O ministro da Saúde britânico, Matt Hancock, admitiu esta
sexta-feira que o Governo conservador não descarta decretar um segundo
confinamento nacional para conter a pandemia de covid-19, embora
considere esta opção um “último recurso”
“Faremos o que for necessário para garantir a segurança dos cidadãos, mas a primeira linha de defesa é respeitar as regras de distanciamento social”, disse Matt Hancock, ministro da Saúde, à emissora pública BBC.
O ministro disse que, como uma segunda “linha de defesa” está o
sistema de deteção e rastreamento de contágio, depois do qual vêm os
confinamentos localizados, como o que vigora em partes do nordeste da
Inglaterra, e, finalmente, “medidas nacionais”, como as aplicadas entre
março e maio.
“Não quero que isso aconteça”, e para evitá-lo é importante que “as pessoas se unam e reconheçam que estamos diante de um desafio sério”, afirmou.
A BBC noticiou esta sexta-feira que o Executivo britânico está a avaliar a imposição de novas restrições em toda a Inglaterra
na próxima semana, que incluiriam o encerramento de bares e
restaurantes, mas mantendo escolas e locais de trabalho abertos, devido
ao aumento exponencial de infeções nos últimos dias.
Segundo a estação pública, o diretor geral de saúde e o principal
assessor científico do governo alertaram, numa reunião na quarta-feira,
para o risco de um agravamento da situação epidémica e um número significativo de mortes até o final de outubro se não forem feitas mais intervenções.
O jornal Financial Times adianta que uma hipótese sugerida por cientistas que aconselham o governo é decretar um confinamento mais curto para coincidir com as férias escolares intercalares da última semana de outubro, limitando assim o impacto no ensino.
Dados oficiais divulgados na quinta-feira indicam que foram
contabilizados 3.395 novos casos de covid-19 em 24 horas, com 381.614
positivos confirmados até ao momento, e um total de 41.705 mortes, após
somar 21 entre quarta e quinta-feira.
Um estudo da universidade Imperial College publicado na semana passada sobre os níveis de infeção em Inglaterra indicou que o número de casos têm estado a duplicar todos os sete a oito dias desde 22 de agosto.
O Reino Unido é o país com o maior número de mortos na Europa e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA, Brasil, Índia e México.
Israel regressa ao confinamento
Israel está a preparar-se para regressar esta sexta-feira a um confinamento
para tentar conter um surto de covid-19 que há meses tem piorado, numa
altura em que o governo tem sido atormentado por indecisão e lutas
internas.
O confinamento de três semanas começa às 14h locais (12h em Lisboa) e
incluirá o encerramento de muitos estabelecimentos comerciais, limites
estritos para reuniões públicas e em grande parte confinará as pessoas a
uma área até um quilómetro das suas casas.
O lockdown em Israel coincide com os grandes feriados judaicos, quando as pessoas costumam visitar as suas famílias e juntar-se durante as orações.
Num discurso na quinta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu,
alertou que medidas ainda mais rígidas podem ser necessárias para
evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados. Existem atualmente mais
de 46 mil casos ativos em Israel, com pelo menos 577 pessoas internadas
em estado grave nas unidades de cuidados intensivos.
“Pode ser que não tenhamos escolha a não ser tornar as medidas mais rigorosas“,
disse Netanyahu, acrescentando: “Não irei impor um bloqueio aos
cidadãos de Israel sem motivo, mas não hesitarei em adicionar outras
restrições se for necessário”.
Israel relatou um total de mais de 175 mil casos desde o início do
surto, incluindo pelo menos 1.169 mortes. Atualmente, reporta cerca de
cinco mil novos casos por dia, uma das maiores taxas de infeção per
capita do mundo.
Israel foi um dos primeiros países a impor bloqueios
mais abrangentes na primavera, fechando as fronteiras e forçando o
encerramento de muitas empresas, medidas que conseguiram baixar o número
de novos casos para apenas algumas dezenas por dia em maio.
Mas a economia reabriu abruptamente e um novo
governo foi empossado, mas ficou paralisado por lutas internas. Nos
últimos meses, as autoridades anunciaram várias restrições apenas para
as ver ignoradas ou revertidas, mesmo com os novos casos a atingirem
níveis recordes.
Em Israel, o Governo enfrenta duras críticas à sua resposta ao vírus e
à crise económica desencadeada pelo bloqueio da primavera. Netanyahu,
que está a ser julgado por corrupção, tem sido alvo de protestos semanais junto à residência oficial.
A comunidade ultraortodoxa insular de Israel, que tem um alto índice de
infeção, revoltou-se contra as restrições, especialmente aquelas que
visam encontros religiosos.
Em Telavive, centenas de pessoas protestaram contra o novo
confinamento na quinta-feira, incluindo médicos e cientistas que o
consideram ineficaz.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 943 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.888 em Portugal.
https://zap.aeiou.pt/ultimo-recurso-governo-britanico-347526