Em 2017, a CIA terá considerado raptar e discutido planos para assassinar o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, atualmente preso em Londres.
Membros seniores da CIA discutiram a possibilidade de raptar e de assassinar Julian Assange durante a presidência de Donald Trump. A investigação do Yahoo News, publicada no domingo, expõe os planos da agência norte-americana, que remontam a 2017, altura em que o fundador do WikiLeaks estava refugiado na embaixada do Equador em Londres.
Alguns antigos funcionários dos serviços de inteligência dos Estados Unidos revelaram que o plano da CIA pressupunha, em primeiro lugar, raptar Assange da embaixada. A ideia era “invadir a embaixada, arrastar [Assange] para fora e levá-lo para onde quiséssemos”.
Mike Pompeo, então diretor da CIA, “procurava vingança contra o WikiLeaks e Assange, que tinha procurado refúgio na embaixada do Equador desde 2012 para evitar a extradição para a Suécia. Pompeo e outros chefes de agência ‘estavam completamente desligados da realidade porque estavam embaraçados” com uma publicação do WikiLeaks sobre o Vault 7, disse um antigo elemento da segurança nacional, referindo-se a um conjunto de ferramentas usado pela CIA para ataques informáticos.
Um ex-funcionário do Governo de Donald Trump chegou mesmo a dizer que “o WikiLeaks era uma obsessão de Pompeo”. “Depois do Vault 7, Pompeo e Gina Haspel [vice-diretora da CIA] queriam vingar-se de Assange.”
Alguns funcionários e membros do Conselho de Segurança Nacional contestaram o plano, por dúvidas quanto à legalidade do mesmo. Além disso, alguns funcionários do Governo entraram secretamente em contacto com funcionários e membros do comité de inteligência no Senado para os alertar sobre as recentes propostas de Pompeo.
É por esse motivo que o Yahoo News não conseguiu confirmar se as sugestões contra Assange chegaram a ser aprovadas pela Casa Branca. A CIA não quis comentar e Mike Pompeo não respondeu aos pedidos de esclarecimentos.
Citado pelo Raw Story, Trevor Timm, diretor da Fundação para a Liberdade de Imprensa, disse que estas novas revelações “envolvem um desrespeito chocante pela lei”.
“A CIA é uma vergonha“, atirou. “O facto de ter contemplado e se envolvido em tantos atos ilegais contra o WikiLeaks, os seus associados, e mesmo outros jornalistas premiados, é um escândalo que deveria ser investigado pelo Congresso e pelo Departamento de Justiça. A Administração Biden deve retirar imediatamente as suas acusações contra Assange. O caso já ameaça os direitos de inúmeros repórteres.”
Julian Assange é acusado pela justiça norte-americana de 18 crimes, incluindo espionagem, arriscando até 175 anos de prisão caso seja considerado culpado. Apesar dos apelos dos defensores da liberdade de imprensa, a Administração Biden recusou retirar as acusações e continuou a tentativa do seu antecessor de extraditar o fundador do WikiLeaks.
Em janeiro, os EUA perderam uma das batalhas judiciais, após o Tribunal Criminal de Old Bailey, em Londres, ter rejeitado o pedido de extradição do fundador da WikiLeaks para os Estados Unidos.
https://zap.aeiou.pt/cia-hipotese-assassinar-assange-434654
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