A junta militar de Myanmar está a sequestrar familiares de pessoas que pretende deter, incluindo crianças com 20 semanas de idade, segundo o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) destacado para o país, Tom Andrews.
Na quarta-feira, Andrews disse ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que as condições no país continuam a se deteriorar e que “os esforços atuais da comunidade internacional para interromper a espiral descendente de eventos em Myanmar não estão a resultar”, noticiou o Guardian.
A junta militar assassinou mais de 1.100 pessoas, disse Andrews, incluindo dezenas de crianças. Até julho, matou pelo menos 75 crianças, com idades entre os 14 meses e os 17 anos. Os militares, acrescentou, estão a raptar familiares quando não conseguem localizar os indivíduos que pretendem prender.
“Recebi relatórios confiáveis de que as forças da junta detiveram arbitrariamente pelo menos 177 pessoas, quando o alvo inicial de uma operação escapou da detenção. Essas vítimas incluem crianças de apenas 20 semanas de idade”, referiu o responsável.
Mais de 8.000 pessoas foram detidas desde que os militares tomaram o poder, a 01 de fevereiro. A junta detém qualquer pessoa que desafie o seu governo – de políticos a ativistas, profissionais da área médica e jornalistas.
Andrews apelou à intervenção da comunidade internacional, alertando que há mais de 230.000 civis deslocados. Nos últimos dias, praticamente toda a população de uma cidade no oeste de Myanmar, onde vivem 7.500 pessoas, foi forçada a fugir, após confrontos entre militares e os seus oponentes, de acordo com a media local.
Os ataques aos elementos da junta militar aumentaram após o governo autoproclamado paralelo de Myanmar, estabelecido por políticos pró-democracia, anunciou uma “guerra defensiva” contra os militares no início deste mês.
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