Depois da Holanda, da Alemanha e do Reino Unido, também a
Itália, a República Checa e a Espanha se preparam para apertar as
medidas com medo da multiplicação de casos no Natal.
Com medo de uma possível terceira vaga após as festividades
natalícios, vários países na Europa têm vindo a apertar as medidas para
travar a pandemia durante esta época do ano, depois de ações anteriores não terem conseguido fazer baixar os casos de infeção pelo novo coronavírus e após um aumento de casos que poderão estar ligados a celebrações ou compras de Natal.
Estes países vão desde Itália, o primeiro país a sofrer com a pandemia na Europa, ao Reino Unido, onde se detetou uma nova variante do coronavírus que se propaga mais rapidamente do que outras.
Em Itália, as autoridades têm estado assustadas não só com os números mas também com a dimensão de ajuntamentos nas ruas de várias cidades para as compras de Natal.
O país passou a ser detentor do maior número de mortes por covid-19 na
Europa, ultrapassando já o total de mais de 65 mil mortos.
Por essas razões, aguarda-se a qualquer momento o anúncio de novo confinamento
nacional desde a véspera de Natal até 2 de janeiro para evitar um
previsto aumento de infeções durante as celebrações. O governo de Giuseppe Conte
já tinha anunciado algumas restrições, como o não haver missa do galo,
mas as novas medidas que estão ainda a ser estudadas pelo executivo
devem ir mais além, como avança a imprensa italiana.
República Checa retoma recolher obrigatório
Mais radical está já a República Checa: recolhimento
obrigatório noturno entre as 23h e as 7h é retomado na sexta-feira. O
governo checo decidiu também encerrar bares e restaurantes e limitar as
movimentações, depois de um aumento significativo dos contágios em
consequência do relaxamento nas medidas.
As lojas e serviços vão continuar abertos, embora devam obedecer a
estritas medidas de higiene, as visitas em lares de idosos mantêm-se,
embora os visitantes tenham que ser submetidos a testes rápidos antes de
o fazerem.
Espanha celebra Natal e Ano Novo de forma desigual
Em Espanha, as celebrações serão feitas de forma
desigual, com cada região a decidir que medidas aplicar além das
previstas no plano acordado entre o governo central e as comunidades autónomas para travar os contágios durante o Natal.
O plano prevê a proibição de viajar entre regiões,
com exceção das deslocações para reuniões familiares. As refeições não
podem ter mais do que 10 pessoas e o início do atual recolher
obrigatório diário é atrasado para a 1h30 da madrugada no dia de Natal e
no de Ano Novo.
Estas medidas mínimas são de aplicação obrigatória, podendo as 17
comunidades autónomas acrescentar outras mais rígidas. É o caso de
Valência que está a estudar a possibilidade de apertar ainda mais as
medidas, após ser a região com mais incidência de internamentos em
Espanha na última semana.
Estes três países juntam-se à Holanda, Reino Unido e Alemanha que ontem apertaram as restrições.
Londres em nível máximo de alerta
O primeiro a fazer um anúncio de medidas mais restritivas foi o ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, que referiu que Londres e algumas localidades de Essex e Hertfordshire vão passar para o nível 3 de restrições,
o mais alto. A medida foi anunciada após o mayor de Londres ter dito
que a situação na capital era “profundamente preocupante”.
Restaurantes e pubs vão estar encerrados,
funcionando apenas com entregas para fora, e serão permitidos encontros
entre pessoas que não sejam do mesmo agregado a familiar ou “bolha de
apoio” (que prestem cuidados a dependentes, por exemplo) apenas ao ar
livre e em locais públicos.
São ainda desaconselhadas viagens de zonas fora deste escalão para as
zonas de nível 3, esclareceu Hancock. As medidas entram em vigor já na
quarta-feira.
Já o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte,
anunciou na segunda-feira novo confinamento de cinco semanas até 19 de
janeiro. As creches e as escolas da Holanda, bem como todas as
atividades consideradas não essenciais, vão encerrar para se tentarem
conter as infeções pelo novo coronavírus.
À exceção de supermercados, mercearias e farmácias, todos os
estabelecimentos vão encerrar a partir de terça-feira, incluindo museus,
cinemas, salas de espetáculos e jardins zoológicos.
Os encontros, mesmo em casa, não podem incluir mais de duas pessoas
fora do agregado. Apenas há uma exceção no Natal, em que cada casa pode
receber três adultos.
Apesar das medidas mais restritas, há quem acredite que os
facilitismos de Natal podem trazer graves problemas de saúde pública ao
Reino Unido. As revistas científicas BMJ e Health Service Journal
alertam que permitir que as famílias se encontrem no Natal vai fazer aumentar os casos e que sistema nacional de saúde britânico não vai aguentar.
Em vez de aliviarem as medidas e permitirem que até três agregados
familiares se juntem no Natal, como tem sido discutido, os dois editores
das revistas sugerem que se adote medidas mais parecidas com o que está a ser feito na Alemanha,
Itália ou Holanda. E explicam porquê: apesar das medidas restritivas
que estão atualmente em vigor, o número de pessoas internadas está a
subir.
Alemanha prepara Natal mais “duro”
Também a Alemanha vai endurecer as medidas de
combate à pandemia da Covid-19 durante o período do Natal, uma vez que o
número de novos casos de infeção por dia continua a aumentar, anunciou a
chanceler alemã, Angela Merkel. A partir de quarta-feira, 16 de
dezembro, a esmagadora maioria das lojas vai fechar — e assim será até
ao dia 10 de janeiro.
Bares e restaurantes vão manter-se fechados até à mesma data, mas as
escolas, que deveriam manter o seu calendário de funcionamento normal,
vão encerrar mais cedo e ficar fechadas entre 16 de dezembro e 10 de
janeiro.
Eslováquia e o “não milagre” dos testes rápidos
Há pouco mais de um mês, a Eslováquia espantava o mundo quando, em
apenas dois dias, testou dois terços da sua população de cerca de 5,5
milhões. A pandemia parecia controlada, a curva baixou, mas os números
dos últimos dias estão, de novo, a bater máximos.
Apesar de inicialmente o plano de fazer testes rápidos ter ajudado a
diminuir o número de contágios, em dezembro, o vento da pandemia mudou
de direção e a curva ameaçou uma subida. A 12 de dezembro, um dia depois
de serem anunciadas as primeiras medidas restritivas, a Eslováquia
chegava ao seu pico: 3.707 contágios registados em 24 horas, o maior
número jamais contado desde o início da pandemia.
Ainda hoje os eslovacos vão conhecer as regras para o Natal. Tudo indica que serão apertadas.
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