O vídeo foi gravado por um grupo de conservação ambiental
depois de uma onda de calor no Noroeste Pacífico que fez as temperaturas
da água atingirem os 21 graus Celsius.
De acordo com o jornal The Guardian, os salmões do rio Columbia,
na América do Norte, foram recentemente expostos a temperaturas
insuportáveis, o que lhes provocou feridas e infeções fúngicas.
No vídeo, divulgado esta terça-feira pela organização sem fins
lucrativos Columbia Riverkeeper, pode ver-se um grupo de salmões
vermelhos a nadar com ferimentos no corpo, que a associação diz serem
resultado do stress e do sobreaquecimento.
Os salmões estavam a nadar rio acima, vindos do oceano, para
regressar às suas áreas de desova, quando inesperadamente mudaram a sua
rota, explicou Brett VandenHeuvel, diretor executivo da Columbia
Riverkeeper. Segundo este responsável, foi a forma encontrada para “escapar de um prédio em chamas”.
A organização gravou o vídeo depois de uma onda de calor no Noroeste
Pacífico, num dia em que as temperaturas da água atingiram os 21 graus
Celsius, uma temperatura que pode ser letal para estes peixes se forem
expostos a ela durante longos períodos.
VandenHeuvel comparou a situação a alguém a tentar correr uma
maratona com temperaturas acima dos 38 graus. “A diferença é que isto
não é um passatempo para os salmões. Eles não têm escolha. Ou conseguem
sobreviver ou morrem”, declarou.
Segundo o jornal britânico, os salmões que aparecem no vídeo não
serão capazes de se reproduzir no afluente e morrerão, provavelmente, de
doença e stress provocados pelo calor.
“É desolador ver animais a morrer de forma tão pouco natural. E pior, pensar na causa dessa morte. Este é um problema causado pelo ser humano e faz-me realmente pensar no futuro”, lamentou VandenHeuvel.
“Vejo isto como uma visão profundamente triste do nosso futuro. Mas
também o vejo como um apelo para agir. Há medidas que podemos tomar para
salvar o salmão, para arrefecer os nossos rios. Se este vídeo não
inspira uma reflexão séria, não sei o que o fará.”
Este é mais um exemplo da tragédia causada pela recente onda de calor
na América do Norte, que matou centenas de pessoas nos Estados Unidos e
no Canadá e terá causado também a morte de mais de mil milhões de animais marinhos.
O Governo dos Estados Unidos quer que os vários estados
norte-americanos ofereçam um cheque de 100 dólares aos cidadãos que se
vacinem contra a covid-19.
De acordo com a imprensa norte-americana,
o Governo de Joe Biden quer que os vários estados sigam o exemplo de
Nova Iorque e ofereçam um cheque de 100 dólares (cerca de 84 euros) aos
cidadãos que se vacinem contra a covid-19.
A atribuição de incentivos em dinheiro é uma das
medidas do novo plano do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para
motivar os norte-americanos a tomarem a vacina e combater a grande
resistência à vacinação.
Além disso, a administração Biden quer também que os funcionários das
agências federais sejam obrigados a revelar ao empregador se estão
vacinados ou não. Caso recusem a vacina, serão obrigados a realizar
testes frequentemente para trabalhar.
O The New York Timesescreve
que a ideia do governo federal passa por convencer os governadores dos
50 estados norte-americanos a adotar este esquema de incentivos e que o
financiamento para o programa poderá vir dos pacotes de apoio financeiro que estão a ser entregues aos estados — com um valor de 350 mil milhões de dólares.
“Algumas pessoas vão considerar a oferta insultuosa, outras vão usá-la como prova de que a vacina não é boa“, alertou a antropóloga Elisa Sobo, que tem estudado o fenómeno da resistência às vacinas.
A ideia assenta, no entanto, em algumas experiências que já estão a ser aplicadas. como é o caso da autarquia de Nova Iorque.
Um aglomerado de safiras estrela do mundo foi encontrado num
quintal no Sri Lanka. A pedra é azul, pesa 510 quilos e estima-se que
valha cerca de 84 milhões de euros.
A pedra foi encontrada por trabalhadores que estavam a escavar um poço em casa de um homem identificado apenas pelo nome Gamage que não quis revelar o seu nome completo nem a sua localização da casa por razões de segurança.
Sabe-se apenas que se situa na cidade de Ratnapura — que significa
cidade das joias, em cingalês — uma zona rica em pedras preciosas.
“A pessoa que estava a cavar o poço alertou-nos sobre algumas pedras
raras. Mais tarde tropeçámos neste espécime enorme”, explica Gamage, em
declarações à BBC.
O dono da pedra, que trabalha com estes objetos valiosos, só agora
certificou a descoberta depois de ter levado mais de um ano a limpar a
pedra, pois esta estava coberta de lama e outras impurezas.
Durante o processo, algumas pedras caíram do aglomerado e foram identificadas como sendo safiras estrela de alta qualidade.
“Nunca tinha visto uma espécie tão grande antes. Foi provavelmente,
formada há cerca de 400 milhões de anos”, descreve à BBC o gemólogo Gamini Zoysa.
“É um espécime especial de safira estrela,
provavelmente o maior do mundo“, afirma ainda Thilak Weerasinghe, o
presidente da Autoridade Nacional de Joias e Pedras Preciosas do Sri
Lanka. “Dado o tamanho e o seu valor, pensamos que irá interessar a
colecionadores privados ou museus”, acrescenta.
Os especialistas também apontam, no entanto, que embora o espécime tenha um alto valor em quilates, todas as pedras dentro do cluster podem não ser de alta qualidade.
No ano passado, o país faturou cerca de meio bilhão de dólares com a exportação de gemas, diamantes lapidados e joias.
Os quatro polícias norte-americanos que testemunharam na
principal comissão de inquérito do Congresso dos EUA sobre a invasão do
Capitólio, foram ridicularizados nos canais de televisão ligados à
direita radical e dizem que receberam ameaças de apoiantes de Donald
Trump.
Numa entrevista ao CNN, o agente Michael Fanone,
da polícia de Washington D.C., divulgou uma mensagem de áudio que diz
ter recebido no seu telemóvel na terça-feira, no momento em que
respondia às perguntas da comissão especial da Câmara dos Representantes
dos EUA.
Na gravação ouvem-se várias ofensas ao polícia, e o autor pergunta a Michael Fanone se está a tentar vencer um Emmy ou um Óscar, sugerindo que os testemunhos dos agentes não foram verdadeiros.
