quinta-feira, 2 de setembro de 2021

EUA admitem colaborar com talibãs para enfrentar ameaça do ISIS-K !

Possibilidade foi admitida pelo chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA e pode ser do interesse das duas forças, as quais vêm no ISIS-K uma ameaça.


De inimigos a potenciais aliados. É assim que está a relação dos Estados Unidos da América com o grupo extremista afegão depois de as forças ocidentais terem abandonado Cabul na passada segunda-feira, colocando fim a uma guerra de vinte anos. A hipótese está em cima da mesa depois do ataque suicida reclamado pelo ISIS-K, célula do Estado Islâmico rival dos talibãs, que matou mais de 170 pessoas, nomeadamente soldados norte-americanos, às portas do aeroporto internacional de Cabul quando estavam a decorrer os voos de retirada de civis estrangeiros e afegãos.

Esta quarta-feira, em conferência de imprensa, o general Mark Milley, chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, admitiu a possibilidade, que aconteceria também na sequência da cooperação no terreno que permitiu a evacuação de mais de 124 mil pessoas.

“Na guerra temos que fazer o necessário para reduzir os riscos da missão e das forças no terreno, não o que queremos realmente fazer”, comentou o general a propósito dos últimos desenvolvimentos na relação entre os EUA e os talibãs — que continuam a ser considerados um grupo terrorista por várias nações. Milley, ainda assim, apelidou o grupo de “impiedoso” e afirmou que prefere esperar para ver se as intenções do grupo de promover uma interpretação mais moderada da lei islâmica se comprovam ou não.

A acompanhá-lo na conferência de imprensa esteve Lloyd Austin, secretário da Defesa da Administração Biden, que se mostrou mais relutante com o cenário. “Prefiro não fazer extrapolações para assuntos mais amplos”, afirmou.

Como relembra o The Guardian, os Estados Unidos transferiram a sua representação diplomática no Afeganistão para Doha, no Catar, permanecendo a dúvida sobre qual será a relação futura entre as duas forças. A ameaça do ISIS-K é vista como um potencial alvo para as duas partes, já que, de acordo com Joe Biden, os EUA procurarão vingar o ataque sofrido há duas semanas. Numa declaração oficial, o Presidente norte-americano deixou mesmo um aviso. “Ao ISIS-K: nós ainda não terminámos convosco.”

No entanto, este objetivo será mais difícil de concretizar sem forças militares ou aliados no terreno — apesar de a atual Administração defender ser possível operar uma monitorização à distância e a realização de ataques localizados. Os dois oficiais norte-americanos, antigos combatentes no Afeganistão, também agradeceram a todos os que contribuíram para a retirada de civis norte-americanos, caracterizando a operação como “a maior missão de evacuação da história americana“.

Do lado dos talibãs, uma possível cooperação com os Estados Unidos também será bem-vinda, principalmente quando o grupo luta pelo prestígio do futuro governo — e que poderá ir para além da luta contra o ISIS-K. Segundo avança o The New York Times, um dos problemas que o país poderá enfrentar nas próximas semanas é a falta de bens alimentares, que as forças americanas distribuíam com frequência pela população durante a ocupação. As filas nos bancos para levantar dinheiro são também uma realidade quotidiana face ao colapso da economia afegã ao longo das últimas semanas.

https://zap.aeiou.pt/eua-admitem-colaborar-com-talibas-para-enfrentar-ameaca-do-isis-k-428853

 

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