Numa denúncia divulgada na semana passada, informantes que
trabalham na construção do muro de Trump acusaram os empreiteiros de
empregar ilegalmente guardas mexicanos para proteger as obras. Segundo
os trabalhadores, estes encontram-se armados.
Os dois funcionários acusaram a empresa Sullivan Land Services Co. (SLS), bem como uma empresa subcontratada, a Ultimate Concrete of El Paso, de contratar trabalhadores que não foram aprovadas pelo governo dos EUA.
Os trabalhadores revelam que a Ultimate Concrete construiu uma estrada rústica para agilizar as travessias ilegais da fronteira e usou veículos de construção para bloquear as câmaras de segurança. De acordo com a denúncia registada em fevereiro e divulgada na sexta-feira, dia 4 de dezembro, o processo foi autorizado por um supervisor não identificado do Corpo de Engenheiros do Exército.
As alegações vieram à tona quando dados obtidos pelo The New York Times mostraram que o muro ao qual Donald Trump chamou de “impenetrável”, se mostrou bastante penetrável, pois foi repetidamente atravessado por migrantes.
O Departamento de Justiça notificou o tribunal na semana passada que não iria intervir no caso, levando um juiz a retirar a reserva de divulgação. A lei federal permite que os denunciantes investiguem o caso “em nome dos Estados Unidos” ou, com a permissão do governo federal, procurem um acordo.
Os documentos mostram que a SLS, uma das principais construtoras do muro de Trump, recebeu contratos no valor de mais de 1,4 mil milhões de dólares para trabalhar em vários setores da fronteira. Com esses fundos, a empresa teria permitido que a sua subcontratada, Ultimate Concrete, contratasse mexicanos armados e facilitasse as travessias da fronteira que o presidente propôs fechar.
Segundo os denunciantes, a Ultimate Concrete “construiu uma estrada rústica que permitiria o acesso do lado mexicano da fronteira aos Estados Unidos“.
Em julho de 2019, um gerente de projeto do SLS pressionou um dos informantes a não incluir informações sobre os guardas de segurança mexicanos nos relatórios que seriam apresentados ao Corpo de Engenheiros do Exército.
Os funcionários também acusaram as empresas de apresentar faturas fraudulentas para os custos do muro e de “esconder” todos os lucros do projeto.
Liz Rogers, porta-voz da SLS, afirmou em comunicado que a empresa não tinha comentários a fazer sobre as acusações.
Já Jesse Guzmán, presidente da Ultimate Concrete, revelou ao New York Times que não tinha conhecimento da queixa, mas rejeitou as acusações. “Qualquer um pode reivindicar o que quiser e isso não o torna correto ou verdadeiro”, comentou.
Tanto o Departamento de Justiça dos EUA, como o advogado dos denunciantes, não quiserem prestar nenhuma declaração ao jornal The New York Times.
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