Um uniforme de piloto da Força Aérea Real (RAF), usado na II
Guerra Mundial, foi descoberto embrulhado num pacote feito de folhas de
jornais e vai agora a leilão.
De acordo com a cadeia televisiva CNN, o pacote “misterioso” que continha o casaco e as calças do uniforme de piloto foi encontrado numa casa de uma vila de East Staffordshire, em Inglaterra.
Em comunicado, a casa de leilões Hansons Auctioneers, que agora vai
leiloar este uniforme, pensa que o pacote não terá sido aberto durante 70 anos, pois as folhas de jornais com que foi feito remontam a 1951.
A leiloeira inglesa acredita que o uniforme seria um dos que foram usados pela tripulação de pilotos da Força Aérea Real (RAF) até 1941 e pelo pessoal de terra até 1943.
O casaco, que tem botões de latão e um cinto, apresenta o emblema de
uma hélice de três pás na manga, o que, segundo a Hansons, mostra que se
tratava do uniforme de um piloto experiente.
Em declarações à CNN, Charles Hanson, dono da leiloeira,
contou que o pacote foi encontrado durante uma limpeza à casa em
questão, mais concretamente debaixo da cama de um idoso que tinha
falecido recentemente. A família acredita que o uniforme lhe terá
pertencido, ou então a um dos seus irmãos.
Desembrulhar este pacote foi como encontrar “um presente de Natal por abrir
de uma época esquecida”, disse o proprietário da casa de leilões,
acrescentando que se trata de “uma maravilhosa peça da história militar,
ainda em boas condições e perfeitamente usável”.
Além disso, as folhas de jornais onde se encontrava também são um
pedaço importante da História. “É fascinante olhar para este jornais
antigos, que são tão frequentemente encontrados em sótãos ou mesmo sob
tapetes velhos. Dão-nos uma valiosa lição de história social”, referiu.
O uniforme vai ser leiloado no próximo dia 24 de setembro e deverá ser vendido por um valor entre 200 a 300 libras, ou seja, cerca de 235 a 352 euros.
Israel vai avançar com a inoculação de uma terceira dose da
vacina contra a covid-19 em pessoas com mais de 60 anos, anunciou, esta
quinta-feira, o primeiro-ministro israelita, numa declaração transmitida
na televisão.
Confrontado nas últimas semanas com um aumento significativo de novos
casos, provocado pela rápida disseminação da variante Delta
(caracterizada como mais resistente e mais transmissível), o Estado
israelita vai avançar, a partir deste domingo, com uma “campanha de vacinação complementar”
que vai abranger pessoas com mais de 60 anos e que foram vacinadas com
as duas tomas inicialmente previstas há mais de seis meses, segundo
anunciou Naftali Bennett.
A vacina contra a covid-19 administrada em Israel é o fármaco
desenvolvido pelo grupo farmacêutico norte-americano Pfizer e pela
empresa alemã BioNTech. Com este anúncio, torna-se o primeiro país a
disponibilizar, em larga escala, uma terceira dose da vacina.
Muitos dos infetados com a nova variante Delta em Israel são pessoas
que já estavam vacinadas, o que fez soar os alarmes no país, que se
tornou nos primeiros meses deste ano um dos líderes mundiais ao nível da
vacinação contra a doença.
Mais de 57% dos cerca de 9,3 milhões de cidadãos de Israel já recebeu as duas doses da vacina Pfizer/BioNTech, e mais de 80% da população com mais de 40 anos foi inoculada com uma dose.
A estratégia de vacinação, que arrancou no final de dezembro de 2020,
permitiu a Israel ser um dos primeiros países a conseguir reabrir
várias atividades económicas.
Esta quarta-feira, a Pfizer afirmou que uma terceira dose da vacina pode aumentar “fortemente” a proteção
contra a variante Delta, inicialmente detetada na Índia e que
atualmente é predominante em diversos países, nomeadamente em Portugal.
Por exemplo, na faixa etária entre os 65 e os 85 anos, o grupo
farmacêutico indicou que, após a terceira inoculação, os níveis de
anticorpos aumentaram 11 vezes.
Em meados de julho, Israel também já tinha começado a administrar a terceira dose da vacina em pessoas consideradas mais vulneráveis.
“Há evidências crescentes de que os pacientes imunossuprimidos não
desenvolvem um nível satisfatório de anticorpos mesmo após as duas doses
da vacina. Alguns podem desenvolver esses anticorpos apenas após três
doses”, referiu o ministério, em comunicado.
“Diante do aumento do número de casos nas últimas semanas e do alto risco que representa para os pacientes imunossuprimidos com doenças graves, agora podem receber uma terceira dose da vacina”, informou.
Um relatório interno dos Centros de Controlo e Prevenção de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos indica que a variante Delta é tão
contagiosa como a varicela.
O jornal Washington Post teve acesso a este relatório interno do CDC, que indica que a variante Delta parece causar doença mais grave do que as outras variantes que já foram identificadas e que se propaga tão facilmente como a varicela.
O documento, que dá a entender às autoridades que têm de começar a
“reconhecer que a guerra mudou”, avança ainda com uma nota urgente, que
mostra que a comunicação deve ser reformulada para enfatizar a vacinação como a melhor defesa
contra uma variante tão contagiosa e que atua quase como um vírus
diferente, sofrendo mutações mais rapidamente do que o Ébola ou uma
gripe comum.
Segundo o mesmo jornal norte-americano, o relatório cita também uma
combinação de dados obtidos recentemente, que ainda não foram
publicados, que mostram que pessoas vacinadas que foram infetadas com a
variante Delta podem ser capazes de transmitir o vírus tão facilmente como aqueles que não estão vacinados.
As pessoas vacinadas que ficaram infetadas com a Delta, inicialmente
detetada na Índia, têm cargas virais semelhantes àquelas que não estão
vacinadas e estão infetadas com esta variante, pode ler-se ainda.
Os cientistas destes Centros de Controlo e Prevenção de Doenças
ficaram tão alarmados com a nova investigação que a agência, no início
da semana, mudou significativamente as orientações para os vacinados.
