Os chefes da diplomacia de Moscovo e Pequim reuniram-se em Guilin e denunciaram as duras críticas e sanções que o ocidente tem perpetuado contra os seus países. Agora, querem a realização de uma cimeira dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
“A interferência nos assuntos internos soberanos de uma nação sob a desculpa de promover a democracia é inaceitável”, referiram os chefes da diplomacia da Rússia, Sergei Lavrov, e da China, Wang Yi, num comunicado conjunto no final de um encontro na cidade chinesa de Guilin, avança o Diário de Notícias.
As reações dos representantes dos dois países surgem depois de novas sanções dos EUA e da União Europeia (UE) – no caso de Moscovo pelo envenenamento do opositor Alexei Navalny, no de Pequim pelas violações dos direitos humanos da minoria uigur. Não só as sanções, mas também algumas críticas do ocidente têm desagradado as duas potências.
Os diplomatas denunciam uma “turbulência política global”, por isso pediram uma cimeira dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na opinião da China e da Rússia, “a forma de abordar os assuntos internacionais deveria basear-se em princípios reconhecidos pela legislação internacional”, que consideram essenciais para o desenvolvimento da sociedade. Os dois países defenderam um “multilateralismo aberto, igualitário e não ideológico”.
O encontro entre Lavrov e Wang Yi surgiu depois de uma cimeira entre a China e os EUA em Anchorage, no Alasca.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, deixou claro que as ações da China “ameaçam a ordem baseada em regras que mantêm a estabilidade global” – falando da repressão aos uigures em Xinjiang, da situação em Hong Kong ou as ameaças a Taiwan, mas também dos ciberataques ou da coação económica a países aliados.
Do lado chinês, o diplomata Yang Jiechi lembrou que os EUA não são um exemplo de democracia, citando o movimento Black Lives Matter.
Ainda assim, as primeiras conversas entre a administração Biden e a China foram classificadas como “duras”, mas “construtivas”.
De recordar que os EUA, numa ação concertada com a UE, o Canadá e o Reino Unido, impuseram sanções contra vários indivíduos chineses, por causa da repressão dos uigures, com Blinken a falar mesmo em “genocídio”.
No caso da UE, as sanções agora impostas à China são as primeiras desde o embargo de venda de armas, após a repressão na praça de Tiananmen em 1989. Pequim respondeu a Bruxelas com a proibição de entrada a dez europeus, incluindo cinco eurodeputados, e quatro instituições.
Outro assunto que marca de forma negativa as relações do ocidente com Pequim, é o facto da China continuar a afastar responsabilidades sobre a origem da covid-19.
Também as relações do ocidente com a Rússia não são melhores.
Depois das sanções impostas no início do mês em resposta ao envenenamento de Navalny, o presidente norte-americano, Joe Biden, irritou ainda mais o homólogo russo, Vladimir Putin, ao apelidá-lo de “assassino”.
Na UE, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, responsabilizou Moscovo pelo “ponto baixo” das relações, falando em “desacordos em muitas áreas” num telefonema com Putin.
Por isso, como prova da aposta nas relações transatlânticas, Michel convidou Biden para participar, por videoconferência, na cimeira europeia desta quinta-feira.
“É tempo de reconstruir a nossa aliança transatlântica”, acrescentou.
Em causa está a reunião do Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, na qual os líderes europeus voltarão a abordar a resposta coordenada à pandemia de covid-19, nomeadamente numa altura de novos aumentos de casos de infeção a nível comunitário e de imposição de novas medidas restritivas.
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