quarta-feira, 3 de março de 2021

Decisões tardias, jogos políticos ou desinformação - Por que razão a República Checa não está a conseguir fugir da pandemia !

Numa altura em que vários países da Europa começam a pensar em desconfinar, o oposto acontece na República Checa. O país já ultrapassou as 20 mil mortes e volta a entrar num novo confinamento. Mas que razões poderão ter levado a este cenário?


Embora o número de novos casos de coronavírus tenha descido durante seis semanas consecutivas, o país da Europa Central tem vivenciado novos recordes nos últimos dias.

Uma nova variante do vírus espalhou-se pelo país, o que deixou os hospitais perto do colapso. O número de mortos já ultrapassou os 20.000 e a taxa de mortalidade está entre as mais altas do mundo.

Ainda assim, tal como frisa a CNN, à partida não existia razões para o país estar entre os mais fragilizados pela pandemia. A República Checa é uma nação relativamente rica, é membro da União Europeia, tem acesso às vacinas, equipamentos médicos e testes, possui um governo eleito democraticamente e o seu sistema de saúde é respeitado.

No entanto, o inesperado aconteceu e os responsáveis estão à vista. A atual catástrofe que se vive no país é o resultado de pequenos erros, decisões tardias e mensagens mal transmitidas, dizem os especialistas.

Com vários países da Europa a viver com apertadas restrições, só na passada sexta-feira é que o Governo checo impôs um confinamento que teve início esta semana. Isto acontece numa altura em que o resto do mundo começa a pensar em flexibilizar algumas regras de combate à pandemia.

“O governo adotou uma estratégia infeliz de tomar decisões com base nas capacidades atuais dos hospitais, o que significa que muitas vezes as medidas chegam tarde demais”, disse Jan Kulveit, investigador do Future of Humanity Institute.

Vários passos em falso

Rastislav Maďar, reitor da Universidade de Ostrava, e um dos maiores epidemiologistas do país, aponta três fatores como a causa da crise atual.

Para o especialista, o primeiro aconteceu quando o governo se recusou a restabelecer a obrigatoriedade da máscara no verão, o segundo, quando decidiu reabrir lojas antes do Natal, e o terceiro quando não conseguiu reagir à nova variante que apareceu no início de janeiro. “Estes foram os três grandes erros e agora, estamos apenas a rezar para que não haja um quarto”, disse Maďar.

Também a política pode ter desempenhado um papel na tomada de decisões. “Este foi o momento em que a pandemia começou a espalhar-se novamente. Ainda havia tempo de a parar, mas não aconteceu, pois as eleições estavam a aproximar-se”, sublinha Dagmar Dzúrová, professora de demografia do Departamento de Geografia Social e Desenvolvimento Regional da Charles University em Praga.

Recorde-se que mais recentemente, o Parlamento da República Checa recusou o pedido do Governo de coligação minoritária para alargar o atual estado de emergência.

Na opinião Dzúrová, outro problema da abordagem checa é a falta de apoio financeiro significativo. Esta situação levou a um baixo cumprimento das regras.

No país, as pessoas que estão em quarentena têm direito a apenas 60% do seu salário, que apenas é pago pelos empregadores nas primeiras duas semanas. E embora as empresas tenham direito a indemnizações, muitas delas classificaram as medidas como inadequadas.

Outro grande problema tem sido a fiscalização das restrições. “As pessoas estão cansadas, e como tal têm-se encontrando em casa, dão festas, viajam para as montanhas, há uma reação contra a polícia, que não pode fazer muito”, frisou Dzúrová.

Com a mensagem do governo cada vez mais confusa, a desinformação começou também a espalhar-se. “Este problema não é exclusivo da República Checa, mas parece haver mais pessoas que acreditam em teorias da conspiração e acham que o risco de contrair o vírus é exagerado”, refere Kulveit.

Neste sentido, o especialista diz que os media do país também contribuíram para que se gerasse maior confusão no início da pandemia.

Vítimas do seu próprio sucesso

De acordo os especialistas, os checos não possuem tanto medo de contrair o vírus porque durante a primeira vaga da doença as coisas correram bem e os números de mortos e infetados não foram muito altos. Isso pode contribuir para que muitas pessoas se sintam desacreditadas em relação à doença.

“Grande parte da sociedade sentiu que nada de muito mau havia acontecido e que as medidas, que tiveram um enorme peso económico, não eram necessárias”, recorda Dzúrová.

Os checos não são os únicos a tornarem-se vítimas do seu próprio sucesso, mas a incapacidade do governo de explicar as questões está a piorar a situação, referem os especialistas.

Recentemente, o governo lançou uma campanha de informação sobre o coronavírus, mas concentrou-se principalmente nas restrições e, mais recentemente, na vacinação.

