O diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da
OMS diz que é prematuro pensar-se que a pandemia termina até ao fim do
ano, mas que é possível é reduzir as hospitalizações e as transmissões e
impedir que surjam novas variantes do vírus.
Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), avisou que é prematuro e “não realista” pensar-se que a pandemia de covid-19 termina até ao fim de 2021.
Ainda assim, o responsável disse que pode ser possível reduzir as
hospitalizações e as transmissões e impedir que surjam novas variantes
do vírus. “Se controlarmos a transmissão, controlamos a pandemia”,
declarou.
Soumya Swaminathan, cientista chefe da OMS, acrescentou: “não podemos
erradicar o vírus até ao final do ano, mas podemos reduzir as
hospitalizações e a severidade da doença”.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou esta segunda-feira que até ao fim de maio serão entregues 237 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 a 142 países.
As vacinas serão entregues a países que fazem parte do mecanismo COVAX,
uma iniciativa da OMS para garantir uma vacinação contra o novo
coronavírus que seja equitativa. Esta segunda-feira, o Gana e a Costa do
Marfim foram os primeiros países a começar a vacinar os profissionais
de saúde com doses fornecidas através do COVAX.
“Mais 11 milhões de doses serão entregues esta semana”, garantiu o
responsável, que falava numa conferência de imprensa online a partir de
Genebra. Na terça-feira, disse, a iniciativa COVAX publicará a primeira
ronda de atribuições das vacinas.
A medida é encorajadora, mas é também lamentável, acrescentou, que alguns países continuem a dar prioridade à vacinação de adultos mais jovens,
mais saudáveis e com menor risco de doença nas suas próprias
populações, à frente dos profissionais de saúde e das pessoas mais
idosas de outros países.
O responsável máximo da OMS avisou que os países não estão a competir
na luta contra a covid-19, porque se trata de uma “corrida comum”, e
acrescentou: “Não estamos a pedir aos países que ponham as suas próprias
populações em risco. Estamos a pedir a todos os países que façam parte de um esforço global para reprimir o vírus em todo o mundo”.
Tedros lembrou ainda o objetivo da OMS de começar a vacinação em
todos os países do mundo nos primeiros 100 dias do ano e alertou que já
só faltam 40 dias e que para concretizar o objetivo é precisa “a
cooperação de todos os parceiros”.
O diretor-geral salientou também que as vacinas não são suficientes
para manterem os países seguros e alertou que na última semana o número
de casos de covid-19 aumentou no mundo pela primeira vez em sete
semanas, na Europa mas também do Sudeste Asiático, no Mediterrâneo
Oriental e nas Américas.
O aumento de casos, afirmou, é dececionante, mas não surpreendente,
sendo que em alguns países se deveu ao relaxamento de medidas de saúde
pública e mais circulação de pessoas, a par da circulação de variantes
do vírus.
Macron não levanta restrições antes de abril
O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou esta segunda-feira que será impossível levantar as restrições antes de abril, sendo que o país registou, na semana passada, uma média de 21 mil novas infeções diárias.
“Ainda temos de aguentar por várias semanas. Entre quatro e seis
semanas”, afirmou Macron em resposta a um jovem que lhe perguntou se o recolher obrigatório,
atualmente em vigor entre as 18h00 e as 06h00, poderia passar a começar
às 19h00. A conversa aconteceu durante uma visita do Presidente a uma
unidade industrial realizada esta segunda-feira em Stains, na região de
Paris.
A atual hora de recolhimento está em vigor desde o dia 16 de janeiro,
antecipando em duas horas a hora que estava imposta desde 15 de
dezembro (20h00), para tentar diminuir o avanço da pandemia.
O avanço da pandemia fez com que novas restrições locais passassem a ser aplicadas, como o confinamento domiciliário durante o fim de semana nas cidades de Nice (sul) e Dunquerque (norte), bem como nas suas áreas de influência.
O Governo também colocou sob vigilância reforçada 20 departamentos,
onde vive cerca de 40% da população do país, incluindo a região de
Paris, estando agendado para 06 de março a decisão de tornar esse
confinamento parcial também nessas áreas.
A França contabiliza, desde o início da pandemia e até domingo, 3,7
milhões de infetados e 86.454 mortos, dos quais 122 ocorreram em
hospitais nas últimas 24 horas.
Tóquio faz apelo a Pequim
O Japão apelou à China para não efetuar testes anais em cidadãos japoneses
para detetar a covid-19, alegando “sofrimento psicológico” causado pelo
procedimento. O pedido do Governo surge após notícias de que o pessoal
diplomático dos Estados Unidos na China se tinha queixado de ter sido
sujeito a estes testes intrusivos, algo que Pequim negou.
A China, que conseguiu conter a pandemia dentro das suas fronteiras,
estimou no mês passado que estes testes, realizados com recurso a um
cotonete, introduzido no ânus, aumenta a taxa de deteção de pessoas
infetadas, em comparação com as amostras recolhidas na garganta ou no
nariz.
O Japão, no entanto, enviou um pedido oficial à China através da sua
embaixada em Pequim, pedindo que os seus nacionais fossem dispensados
dos testes, depois de os expatriados japoneses terem expressado “profundo sofrimento psicológico” após os testes, disse o porta-voz do Governo nipónico, Katsunobu Kato, na segunda-feira à noite.
“Nesta fase, não recebemos qualquer resposta a dizer que vão mudar.
Vamos continuar a apelar”, acrescentou, observando que não tinha
informações sobre a utilização deste método fora da China.
Os métodos de amostragem da China são “baseados na ciência” e “de
acordo com a evolução da situação epidemiológica e as leis e
regulamentos em vigor”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios
Estrangeiros chinês, quando questionado sobre o assunto.
No mês passado, os meios de comunicação social nos Estados Unidos
informaram que funcionários do Departamento de Estado norte-americano se
tinham queixado de tais testes, mas Pequim desmentiu que tivesse feito essa exigência.
As autoridades chinesas estão a utilizar este método para testar
pessoas consideradas em alto risco de contrair o vírus, incluindo
residentes de zonas onde foram detetados casos em viajantes
internacionais. No entanto, Pequim admitiu que uma utilização de testes
retais seria difícil, porque “não é prática“.
https://zap.aeiou.pt/prematuro-pandemia-acaba-ano-384455