O Presidente dos Estados Unidos anunciou, esta quarta-feira,
um plano de investimentos de 2,3 biliões de dólares (dois biliões de
euros) para renovar e modernizar as infraestruturas do país nos próximos
oito anos.
Ao discursar no centro de formação do sindicato dos carpinteiros em Pittsburgh, Joe Biden classificou o projeto como “o investimento de uma geração na América”.
O Presidente foi ao ponto de comparar o seu projeto de transformação
da economia dos EUA com a corrida ao Espaço e prometeu resultados tão
grandes à escala como os programas ‘New Deal’, do Presidente Franklin D.
Roosevelt, ou ‘Great Society’, do Presidente Lyndon B. Johnson, que
formataram os Estados Unidos no século XX.
“Este é um investimento que se faz uma vez por geração, diferente de
tudo o que se viu ou fez desde que construímos o sistema de autoestradas
interestatal ou a corrida ao Espaço, há décadas. De facto, é o maior
investimento em emprego nos EUA desde a II Guerra Mundial. Vamos criar milhões de empregos, empregos bem pagos”, declarou.
Dirigentes da Casa Branca adiantaram que o investimento vai gerar
estes empregos à medida que o país sai dos combustíveis fósseis e
combate os perigos das alterações climáticas.
O financiamento dos projetos virá de uma subida dos impostos sobre empresas. Ao fazê-lo, Biden vai passar as taxas sobre lucros de 21% para 28%, anulando a decisão dos republicanos de 2017.
Por outro lado, o chefe de Estado apontou o dedo à fuga fiscal: “91
das empresas da ‘Fortune 500’, incluindo a Amazon, não pagam um único
cêntimo em impostos sobre lucros”.
O anúncio desta quarta-feira vai ser seguido, nas próximas semanas,
por outro anúncio de um pacote equiparado de investimentos em cuidados
infantis, créditos fiscais para famílias e outros programas internos.
Este novo pacote de dois biliões de dólares vai ser pago por aumento de impostos sobre indivíduos e famílias com riqueza.
“Wall Street não construiu este país. Vocês, classe média,
construíram este país. E os sindicatos construíram a classe média”,
afirmou o Presidente norte-americano.
A Casa Branca já detalhou que a maior parte da proposta inclui 621
mil milhões de dólares para estradas, pontes, vias públicas, estações de
carregamento de veículos elétricos e outras infraestruturas de
transporte. Outros 111 mil milhões estão destinados à retirada de tubos
de alumínio no transporte de água e modernização das redes de esgotos.
Segundo o jornal Público,
se o anterior pacote de emergência contra a crise (de 1,9 biliões de
dólares) passou por muitas dificuldades para passar no Congresso, agora
as contas para este devem vir a ser ainda mais complexas.
Cisjordânia é um território “ocupado” por Israel
A administração norte-americana considerou que a Cisjordânia é um
território “ocupado” por Israel, disse o Departamento de Estado numa
atualização, depois da publicação de um relatório que parecia evitar
essa formulação.
“É um facto histórico que Israel ocupou a Cisjordânia,
a Faixa de Gaza e os montes Golã depois da guerra de 1967″, disse, esta
quarta-feira, o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price,
citado pela agência France-Presse.
O porta-voz assegurou que o relatório anual sobre os direitos humanos
publicado na terça-feira por Washington “utiliza o termo ocupação no
contexto atual da Cisjordânia”. “É a posição antiga de Governos
precedentes”, tanto democratas como republicados, “há várias décadas”,
insistiu.
No relatório, o departamento intitula de “Israel, Cisjordânia e Gaza”
a secção relativa aos territórios e, antes do mandado do ex-Presidente
Donald Trump, a secção chamava-se “Israel e os Territórios Ocupados”.
Desta forma, a Administração Biden pareceu também abster-se de falar
explicitamente da Cisjordânia como um território “ocupado”, na linha da
diplomacia mais favorável a Israel praticada pelo anterior Governo
republicano.
Não tendo regressado à designação de “territórios ocupados”, o
Departamento de Estado dos Estados Unidos inseriu, no entanto, um
parágrafo a explicar que as palavras usadas “não refletem uma posição
sobre nenhuma das questões relacionadas ao status final a ser negociado
pelas partes no conflito, em particular as fronteiras específicas da
soberania israelita em Jerusalém, ou as fronteiras entre Israel e um
futuro estado palestiniano”.
“Essa secção do relatório cobre Israel (…), bem como os montes Golã e
os territórios de Jerusalém-Este que Israel ocupou durante a guerra de
junho de 1967”, de acordo com os autores do documento.
É também referido que “os Estados Unidos reconheceram Jerusalém como capital
de Israel em 2017 e a soberania de Israel sobre os montes Golã em
2019″, sem voltar atrás nessas decisões tomadas durante a administração
de Trump.
Ned Price declarou ainda que essa formulação não reflete uma mudança
de posição da parte da Administração Biden que, contrariamente a Donald
Trump, defende a solução de dois estados para Israel e Palestina.
Pentágono adota medidas que revogam veto de Trump às pessoas transgénero
O Pentágono anunciou, esta quarta-feira, uma série de medidas que
revogam as políticas adotadas pela administração do ex-Presidente, que
impedia pessoas transgénero de servirem nas forças armadas.
De acordo com a agência EFE, as novas disposições do Departamento de Defesa permitem aos membros desse coletivo alistarem-se e servirem com o género com que se identifiquem.
As pessoas terão também acesso a assistência médica no processo de
mudança de sexo se o requerirem, explicou o porta-voz do Pentágono, John
Kirby, em conferência de imprensa.
No mesmo dia, o Presidente dos Estados Unidos converteu-se no
primeiro líder deste país a comemorar o Dia Internacional da
Visibilidade Transgénero e pediu que se respeite “o valor e a dignidade”
destas pessoas.
Nos últimos meses, a Defesa norte-americana tem estado a desenvolver
estas medidas, depois de Biden ter ordenado, cinco dias depois da sua
tomada de posse como Presidente, a derrogação do veto às pessoas transgénero nas forças armadas.
As medidas anunciadas agora pelo Pentágono, e que entrarão em vigor em 30 dias, proíbem ainda a discriminação por identidade de género.
O secretário da Defesa, Lloyd Austin, pediu também que se revejam os
arquivos quanto a soldados que tenham sido dispensados ou a quem tenha
sido negada a readmissão devido à sua identidade de género durante a
administração do republicano.
As pessoas transgénero não puderam servir nas forças armadas dos
Estados Unidos até à Administração de Barack Obama (2009-2017), em que
Joe Biden foi vice-Presidente, ter levantado essa proibição.
https://zap.aeiou.pt/biden-2-bilioes-dolares-para-infraestruturas-391983