Agora, as recomendações voltam a apelar para que todos – quer estejam vacinados ou não – usem máscaras em locais públicos fechados em determinadas circunstâncias.
Uma parte desta apresentação declara que existe um risco maior de
hospitalização e morte entre os grupos etários mais velhos em comparação
com pessoas mais jovens, independentemente do seu estado de vacinação. E
que há 35 mil infeções sintomáticas por semana entre 162 milhões de
norte-americanos vacinados.
Segundo o Washington Post, o relatório inclui dados de estudos que mostram que as vacinas não são tão eficazes em doentes imunodeprimidos e residentes em lares, admitindo a possibilidade de ser necessária uma terceira dose em alguns casos.
O documento clarifica que a vacinação dá uma proteção substancial
contra o coronavírus, mas também mostra que os CDC devem “melhorar as
comunicações em torno do risco individual entre os vacinados”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, se
reuniu na quarta-feira com líderes dos Talibãs na cidade de Tianjin, no
norte da China, um sinal do estreitamento dos laços entre Pequim e o
grupo islâmico.
Durante uma reunião com o cofundador dos Talibãs, Mullah Abdul Ghani
Baradar, que lidera o comité político, Wang Yi descreveu o grupo como
uma importante força militar e política no Afeganistão e disse esperar
que este desempenhe um papel importante no “processo de paz, reconciliação e reconstrução” do país, noticiou a CNN.
Após a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão, os
Talibãs expandiram rapidamente a sua presença no território, controlando
agora grandes áreas. Todas as forças estrangeiras devem deixar o país
até 31 de agosto.
A reunião de quarta-feira, que contou com a presença dos chefes dos
comités religioso e publicitário dos Talibãs, é o último passo do
governo chinês para fortalecer o seu relacionamento com o grupo
islâmico.
Nos últimos anos, Pequim investiu fortemente na Ásia Central e o
Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês já havia discutido a
possibilidade de estender o Corredor Económico China-Paquistão para o Afeganistão. No encontro, Wang enfatizou que o destino daquele país deveria estar “nas mãos do povo afegão”.
Wang disse que a retirada das tropas norte-americanas e da NATO
marcou o “fracasso da política dos Estados Unidos no Afeganistão”, sendo
uma oportunidade para o país estabilizar e desenvolver. A China
“respeita a independência” e “a integridade territorial do Afeganistão e
insiste na não interferência nos assuntos internos” do país, frisou.
Por sua vez, os Talibãs disseram ao South China Morning Post, no início de julho, que consideravam a China um “amigo bem-vindo”.
Wang mencionou ainda o Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM), que classificou como uma “organização terrorista internacional”,
sublinhando que os Talibãs deveriam “cortar completamente todos os
laços” com o grupo, de forma a promover a estabilidade regional.
O governo chinês tem acusado regularmente o ETIM de realizar ataques
terroristas em Xinjiang, acusações que tem usado para justificar a
repressão na região ocidental.
Uma israelita quis doar um rim a um estranho. Estranho esse
que acabou por ser uma criança, de apenas três anos, que vive na Faixa
de Gaza, na Palestina.
De acordo com a agência Associated Press, Idit Harel Segal
estava prestes a fazer 50 anos quando decidiu qual queria que fosse a
sua prenda de aniversário: doar um dos seus rins a um estranho.
A professora, que vive no norte de Israel, queria que a sua decisão
fosse um exemplo de generosidade numa terra que está em constante
conflito. Além disso, foi inspirada pelas memórias do seu falecido avô,
um sobrevivente do Holocausto, que lhe disse para ter uma vida com
significado e que, pela tradição judaica, não há dever maior do que
salvar uma vida.
Então, a israelita contactou um grupo que liga dadores e recetores de
órgãos, lançando-se num processo de nove meses para transferir um dos
seus rins para alguém que precisasse de um. Esse alguém, conta a AP,
acabaria por ser um menino palestiniano, de três anos, que vive na Faixa de Gaza.
“Tu não me conheces, mas em breve seremos muito próximos porque o meu
rim irá estar no teu corpo”, escreveu Segal numa carta dirigida à
criança, cuja família pediu para não ser identificada por receio de a
situação ser vista como uma forma de cooperação com os israelitas.
“Espero de todo o coração que esta cirurgia tenha sucesso e que vivas
uma vida longa, saudável e com significado”, disse ainda a israelita,
acrescentando: “Deitei fora toda a raiva e frustração e agora vejo
apenas uma coisa. Esperança de paz e amor. E se houver mais pessoas como
nós, não haverá nada pelo que lutar.”
Segundo a agência norte-americana, entre a decisão de Segal e a
notícia do transplante, surgiram profundas divisões na sua família. O
marido e o seu filho mais velho mostraram-se contra e o seu pai deixou
de lhe falar.
Na perspetiva dos seus familiares, explicou a israelita, estava a arriscar a vida
de forma desnecessária. Além disso, a perda de três parentes em ataques
palestinianos, incluindo os seus avós paternos, tornou tudo ainda mais
difícil.
“A minha família estava mesmo contra. Todos à minha volta estavam. O
meu marido, a minha irmã, o marido dela. E quem menos me apoiou foi o
meu pai. Estavam com medo”, contou.
Quando soube a identidade da pessoa escolhida, decidiu esconder os detalhes durante meses. “Não disse a ninguém.
Disse a mim mesma que, se a reação à doação do rim tinha sido tão dura,
então obviamente o facto de se tratar de um menino palestiniano só ia
tornar as coisas ainda mais difíceis”, recordou.
De acordo com a AP, o caso da criança era complicado. Para acelerar o
processo, o seu pai, que não obteve correspondência e não podia ser o
dador, foi informado pelo hospital que se doasse um rim a um israelita, o
filho “passava imediatamente para o topo da lista”.
No mesmo dia em que o menino recebeu um novo rim, o pai doou então um dos seus a uma israelita, de 25 anos, mãe de dois filhos.
Por isso, para Segal, apesar de ter causado alguma tensão no seu seio
familiar, a sua decisão ainda fez mais do que esperava. O seu rim
ajudou a salvar a vida de uma criança e ainda proporcionou uma segunda doação.