“És um mentiroso de m… Então e a escumalha dos
pretos que andaram a destruir, a queimar e a roubar as nossas cidades e a
agredir polícias e a matar civis? Não dizes nada sobre isso, c…?”,
ouve-se na gravação.
“Quem me dera que vos tivessem matado a todos no Capitólio, porque
vocês são todos uma escumalha. Eles roubaram a eleição ao Trump e vocês
sabem isso. É pena que não te tenham espancado ainda mais. És um maricas
de m…”
Michael Fanone, de 40 anos, entrou para a polícia na
sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e passou
grande parte da carreira a investigar o tráfico de droga e a
criminalidade violenta em Washington D.C.
Na terça-feira, na comissão de inquérito, contou que foi espancado e submetido a vários choques com uma arma durante a invasão do Capitólio.
Fanone contou ainda que ouviu os atacantes a dizerem que o iam matar
com a sua própria arma. As agressões puseram-no inconsciente e, já no
hospital, os médicos disseram-lhe que tinha sofrido um ataque cardíaco.
Embora sejam muitos os relatos de agressões violentas, os canais que
sempre apoiaram o ex-Presidente dos EUA desvalorizaram as acusações dos
agentes e retrataram-nos perante milhões de telespectadores como atores pagos para prejudicarem Donald Trump e o Partido Republicano, escreve o Público.
Para além de Michael Fanone, a comissão de inquérito ouviu também os
agentes Daniel Hodges. Aquilino Gonell e Harry Dunn, um afro-americano
que integra a polícia do Capitólio e que diz ter sido alvo de agressões e
insultos racistas.
A comissão de inquérito que está a investigar a invasão do Capitólio
foi criada por iniciativa da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
No dia 6 de Janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump marcharam
até ao Capitólio depois de terem assistido a um discurso do então
Presidente dos EUA junto à Casa Branca, onde lhes foi pedido que
impedissem “o roubo” e que não desistissem de “lutar” contra a
certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Um médico sírio foi acusado na Alemanha de crimes contra a
humanidade por supostamente torturar e matar pessoas em hospitais
militares no seu país de origem, informaram os promotores na
quarta-feira.
O Ministério Público Federal de Karlsruhe disse em comunicado que
Alla Mousa, na Alemanha desde 2015 e detido no ano passado, foi acusado
de 18 crimes de tortura em hospitais militares nas cidades sírias de
Homs e Damasco, noticiou o Guardian. As acusações incluem homicídio e lesão corporal grave.
De acordo com promotores, após o início da oposição contra o
Presidente sírio Bashar al-Assad, em 2011, os manifestantes eram
frequentemente detidos e torturados. Civis feridos, considerados membros
da oposição, eram levados para hospitais militares, onde eram
torturados.
Em fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro da polícia
secreta de Assad por facilitar a tortura de prisioneiros. Eyad Al-Gharib
foi condenado a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade em crimes
contra a humanidade.
O médico sírio é acusado de verter álcool sobre os órgãos genitais de
dois homens, ateando fogo de seguida. É ainda acusado de torturar
outras nove pessoas, em 2011, e de ter espancado um recluso que estava
ter um ataque epiléptico. Poucos dias depois, administrou-lhe-lhe um fármaco, tendo este morrido sem ser determinada a causa exata.
A acusação lista outros casos de tortura. Mousa também é acusado de
abusar de internos no hospital militar de Mezzeh, em Damasco, entre o
final de 2011 e março de 2012.
“Crimes graves contra a sociedade civil da Síria não acontecem apenas
nos centros de detenção dos serviços de inteligência. O sistema de
tortura e extermínio (…) é complexo e só existe graças ao apoio de uma
ampla variedade de atores”, disse o secretário-geral do Centro Europeu
para os Direitos Constitucionais e Humanos, Wolfgang Kaleck.
“Com o julgamento [de Mousa], o papel dos hospitais militares e das
equipas médicas neste sistema pode ser abordado pela primeira vez”,
disse, acrescentando: “A violência sexual está a ser usada como arma
contra a oposição na Síria”.
A recente onda de calor na América do Norte é mais um exemplo
de que apesar de ser um problema global, as alterações climáticas não
vão afectar todos igualmente e podem exacerbar injustiças sociais e
económicas já existentes.
As alterações climáticas já estão a fazer estragos um pouco por todo o
mundo, entre as recentes cheias no norte da Europa e na China ou a onda
de calor e os incêndios na América do Norte. Já dizia George Orwell que
se todos os animais são iguais, há alguns mais iguais que outros, e
esse parece ser o caso quando o assunto é quem vai sofrer mais com as
alterações climáticas.
No mundo inteiro, mais de 166 mil pessoas morreram
em ondas de calor entre 1998 e 2017, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde. Isto torna o calor uma das maiores causas de morte dentro dos
desastres relacionados com o tempo. No entanto, o seu impacto continua a
ser muitas vezes subestimado, já que as certidões de óbito geralmente
registam a causa de morte sem referir a associação ao calor extremo.
As ondas de calor mais fatais costumam ocorrer em cidades com um
clima temperado que são inesperadamente expostas a temperaturas
extremas, como aconteceu em Paris em 2003, quando morreram 14 mil
pessoas. A recente onda de calor na costa oeste dos EUA casou também 116 mortes só no estado do Oregon.
Para ajudar a reduzir o risco de insolação, os planeadores urbanos,
climatólogos e meteorologistas estão a trabalhar para identificar as
zonas mais vulneráveis. As pesquisas mostram que as minorias étnicas e comunidades pobres vão ser desproporcionalmente afectadas por ondas de calor, especialmente nos Estados Unidos.
Esta diferença explica-se pelo redlining,
uma práctica histórica nos EUA e no Canadá que barrava a compra a negros
em comunidades mais desenvolvidas e que segregou as minorias a zonas
urbanas mais pobres. O termo foi criado pelo sociólogo John McKnight
nos anos 60 visto que o governo desenhava uma linha vermelha no mapa à
volta dos bairros onde não iam investir devido aos dados demográficos.
Mas o legado do redlining vai para além da discriminação no
acesso à habitação. Os efeitos desta política no crime já eram
conhecidos, devido à concentração de comunidades negras em zonas mais
pobres e também com a maior probabilidade de envenenamento por chumbo,
que está associado a atrasos cognitivos e delinquência.
O jovem Freddie Gray, cuja morte às mãos da polícia em 2015 motivou
protestos e motins em Baltimore, é um exemplo mediático de intoxicação
por chumbo associada ao redlining. Os efeitos destas políticas racistas ainda se sentem hoje em dia, visto que muitas das grandes cidades norte-americanas continuam extremamente segregadas, e notam-se correlações entre as comunidades mais pobres e com menores esperanças de vida e as zonas onde vivem mais negros.
