O aquecimento global está a provocar a subida do nível médio
da água do mar. E já existem imagens que mostram o cenário vivido em
várias cidades costeiras no futuro.
Secas históricas, inundações mortíferas e degelo: tudo resulta do
aquecimento global, que está também a causar a subida do nível da água
do mar.
Um novo estudo da Climate Central, um grupo de investigação sem fins lucrativos, mostra que cerca de 50 grandes cidades costeiras terão de implementar medidas de adaptação “sem precedentes” para evitar que sejam “engolidas” pelo mar.
A análise, em colaboração com investigadores da Universidade de
Princeton e do Instituto Potsdam de Investigação do Impacto Climático na
Alemanha, resultou em imagens que mostram o contraste entre o mundo tal como o conhecemos hoje e o seu futuro subaquático, caso o planeta aqueça 3ºC acima dos níveis pré-industriais.
De acordo com a CNN,
que cita cientistas climáticos, o mundo já está cerca de 1,2ºC mais
quente do que os níveis pré-industriais. Mas as temperaturas deveriam
permanecer abaixo dos 1,5ºC — um limiar crítico para evitar os impactos mais severos da crise climática.
Mas mesmo no cenário mais otimista, em que as emissões globais de
gases com efeito de estufa começam a diminuir e são reduzidas a zero até
2050, a temperatura global ainda atingirá o pico acima do limiar de
1,5ºC antes de começar a baixar.
Em cenários menos otimistas, em que as emissões continuam a subir
para além de 2050, o planeta poderá atingir a subida de 3ºC já em 2060
ou 2070, e os oceanos continuarão a subir durante décadas para além
disso, antes de atingirem os níveis máximos.
“As escolhas de hoje vão definir o nosso caminho”, disse Benjamin Strauss, cientista chefe da Climate Central e autor principal do artigo.
Os investigadores utilizaram dados de elevação global e populacionais para averiguar quais as partes do mundo que serão mais vulneráveis à subida do nível do mar — e estas tendem a concentrar-se na região da Ásia-Pacífico.
Pequenas ilhas correm o risco de “perda quase total” de território e
oito das dez maiores áreas expostas à subida do nível do mar
encontram-se na Ásia, com aproximadamente 600 milhões de pessoas a ficar
expostas à inundação, num cenário de aquecimento de 3ºC.
Segundo o estudo, China, Índia, Vietname e Indonésia são os cinco
países mais vulneráveis à subida do nível do mar a longo prazo.
Com cada fração de um grau de aquecimento, as consequências das alterações climáticas agravam-se e, mesmo limitando o aquecimento a 1,5ºC, os cientistas dizem que os tipos de clima extremo que o mundo sofreu este Verão se tornarão mais severos e mais frequentes.
Para além dos 1,5ºC, o sistema climático pode ficar irreconhecível.
De acordo com a Climate Central, cerca de 385 milhões de pessoas
vivem atualmente em locais que serão eventualmente inundadas pela maré
alta, mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa sejam
reduzidas.
Se o aquecimento for limitado a 1,5ºC, a subida do nível do mar afetaria locais habitados por 510 milhões de pessoas.
Se o planeta atingir os 3 graus, a linha da maré alta poderá invadir
território, onde vivem mais de 800 milhões de pessoas, constata o
estudo.
Os autores observam, no entanto, que a avaliação foi feita sem dados
globais sobre as defesas costeiras existentes, tais como diques. Devido
aos impactos observados com as recentes inundações e tempestades, as
cidades irão provavelmente renovar as infra-estruturas para evitar o
agravamento dos impactos.
“Níveis mais elevados de aquecimento exigirão o abandono [de
território] sem precedentes em dezenas de grandes cidades costeiras de
todo o mundo”, escreveram os autores.
Mas a contagem poderia ser reduzida, se o Acordo de Paris fosse cumprido, especialmente no que diz respeito à limitação do aquecimento a 1,5ºC, continuaram.
Durante as duas primeiras semanas de novembro, os
líderes mundiais reunir-se-ão para discutir as medidas sobre o clima
promovidas pela ONU em Glasgow, na Escócia. Em cima da mesa estará não
só a limitação das emissões de gases com efeito de estufa, mas também o
financiamento das nações para reduzir os combustíveis fósseis e para o
mundo se adaptar aos impactos da crise climática.
A menos que sejam tomadas medidas arrojadas e rápidas, os eventos
climáticos extremos e a subida do nível do mar, alimentada pelas
alterações climáticas, irão fazer parte do futuro da Terra. Os
cientistas dizem que o planeta está a ficar sem tempo para evitar estes
cenários pessimistas.
https://zap.aeiou.pt/futuro-subaquatico-varias-cidades-em-todo-o-mundo-ficarao-submersas-437650