A israelita contou à agência noticiosa que visitou o menino na
véspera da cirurgia e que mantém o contacto com os seus pais. Quanto à
sua família, já aceita melhor a decisão.
Na véspera da operação, o seu pai ligou-lhe e foi quando contou para
quem ia o rim. Por um momento, houve silêncio do outro lado da linha. E
depois seguiram-se estas palavras: “Bem, ele também precisa de viver.”
O vídeo foi gravado por um grupo de conservação ambiental
depois de uma onda de calor no Noroeste Pacífico que fez as temperaturas
da água atingirem os 21 graus Celsius.
De acordo com o jornal The Guardian, os salmões do rio Columbia,
na América do Norte, foram recentemente expostos a temperaturas
insuportáveis, o que lhes provocou feridas e infeções fúngicas.
No vídeo, divulgado esta terça-feira pela organização sem fins
lucrativos Columbia Riverkeeper, pode ver-se um grupo de salmões
vermelhos a nadar com ferimentos no corpo, que a associação diz serem
resultado do stress e do sobreaquecimento.
Os salmões estavam a nadar rio acima, vindos do oceano, para
regressar às suas áreas de desova, quando inesperadamente mudaram a sua
rota, explicou Brett VandenHeuvel, diretor executivo da Columbia
Riverkeeper. Segundo este responsável, foi a forma encontrada para “escapar de um prédio em chamas”.
A organização gravou o vídeo depois de uma onda de calor no Noroeste
Pacífico, num dia em que as temperaturas da água atingiram os 21 graus
Celsius, uma temperatura que pode ser letal para estes peixes se forem
expostos a ela durante longos períodos.
VandenHeuvel comparou a situação a alguém a tentar correr uma
maratona com temperaturas acima dos 38 graus. “A diferença é que isto
não é um passatempo para os salmões. Eles não têm escolha. Ou conseguem
sobreviver ou morrem”, declarou.
Segundo o jornal britânico, os salmões que aparecem no vídeo não
serão capazes de se reproduzir no afluente e morrerão, provavelmente, de
doença e stress provocados pelo calor.
“É desolador ver animais a morrer de forma tão pouco natural. E pior, pensar na causa dessa morte. Este é um problema causado pelo ser humano e faz-me realmente pensar no futuro”, lamentou VandenHeuvel.
“Vejo isto como uma visão profundamente triste do nosso futuro. Mas
também o vejo como um apelo para agir. Há medidas que podemos tomar para
salvar o salmão, para arrefecer os nossos rios. Se este vídeo não
inspira uma reflexão séria, não sei o que o fará.”
Este é mais um exemplo da tragédia causada pela recente onda de calor
na América do Norte, que matou centenas de pessoas nos Estados Unidos e
no Canadá e terá causado também a morte de mais de mil milhões de animais marinhos.
O Governo dos Estados Unidos quer que os vários estados
norte-americanos ofereçam um cheque de 100 dólares aos cidadãos que se
vacinem contra a covid-19.
De acordo com a imprensa norte-americana,
o Governo de Joe Biden quer que os vários estados sigam o exemplo de
Nova Iorque e ofereçam um cheque de 100 dólares (cerca de 84 euros) aos
cidadãos que se vacinem contra a covid-19.
A atribuição de incentivos em dinheiro é uma das
medidas do novo plano do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para
motivar os norte-americanos a tomarem a vacina e combater a grande
resistência à vacinação.
Além disso, a administração Biden quer também que os funcionários das
agências federais sejam obrigados a revelar ao empregador se estão
vacinados ou não. Caso recusem a vacina, serão obrigados a realizar
testes frequentemente para trabalhar.
O The New York Timesescreve
que a ideia do governo federal passa por convencer os governadores dos
50 estados norte-americanos a adotar este esquema de incentivos e que o
financiamento para o programa poderá vir dos pacotes de apoio financeiro que estão a ser entregues aos estados — com um valor de 350 mil milhões de dólares.
“Algumas pessoas vão considerar a oferta insultuosa, outras vão usá-la como prova de que a vacina não é boa“, alertou a antropóloga Elisa Sobo, que tem estudado o fenómeno da resistência às vacinas.
A ideia assenta, no entanto, em algumas experiências que já estão a ser aplicadas. como é o caso da autarquia de Nova Iorque.
Um aglomerado de safiras estrela do mundo foi encontrado num
quintal no Sri Lanka. A pedra é azul, pesa 510 quilos e estima-se que
valha cerca de 84 milhões de euros.
A pedra foi encontrada por trabalhadores que estavam a escavar um poço em casa de um homem identificado apenas pelo nome Gamage que não quis revelar o seu nome completo nem a sua localização da casa por razões de segurança.
Sabe-se apenas que se situa na cidade de Ratnapura — que significa
cidade das joias, em cingalês — uma zona rica em pedras preciosas.
“A pessoa que estava a cavar o poço alertou-nos sobre algumas pedras
raras. Mais tarde tropeçámos neste espécime enorme”, explica Gamage, em
declarações à BBC.
O dono da pedra, que trabalha com estes objetos valiosos, só agora
certificou a descoberta depois de ter levado mais de um ano a limpar a
pedra, pois esta estava coberta de lama e outras impurezas.
Durante o processo, algumas pedras caíram do aglomerado e foram identificadas como sendo safiras estrela de alta qualidade.
“Nunca tinha visto uma espécie tão grande antes. Foi provavelmente,
formada há cerca de 400 milhões de anos”, descreve à BBC o gemólogo Gamini Zoysa.
“É um espécime especial de safira estrela,
provavelmente o maior do mundo“, afirma ainda Thilak Weerasinghe, o
presidente da Autoridade Nacional de Joias e Pedras Preciosas do Sri
Lanka. “Dado o tamanho e o seu valor, pensamos que irá interessar a
colecionadores privados ou museus”, acrescenta.
Os especialistas também apontam, no entanto, que embora o espécime tenha um alto valor em quilates, todas as pedras dentro do cluster podem não ser de alta qualidade.
No ano passado, o país faturou cerca de meio bilhão de dólares com a exportação de gemas, diamantes lapidados e joias.