Apesar das ondas de calor também afectarem as zonas rurais, as
cidades geralmente sofrem mais. Isto acontece por causa do efeito de ilha de calor urbano,
visto que os materiais de que são feitas as ruas e os edifícios causam
um aumento de temperatura maior do que áreas mais frondosas.
Muitas das comunidades onde vivem minorias aquecem mais por estarem
em zonas com muito asfalto, enquanto a população branca geralmente
beneficia da proximidade de zonas verdes e parques. “É muito chocante.
Temos de nos perguntar porque é que estes padrões são tão consistentes e universais“, revela a cientista Angel Hsu, da Universidade da Carolina do Norte, à Nature.
A cientista do clima gere um grupo que analisa dados para soluções
climáticas e o racismo que determina quem sofre mais com o calor ficou
claro. Num dos maiores estudos
até agora que avaliou as diferenças na exposição ao calor nos EUA, a
equipa de Angel Hsu combinou as medidas de satélites sobre as
temperaturas urbanas com os dados demográficos dos Censos em 175 cidades
americanas.
Já se esperavam grandes diferenças, mas Hsu ficou chocada. Em 97% das cidades, as minorias foram expostas a temperaturas um grau mais altas,
em média, do que as comunidades brancas. “Temos provas sistémicas e
difundidas do racismo ambiental relativo à exposição ao calor urbano.
Não achava que fosse basicamente universal”, afirma.
Um outro estudo
de 2018 mostrou que as temperaturas nas áreas separadas nos mapas do
redlining são em média 2.6 graus mais altas em 108 áreas urbanas nos
Estados Unidos, como resultado de decisões como construir auto-estradas e
zonas industriais nas comunidades de minorias étnicas.
As comunidades hispânicas nos EUA estão também expostas a mais poluição aérea
do que aquela que produzem, ao contrário da população branca, que
respira ar de melhor qualidade apesar de ser mais poluidora, de acordo
com um estudo de 2019.
Uma investigação
de 2017 concluiu também que as comunidades negras que vivem nas zonas
na costa do sul dos EUA estão sob um risco desproporcional de sofrer com
o aumento do nível das águas do mar.
As desigualdades raciais também se traduzem em menos recursos para
lidar com as alterações climáticas. Mais de 30% dos negros de Nova
Orleães não tinha carro para poder evacuar quando o Furacão Katrina
atingiu a cidade em 2005, de acordo com um estudo
de 2008. A população negra da cidade caiu depois do Katrina, pois
muitos residentes não tinham condições económicas para regressar à
cidade.
De acordo com a socióloga ambiental Dorceta Taylor, o mundo do activismo climático tem sido dominado historicamente por homens brancos, citada pelo Washington Post. Um estudo
de 2014 da Iniciativa pela Diversidade Verde mostrou que só 12% dos
membros das fundações e organizações não-governamentais ambientais
pertenciam a minorias.
Um problema global
Mas dada a escala planetária das alterações climáticas, este não é só
um problema nos Estados Unidos. No Qatar, muitos imigrantes que
trabalham na indústria da construção morreram por falhas cardiovasculares causadas por golpes de calor. Cerca de 6500 imigrantes que trabalham na preparação do Mundial de 2022 no país já morreram.
Já em Banguecoque, capital da Tailândia, um inquérito
a 505 residentes realizado durante a estação quente em 2016 concluiu
que as pessoas com rendimentos mais baixos tinham uma maior
probabilidade de sofrer stress térmico do que quem vive com rendimentos mais altos.
Em Madagáscar, mais de um milhão de pessoas estão a sofrer com aquela
que está a ser considerada a primeira escassez de alimentos na história
moderna causada pelas alterações climáticas. Em resposta à fome, um executivo das Nações Unidas afirmou que uma “área do mundo que em nada contribuiu para as alterações climáticas” está agora a “pagar um preço alto”.
Muitos países em desenvolvimento estão a sofrer bastante com as
consequências das mudanças no clima, apesar de não serem os principais
poluidores. Uma estudo
deste ano concluiu que os dez países que mais devem sofrer os impactos
são: Singapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Bostwana,
Geórgia, Coreia do Sul e Tailândia.
A crise climática também está a exacerbar a desigualdade entre homens e mulheres. De acordo com dados das Nações Unidas citados pela BBC, 80% das pessoas que tiveram de se deslocar devido ao clima eram mulheres.
Há já algumas estratégias de combate às desigualdades sociais que a
crise climática está a expor. Muitas cidades nos EUA estão agora a ter
em conta a igualdade térmica no planeamento urbano ao
pintar os telhados de branco ou plantar mais árvores em zonas que tinham
sido historicamente discriminadas. Há também metrópoles a dar apoios
financeiros a residentes para ajudar a pagar as contas energéticas no
Verão.
Uma abordagem é manter parques abertos mais horas durante ondas de
calor, para que as pessoas que vivem em casas mais quentes possam ir a
um lugar mais fresco. Na Índia, em Ahmedabad, começaram a enviar alertas públicos quando as previsões da temperatura ultrapassassem os 41 graus depois de uma onda de calor em 2010. Um estudo concluiu que a estratégia salvou em média 1190 vidas por ano.
Já em Paris, há um programa para tornar os recreios das escolas
públicas em lugares de refresco, em especial nos subúrbios, onde vivem
mais minorias raciais.
Os recentes fenómenos extremos, como as cheias na China e no Norte da
Europa e os incêndios em Itália ou nos Estados Unidos, têm posto a nu as desigualdades
sociais e económicas das vítimas das alterações climáticas a uma escala
global. Resta saber se os líderes mundiais vão conseguir unir-se para
reverter esta tendência.
O estilo de vida de três norte-americanos leva a uma emissão
de carbono suficiente para matar uma pessoa, revelou um novo artigo,
concluindo ainda que as emissões de uma única usina a carvão podem
causar mais de 900 mortes.
A análise, publicada na Nature Communications e citada esta quinta-feira pelo Guardian, baseou-se no “custo social do carbono”,
um valor monetário atribuído aos danos causados por cada tonelada de
dióxido de carbono, estabelecendo um número estimado de mortes derivadas
dessas emissões.
O relatório inclui dados de vários estudos de saúde pública,
constatando que, para cada 4.434 toneladas métricas de CO2 projetadas
para a atmosfera para além da taxa de emissões de 2020, uma pessoa no
mundo morrerá prematuramente devido ao aumento da temperatura. Este CO2
adicional é equivalente às emissões de 3,5 norte-americanos.
