Dezenas de mulheres e meninas foram abusadas sexualmente por voluntários da Organização Mundial de Saúde (OMS) destacados para enfrentar o Ébola na República Democrática do Congo (RDC), entre 2018 e 2020, concluiu um inquérito independente encomendado por aquela entidade.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou a situação como “angustiante”, enquanto a diretora regional para África, Matshidiso Moeti, disse que se sente “humilhada, horrorizada e com o coração partido”, noticiou o Guardian. Fontes diplomáticas avançaram que quatro pessoas foram despedidas e duas suspensas.
A comissão responsável pela investigação examinou cerca de 80 casos de jovens e mulheres, com idades entre os 13 e os 43 anos, e identificou 21 funcionários locais e internacionais da OMS entre os abusadores. Segundo o relatório, os abusos resultaram em 29 gestações, com alguns dos perpetradores a insistir que as mulheres abortaram.
A maioria das vítimas era “altamente vulnerável”, maioritariamente mulheres mais jovens, em situações económicas precárias. As conclusões chegam meses após a media ter noticiado que a OMS foi informada sobre abusos ocorridos em 2019, não conseguindo ainda assim impedir o assédio e até mesmo promovendo um dos envolvidos.
A equipa conseguiu obter a identidade de 83 alegados abusadores. As conclusões confirmam relatos de que esses funcionários exigiam sexo em troca de contratos de trabalho, ameaçavam de morte as mulheres que recusassem e, nos casos mais graves, estavam envolvidos em agressões sexuais.
Os abusos na RDC terão ocorrido durante um surto de Ébola nas províncias de Kivu do Norte e Ituri – áreas de instabilidade política e conflito armado, que causaram a morte de 2.280 pessoas em dois anos.
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