Os quatro polícias norte-americanos que testemunharam na
principal comissão de inquérito do Congresso dos EUA sobre a invasão do
Capitólio, foram ridicularizados nos canais de televisão ligados à
direita radical e dizem que receberam ameaças de apoiantes de Donald
Trump.
Numa entrevista ao CNN, o agente Michael Fanone,
da polícia de Washington D.C., divulgou uma mensagem de áudio que diz
ter recebido no seu telemóvel na terça-feira, no momento em que
respondia às perguntas da comissão especial da Câmara dos Representantes
dos EUA.
Na gravação ouvem-se várias ofensas ao polícia, e o autor pergunta a Michael Fanone se está a tentar vencer um Emmy ou um Óscar, sugerindo que os testemunhos dos agentes não foram verdadeiros.
“És um mentiroso de m… Então e a escumalha dos
pretos que andaram a destruir, a queimar e a roubar as nossas cidades e a
agredir polícias e a matar civis? Não dizes nada sobre isso, c…?”,
ouve-se na gravação.
“Quem me dera que vos tivessem matado a todos no Capitólio, porque
vocês são todos uma escumalha. Eles roubaram a eleição ao Trump e vocês
sabem isso. É pena que não te tenham espancado ainda mais. És um maricas
de m…”
Michael Fanone, de 40 anos, entrou para a polícia na
sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 e passou
grande parte da carreira a investigar o tráfico de droga e a
criminalidade violenta em Washington D.C.
Na terça-feira, na comissão de inquérito, contou que foi espancado e submetido a vários choques com uma arma durante a invasão do Capitólio.
Fanone contou ainda que ouviu os atacantes a dizerem que o iam matar
com a sua própria arma. As agressões puseram-no inconsciente e, já no
hospital, os médicos disseram-lhe que tinha sofrido um ataque cardíaco.
Embora sejam muitos os relatos de agressões violentas, os canais que
sempre apoiaram o ex-Presidente dos EUA desvalorizaram as acusações dos
agentes e retrataram-nos perante milhões de telespectadores como atores pagos para prejudicarem Donald Trump e o Partido Republicano, escreve o Público.
Para além de Michael Fanone, a comissão de inquérito ouviu também os
agentes Daniel Hodges. Aquilino Gonell e Harry Dunn, um afro-americano
que integra a polícia do Capitólio e que diz ter sido alvo de agressões e
insultos racistas.
A comissão de inquérito que está a investigar a invasão do Capitólio
foi criada por iniciativa da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
No dia 6 de Janeiro, milhares de apoiantes de Donald Trump marcharam
até ao Capitólio depois de terem assistido a um discurso do então
Presidente dos EUA junto à Casa Branca, onde lhes foi pedido que
impedissem “o roubo” e que não desistissem de “lutar” contra a
certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais.
Um médico sírio foi acusado na Alemanha de crimes contra a
humanidade por supostamente torturar e matar pessoas em hospitais
militares no seu país de origem, informaram os promotores na
quarta-feira.
O Ministério Público Federal de Karlsruhe disse em comunicado que
Alla Mousa, na Alemanha desde 2015 e detido no ano passado, foi acusado
de 18 crimes de tortura em hospitais militares nas cidades sírias de
Homs e Damasco, noticiou o Guardian. As acusações incluem homicídio e lesão corporal grave.
De acordo com promotores, após o início da oposição contra o
Presidente sírio Bashar al-Assad, em 2011, os manifestantes eram
frequentemente detidos e torturados. Civis feridos, considerados membros
da oposição, eram levados para hospitais militares, onde eram
torturados.
Em fevereiro, um tribunal alemão condenou um ex-membro da polícia
secreta de Assad por facilitar a tortura de prisioneiros. Eyad Al-Gharib
foi condenado a quatro anos e meio de prisão por cumplicidade em crimes
contra a humanidade.
O médico sírio é acusado de verter álcool sobre os órgãos genitais de
dois homens, ateando fogo de seguida. É ainda acusado de torturar
outras nove pessoas, em 2011, e de ter espancado um recluso que estava
ter um ataque epiléptico. Poucos dias depois, administrou-lhe-lhe um fármaco, tendo este morrido sem ser determinada a causa exata.
A acusação lista outros casos de tortura. Mousa também é acusado de
abusar de internos no hospital militar de Mezzeh, em Damasco, entre o
final de 2011 e março de 2012.
“Crimes graves contra a sociedade civil da Síria não acontecem apenas
nos centros de detenção dos serviços de inteligência. O sistema de
tortura e extermínio (…) é complexo e só existe graças ao apoio de uma
ampla variedade de atores”, disse o secretário-geral do Centro Europeu
para os Direitos Constitucionais e Humanos, Wolfgang Kaleck.
“Com o julgamento [de Mousa], o papel dos hospitais militares e das
equipas médicas neste sistema pode ser abordado pela primeira vez”,
disse, acrescentando: “A violência sexual está a ser usada como arma
contra a oposição na Síria”.
A recente onda de calor na América do Norte é mais um exemplo
de que apesar de ser um problema global, as alterações climáticas não
vão afectar todos igualmente e podem exacerbar injustiças sociais e
económicas já existentes.
As alterações climáticas já estão a fazer estragos um pouco por todo o
mundo, entre as recentes cheias no norte da Europa e na China ou a onda
de calor e os incêndios na América do Norte. Já dizia George Orwell que
se todos os animais são iguais, há alguns mais iguais que outros, e
esse parece ser o caso quando o assunto é quem vai sofrer mais com as
alterações climáticas.
No mundo inteiro, mais de 166 mil pessoas morreram
em ondas de calor entre 1998 e 2017, de acordo com a Organização Mundial
da Saúde. Isto torna o calor uma das maiores causas de morte dentro dos
desastres relacionados com o tempo. No entanto, o seu impacto continua a
ser muitas vezes subestimado, já que as certidões de óbito geralmente
registam a causa de morte sem referir a associação ao calor extremo.
As ondas de calor mais fatais costumam ocorrer em cidades com um
clima temperado que são inesperadamente expostas a temperaturas
extremas, como aconteceu em Paris em 2003, quando morreram 14 mil
pessoas. A recente onda de calor na costa oeste dos EUA casou também 116 mortes só no estado do Oregon.