A adição de mais 4 milhões de toneladas métricas acima do nível de
2020, produzida em média pelas usinas a carvão média dos Estados Unidos
(EUA), custará 904 vidas até o final do século. Numa maior escala, a
eliminação das emissões – que causam o aquecimento do planeta – até 2050
salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século.
O número estimado de mortes devido às emissões não são definitivos,
visto que representa apenas mortalidade associada ao calor, deixando de
fora as cheias, os ciclones e outros impactos da crise climática, referiu Daniel Bressler, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, autor do artigo.
Esta pesquisa ilustra as disparidades nas emissões geradas pelo
consumo em diferentes países. Embora sejam necessários 3,5
norte-americanos para criar emissões suficientes para matar uma pessoa,
seriam necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para fazer o mesmo,
concluiu o estudo.
Gernot Wagner, economista do clima da Universidade de Nova Iorque,
não envolvido na pesquisa, disse que o custo social do carbono é uma
“ferramenta política crucial”, mas é também “muito abstrato”.
Para Bressler, embora o seu artigo analise as emissões causadas por
atividades individuais, o foco deveriam ser as políticas que impactam as
empresas e os governos, que influenciam a poluição de carbono numa
escala social.
“Na minha opinião as pessoas não deveriam levar as suas emissões por
pessoa para o lado pessoal. As nossas emissões [derivam] em grande parte
da tecnologia e da cultura dos locais onde vivemos”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Federação de Cientistas Americanos (FAS)
publicou um relatório no qual denuncia a existência de um campo de
instalações nucleares perto da cidade de Hami, na província chinesa de
Xinjiang. Estarão a ser construídos 110 novos silos para mísseis
balísticos no local.
Os Estados Unidos estão preocupados com os riscos da expansão nuclear
da China e insistem que esta se deve manter comprometida com a
estratégia de “dissuasão mínima”, após a divulgação de um relatório que denuncia a existência de um campo de instalações nucleares perto a cidade de Hami.
“Apesar do secretismo da República Popular da China, esta construção acelerada [de silos] torna-se cada vez mais difícil de esconder
e demonstra como o país está a desviar-se de décadas de uma estratégia
nuclear baseada na dissuasão mínima”, acusou o Departamento de Estado
norte-americano, em comunicado enviado à CNN.
O Público destaca que a FAS considera que a capacidade nuclear combinada das instalações de Hami e de Gansu corresponde “à expansão mais significativa de sempre do nuclear arsenal chinês”. As instalações de Gansu tem outros supostos 119 silos e foram reveladas em junho pelo think tankJames Martin Center for Nonproliferation Studies.
“O programa chinês de silos para mísseis constitui a maior produção de silos desde a produção dos EUA e da União Soviética durante a Guerra Fria”, lê-se no documento.
“O número de novos silos chineses excede o número de ICMB [mísseis
balísticos intercontinentais] em silos operados pela Rússia e constitui
mais de metade da capacidade total de ICBM dos EUA”, acrescenta ainda.
O Comando Estratégico dos Estados Unidos reagiu às novas revelações e lembrou que “é a segunda vez em dois meses
que o público descobre o que temos vindo a dizer há muito tempo sobre a
crescente ameaça que o mundo enfrenta e o véu de sigilo que a rodeia”.
O campo de silos de Hami tem cerca de 800 quilómetros quadrados e o
campo de Gansu terá aproximadamente 380 quilómetros quadrados.
O facto de os silos estarem colocados em Xinjiang, longe da costa,
garante que não podem ser atingidos pelos mísseis de cruzeiro
disparados pelos navios de guerra norte-americanos estacionados no
Oceano Pacífico.
“[O relatório] tem provas bastante convincentes das intenções da China para expandir significativamente o seu arsenal nuclear, de uma maneira mais rápida do que aquela que muitos analistas previam”, reagiu Adam Ni, diretor do China Policy Center, em Canberra, Austrália.
Um alemão foi obrigado a retirar uma figura de madeira de um
cemitério, que seria para homenagear o seu falecido pai, por ter
semelhanças com o antigo ditador nazi.
As autoridades do município de Weil im Schönbuch, na Alemanha,
ordenaram que a estátua erguida por um cidadão para supostamente
homenagear o seu falecido pai fosse removida do cemitério, depois de
terem recebido várias queixas de que esta tinha muitas semelhanças com Adolf Hitler, conta o The Independent.
Além das parecenças com o antigo ditador nazi, a figura de madeira,
que alegadamente representa Ewald E., um carpinteiro que morreu em 2013,
apresenta o número 88 no peito, que por acaso também é o código
numérico para “Heil Hitler” (uma vez que a letra H é a oitava do
alfabeto).
O filho Oliver, de 51 anos, revelou a figura no início deste mês e
desde então que o presidente da Câmara da cidade, Wolfgang Lahl, tem
recebido queixas. “Em poucos dias recebi meia dúzia de reclamações de cidadãos preocupados com esta figura de madeira”, disse o autarca ao jornal alemão Bild.
A estátua foi posteriormente removida, mas o alemão insiste que o
número 88 é uma referência ao número da porta da casa onde o pai vivia.
Ao mesmo jornal alemão, o seu advogado afirmou que “o senhor E. não é
nazi” e que “o seu pai trabalhou num clube de futebol durante 30 anos”.
Segundo o jornal britânico, já foi aberta uma investigação
sobre a estátua, com a polícia a informar que está relacionada com a
suposta utilização de símbolos relativos a organizações
inconstitucionais.
“Sabemos quem é o dono da estátua, mas ainda não sabemos o que está
por trás dela”, disse um porta-voz da polícia ao canal alemão T-Online.
Tal como recorda o Independent, a Alemanha proíbe exibições
públicas da simbologia nazi, incluindo suásticas e símbolos da SS, e
ainda saudações e declarações nazis como “Heil Hitler”.
Curtis Flowers foi julgado seis vezes pelo mesmo promotor de
justiça. Um programa de investigação mudou o seu destino. O promotor
continua a acreditar que Curtis é culpado.
A própria equipa responsável pelo 60 Minutes, programa da CBS que já se estreou há 53 anos, admite que nunca se tinha cruzado com um caso como este. O protagonista é Curtis Flowers.
O norte-americano, negro (será importante mais à frente, neste artigo), é de Mississippi e já foi julgado…seis vezes. Sempre por causa do mesmo crime e sempre pelo mesmo promotor de justiça, Doug Evans.
