O Irão ameaçou atacar uma base norte-americana em Washington e também o vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, revelou, este domingo, a agência Associated Press, que cita fontes dos serviços de inteligência dos Estados Unidos. A base em questão, Fort McNair, acolhe efetivos do Exército.
Segundo dois altos funcionários dos Serviços de Inteligência dos EUA, foram intercetadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA), em janeiro, comunicações que mostravam que a Guarda Revolucionária do Irão discutia a montagem de “ataques do tipo USS Cole” contra a base, referindo-se ao ataque suicida, em outubro de 2020, quando uma pequena embarcação se aproximou de um navio da marinha norte-americana, ao largo de Aden, no Iémen, e cuja explosão provocou a morte de 17 marinheiros.
As fontes da AP, que falaram sob condição de anonimato, também revelaram ameaças de matar o general Joseph M. Martin e planos de se infiltrar e vigiar a base. A base, uma das mais antigas do país, é a residência oficial do general Martin.
As ameaças são uma das razões pelas quais o Exército tem pressionado por mais segurança à volta do Fort McNair, que fica ao lado do movimentado distrito de Waterfront, em Washington.
Os líderes da cidade têm lutado contra o plano do Exército, de adicionar uma zona tampão a cerca de 75 a 100 metros da costa do canal de Washington, o que limitaria o acesso até metade da largura do movimentado canal que corre paralelamente ao rio Potomac.
O Pentágono, o Conselho Nacional de Segurança e a NSA não responderam ou recusaram-se a comentar quando contactados pela agência noticiosa.
Numa reunião em janeiro, através de meios digitais, para discutir as restrições propostas, o comandante do distrito militar de Washington, major-general do Exército, Omar Jones, citou “credíveis e específicas” ameaças contra militares que vivem na base.
A única ameaça específica à segurança foi a de um nadador que se aproximou da base e foi detido.
A conversa intercetada foi entre membros da elite da Força Quds, da Guarda Revolucionária do Irão, e centrou-se em possíveis opções militares para vingar a morte do general Qassem Soleimani, em Bagdad, em janeiro de 2020, disseram os dois funcionários dos serviços de inteligência.
Irão só regressa ao acordo nuclear se EUA anularem sanções
Também este domingo, o aiatola Ali Khamenei reiterou, a propósito do acordo nuclear, que o Irão estava pronto para retornar ao cumprimento total do acordo se Washington levantasse as suas sanções.
“A posição do país em relação ao acordo alcançado em Viena em 2015 foi claramente anunciada. Não há como nos desviarmos. A posição implica que os americanos levantem todas as sanções, e então verificaremos se foram de facto levantadas. Se realmente forem, retornaremos aos nossos compromissos”, disse o líder iraniano durante um discurso transmitido pela televisão por ocasião do Ano Novo iraniano.
Khamenei acrescentou que esta posição “é irrevogável”, confirmando o que já tinha anunciado em janeiro.
O Acordo de Viena prevê um alívio nas sanções internacionais ao Irão por troca de restrições no respetivo programa nuclear. Inclui ainda que sejam dadas garantias, verificadas pela ONU, que provem o cumprimento do acordado.
A denúncia do ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, do acordo em 2018 e o restabelecimento das sanções económicas pelos americanos contra Teerão, mergulharam o Irão numa recessão profunda.
Em resposta, o Irão começou, em 2019, a não cumprir alguns dos principais compromissos e, em particular, os sobre os limites impostos pelo acordo sobre atividades de enriquecimento de urânio.
A chegada do democrata Joe Biden à Casa Branca em janeiro, e os esforços para tentar colocar o acordo de Viena de volta em cima da mesa parecem estar em um impasse.
Para prosseguir com o levantamento das sanções, como solicitam os iranianos, Washington exige que Teerão retome a aplicação total e completa do texto.
“Não consideramos as promessas dos americanos verdadeiras. Dizer que o vão fazer no papel e depois manter as sanções na prática não é aceitável”, referiu Khamenei.
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