Um esperto responde sobre a origem, intenções, planos e objectivos dos herdeiros mais terríveis do Al Qaeda.
A violência brutal da organização
jihadista causou espanto entre a comunidade internacional e provocou o
regresso dos EUA ao Iraque.
Durante este verão aumentou a violência
do denominado Estado Islâmico (ISIS na sigla em inglês), um grupo
terrorista que causou admiração na comunidade internacional provocando o
regresso dos EUA ao campo de operações militares no turbulento Iraque.
Francisco
Rivas, especialista sobre o Médio Oriente da revista online sobre
geopolítica e relações internacionais GIN, responde a perguntas sobre
esta organização jihadista.
Contra quem vão ?
A esta pergunta Rivas responde: „Contra
todo o mundo“. Continuando sublinha: „Em princípio, contra os não
sunitas. Porém também estão contra os sunitas que se opôem a eles“.
Por ex. „Quando um professor muçulmano
sunita da Universidade de Mossul lhes disse que o que estavam fazendo
contra os cristãos era uma loucura, mataram-no. Vão contra qualquer que
pense diferente deles“.
Os cristãos
São uma religião que está sendo vítima
de um genocídio. Dos 300‘000 cristãos que viviam na zona do Iraque
ocupada pelo Estado Islâmico, 95% foram obrigados a abandonar as suas
casas sem nada, enquanto os outros 5% optou por converter-se ao Islão,
segundo Mark Arabo, líder dos cristão caldeus nos EUA.
Mais de 50‘000 encontram-se actualmente
refugiados nas montanhas, sem água nem comida e, completamente isolados.
Alguns conseguiram chegar ao Líbano.
Pior sorte têm os que não conseguiram
fugir. Mark Arabo denunciou à CNN que „tem um parque em Mossul onde o
Estado Islâmico decapita de maneira sistemática as crianças e espeta as
suas cabeças em estacas“.
Segundo a sua testemunhança, as mulheres
são violadas e assassinadas e, os homens enforcados. Os terroristas
também fazem empalamentos, crucificações e desmembramentos.
O Vaticano está tentando convencer a comunidade internacional para que reaja e tente impedir esta perseguição religiosa.
Os yazidis
O yazidismo é uma religião minoritária
no Iraque que remonta ao longínquo 2000 a.c.. Naquele país é seguida por
cerca de 500‘000 pessoas. Muitos deles estão sendo massacrados ou são
obigados a fugir para o deserto, como os cristãos, devido a não
compartilharem o credo muçulmano sunita.
Os xiítas
Os muçulmanos dividem-se desde os
primeiros tempos entre xiítas e sunitas. Os xiítas defenderam sempre Ali
ibn Talib, primo e filho de Muhammad o líder que conduziu a comunidade.
Os sunitas, no entanto, preferem como líder Abu Bakr, sogro do profeta.
Desde então têm-se enfrentado em guerras
periódicas. Também os separam diferenças políticas e doutrinárias. Na
actualidade 80% dos muçulmanos são sunitas enquanto apenas 15% são
xiítas. A maioria parlamentar no Iraque é xiíta.
Os americanos
No passado 18 de Julho o Estado Islâmico publicou um vídeo no qual ameaçou atacar os americanos „em qualquer lugar“.
Esta Quarta-feira publicou um outro
vídeo, cuja autenticidade foi confirmada pelo FBI, onde mostra a
decapitação do jornalista americano James Foley. Num outro vídeo ameaçam
de fazer o mesmo com outro jornalista americano, Steven Sotloff, en
função da „próxima decisão“ do presidente Barack Obama.
Quem são ?
No Estado Islâmico (até Junho era
conhecido por Estado Islâmico do Iraque e do Levante), é um grupo
islamista radical sunita que pegou nas armas contra os governos da Síria
, primeiro, e contra o Iraque depois.
São jiadistas, ou seja promovem a
„guerra santa“ (jiade) contra todos aqueles que consideram „infieis“.
Não se conhece o número de militantes que o compôem, porém as
estimativas apontam para um número entre os 6‘000 e os 15‘000.
Sem dúvida „sofrem baixas a um ritmo
acelarado“ como explica Rivas, „fundamentalmente porque não têm uma
grande capacidade anti-aérea. Portanto indica „só este mês perderam
cerca de 700 homens“.
