domingo, 23 de novembro de 2014

Estado Islâmico prevê conquistar Espanha e Portugal em cinco anos

Estado Islâmico prevê conquistar Espanha e Portugal em cinco anos

Um esperto responde sobre a origem, intenções, planos e objectivos dos herdeiros mais terríveis do Al Qaeda.

A violência brutal da organização jihadista causou espanto entre a comunidade internacional e provocou o regresso dos EUA ao Iraque.

Durante este verão aumentou a violência do denominado Estado Islâmico (ISIS na sigla em inglês), um grupo terrorista que causou admiração na comunidade internacional provocando o regresso dos EUA ao campo de operações militares no turbulento Iraque.

FRANCISCO_RIVAS.jpgFrancisco Rivas, especialista sobre o Médio Oriente da revista online sobre geopolítica e relações internacionais GIN, responde a perguntas sobre esta organização jihadista.

Contra quem vão ?

A esta pergunta Rivas responde: „Contra todo o mundo“. Continuando sublinha: „Em princípio, contra os não sunitas. Porém também estão contra os sunitas que se opôem a eles“.

Por ex. „Quando um professor muçulmano sunita da Universidade de Mossul lhes disse que o que estavam fazendo contra os cristãos era uma loucura, mataram-no. Vão contra qualquer que pense diferente deles“.

Os cristãos

São uma religião que está sendo vítima de um genocídio. Dos 300‘000 cristãos que viviam na zona do Iraque ocupada pelo Estado Islâmico, 95% foram obrigados a abandonar as suas casas sem nada, enquanto os outros 5% optou por converter-se ao Islão, segundo Mark Arabo, líder dos cristão caldeus nos EUA.

Mais de 50‘000 encontram-se actualmente refugiados nas montanhas, sem água nem comida e, completamente isolados. Alguns conseguiram chegar ao Líbano.

Pior sorte têm os que não conseguiram fugir. Mark Arabo denunciou à CNN que „tem um parque em Mossul onde o Estado Islâmico decapita de maneira sistemática as crianças e espeta as suas cabeças em estacas“.

Segundo a sua testemunhança, as mulheres são violadas e assassinadas e, os homens enforcados. Os terroristas também fazem empalamentos, crucificações e desmembramentos.

O Vaticano está tentando convencer a comunidade internacional para que reaja e tente impedir esta perseguição religiosa.

Os yazidis

O yazidismo é uma religião minoritária no Iraque que remonta ao longínquo 2000 a.c.. Naquele país é seguida por cerca de 500‘000 pessoas. Muitos deles estão sendo massacrados ou são obigados a fugir para o deserto, como os cristãos, devido a não compartilharem o credo muçulmano sunita.

Os xiítas

Os muçulmanos dividem-se desde os primeiros tempos entre xiítas e sunitas. Os xiítas defenderam sempre Ali ibn Talib, primo e filho de Muhammad o líder que conduziu a comunidade. Os sunitas, no entanto, preferem como líder Abu Bakr, sogro do profeta.

Desde então têm-se enfrentado em guerras periódicas. Também os separam diferenças políticas e doutrinárias. Na actualidade 80% dos muçulmanos são sunitas enquanto apenas 15% são xiítas. A maioria parlamentar no Iraque é xiíta.

Os americanos

No passado 18 de Julho o Estado Islâmico publicou um vídeo no qual ameaçou atacar os americanos „em qualquer lugar“.

Esta Quarta-feira publicou um outro vídeo, cuja autenticidade foi confirmada pelo FBI, onde mostra a decapitação do jornalista americano James Foley. Num outro vídeo ameaçam de fazer o mesmo com outro jornalista americano, Steven Sotloff, en função da „próxima decisão“ do presidente Barack Obama.

Quem são ?

No Estado Islâmico (até Junho era conhecido por Estado Islâmico do Iraque e do Levante), é um grupo islamista radical sunita que pegou nas armas contra os governos da Síria , primeiro, e contra o Iraque depois.

São jiadistas, ou seja promovem a „guerra santa“ (jiade) contra todos aqueles que consideram „infieis“. Não se conhece o número de militantes que o compôem, porém as estimativas apontam para um número entre os 6‘000 e os 15‘000.

Sem dúvida „sofrem baixas a um ritmo acelarado“ como explica Rivas, „fundamentalmente porque não têm uma grande capacidade anti-aérea. Portanto indica „só este mês perderam cerca de 700 homens“.