Para ajudar a reduzir o risco de insolação, os planeadores urbanos,
climatólogos e meteorologistas estão a trabalhar para identificar as
zonas mais vulneráveis. As pesquisas mostram que as minorias étnicas e comunidades pobres vão ser desproporcionalmente afectadas por ondas de calor, especialmente nos Estados Unidos.
Esta diferença explica-se pelo redlining,
uma práctica histórica nos EUA e no Canadá que barrava a compra a negros
em comunidades mais desenvolvidas e que segregou as minorias a zonas
urbanas mais pobres. O termo foi criado pelo sociólogo John McKnight
nos anos 60 visto que o governo desenhava uma linha vermelha no mapa à
volta dos bairros onde não iam investir devido aos dados demográficos.
Mas o legado do redlining vai para além da discriminação no
acesso à habitação. Os efeitos desta política no crime já eram
conhecidos, devido à concentração de comunidades negras em zonas mais
pobres e também com a maior probabilidade de envenenamento por chumbo,
que está associado a atrasos cognitivos e delinquência.
O jovem Freddie Gray, cuja morte às mãos da polícia em 2015 motivou
protestos e motins em Baltimore, é um exemplo mediático de intoxicação
por chumbo associada ao redlining. Os efeitos destas políticas racistas ainda se sentem hoje em dia, visto que muitas das grandes cidades norte-americanas continuam extremamente segregadas, e notam-se correlações entre as comunidades mais pobres e com menores esperanças de vida e as zonas onde vivem mais negros.
Apesar das ondas de calor também afectarem as zonas rurais, as
cidades geralmente sofrem mais. Isto acontece por causa do efeito de ilha de calor urbano,
visto que os materiais de que são feitas as ruas e os edifícios causam
um aumento de temperatura maior do que áreas mais frondosas.
Muitas das comunidades onde vivem minorias aquecem mais por estarem
em zonas com muito asfalto, enquanto a população branca geralmente
beneficia da proximidade de zonas verdes e parques. “É muito chocante.
Temos de nos perguntar porque é que estes padrões são tão consistentes e universais“, revela a cientista Angel Hsu, da Universidade da Carolina do Norte, à Nature.
A cientista do clima gere um grupo que analisa dados para soluções
climáticas e o racismo que determina quem sofre mais com o calor ficou
claro. Num dos maiores estudos
até agora que avaliou as diferenças na exposição ao calor nos EUA, a
equipa de Angel Hsu combinou as medidas de satélites sobre as
temperaturas urbanas com os dados demográficos dos Censos em 175 cidades
americanas.
Já se esperavam grandes diferenças, mas Hsu ficou chocada. Em 97% das cidades, as minorias foram expostas a temperaturas um grau mais altas,
em média, do que as comunidades brancas. “Temos provas sistémicas e
difundidas do racismo ambiental relativo à exposição ao calor urbano.
Não achava que fosse basicamente universal”, afirma.
Um outro estudo
de 2018 mostrou que as temperaturas nas áreas separadas nos mapas do
redlining são em média 2.6 graus mais altas em 108 áreas urbanas nos
Estados Unidos, como resultado de decisões como construir auto-estradas e
zonas industriais nas comunidades de minorias étnicas.
As comunidades hispânicas nos EUA estão também expostas a mais poluição aérea
do que aquela que produzem, ao contrário da população branca, que
respira ar de melhor qualidade apesar de ser mais poluidora, de acordo
com um estudo de 2019.
Uma investigação
de 2017 concluiu também que as comunidades negras que vivem nas zonas
na costa do sul dos EUA estão sob um risco desproporcional de sofrer com
o aumento do nível das águas do mar.
As desigualdades raciais também se traduzem em menos recursos para
lidar com as alterações climáticas. Mais de 30% dos negros de Nova
Orleães não tinha carro para poder evacuar quando o Furacão Katrina
atingiu a cidade em 2005, de acordo com um estudo
de 2008. A população negra da cidade caiu depois do Katrina, pois
muitos residentes não tinham condições económicas para regressar à
cidade.
De acordo com a socióloga ambiental Dorceta Taylor, o mundo do activismo climático tem sido dominado historicamente por homens brancos, citada pelo Washington Post. Um estudo
de 2014 da Iniciativa pela Diversidade Verde mostrou que só 12% dos
membros das fundações e organizações não-governamentais ambientais
pertenciam a minorias.
Um problema global
Mas dada a escala planetária das alterações climáticas, este não é só
um problema nos Estados Unidos. No Qatar, muitos imigrantes que
trabalham na indústria da construção morreram por falhas cardiovasculares causadas por golpes de calor. Cerca de 6500 imigrantes que trabalham na preparação do Mundial de 2022 no país já morreram.
Já em Banguecoque, capital da Tailândia, um inquérito
a 505 residentes realizado durante a estação quente em 2016 concluiu
que as pessoas com rendimentos mais baixos tinham uma maior
probabilidade de sofrer stress térmico do que quem vive com rendimentos mais altos.
Em Madagáscar, mais de um milhão de pessoas estão a sofrer com aquela
que está a ser considerada a primeira escassez de alimentos na história
moderna causada pelas alterações climáticas. Em resposta à fome, um executivo das Nações Unidas afirmou que uma “área do mundo que em nada contribuiu para as alterações climáticas” está agora a “pagar um preço alto”.
Muitos países em desenvolvimento estão a sofrer bastante com as
consequências das mudanças no clima, apesar de não serem os principais
poluidores. Uma estudo
deste ano concluiu que os dez países que mais devem sofrer os impactos
são: Singapura, Ruanda, China, Índia, Ilhas Salomão, Butão, Bostwana,
Geórgia, Coreia do Sul e Tailândia.
A crise climática também está a exacerbar a desigualdade entre homens e mulheres. De acordo com dados das Nações Unidas citados pela BBC, 80% das pessoas que tiveram de se deslocar devido ao clima eram mulheres.
