Ativista considera que os anúncios feitos pelos líderes mundiais não passam de bonitas intenções que, na prática, não se traduzem em ações com verdadeiro impacto na luta contra as alterações climáticas.
Greta Thunberg acusou os líderes mundiais de não cumprirem com as promessas destinadas a travar a crise climática, servindo-se de várias declarações recentes feitas por governantes, nomeadamente na Assembleia Geral da ONU, realizada este mês. Num discurso feito na cimeira Youth4Climate, a ativista evocou palavras de Boris Johnson, mas também de Narendra Modi.
“Construir Novamente e Melhor [plano de Joe Biden para reconverter as principais infraestruturas dos Estados Unidos da América]. Bla bla bla. Economia verde. Bla bla bla. Neutros em carbono até 2050. Bla bla bla. Isto é tudo o que temos ouvido dos nossos chamados líderes. São palavras que soam bem mas que até agora não levaram a uma ação. As nossas esperanças e ambições afogam-se nas suas promessas vazias” afirmou.
A ativista — responsável por criar a iniciativa da greve climática que tem levado milhares de jovens, em todo o mundo, a faltar às aulas para reclamar mais ação aos seus governos nesta matéria —, ainda assim, reconheceu que é necessário um “diálogo construtivo”, algo que, na sua opinião, difere do que tem vindo a acontecer.
“Têm sido 30 anos de bla bla bla e até onde é que isso nos levou? Nós ainda podemos inverter isto, é totalmente possível. Serão é necessárias imediatas e drásticas reduções nas emissões de carbono anuais – o que não acontecerá se continuarmos assim. A intencional ausência de ação dos nossos líderes é uma traição às gerações atuais e futuras” acusou a ativista.
Estas declarações surgem a cerca de um mês da cimeira Cop26, que se realizará a partir de 31 de outubro em Glasgow e que tem como principal objetivo conseguir um consenso por parte dos países participantes em relação, precisamente, à redução das emissões de carbono, de forma a manter o objetivo de redução da temperatura global em 1.5ºC ainda possível.
No entanto, dirigentes da ONU, dos E.U.A e do Reino Unido já vieram avisar que a reunião não será capaz de determinar as soluções necessárias que permitam antecipar o cumprimento de todas as metas previstas no Acordo de Paris.
A cimeira em que Greta Thunberg participou, em Milão, é organizada, segundo o The Guardian, pelo governo italiano, parceiro do governo inglês na organização da Cop 26. Apesar de ter concordado participar na reunião, juntamente com outros ativistas proeminentes, a jovem não se escusou a criticar os propósitos da mesma.
“Eles convidem jovens escolhidos a dedo para participar em reuniões como esta e fingem que nos ouvem. Mas claramente não o fazem. As emissões continuem a aumentar. A ciência não mente.”
A ativista aproveitou ainda a sua intervenção para reforçar a mensagem que tem vindo a divulgar desde que se tornou uma figura de relevo na luta pela consciencialização da luta contra as alterações climáticas. “Não podemos continuar a deixar os detentores do poder decidir o que é politicamente possível. Não podemos continuar a deixar os detentores do poder decidir o que é a esperança. A esperança não é algo passivo. A esperança não é bla bla bla. Esperança é dizer a verdade. Esperança é agir. E a esperança vem sempre das pessoas.”
Na última sexta-feira, os jovens saíram novamente à rua nas suas cidades em mais uma edição da greve climática. Só em Berlim, onde Greta Thunberg discursou, foram mais de 100 mil.
https://zap.aeiou.pt/greta-thunberg-acusa-lideres-nao-cumprirem-promessas-climaticas-434772
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