„Não é uma força local iraquiana. De
facto, uma parte dos próprios sunitas iraquianos se está levantando
contra eles“. Esclarece o especialista da situação no Iraque. „Têm
aparecido muitas fotografias de mercenários do extremo oriente. Têm
afegãos e paquistaneses, muitos caucasianos (chechenos e giorgianos) e,
até indonésios.
A Igreja católica denunciou que também engrossam as suas fileiras com mercenários dos EUA e da Europa.
O que é que pretendem ?
Como o próprio nome indica, criar um
Estado Islâmico. Segundo Rivas, este estado seria governado por o que
eles entendem como lei islâmica (a sharia) e comandados por um Califa
(que significa literalmente „sucessor“). O sogro de Mahoma, Abu Bahkr,
foi o primeiro Califa).
A 29 de Junho de 2014 manifestaram as
suas intenções. Coincidindo com a data do início do Ramadão, o porta-voz
do Estado Islâmico do Iraque e Levante (Eiil) proclamou o Califato, com
vontade de expansão por todo o mundo muçulmano.
Com esta declaração, o líder do EIIL,
Abu Bakr al-Baghdadi, se autoproclamava „Ibrahim, imán e califa de todos
os muçulmanos“. O manifesto provocou um efeito chamada dos jiadistas
residentes noutros países, incluindo os europeus.
O grupo Jiadista concordou com o nome de
Estado Islâmico. Este Estado Islâmico compreenderia inicialmente os
territórios da Síria e, pelo menos a parte sunita do Iraque. Porém a
vontade declarada é mais abrangente. Segundo o desenho dos seus mapas,
em cinco anos pretenderiam conquistar „todo o norte de África, os Balcãs
até à Áustria e Espanha e Portugal.
No início de Agosto estavam atacando o
Líbano, recorda Rivas, concretamente uma região junto à fronteira com a
Síria chamada Arsal. „Estão tentando conquistar infraestruturas:
refinarias, campos petrolíferos, barragens, centrais... há quem diga que
isto é precisamente para poder ter um Estado com todos os seus poderes e
entrar muito dinheiro com a venda do petróleo“.
De onde vêm ?
A origem desta organização remonta a
2002 quando o afegão A bu Musab A l Zarqaui, antigo traficante de drogas,
criou a Yama‘at al-Tawhid wal-Yiahd (Comunidade do Monoteismo e a
Jiade).
Durante a guerra do Iraque de 2003, o
grupo tomou parte na resistência e aumentou a sua rede, alimentando-se
de numerosos combatentes estrangeiros. Em Maio de 2004 uniu-se com outro
grupo radical islamista, Salafiah al-Mujahidiah e, em Outubro desse ano
unem-se à organização terrorista Al Qaeda, comandada nesse tempo por
Osama Bin Laden.
Em 2006, o exército dos EUA acabou com a
vida de Al Zarqaui. Este é substituído por um lider da Al Qaeda, Abu
Ayyub Al Masri, que declara o Estado Islâmico do Iraque e nomeia como
chefe Abu Abdullah al-Rashid al-Baghdadi. Durante este período, o Estado
Islâmico de Iraque, mesmo que formalmente independente, é tutelado pelo
Al Qaeda.
Em 2010, forças estadunidenses e
iraquianas matam estes dois lideres. Nesse mesmo ano o novo lider do
Estado Islâmico do Iraque passa a ser A bu Bakr al-Baghdadi (não
confundir com o anterior de nome muito parecido).
Em Março de 2011 rebenta a guerra civil
na Síria. O grupo armado aproveita para se expandir em grande parte da
zona noroeste do país, que continua a controlar na actualidade.
Em Abril de 2013 se autoproclamam Estado
Islâmico do Iraque e do Levante, em alusão ao Levante Mediterrâneo, que
comprende o território da Síria. Na sua participação nesta guerra
enfrentam sózinhos as tropas leais a Bassar A l A shad, assim como os
rebeldes, incluindo os nacionalistas curdos e grupos islâmicos como a
Frente Islâmica e a Frente Al Nusra.
Por esta causa, a organização jiadista Al Qaeda decidiu desvincular-se completamente do EIIL atravéz de um comunicado.
Finalmente em Junho deste ano, 2014,
iniciaram uma ofensiva no norte do Iraque, tomando o controle de Mossul,
a segunda cidade do país, no dia 10, e outras cidades da zona.
O resto é barbárie.
Fonte: http://www.pt-comunidades.com/index.php/noticias/reportagens/item/555-estado-islamico-preve-conquistar-espanha-e-portugal-em-cinco-anos
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