Há já algumas estratégias de combate às desigualdades sociais que a
crise climática está a expor. Muitas cidades nos EUA estão agora a ter
em conta a igualdade térmica no planeamento urbano ao
pintar os telhados de branco ou plantar mais árvores em zonas que tinham
sido historicamente discriminadas. Há também metrópoles a dar apoios
financeiros a residentes para ajudar a pagar as contas energéticas no
Verão.
Uma abordagem é manter parques abertos mais horas durante ondas de
calor, para que as pessoas que vivem em casas mais quentes possam ir a
um lugar mais fresco. Na Índia, em Ahmedabad, começaram a enviar alertas públicos quando as previsões da temperatura ultrapassassem os 41 graus depois de uma onda de calor em 2010. Um estudo concluiu que a estratégia salvou em média 1190 vidas por ano.
Já em Paris, há um programa para tornar os recreios das escolas
públicas em lugares de refresco, em especial nos subúrbios, onde vivem
mais minorias raciais.
Os recentes fenómenos extremos, como as cheias na China e no Norte da
Europa e os incêndios em Itália ou nos Estados Unidos, têm posto a nu as desigualdades
sociais e económicas das vítimas das alterações climáticas a uma escala
global. Resta saber se os líderes mundiais vão conseguir unir-se para
reverter esta tendência.
O estilo de vida de três norte-americanos leva a uma emissão
de carbono suficiente para matar uma pessoa, revelou um novo artigo,
concluindo ainda que as emissões de uma única usina a carvão podem
causar mais de 900 mortes.
A análise, publicada na Nature Communications e citada esta quinta-feira pelo Guardian, baseou-se no “custo social do carbono”,
um valor monetário atribuído aos danos causados por cada tonelada de
dióxido de carbono, estabelecendo um número estimado de mortes derivadas
dessas emissões.
O relatório inclui dados de vários estudos de saúde pública,
constatando que, para cada 4.434 toneladas métricas de CO2 projetadas
para a atmosfera para além da taxa de emissões de 2020, uma pessoa no
mundo morrerá prematuramente devido ao aumento da temperatura. Este CO2
adicional é equivalente às emissões de 3,5 norte-americanos.
A adição de mais 4 milhões de toneladas métricas acima do nível de
2020, produzida em média pelas usinas a carvão média dos Estados Unidos
(EUA), custará 904 vidas até o final do século. Numa maior escala, a
eliminação das emissões – que causam o aquecimento do planeta – até 2050
salvaria cerca de 74 milhões de vidas em todo o mundo neste século.
O número estimado de mortes devido às emissões não são definitivos,
visto que representa apenas mortalidade associada ao calor, deixando de
fora as cheias, os ciclones e outros impactos da crise climática, referiu Daniel Bressler, do Instituto da Terra da Universidade de Columbia, nos EUA, autor do artigo.
Esta pesquisa ilustra as disparidades nas emissões geradas pelo
consumo em diferentes países. Embora sejam necessários 3,5
norte-americanos para criar emissões suficientes para matar uma pessoa,
seriam necessários 25 brasileiros ou 146 nigerianos para fazer o mesmo,
concluiu o estudo.
Gernot Wagner, economista do clima da Universidade de Nova Iorque,
não envolvido na pesquisa, disse que o custo social do carbono é uma
“ferramenta política crucial”, mas é também “muito abstrato”.
Para Bressler, embora o seu artigo analise as emissões causadas por
atividades individuais, o foco deveriam ser as políticas que impactam as
empresas e os governos, que influenciam a poluição de carbono numa
escala social.
“Na minha opinião as pessoas não deveriam levar as suas emissões por
pessoa para o lado pessoal. As nossas emissões [derivam] em grande parte
da tecnologia e da cultura dos locais onde vivemos”, acrescentou.
Na segunda-feira, a Federação de Cientistas Americanos (FAS)
publicou um relatório no qual denuncia a existência de um campo de
instalações nucleares perto da cidade de Hami, na província chinesa de
Xinjiang. Estarão a ser construídos 110 novos silos para mísseis
balísticos no local.
Os Estados Unidos estão preocupados com os riscos da expansão nuclear
da China e insistem que esta se deve manter comprometida com a
estratégia de “dissuasão mínima”, após a divulgação de um relatório que denuncia a existência de um campo de instalações nucleares perto a cidade de Hami.
“Apesar do secretismo da República Popular da China, esta construção acelerada [de silos] torna-se cada vez mais difícil de esconder
e demonstra como o país está a desviar-se de décadas de uma estratégia
nuclear baseada na dissuasão mínima”, acusou o Departamento de Estado
norte-americano, em comunicado enviado à CNN.
O Público destaca que a FAS considera que a capacidade nuclear combinada das instalações de Hami e de Gansu corresponde “à expansão mais significativa de sempre do nuclear arsenal chinês”. As instalações de Gansu tem outros supostos 119 silos e foram reveladas em junho pelo think tankJames Martin Center for Nonproliferation Studies.
“O programa chinês de silos para mísseis constitui a maior produção de silos desde a produção dos EUA e da União Soviética durante a Guerra Fria”, lê-se no documento.
“O número de novos silos chineses excede o número de ICMB [mísseis
balísticos intercontinentais] em silos operados pela Rússia e constitui
mais de metade da capacidade total de ICBM dos EUA”, acrescenta ainda.
O Comando Estratégico dos Estados Unidos reagiu às novas revelações e lembrou que “é a segunda vez em dois meses
que o público descobre o que temos vindo a dizer há muito tempo sobre a
crescente ameaça que o mundo enfrenta e o véu de sigilo que a rodeia”.
O campo de silos de Hami tem cerca de 800 quilómetros quadrados e o
campo de Gansu terá aproximadamente 380 quilómetros quadrados.
O facto de os silos estarem colocados em Xinjiang, longe da costa,
garante que não podem ser atingidos pelos mísseis de cruzeiro
disparados pelos navios de guerra norte-americanos estacionados no
Oceano Pacífico.
“[O relatório] tem provas bastante convincentes das intenções da China para expandir significativamente o seu arsenal nuclear, de uma maneira mais rápida do que aquela que muitos analistas previam”, reagiu Adam Ni, diretor do China Policy Center, em Canberra, Austrália.