„Não é uma força local iraquiana. De facto, uma parte dos próprios sunitas iraquianos se está levantando contra eles“. Esclarece o especialista da situação no Iraque. „Têm aparecido muitas fotografias de mercenários do extremo oriente. Têm afegãos e paquistaneses, muitos caucasianos (chechenos e giorgianos) e, até indonésios.

A Igreja católica denunciou que também engrossam as suas fileiras com mercenários dos EUA e da Europa.

O que é que pretendem ?

Como o próprio nome indica, criar um Estado Islâmico. Segundo Rivas, este estado seria governado por o que eles entendem como lei islâmica (a sharia) e comandados por um Califa (que significa literalmente „sucessor“). O sogro de Mahoma, Abu Bahkr, foi o primeiro Califa).

A 29 de Junho de 2014 manifestaram as suas intenções. Coincidindo com a data do início do Ramadão, o porta-voz do Estado Islâmico do Iraque e Levante (Eiil) proclamou o Califato, com vontade de expansão por todo o mundo muçulmano.

Com esta declaração, o líder do EIIL, Abu Bakr al-Baghdadi, se autoproclamava „Ibrahim, imán e califa de todos os muçulmanos“. O manifesto provocou um efeito chamada dos jiadistas residentes noutros países, incluindo os europeus.

O grupo Jiadista concordou com o nome de Estado Islâmico. Este Estado Islâmico compreenderia inicialmente os territórios da Síria e, pelo menos a parte sunita do Iraque. Porém a vontade declarada é mais abrangente. Segundo o desenho dos seus mapas, em cinco anos pretenderiam conquistar „todo o norte de África, os Balcãs até à Áustria e Espanha e Portugal.

No início de Agosto estavam atacando o Líbano, recorda Rivas, concretamente uma região junto à fronteira com a Síria chamada Arsal. „Estão tentando conquistar infraestruturas: refinarias, campos petrolíferos, barragens, centrais... há quem diga que isto é precisamente para poder ter um Estado com todos os seus poderes e entrar muito dinheiro com a venda do petróleo“.

De onde vêm ?

A origem desta organização remonta a 2002 quando o afegão A bu Musab A l Zarqaui, antigo traficante de drogas, criou a Yama‘at al-Tawhid wal-Yiahd (Comunidade do Monoteismo e a Jiade).
Durante a guerra do Iraque de 2003, o grupo tomou parte na resistência e aumentou a sua rede, alimentando-se de numerosos combatentes estrangeiros. Em Maio de 2004 uniu-se com outro grupo radical islamista, Salafiah al-Mujahidiah e, em Outubro desse ano unem-se à organização terrorista Al Qaeda, comandada nesse tempo por Osama Bin Laden.

Em 2006, o exército dos EUA acabou com a vida de Al Zarqaui. Este é substituído por um lider da Al Qaeda, Abu Ayyub Al Masri, que declara o Estado Islâmico do Iraque e nomeia como chefe Abu Abdullah al-Rashid al-Baghdadi. Durante este período, o Estado Islâmico de Iraque, mesmo que formalmente independente, é tutelado pelo Al Qaeda.

Em 2010, forças estadunidenses e iraquianas matam estes dois lideres. Nesse mesmo ano o novo lider do Estado Islâmico do Iraque passa a ser A bu Bakr al-Baghdadi (não confundir com o anterior de nome muito parecido).

Em Março de 2011 rebenta a guerra civil na Síria. O grupo armado aproveita para se expandir em grande parte da zona noroeste do país, que continua a controlar na actualidade.

Em Abril de 2013 se autoproclamam Estado Islâmico do Iraque e do Levante, em alusão ao Levante Mediterrâneo, que comprende o território da Síria. Na sua participação nesta guerra enfrentam sózinhos as tropas leais a Bassar A l A shad, assim como os rebeldes, incluindo os nacionalistas curdos e grupos islâmicos como a Frente Islâmica e a Frente Al Nusra.

Por esta causa, a organização jiadista Al Qaeda decidiu desvincular-se completamente do EIIL atravéz de um comunicado.

Finalmente em Junho deste ano, 2014, iniciaram uma ofensiva no norte do Iraque, tomando o controle de Mossul, a segunda cidade do país, no dia 10, e outras cidades da zona.

O resto é barbárie.

Fonte: http://www.pt-comunidades.com/index.php/noticias/reportagens/item/555-estado-islamico-preve-conquistar-espanha-e-portugal-em-cinco-anos

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