entrevista ao jornal argentino La Nación.
“É importante rastrear como começou o surto”, não apenas para acabar com a actual pandemia, mas também para “prevenir que possam ocorrer novos surtos semelhantes”, alerta Yanzhong Huang.
“As vacinas poderão solucionar esta crise, mas a raiz do problema vai continuar, latente, tal como o escopo que funcionou como cadeia de transmissão”, acrescenta, frisando que só detectar a origem permitirá delinear “uma solução definitiva”.
“Se necessário, teremos que proibir o tráfico e o consumo de animais selvagens ou mesmo erradicar alguns morcegos“, destaca.
Mas, para já, “não sabemos quando terminará a pandemia”, sublinha. E “também não podemos descartar que o vírus mute e se converta num surto mais transmissível e mais letal”, nota, relembrando que “se a gripe espanhola de 1918 puder servir-nos de guia, a segunda vaga poderá ser mais devastadora”.
“E se o vírus mutar e a vacina se tornar menos eficiente?”, questiona, concluindo que a pandemia “pode tornar-se num pesadelo”.
Enquanto isso, Yanzhong Huang está preocupado com a “falta de cooperação e de colaboração internacional” perante o que é uma “pandemia global” e quando precisamos também de uma “solução global”.
Mas “cada país actua por sua conta”, refere, salientando que “está a acontecer precisamente o contrário” do que deveria ser.
“Provável Guerra Fria entre a China e os Estados Unidos”
“A pandemia torna mais provável uma Guerra Fria entre a China e os Estados Unidos”, analisa ainda, salientando que esta “não é uma boa notícia para os outros países que podem converter-se em danos colaterais dessa disputa”.
Yanzhong Huang também aborda as especulações de que a pandemia poderia “afectar Xi Jinping” ou “resultar na Chernobyl do regime” comunista chinês.
Mas considera que a forma como a China superou a covid-19 “acabou por ser uma grande conquista para Xi” que conseguiu “demonstrar a sua capacidade de governar em tempos perigosos”, reforçando a “legitimidade do Partido Comunista Chinês” perante os cidadãos.
O especialista norte-americano que nasceu na China também está preocupado com a situação em Hong Kong e com a nova Lei de Segurança Nacional que a China está a impor. “Não é um bom sinal para Taiwan”, aponta, frisando que a fórmula “um país, dois sistemas” que foi aplicada em Hong Kong foi desenhada precisamente para Taiwan.
“O que está a acontecer em Hong Kong é o que a China pensa para Taiwan“, conclui.
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