Em julho de 1996, foram encontradas quatro pessoas mortas dentro de uma loja em Winona,
estado do Mississippi. A proprietária e três pessoas que eram
funcionárias na loja. Todas assassinadas com tiros na cabeça. Desde cedo
a polícia local foi pressionada a encontrar o culpado mas ninguém tinha
visto o que acontecera.
Curtis Flowers tinha trabalhado naquela loja durante três dias, naquele verão de 1996. Foi despedido duas semanas antes do crime porque tinha deixado de aparecer na loja. Porque tinha sido despedido e porque devia 30 dólares à proprietária, foi considerado suspeito – pela polícia e pelos familiares das vítimas.
Meses depois, e apesar de um interrogatório oficial da polícia, nada
aconteceu. Curtis mudou-se para o Texas, onde passou a viver com a sua
irmã. Até que a polícia apareceu em sua casa, com um mandato de detenção
emitido em Mississippi. Os agentes explicaram que era suspeito do
homicídio de quatro pessoas; Curtis ainda perguntou aos polícias se
tinham a certeza de que estavam a prender a pessoa certa.
A arma do crime não foi encontrada, não foram recolhidos registos de
impressões digitais ou de ADN. Mas o painel de jurados terá demorado
apenas uma hora para decidir: Curtis é culpado. Foi preso aos 27 anos, condenado a pena de morte.
Recurso apresentado e decisão revertida.
Mas Curtis Flowers voltaria a ser julgado mais cinco vezes,
por esse crime. Sempre pelo promotor de justiça Doug Evans. Um processo
inédito na história da Justiça dos Estados Unidos da América.
Nos três primeiros julgamentos, a decisão repetiu-se: Curtis foi o
assassino. Mas houve três recursos e sempre com o mesmo desfecho:
decisão anulada devido a má conduta do Ministério Público – deturpação de provas por parte do promotor e discriminação na seleção dos jurados.
Brancos vs. negros e o podcast
Na contabilidade dos jurados, no primeiro julgamento os 12 eram
brancos; no segundo, terceiro e último havia um negro em cada painel; no
quinto apareceram três negros; e no quarto eram 7-5, com maioria
branca.
Neste quarto julgamento, em 2007, houve claramente uma divisão entre as raças – os sete brancos declararam que Curtis era culpado,
os cinco negros indicaram que Curtis era inocente. No total, 61 jurados
brancos e 11 negros – e os 61 brancos votaram sempre culpado.
E o promotor Doug Evans continuou a “perseguir” Curtis. Nada no
sistema dos EUA impede essa repetição de processos, por parte do mesmo
promotor.
O sexto e último julgamento, em 2010, voltou a terminar com a sentença de pena de morte. Mas a equipa do podcast ‘In the Dark‘, depois de receber um e-mail sobre este caso, decidiu investigar o assunto. Foi até Winona, ficou lá durante um ano a bater às portas e a entrevistar centenas de pessoas.
Não havia uma única prova concreta que apontasse para a incriminação de Curtis. As “testemunhas”, na verdade, estavam a ser condicionadas nos seus depoimentos. Ninguém ligou à polícia naquele dia, a dizer que tinha visto alguém suspeito a caminhar em direção à loja.
Os agentes da lei chegavam junto dessas pessoas, eles próprios
apresentavam a narrativa e as “testemunhas” diziam que sim, confirmavam a
versão: “Os polícias chegavam à minha beira e diziam logo: ‘Eu sei que você viu o Curtis naquele dia‘” – e não tinha visto.
Até que encontraram Clemmie Fleming, que tinha dito oficialmente que tinha visto Curtis a fugir da loja, no dia do crime. Repetiu essa versão cinco vezes. Mas, em entrevista à equipa do podcast, Clemmie admitiu que, afinal, não sabia ao certo o
dia em que viu Curtis a correr. Clemmie contou que, mais tarde, disse
aos promotores que não tinha a certeza do dia em que tinha visto Curtis a
correr – mas “não quiseram saber”.
Odell Hallmon foi outra pessoa importante nesta investigação. Odell assegurou que Curtis lhe tinha confessado que era o autor dos homicídios. Mas, ao podcast, disse que tinha inventado essa história para chegar a acordo com os promotores para evitar penas de prisão por múltiplas acusações criminais.
As investigações do ‘In the Dark’ continuaram e a equipa descobriu que há muitos anos que o promotor Doug Evans afastava pessoas negras dos júris.
Depois da emissão do programa, em 2019, o Supremo Tribunal dos EUA
decidiu que Doug Evans e o próprio estado do Mississippi tinham violado os direitos constitucionais de Curtis Flowers – que saiu da prisão meio ano depois.
Foram 23 anos atrás das grades. Muitos deles no «corredor da morte», à espera.
E, para o tal promotor de justiça Doug Evans, Curtis ainda deveria
estar preso. Em entrevista ao 60 Minutes, o promotor explicou que
colocou Curtis em tribunal seis vezes porque “sabia” que ele era culpado. “Eu sabia e as famílias das vítimas sabiam. E elas merecem que seja feita justiça”.
Doug Evans considera que nenhuma das testemunhas alterou o seu
discurso. Ou melhor, podem ter alterado a sua versão mas, como não foi
em tribunal e sob juramento, não conta.
Doug Evans nunca ouviu a emissão famosa do podcast – mas está convencido de que esse programa foi orquestrado para retirar crédito ao seu caso.
A península do Alasca, a oeste dos Estados Unidos, foi
atingida por um sismo de magnitude 8.2 na noite de quarta-feira (7h15 de
quinta-feira em Lisboa) e já foi lançado um alerta de tsunami na
região.
De acordo com a Reuteurs,
um sismo de magnitude 8.2, com profundidade de 35 quilómetros, foi
sentido na Península do Alasca, seguido de um alerta de tsunami.
Até ao momento, não foram registados casos de destruição de edifícios nem perdas de vida, dizem as autoridades locais.
Enquanto o Centro Nacional de Alertas de Tsunami (NTWC, na sigla em inglês), no Alasca, lançou o alerta de tsunami na zona sul da península e na costa do oceano Pacífico, o Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico (PTWS,
na sigla em inglês) também o fez para o estado norte-americano do
Havai. Caso se tenha formado um tsunami, as primeiras ondas poderão
chegar ao Havai às 00h53 (11h53 de Lisboa), escreve o Observador.
“Com base nos dados disponíveis, pode ter-se gerado um tsunami
potencialmente destrutivo para as áreas costeiras, mesmo longe do
epicentro”, avisa o PTWS, numa nota dirigida ao estado norte-americano
do Havai.