Um alemão foi obrigado a retirar uma figura de madeira de um
cemitério, que seria para homenagear o seu falecido pai, por ter
semelhanças com o antigo ditador nazi.
As autoridades do município de Weil im Schönbuch, na Alemanha,
ordenaram que a estátua erguida por um cidadão para supostamente
homenagear o seu falecido pai fosse removida do cemitério, depois de
terem recebido várias queixas de que esta tinha muitas semelhanças com Adolf Hitler, conta o The Independent.
Além das parecenças com o antigo ditador nazi, a figura de madeira,
que alegadamente representa Ewald E., um carpinteiro que morreu em 2013,
apresenta o número 88 no peito, que por acaso também é o código
numérico para “Heil Hitler” (uma vez que a letra H é a oitava do
alfabeto).
O filho Oliver, de 51 anos, revelou a figura no início deste mês e
desde então que o presidente da Câmara da cidade, Wolfgang Lahl, tem
recebido queixas. “Em poucos dias recebi meia dúzia de reclamações de cidadãos preocupados com esta figura de madeira”, disse o autarca ao jornal alemão Bild.
A estátua foi posteriormente removida, mas o alemão insiste que o
número 88 é uma referência ao número da porta da casa onde o pai vivia.
Ao mesmo jornal alemão, o seu advogado afirmou que “o senhor E. não é
nazi” e que “o seu pai trabalhou num clube de futebol durante 30 anos”.
Segundo o jornal britânico, já foi aberta uma investigação
sobre a estátua, com a polícia a informar que está relacionada com a
suposta utilização de símbolos relativos a organizações
inconstitucionais.
“Sabemos quem é o dono da estátua, mas ainda não sabemos o que está
por trás dela”, disse um porta-voz da polícia ao canal alemão T-Online.
Tal como recorda o Independent, a Alemanha proíbe exibições
públicas da simbologia nazi, incluindo suásticas e símbolos da SS, e
ainda saudações e declarações nazis como “Heil Hitler”.
Curtis Flowers foi julgado seis vezes pelo mesmo promotor de
justiça. Um programa de investigação mudou o seu destino. O promotor
continua a acreditar que Curtis é culpado.
A própria equipa responsável pelo 60 Minutes, programa da CBS que já se estreou há 53 anos, admite que nunca se tinha cruzado com um caso como este. O protagonista é Curtis Flowers.
O norte-americano, negro (será importante mais à frente, neste artigo), é de Mississippi e já foi julgado…seis vezes. Sempre por causa do mesmo crime e sempre pelo mesmo promotor de justiça, Doug Evans.
Em julho de 1996, foram encontradas quatro pessoas mortas dentro de uma loja em Winona,
estado do Mississippi. A proprietária e três pessoas que eram
funcionárias na loja. Todas assassinadas com tiros na cabeça. Desde cedo
a polícia local foi pressionada a encontrar o culpado mas ninguém tinha
visto o que acontecera.
Curtis Flowers tinha trabalhado naquela loja durante três dias, naquele verão de 1996. Foi despedido duas semanas antes do crime porque tinha deixado de aparecer na loja. Porque tinha sido despedido e porque devia 30 dólares à proprietária, foi considerado suspeito – pela polícia e pelos familiares das vítimas.
Meses depois, e apesar de um interrogatório oficial da polícia, nada
aconteceu. Curtis mudou-se para o Texas, onde passou a viver com a sua
irmã. Até que a polícia apareceu em sua casa, com um mandato de detenção
emitido em Mississippi. Os agentes explicaram que era suspeito do
homicídio de quatro pessoas; Curtis ainda perguntou aos polícias se
tinham a certeza de que estavam a prender a pessoa certa.
A arma do crime não foi encontrada, não foram recolhidos registos de
impressões digitais ou de ADN. Mas o painel de jurados terá demorado
apenas uma hora para decidir: Curtis é culpado. Foi preso aos 27 anos, condenado a pena de morte.
Recurso apresentado e decisão revertida.
Mas Curtis Flowers voltaria a ser julgado mais cinco vezes,
por esse crime. Sempre pelo promotor de justiça Doug Evans. Um processo
inédito na história da Justiça dos Estados Unidos da América.
Nos três primeiros julgamentos, a decisão repetiu-se: Curtis foi o
assassino. Mas houve três recursos e sempre com o mesmo desfecho:
decisão anulada devido a má conduta do Ministério Público – deturpação de provas por parte do promotor e discriminação na seleção dos jurados.
Brancos vs. negros e o podcast
Na contabilidade dos jurados, no primeiro julgamento os 12 eram
brancos; no segundo, terceiro e último havia um negro em cada painel; no
quinto apareceram três negros; e no quarto eram 7-5, com maioria
branca.
Neste quarto julgamento, em 2007, houve claramente uma divisão entre as raças – os sete brancos declararam que Curtis era culpado,
os cinco negros indicaram que Curtis era inocente. No total, 61 jurados
brancos e 11 negros – e os 61 brancos votaram sempre culpado.
E o promotor Doug Evans continuou a “perseguir” Curtis. Nada no
sistema dos EUA impede essa repetição de processos, por parte do mesmo
promotor.
O sexto e último julgamento, em 2010, voltou a terminar com a sentença de pena de morte. Mas a equipa do podcast ‘In the Dark‘, depois de receber um e-mail sobre este caso, decidiu investigar o assunto. Foi até Winona, ficou lá durante um ano a bater às portas e a entrevistar centenas de pessoas.
Não havia uma única prova concreta que apontasse para a incriminação de Curtis. As “testemunhas”, na verdade, estavam a ser condicionadas nos seus depoimentos. Ninguém ligou à polícia naquele dia, a dizer que tinha visto alguém suspeito a caminhar em direção à loja.
Os agentes da lei chegavam junto dessas pessoas, eles próprios
apresentavam a narrativa e as “testemunhas” diziam que sim, confirmavam a
versão: “Os polícias chegavam à minha beira e diziam logo: ‘Eu sei que você viu o Curtis naquele dia‘” – e não tinha visto.