Desde ontem as medidas também ficaram mais rígidas: durante as próximas três semanas é proibido sair da zona de residência, as escolas estão fechadas, mas as creches e as lojas permanecem abertas.

https://zap.aeiou.pt/checa-nao-consegue-fugir-pandemia-384605

 

Reino Unido. Dados sobre assassinos e violadores não foram enviados para a UE !

A condenação no Reino Unido de 109 assassinos, 81 violadores e um indivíduo que cometeu ambos os crimes não foi transmitida aos países da União Europeia (UE) devido a uma falha informática e ao consequente encobrimento da situação por parte das entidades responsáveis.


Segundo divulgou o Guardian esta terça-feira, estes casos estão entre um total de 112.490 condenações não enviadas à UE durante oito anos. A situação envolve cidadãos com dupla nacionalidade que raramente são deportados, mesmo após sentenças longas, limitando a informação sobre a entrada de condenados nos Estados-membros.

De acordo com o jornal britânico, o não cumprimento da legislação da UE e a não notificação aos Estados-membros foi descoberta pela primeira vez em Whitehall, há seis anos, tendo sido criado um plano provisório para a atualização dos dados pelo Criminal Records Office, que acabou por não ser aplicado.

A falha na notificação incluia dados sobre 191 indivíduos condenados por violação e homicídio doloso, involuntário ou intencional, tend

Dessas 112.490 condenações, até 15 de fevereiro deste ano os Estados-membros foram notificados sobre 81.706 casos – 19.565 na Polónia, 17.996 na Irlanda e 12.466 na Roménia. Entretanto, as autoridades britânicas informaram que, nas últimas duas semanas, foram feitas mais 7.100 notificações.

A informação não enviada refere-se, principalmente, a cidadãos da UE com dupla nacionalidade e a indivíduos cuja impressão digital está em falta nos registos. Houve também erros na identificação dos locais de origem dos condenados.

O Guardian referiu que o problema foi causado pelo computador nacional da polícia, um banco de dados usado por organizações judiciais do Reino Unido e operado pelo Home Office, que gera arquivos diários com as últimas atualizações sobre condenações.

Se um criminoso estrangeiro for condenado no país, o Acro Criminal Records Office – órgão britânico responsável pela partilha internacional de dados da polícia -, é obrigado a alertar as autoridades do seu país de origem, de acordo com a legislação da UE.

Somente após a descoberta do Guardian, há um ano, os ministros informaram o parlamento e se comprometeram a resolver a situação. Na época, o número de registos perdidos foi estimado em 75.000.

“Chegará o dia em que uma dessas pessoas cometerá um crime muito grave e então todos se irão levantar e dizer: por que não sabíamos disso?'”, apontou a eurodeputada holandesa Sophie in ‘t Veld, membro da comissão de liberdades civis, justiça e assuntos internos do Parlamento Europeu.

Este escândalo, considerou, levantou questões sobre se o Reino Unido respeitará ou não os acordos de segurança e partilha de dados determinados no Brexit. “O Reino Unido já não cumpria as suas obrigações quando era membro da UE e agora temos menos meios para o fazer cumprir”, sublinhou.

O Lord Kennedy de Southwark, um ministro sombra do Ministério do Interior, afirmou: “Estou chocado com o que foi revelado” sobre as “falhas catastróficas do Ministério do Interior em notificar outros países europeus sobre” os indivíduos condenados “por crimes graves, incluindo assassinos e violadores”.

“O Home Office tem trabalhado” com a Acro Criminal Records Office “para garantir que os dados necessários sejam partilhados com os Estados-membros afetados”, avançou um porta-voz do Governo britânico.

E frisou: “A maioria [das notificações] já foi emitida e estamos a trabalhar nos arquivos restantes, que exigem intervenção manual cuidadosa. Todos os indivíduos relacionados aos dados enfrentaram a justiça no Reino Unido e receberam a sentença apropriada”.

https://zap.aeiou.pt/reino-unido-dados-assassinos-violadores-ue-384670

 

Vaga de frio no Texas. - Mulher processa empresa de energia depois de receber conta de 9.000 dólares !

Uma mulher residente no estado do Texas, nos Estados Unidos, avançou com uma ação coletiva de mil milhões de dólares contra o seu fornecedor de energia depois de a empresa apresentar uma conta de eletricidade de 9.000 dólares.

A conta de energia surgiu depois da vaga de frio que assolou vários estados norte-americanos, incluindo o Texas, na semana passada, deixando milhões de pessoas sem energia, detalha o Business Insider, que teve acesso à queixa.

As concessionárias elétricas dos estados de Minnesota, Texas e Mississippi, entre outras, provocaram apagões repetidos para aliviar a carga sobre as redes de energia que se esforçavam para atender à extrema procura de calor e eletricidade.