O sismo ocorreu a cerca de 800 quilómetros de Anchorage, a maior cidade do Alasca, e foi seguido por sete réplicas
— duas acima da magnitude de 6.0 —, segundo o instituto de investigação
geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
(h) USGS
Em 27 de março de 1964, um sismo de
magnitude 9,2 abalou a região de Anchorage. Prolongou-se por vários
minutos e desencadeou uma onda destruidora ao longo de toda a costa
ocidental norte-americana, causando mais de 250 vítimas.
Só em 2021, aquela região registou mais de 25 mil sismos.
Um caso de homicídio ocorrido há 32 anos, que muitos
consideraram impossível de ser resolvido, foi finalmente desvendado (e
tudo graças à amostra de ADN mais pequena de sempre usada para decifrar
um caso).
De acordo com o site IFLScience,
embora as técnicas que tornaram este desfecho possível não sejam novas,
o que tornou o caso realmente extraordinário foi a quantidade de ADN
usada para descobrir o culpado: apenas 0,12 nanogramas. (o equivalente a 15 células humanas).
Em 1989, Stephanie Isaacson, de 14 anos, foi violada, espancada e
estrangulada até à morte quando ia a caminho da sua escola em Las Vegas,
nos Estados Unidos. O ADN do assassino foi encontrado na camisola da
jovem, mas todas as tentativas feitas ao longo dos anos para encontrar
uma correspondência foram infrutíferas.
Porém, há cerca de nove meses, uma empresa de sequenciamento de genoma sediada no Texas, chamada Othram, abordou o Departamento da Polícia Metropolitana de Las Vegas (LVMPD) com uma oferta.
A empresa explicou que recentemente tinha recebido uma doação anónima
que teria de ser usada para financiar a investigação de um caso
arquivado. Não importava qual seria, desde que viesse do LVMPD.
“O caso da Stephanie foi escolhido especificamente devido à quantidade mínima de evidências de ADN disponíveis”, explicou, numa conferência de imprensa, o tenente Ray Spencer.
“Como resultado, identificámos Darren Roy Marchand, que foi
positivamente identificado como a pessoa que violou e assassinou a
Stephanie”, acrescentou.
Ao longo de sete meses, a Othram construiu um perfil genético a
partir dos restos de ADN, que comparou com bancos de dados de
ancestralidade. Foi assim que os investigadores conseguiram corresponder
o ADN com o de um primo do alegado assassino.
A partir daí, identificaram o autor do crime, um homem que também já
tinha sido acusado, em 1986, de estrangular até à morte Nanette
Vanderberg, na época com 24 anos (o caso foi arquivado por falta de
provas e o suspeito suicidou-se nove anos depois).
“Quando conseguimos aceder a este tipo de informação a partir de uma
quantidade tão pequena de ADN, só mostra que isto realmente abre uma
oportunidade para muitos outros casos que foram arquivados e
considerados impossíveis de resolver”, disse o presidente-executivo da
Othram, David Mittelman, à cadeia britânica BBC.
O fim das restrições a 19 de Julho fez soar alarmes por toda a
Europa sobre o possível aumento exponencial de casos. Na verdade, o
número de novos casos tem vindo a descer e a baralhar os especialistas.
O mundo tem os olhos postos na evolução da pandemia em Inglaterra
depois do país ter desconfinado totalmente e abandonado o uso
obrigatório de máscaras. Voltou-se à vida pré-covid, com a abertura de
discotecas e pubs a 19 de Julho, naquele que foi apelidado como o “Dia da Liberdade” por Boris Johnson.
Apesar de 70% dos adultos já estarem totalmente vacinados, quase
metade da população ainda não terminou o processo de vacinação. Os
especialistas e o próprio governo esperavam um aumento exponencial de
novos casos, com algumas estimativas a apontar para a possibilidade de haver 100 mil novos casos diários, e havia preocupações no resto da Europa sobre um possível impacto além fronteiras.
Johnson
assumiu a jogada arriscada e afirmou mesmo que o aumento de casos era
“previsível” e que “tristemente” haveria mais mortes causadas por covid,
mas “a eficácia continuada da vacinação” dava confiança ao
primeiro-ministro britânico.
“Se
não podermos reabrir a nossa sociedade nas próximas semanas, quando
seremos ajudados pela chegada do Verão e pelas férias escolares, então
temos de nos perguntar quando é que vamos voltar ao normal?”, argumentou Boris Johnson.
Mas
nada disto está a acontecer, pelo menos por enquanto. O número diário
de novos casos em Inglaterra desceu durante sete dias seguidos, tendo só
subido ligeiramente ontem, quando o país registou cerca de 27.700 novos
casos, mais 4 mil do que anteontem. Mesmo com este aumento, os valores são quase metade do que eram há uma semana.
A grande maioria dos novos casos são da variante Delta. A 17 de
Julho, houve cerca de 54.600 novos casos, o valor mais alto desde
Janeiro. No entanto, houve uma descida semanal de 21,5% de novas
infecções, apesar do aumento de 27% dos internamentos e de 50% das
mortes, de acordo com o The Guardian. Se a tendência de descida de casos se confirmar, os internamentos e mortes devem também baixar em breve.
Estes números estão a baralhar os especialistas, com
muitos a perguntar-se se Inglaterra pode já ter alcançado a imunidade
de grupo, depois de três confinamentos e quase 130 mil mortes.
O Instituto Nacional de Estatística britânico aponta que 92% dos
adultos já tem anticorpos, ou por causa da vacina ou por terem estado
infectados, mas é importante realçar que ter anticorpos não é o mesmo
que ser totalmente imune. A quantidade de anticorpos criada quando já se
esteve infectado varia também muito de pessoa para pessoa.
O limiar da imunidade de grupo é traiçoeiro, já que depende de como o vírus e as pessoas se comportam. Em teoria, 85% da transmissão tem de ser quebrada para se combater a variante Delta e ainda é cedo para saber se este valor está a ser alcançado.
Euro 2020 e bom tempo podem explicar a descida
Stephen Griffin, professor da Universidade de Leeds, considera os dados “muito, muito estranhos” e sugere ao Washington Post
que podem ser uma consequência de um conjunto de factores, como o bom
tempo, o fim do Euro 2020, as pessoas seguirem as regras da quarentena
ou simplesmente evitarem fazer testes por quererem ir de férias.
O epidemiologista do Imperial College London, Neil Ferguson,
cujos modelos têm ajudado a determinar as políticas do governo,
acredita que a pandemia pode ser coisa do passado, mas é cauteloso.