Até que encontraram Clemmie Fleming, que tinha dito oficialmente que tinha visto Curtis a fugir da loja, no dia do crime. Repetiu essa versão cinco vezes. Mas, em entrevista à equipa do podcast, Clemmie admitiu que, afinal, não sabia ao certo o
dia em que viu Curtis a correr. Clemmie contou que, mais tarde, disse
aos promotores que não tinha a certeza do dia em que tinha visto Curtis a
correr – mas “não quiseram saber”.
Odell Hallmon foi outra pessoa importante nesta investigação. Odell assegurou que Curtis lhe tinha confessado que era o autor dos homicídios. Mas, ao podcast, disse que tinha inventado essa história para chegar a acordo com os promotores para evitar penas de prisão por múltiplas acusações criminais.
As investigações do ‘In the Dark’ continuaram e a equipa descobriu que há muitos anos que o promotor Doug Evans afastava pessoas negras dos júris.
Depois da emissão do programa, em 2019, o Supremo Tribunal dos EUA
decidiu que Doug Evans e o próprio estado do Mississippi tinham violado os direitos constitucionais de Curtis Flowers – que saiu da prisão meio ano depois.
Foram 23 anos atrás das grades. Muitos deles no «corredor da morte», à espera.
E, para o tal promotor de justiça Doug Evans, Curtis ainda deveria
estar preso. Em entrevista ao 60 Minutes, o promotor explicou que
colocou Curtis em tribunal seis vezes porque “sabia” que ele era culpado. “Eu sabia e as famílias das vítimas sabiam. E elas merecem que seja feita justiça”.
Doug Evans considera que nenhuma das testemunhas alterou o seu
discurso. Ou melhor, podem ter alterado a sua versão mas, como não foi
em tribunal e sob juramento, não conta.
Doug Evans nunca ouviu a emissão famosa do podcast – mas está convencido de que esse programa foi orquestrado para retirar crédito ao seu caso.
A península do Alasca, a oeste dos Estados Unidos, foi
atingida por um sismo de magnitude 8.2 na noite de quarta-feira (7h15 de
quinta-feira em Lisboa) e já foi lançado um alerta de tsunami na
região.
De acordo com a Reuteurs,
um sismo de magnitude 8.2, com profundidade de 35 quilómetros, foi
sentido na Península do Alasca, seguido de um alerta de tsunami.
Até ao momento, não foram registados casos de destruição de edifícios nem perdas de vida, dizem as autoridades locais.
Enquanto o Centro Nacional de Alertas de Tsunami (NTWC, na sigla em inglês), no Alasca, lançou o alerta de tsunami na zona sul da península e na costa do oceano Pacífico, o Centro de Alertas de Tsunami do Pacífico (PTWS,
na sigla em inglês) também o fez para o estado norte-americano do
Havai. Caso se tenha formado um tsunami, as primeiras ondas poderão
chegar ao Havai às 00h53 (11h53 de Lisboa), escreve o Observador.
“Com base nos dados disponíveis, pode ter-se gerado um tsunami
potencialmente destrutivo para as áreas costeiras, mesmo longe do
epicentro”, avisa o PTWS, numa nota dirigida ao estado norte-americano
do Havai.
O sismo ocorreu a cerca de 800 quilómetros de Anchorage, a maior cidade do Alasca, e foi seguido por sete réplicas
— duas acima da magnitude de 6.0 —, segundo o instituto de investigação
geológica dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
(h) USGS
Em 27 de março de 1964, um sismo de
magnitude 9,2 abalou a região de Anchorage. Prolongou-se por vários
minutos e desencadeou uma onda destruidora ao longo de toda a costa
ocidental norte-americana, causando mais de 250 vítimas.
Só em 2021, aquela região registou mais de 25 mil sismos.
Um caso de homicídio ocorrido há 32 anos, que muitos
consideraram impossível de ser resolvido, foi finalmente desvendado (e
tudo graças à amostra de ADN mais pequena de sempre usada para decifrar
um caso).
De acordo com o site IFLScience,
embora as técnicas que tornaram este desfecho possível não sejam novas,
o que tornou o caso realmente extraordinário foi a quantidade de ADN
usada para descobrir o culpado: apenas 0,12 nanogramas. (o equivalente a 15 células humanas).
Em 1989, Stephanie Isaacson, de 14 anos, foi violada, espancada e
estrangulada até à morte quando ia a caminho da sua escola em Las Vegas,
nos Estados Unidos. O ADN do assassino foi encontrado na camisola da
jovem, mas todas as tentativas feitas ao longo dos anos para encontrar
uma correspondência foram infrutíferas.
Porém, há cerca de nove meses, uma empresa de sequenciamento de genoma sediada no Texas, chamada Othram, abordou o Departamento da Polícia Metropolitana de Las Vegas (LVMPD) com uma oferta.
A empresa explicou que recentemente tinha recebido uma doação anónima
que teria de ser usada para financiar a investigação de um caso
arquivado. Não importava qual seria, desde que viesse do LVMPD.
“O caso da Stephanie foi escolhido especificamente devido à quantidade mínima de evidências de ADN disponíveis”, explicou, numa conferência de imprensa, o tenente Ray Spencer.
“Como resultado, identificámos Darren Roy Marchand, que foi
positivamente identificado como a pessoa que violou e assassinou a
Stephanie”, acrescentou.
Ao longo de sete meses, a Othram construiu um perfil genético a
partir dos restos de ADN, que comparou com bancos de dados de
ancestralidade. Foi assim que os investigadores conseguiram corresponder
o ADN com o de um primo do alegado assassino.
A partir daí, identificaram o autor do crime, um homem que também já
tinha sido acusado, em 1986, de estrangular até à morte Nanette
Vanderberg, na época com 24 anos (o caso foi arquivado por falta de
provas e o suspeito suicidou-se nove anos depois).
“Quando conseguimos aceder a este tipo de informação a partir de uma
quantidade tão pequena de ADN, só mostra que isto realmente abre uma
oportunidade para muitos outros casos que foram arquivados e
considerados impossíveis de resolver”, disse o presidente-executivo da
Othram, David Mittelman, à cadeia britânica BBC.