A Finlândia tem um sistema de ensino notável e uma das maiores taxas
de alfabetização do mundo: 94 por cento da população sabe ler e escrever
e frequentou (ou frequenta) a escola.
Por paradoxal que pareça, é na Finlândia que os alunos passam menos
tempo na escola – de entre todos os países europeus. Aprendem a ler mais
tarde e só fazem exames no 12.º ano de escolaridade.
Mas há mais. Brincar é parte do sistema de ensino. Os alunos são estimulados a aprender, brincando, sem pressão de exames.
Estes são os traços gerais de uma investigação do professor norte-americano Tim Walker, docente em Helsínquia.
Essa pesquisa sobre a educação na Finlândia – publicada no jornal
Atlantic – resulta de uma viagem a 1970, altura em que estes métodos de
ensino começaram a ser aplicados, com bons resultados.
É por isso que hoje se reconhece que os finlandeses têm um dos melhores sistemas de ensino do mundo.
“Os finlandeses sempre olharam a educação como a sua maior riqueza”, destaca Tim Walker.
Mas não é apenas este profundo estudo que atesta a qualidade de
ensino daquele país. O Program International Student Assessment (que
avalia os sistemas educativos de 64 países da OCDE), comprova que a
Finlândia é um exemplo mundial, a par da China, Singapura e Xangai.
Aquele programa dá especial relevância à igualdade no acesso ao
ensino, independentemente dos extratos sociais. E no relatório mais
recente divulgou as médias de chumbos: 12 por cento, na OCDE. Ora, na
Finlândia, esse valor não ultrapassa os 3,8 por cento.
Mas o que faz a Finlândia de diferente? Numa palavra, tudo.
As crianças só aprendem a ler aos 7 anos, ano em que entram na
escola. Até àquela idade, fazem algo de muito relevante para potenciar
as suas aptidões. Brincam. E mesmo no ensino básico, “brincar” é o verbo
que mais se conjuga.
As atividades lúdicas são essenciais para que as crianças gostem da
escola. Se não se divertirem, se a escola for aborrecida, punitiva,
castigadora e criar hierarquias com a avaliação, há maior probabilidade
de abandono.
Já reparou que o ensino pré-escolar é hoje transformado num período
de preparação para o ensino básico? Nada de mais errado. Na Finlândia,
brincam, brincam e brincam. E aprendem, aprendem, aprendem, brincando.
E quantas horas passam os finlandeses na escola, por ano? Apenas 704. No nosso país, são obrigatórias 827, pelo menos.
Apesar de apresentarem tão bons resultados, os finlandeses estão em
constante melhoria. No corrente ano letivo está em curso uma medida
inovadora, que consiste em colocar os professores a ensinar todas as
matérias. Sim, o professor de Matemática pode ensinar Ciências e até
História.
As disciplinas são integradas, o que gera uma maior troca de ideias entre alunos e professores, em vez de um domínio total do docente.
Mas há mais questões essenciais para o sucesso do sistema letivo da
Finlândia. A escola é gratuita, mesmo a privada. Nada se paga. Nem
manuais, nem as refeições, nem sequer os transportes. Os fatores
económicos não empurram os alunos para fora das escolas…
Em todas as escolas finlandesas, há um enfermeiro, um psicólogo, um
orientador e um professor de ensino especial. Semanalmente, os alunos
têm encontros com estes profissionais.
E a figura do professor? Como olha o aluno para o seu professor? Com
admiração. É uma profissão muito querida. Só é professor quem tiver um
mestrado. E as escolas têm a possibilidade de escolher o corpo docente.
Não há colocações, com os professores sem condições mínimas de exercer.
Os concursos de caráter nacional não existem. É ao diretor de cada
escola que cumpre contratar, como se fosse um gestor de uma empresa que
procura o melhor e mais motivado profissional.
O salário também é relevante. Na Finlândia, o ordenado médio de um
professor atinge 3000 euros. É um sistema de ensino caro? Não, é um
investimento na educação, um investimento com retorno.
Fonte: http://ptjornal.com/melhor-sistema-ensino-do-mundo-nos-fazemos-tudo-ao-contrario-67367
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