Mulheres indianas estão a exibir fotografias de si próprias em calças de ganga rasgadas nas redes sociais em resposta a um ministro que disse que usá-las leva ao “colapso social”.
De acordo com o jornal britânico The Independent, o ministro recém-empossado do estado de Uttarakhand, no norte da Índia, Tirath Singh Rawat, fez os comentários polémicos num workshop para a proteção dos direitos da criança em Dehradun. “Calças de ganga rasgadas abrem caminho para o colapso social e são um péssimo exemplo que os pais dão aos filhos”.
Rawat falou de uma época em que conheceu uma mulher que trabalhava para uma organização não governamental e que usava calças de ganga rasgadas.
“Se esse tipo de mulher sai para encontrar pessoas e resolver os seus problemas, que tipo de mensagem estamos a passar para a sociedade, para os nossos filhos?”, perguntou. “Tudo começa em casa. O que fazemos, os nossos filhos seguem. ”
A esposa do ministro, Rashmi Tyagi, professora de psicologia na Garhwal University, tentou defender o marido, dizendo que os seus comentários foram “interpretados erroneamente” e “desproporcionalmente”.
“Ele estava a falar sobre como estamos a imitar a cultura ocidental cegamente e a não seguir as nossas próprias tradições e valores que são filtrados durante milhares de anos de sabedoria cultural”, disse Tyagi.
Os comentários de Rawat provocaram uma reação massiva nas redes sociais de mulheres, ativistas dos direitos de género, políticos da oposição e outros. Desde a noite de quarta-feira, o Twitter na Índia foi inundado com fotografias de mulheres a vestir calças de ganga rsgadas e a usar hashtags como #RippedJeansTwitter.
“O sanskriti (cultura) e os sanskaar (tradições) do país são afetados por homens que se sentam e julgam as mulheres e as suas escolhas”, escreveu Priyanka Chaturvedi, membro da câmara alta do Parlamento da Índia.
Swati Malwal, presidente da Comissão para Mulheres de Deli, escreveu: “A violações acontecem, não porque as mulheres usam roupas curtas, mas porque homens como Tirath Singh Rawat propagam a misoginia e deixam de cumprir o seu dever. Seja solidário com as mulheres em #RippedJeansTwitter!”.
O Congresso Nacional Indiano da oposição exigiu a renúncia ou um pedido de desculpas de Rawat. Jaya Bachchan, membro da Câmara Alta do Parlamento, disse que “este é o tipo de mentalidade que incentiva crimes contra as mulheres”.
Randeep Surjewala, porta-voz chefe do Congresso e secretário-geral, disse que os comentários de Rawat refletem a “face anti-mulheres do partido [governante] Bharatiya Janata, ao qual Rawat pertence”, chamando-o de “um resultado da sua mentalidade medieval”.
Na Índia, de acordo com os últimos dados de registos criminais disponíveis, são registadas pelo menos 88 violações por dia, com uma taxa de condenação abaixo de 30%.
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