Ferguson revelou à BBC que os efeitos do Dia da Liberdade podem ainda não se estar a fazer sentir e que pode haver um novo aumento se o tempo piorar.
“Ainda não acabou o risco. Mas a equação mudou fundamentalmente.
O efeito das vacinas tem sido enorme na redução do risco de
internamentos e mortes e estou confiante de que no final de Setembro ou
Outubro, a maior parte da pandemia vai estar nas nossas costas”, afirmou
o epidemiologista.
Uma
possível explicação de que a descida não se deve só a uma maior
imunização é o formato da curva. A descida a pique que se verificou
segue-se, normalmente, a um confinamento, devido ao corte repentino de
contactos sociais. Já uma descida causada pela imunização costuma ser
mais longa e só se verifica ao fim de várias semanas.
“Isto ainda pode acontecer, claro, se aquilo que estamos a ver for uma descida a curto-prazo, seguida de um novo aumento e descida“, explica o epidemiologista da Universidade de Edimburgo Rowland Kao, ao Guardian.
O fim do Euro 2020 também é uma teoria.
Durante o torneio, houve um aumento de casos entre homens com idades
entre 15 e 44 anos, mas a tendência reverteu-se depois da final.
Kao acredita que a ligação ao futebol é “inteiramente
plausível”, visto que na Escócia também houve uma descida de casos nas
semanas depois da eliminação do país do torneio.
A mini onda de calor que passou pelo
Reino Unido está também sobre a mesa, já que as infecções respiratórias
normalmente descem no Verão e aumentam no Inverno, assim como o fim das
aulas.
“A massa crítica de imunidade criada pelas vacinas e pela doença combinada com o bom tempo beneficiou o Reino Unido. Mas não devemos ser complacentes;
há muitas comunidades, especialmente em áreas desfavorecidas, onde a
vacinação tem um caminho longo a percorrer”, afirma Iain Buchan,
presidente da unidade de saúde pública da Universidade de Liverpool.
Boris Johnson também ainda não está a celebrar. Numa
declaração na terça-feira, o primeiro-ministro reparou nos “números
melhores”, mas reforça que é “muito, muito importante não nos deixarmos levar por conclusões prematuras“. “As pessoas têm de continuar cautelosas e essa continua a ser a abordagem do governo”, avisa.
O Ministro da Saúde, Sajid Javid, também disse que “ninguém sabe ao certo” a trajectória da pandemia, depois do ligeiro aumento que se registou ontem.
“Espero que as descidas que vimos sejam sustentadas.
Mas já vimos que com a variante Delta, as coisas podem mudar. Por isso,
acho importante continuar cauteloso e não demasiado optimista”, afirma.
O que esperar do futuro? De acordo com um artigo no The Guardian
de Graham Medley, professor da London School of Hygiene and Tropical
Medicine, não devemos saber se os casos já chegaram ao pico até daqui a
algumas semanas e o impacto de dia 19 não vai ser claro no número de
casos até à semana de 2 de Agosto.
O empresário norte-americano ofereceu 1,7 mil milhões de
euros à NASA numa tentativa de reacender a batalha espacial entre a sua
empresa, a Blue Origin, e a do “rival” Elon Musk, a SpaceX.
De acordo com a cadeia televisiva CNN, Jeff Bezos
enviou, esta segunda-feira, uma carta aberta ao administrador da NASA,
Bill Nelson, oferecendo-se para cobrir os avultados custos da agência
espacial norte-americana.
Em troca, o milionário espera que a sua empresa, a Blue Origin, possa
ser reconsiderada para entrar no projeto de construção do veículo que
levará os próximos astronautas à Lua.
Esta proposta inédita surge alguns meses depois de a NASA ter escolhido a SpaceX, do também milionário Elon Musk, para o projeto, num contrato que ficou fechado por 2,9 mil milhões de dólares.
“A Blue Origin irá preencher a lacuna de financiamento do orçamento do HLS (Human Landing System), renunciando a todos os pagamentos no atual e nos próximos dois anos fiscais até dois mil milhões de dólares [1,7 mil milhões de euros] para colocar o programa de volta”, frisou o também fundador da Amazon na missiva.
“Esta oferta não é um adiamento, mas uma renúncia definitiva e permanente a esses pagamentos. Esta oferta dá tempo para que as ações de apropriação do governo se recuperem”, cita ainda a CNN.
Bezos enfatizou repetidamente a necessidade de a agência espacial
promover uma competição saudável enquanto trabalha para regressar à Lua,
sugerindo que o Governo poderá arrepender-se se não o fizer.
“Sem competição, dentro de pouco tempo do contrato, a
NASA irá ver que tem opções limitadas enquanto tenta negociar prazos
perdidos, mudanças de projeto e o resvalar de custos”, escreveu.
“Sem competição, as ambições lunares de curto e longo prazo da NASA
serão adiadas, custarão mais e não servirão os interesses nacionais”,
assinalou ainda.
Na semana passada, Bezos também foi notícia por ter ido ao Espaço
a bordo do foguetão New Shepard, da sua empresa Blue Origin. À chegada,
o milionário agradeceu, “do fundo do coração”, a todos os clientes e
funcionários da Amazon por terem pagado o voo espacial privado, situação
que gerou muitas críticas.
Só na semana passada registaram-se cerca de 430 mortos e mais
de 1000 feridos associados a tiroteios, num ano que está a ser marcado
pelo aumento da violência armada nos Estados Unidos.
O ano passado foi o que teve mais mortes causadas por tiroteios nos
Estados Unidos nos últimos 20 anos, cerca de 43 mil. Mas 2021 pode
superar os dados de 2020, visto já terem havido cerca de 24 mi vítimas,
de acordo com a Gun Violence Archive (GVA).
Entre 17 e 23 de Julho, registaram-se 915 tiroteios nos EUA, que resultaram em pelo menos 430 mortos e mais de 1000 feridos.
O pior dia foi o Domingo, dia 18, com quase um em cada cinco incidentes
registados nesse dia, e cerca de 22.6% dos tiroteios aconteceram entre a
meia-noite e as três da manhã. Estes números traduzem-se numa média de
uma pessoa a levar um tiro a cada dez minutos, de acordo com a ABC.
Alguns dos incidentes que se tornaram violentos na semana passada
foram uma celebração da vitória da MBA dos Milwaukee Bucks, uma vítima
de violência doméstica a tentar fugir com uma criança, um grupo de
adolescentes num parque de estacionamento de uma igreja ou o acidente
que levou a que um jovem de 15 anos matasse um amigo de 13 enquanto os
dois jogavam videojogos.
