Em 1977, uma nave robótica norte-americana chamada Voyager 2 foi lançada a uma missão espacial. Em 2018, tornou-se o segundo “objeto humano” a entrar no espaço interestelar. Agora, a mais de 18,5 bilhões de quilômetros de distância, a vontade dela de se comunicar com a Terra está "esfriando" um pouco,
mas ela não deixa de surpreender. Há 34 anos, passando a cerca de 80
mil quilômetros de Urano, fez uma descoberta notada só agora pelos
cientistas: o planeta gasoso está “vazando”.
A revelação um tanto quanto empoeirada passou despercebida
por décadas e foi anunciada na quinta-feira (25) pela NASA. Bastou mais
ou menos 1 minuto passando por uma “bolha” de gás chamada plasmoide para
detectar o evento, percebido como uma anomalia presente nas informações
revisitadas.
Uma vez que plasmoides gerados pela perda de atmosfera já
foram observados em outros planetas em nosso Sistema Solar, se tudo
estiver ocorrendo na mesma velocidade daquele momento, é possível que
cerca de 55% dessa camada de gases já tenha sido drenada. Urano está
murchando, pobrezinho! Imagine o constrangimento perto de seus vizinhos.
Um planeta excêntrico
O comportamento de Urano é singular. Para começar, sua rotação
acontece como se ele estivesse “deitado” quando comparado a outros
planetas do Sistema Solar. Além disso, ele dá uma leve “cambaleada” em
sua órbita, levando cientistas a acreditar que foi atingido por um
objeto massivo em algum ponto de sua história.
Sobre o “vazamento”, sua origem pode ser explicada por laços
magnéticos suaves e fechados. Estes foram encontrados no “dossiê”
enviado pela Voyager e analisados pelos pesquisadores DiBraccio e
Gershman, da agência espacial. Esse é o formato típico de plasmoides
nascidos de lançamentos de atmosfera para o espaço.
“Esta primeira observação de um plasmoide em uma magnetosfera gigante
de gelo esclarece processos que ocorrem na de Urano. Isso sugere que os
plasmoides podem desempenhar um papel importante no transporte de
plasma”, afirmam os cientistas responsáveis pela descoberta à Geophysical Research Letters.
Claro que não há muito a ser feito com o que foi visto em um rápido
passeio. “Imagine se uma nave passa pelo quarto de uma casa e tentam
descrever a Terra inteira a partir dessa observação. Obviamente as
informações não vão mostrar coisa alguma sobre como é o Saara ou a
Antártica”, diz DiBraccio. Ainda assim, a dedicação às novidades é a
maior possível. “É por isso que amo astronomia planetária. Você sempre
vai a algum lugar sem saber o destino”, o especialista finaliza.
Fonte: https://www.megacurioso.com.br/ciencia/113890-urano-esta-vazando-gas-revela-nasa.htm
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