Dezoito políticos mexicanos mudaram de género na sua candidatura às eleições para que o partido cumprisse com as leis de igualdade de género.
Valeria Lorety Díaz fez recentemente história ao lançar a sua campanha para se tornar a primeira presidente municipal transsexual do conservador estado mexicano de Tlaxcala.
Agora, um partido político registou 18 candidatos do sexo masculino como mulheres para as eleições de 6 de junho, alegando que eles eram transsexuais, escreve a Vice.
O partido Fuerza Por México parece estar a tentar contornar as leis de igualdade de género do México, que exigem que os partidos políticos apresentem um número igual de candidatos masculinos e femininos.
Inicialmente, em maio, o partido tinha registado 25 homens e 17 mulheres na lista para o estado de Tlaxcala. Falhando com a lei de paridade de género, foram dadas 48 horas ao partido para substituir quatro dos seus candidatos masculinos.
Em vez disso, quatro deles mudaram de género na candidatura, tecnicamente igualando a representatividade de géneros. Além disso, outros 14 candidatos do Fuerza Por México para cargos inferiores também mudaram o seu género de masculino para feminino.
“Nós, mulheres transsexuais, que declaramos que somos mulheres durante o dia e à noite, isto afeta-nos muito”, disse Valeria Lorety Díaz, que concorre à presidência municipal do Partido Verde do México na pequena cidade de Zacatelco. “Sinceramente, dói-me tanto saber que o meu próprio estado, tão pequeno, aceita este tipo de mentira”.
“Espero que as autoridades resolvam isto em breve, que investiguem a fundo os casos destas pessoas que se fazem passar por mulheres”, acrescentou.
O Fuerza Por México está agora a ser acusado de fraude eleitoral, enquanto as identidades dos candidatos que alegadamente mudaram de género estão a ser mantidas em segredo, supostamente para proteger a privacidade de dados.
Em declarações à estação televisiva Televisa, o presidente estadual do partido, Luis Vargas, garante que as mudanças de género “não são falsas”.
Vargas parece ter sugerido que os 18 candidatos locais eram travestis nas suas vidas pessoais e isso permitiu que eles se registassem como mulheres.
“No dia a dia, na vida pública, eles não são mulheres, são?”, questionou Paola Jiménez, coordenadora da Rede Mexicana de Mulheres Trans, em Tlaxcala. “E para nós que somos mulheres transsexuais e o que vivemos, a discriminação, as agressões, o assédio nas ruas. É realmente preocupante porque vivemos a nossa identidade todos os dias e vivemos todos os dias com violência e discriminação”.
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