“Esta semana é indicativa de um problema maior a longo-prazo que leva
a que as pessoas comecem a ter medo de ir a parques e centros
comerciais porque sabem que quando vão a um jogo de baseball, vai haver
um tiroteio de alguém que passe num carro. Tem sido uma semana dentro da
média e devíamos estar horrorizados“, conta Mark Bryant, director executivo da GVA, à ABC.
Mais de dois terços dos tiroteios aconteceram em locais onde mais de metade dos residentes pertence a uma minoria e 58.5% foram nas zonas mais pobres do país, onde o rendimento médio anual é menor do que 40 mil dólares. Cerca de 40% dos incidentes aconteceram no sul do país.
“A violência armada está altamente concentrada em bairros com níveis
altos de privação económica, trauma devido a violência passada e agora
com a covid, e com poucos acessos a recursos”, afirmou o especialista Jonathan Jay, da Universidade de Boston, citado pelo The Independent.
Este ano tem sido especialmente violento nos EUA, tanto que em Julho, Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, declarou um estado de emergência inédito
devido à violência armada. O Comissário da polícia nova-iorquina,
Dermot Shea, revela à ABC que a cidade sofreu um aumento de 73% nos
tiroteios em Maio em comparação com 2020 e que 97% das vítimas pertencem
a minorias étnicas.
“Os dados aqui em Nova Iorque mostram que há mais armas nos locais
dos tiroteios do que balas a ser disparadas. Tirar as armas é bom, mas
aquilo de que realmente precisamos é de tirar da rua o indivíduo que
possui a arma”, afirma, e reforça que as pessoas são mais corajosas e
insolentes quando estão armadas.
Apesar dos americanos terem comprado mais armas durante a pandemia, o criminologista Richard Rosenfeld revelou à CNN outras causas para o aumento da violência, como a ansiedade causada pela pandemia, a crise económica, e maior tensão entre as comunidades e a polícia desde os protestos em massa de 2020.
De acordo com uma sondagem
do Morning Consult-Politico, publicada em Abril, 64% dos inquiridos
apoia leis de armas mais restritas. No entanto, os Estados Unidos
continuam a ser de longe o país mais armado do mundo, com 121 armas em circulação por cada 100 residentes, de acordo com o Small Arms Survey.
Embora as sondagens mostrem que o aumento das restrições é popular,
muitos legisladores a nível estadual ou federal têm ignorado a vontade
popular. O lobby da Associação Nacional de Armas no Congresso através
das doações para as campanhas dos políticos é também bastante forte.
Durante a campanha no ano passado, Joe Biden mostrou ter uma agenda ambiciosa para combater a violência armada, que incluia banir as armas de assalto, comprar armas de volta e acabar com as protecções legais dos produtores de armamento.
No entanto, até agora pouco tem sido feito e as leis
que obrigariam à verificação dos antecedentes dos compradores de armas
não passaram além da Câmara dos Representantes.
Um novo estudo sobre os sinais vitais do planeta revelou que
muitos dos principais indicadores da crise climática estão a piorar e a
aproximar-se ou ultrapassar os pontos de inflexão, à medida que as
temperaturas aumentam.
No geral, o estudo descobriu que 16 dos 31 sinais vitais planetários
estudados, incluindo concentrações de gases de efeito estufa, quantidade
de calor do oceano e massa de gelo, atingiram novos recordes preocupantes, noticiou esta quarta-feira o Guardian.
“Há evidências crescentes de que nos estamos a aproximar ou já
ultrapassamos os pontos de inflexão associados a partes importantes do
sistema terrestre”, disse em comunicado William Ripple, ecologista da
Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos (EUA), coautor da
nova pesquisa.
De acordo com Ripple, “uma grande lição da covid-19 é que mesmo uma
redução colossal nos transporte e no consumo não é suficiente e que, em
vez disso, são necessárias mudanças no sistema”.
Embora a pandemia tenha paralisado as economias, o uso de combustível
fóssil diminuiu apenas ligeiramente em 2020. Contudo, a emissão de
dióxido de carbono, metano e óxido nitroso estabeleceu novos recordes,
tanto nesse ano como em 2021, segundo um relatório publicado na BioScience.
Este novo estudo constatou que os animais ruminantes,
uma fonte significativa de gases que aquecem o planeta, são agora mais
de 4 mil milhões, sendo a sua massa total maior do que a de todos os
humanos e animais selvagens juntos. A taxa de perda da Amazónia aumentou
em 2019 e 2020, atingindo 1,11 milhões de hectares desmatados em 2020.
A acidificação dos oceanos, combinada com as temperaturas mais altas,
ameaça os recifes de coral dos quais mais de milhões de pessoas
dependem.
Para mudar o curso da emergência climática, os autores indicaram que
são precisas mudanças profundas, sendo necessário estabelecer um preço
global para o carbono, que esteja vinculado a um fundo que financie
políticas de mitigação e de adaptação ao clima.
Os autores destacaram ainda necessidade de eliminar os combustíveis
fósseis e desenvolver de reservas globais para proteger e restaurar
sumidouros naturais de carbono e a biodiversidade. A educação climática também deve fazer parte dos currículos escolares em todo o mundo, frisaram.
O Presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, acusou na
terça-feira o seu homólogo russo, Vladimir Putin, de tentar interferir
nas eleições para o Congresso de 2022, espalhando “desinformação”.
“Veja o que a Rússia já está a fazer relativamente às eleições de
2022 e à desinformação”, disse Biden durante uma visita ao escritório do
diretor de inteligência nacional perto de Washington, referindo-se às
informações recebeu durante seu o ‘briefing’ diário. “É uma violação pura da nossa soberania”, referiu, citado pela agência Associated Press.
Putin tem “um problema, ele está sentado no topo de uma economia que
tem armas nucleares e nada mais”, disse Biden, acrescentando: “Ele sabe
que está realmente com problemas, o que o torna ainda mais perigoso, na
minha opinião.”
Biden expressou ainda preocupação com o recente aumento de ciberataques,
incluindo via ransomware, através dos quais ‘hackers’ obtêm dados
pessoais das vítimas e, em seguida, exigem dinheiro para que estas
tenham o acesso restaurado.
“Se terminarmos numa guerra (…) será consequência de uma violação cibernética”, afirmou igualmente.
Os EUA realizarão eleições no outono de 2022, nas quais todos os
assentos na Câmara dos Representantes e um terço dos assentos no Senado
estarão em votação.