Dois antigos auditores de um banco congolês denunciaram uma rede de lavagem de dinheiro que envolvia o ex-Presidente e o magnata israelita Dan Gertler. Agora, foram condenados à morte num julgamento que não tiveram conhecimento.
Gradi Koko Lobanga e Navy Malela são dois antigos auditores bancários que recentemente abdicaram do seu anonimato para divulgar que eram as fontes por trás de um relatório que revelou uma alegada rede de lavagem de dinheiro na República Democrática do Congo.
Poucos dias depois, agora exilados na Europa, descobriram que tinham sido sentenciados à morte pelo Supremo Tribunal em Kinshasa, acusados de “conspiração criminosa”. Koko e Malela descobriram a sua sentença através das redes sociais, apesar de nunca terem sido chamados a tribunal para se defenderem.
O relatório que denunciava o alegado esquema de lavagem de dinheiro foi publicado pela Plataforma para a Proteção de Denunciantes em África (PPLAAF, em inglês) e pela organização não-governamental Global Witness, criada para averiguar vínculos entre a exploração de recursos naturais e conflitos, pobreza, corrupção e abusos de direitos humanos a nível mundial.
A rede foi alegadamente montada pelo magnata israelita Dan Gertler e era usada para ocultar o movimento de milhões de dólares, ajudar a contornar as sanções norte-americanas e adquirir novos ativos de mineração no Congo, escreve a VICE.
A República Democrática do Congo é uma das nações mais ricas em minerais da África, ostentando um excesso estimado de 24 biliões de dólares em riquezas naturais inexploradas.
O pequeno banco Afriland First Bank DRC, onde Koko e Malela trabalhavam, estava alegadamente no centro da rede de lavagem de dinheiro.
Os dois auditores nem tiveram conhecimento de que haveria um julgamento.
“Em vez disso, foram os representantes da Afriland e de Dan Gertler que informaram os jornalistas numa conferência de imprensa sobre uma sentença proferida 5 meses antes. E no dia seguinte à conferência de imprensa, a cópia do veredito, que nem Malela, nem Koko ou o seu advogado tinham visto, foi publicada online por um meio de comunicação congolês e depois compartilhada nas redes sociais. Foi assim que os dois descobriram o veredito pela primeira vez. Eles não sabiam da audiência”, conta uma representante da Human Rights Watch, uma ONG que defende os direitos humanos.
Os documentos divulgados por Koko e Malela mostram que a alegada “relação próxima” entre Dan Gertler e o antigo Presidente congolês Joseph Kabila ajudou o israelita a esconder os seus interesses “por trás de uma nova rede de empresas de fachada congolesas e contas bancárias proxy”.
Os advogados que representam Gertler negaram veementemente todas as alegações de irregularidades e dizem que alguns dos documentos bancários fornecidos no relatório foram “falsificados”.
https://zap.aeiou.pt/koko-malela-condenados-morte-389812
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