Depois de receber a conta, Lisa Khoury decidiu avançar judicialmente contra a Griddy Energy, acusando a empresa de praticar preços ilegais durante a tempestade, “explorando assim consumidores vulneráveis com a venda de eletricidade a preços denúncia”.

A Griddy utiliza um modelo grossista para cobrar a eletricidade aos seus clientes, no qual os planos de consumo são definidos consoante a taxa de mercado. Durante a tempestade, a taxa de mercado da eletricidade disparou.

“Griddy atacou Khoury no meio de um desastre (…) Ela e o seu marido ficaram sem energia em casa desde quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021, até quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021. Em simultâneo, Khoury hospedou os seus pais, que têm cerca de 80 anos, durante a tempestade. Mesmo assim, teve de minimizar o uso de energia por causa dos preços altos”, pode ler-se na denúncia.

Em comunicado, os advogados de Khoury revelaram que a conta de luz desta família entre 13 a 19 de fevereiro ascendeu aos 9.340 dólares, enquanto o valor habitualmente pago durante um mês de utilização ronda os 200 ou 250 dólares.

Os mesmos responsáveis disseram ainda que a empresa  debitou diariamente valores da sua conta até que a cliente ordenasse a suspensão do pagamento junto do seu banco.

Khoury e outros elementos da ação pedem agora mil milhões de dólares por danos.

https://zap.aeiou.pt/vaga-frio-no-texas-mulher-processa-empresa-energia-receber-conta-9-000-dolares-383992

Debaixo de fogo devido a comparações a Hitler, Amazon altera ícone da sua aplicação !

A Amazon mudou o novo logótipo da sua aplicação de smartphone depois de várias vozes críticas terem comparado a imagem ao ditador alemão Adolf Hitler.


A gigante do comércio eletrónico lançou o novo ícone em janeiro para substituir o símbolo de um carrinho de compras por um com uma caixa castanha com um pedaço irregular de fita azul acima da icónica seta em forma de sorriso da empresa.

No entanto, de acordo com o New York Post, alguns utilizadores notaram que a fita adesiva lembrava o bigode de Adolf Hitler. “Não é apenas uma fita adesiva rasgada, é uma fita adesiva rasgada que tem um formato semelhante e fica acima de uma boca sorridente. Para mim, parece um pequeno Adolf de cartão feliz”, escreveu uma pessoa no Twitter.

O infame bigode com escova de dentes foi originalmente popularizado por comediantes como Charlie Chaplin no início de 1900, antes de passar a ser associado ao ditador nazi Adolf Hitler.

Discretamente, a Amazon ajustou a fita azul, fazendo com que parecesse dobrada.

“Perdi completamente que a Amazon silenciosamente ajustou o seu novo ícone para torná-lo… menos parecido com Hitler”, escreveu outra pessoa no Twitter, depois da alteração da empresa. “Não é novidade que não enviaram um comunicado à imprensa para anunciar a segunda reformulação”, observou outro.

Questionada pelo jornal, a Amazon disse que “está sempre a explorar novas formas de agradar ps nossos clientes”. “Projetamos o novo ícone para despertar expectativa, entusiasmo e alegria quando os clientes começam a sua jornada de compras nos seus telemóveis, assim como fazem quando veem as nossas caixas na sua porta”, disse um porta-voz da empresa.

A mudança na imagem do carrinho de compras foi a primeira atualização do ícone da Amazon em mais de cinco anos.

https://zap.aeiou.pt/debaixo-de-fogo-devido-a-comparacoes-a-hitler-amazon-alter-384622

 

Vice-presidente do Zimbabué demite-se após acusações de abuso sexual !

O vice-presidente do Zimbabué, Kembo Mohadi, acusado de assédio sexual, anunciou esta segunda-feira a sua demissão do cargo, tendo reafirmado a sua inocência.


“Demito-me do cargo de vice-presidente da República do Zimbabué com efeito imediato”, escreveu Mohadi, de 71 anos, numa carta publicada pela conta do Ministério da Informação do país na plataforma social Twitter.

Mohadi pediu, por respeito à Presidência, que a sua demissão “não seja questionada ou caricaturada”.

“Preciso de me afastar para enfrentar as minhas dificuldades fora das minhas funções”, disse Mohadi, que negou qualquer má conduta pela sua parte.

“Sou vítima de manipulação de informação, distorção de gravações, espionagem e sabotagem políticas”, acrescentou.

Vários meios de comunicação locais publicaram relatos de conversas em que um homem retratado como Kembo Mohadi assediava sexualmente várias mulheres, uma das quais era, alegadamente, uma das suas colaboradoras.

Veterano da guerra de independência do Zimbabué e ex-ministro do Interior sob o comando de Robert Mugabe, Mohadi foi um dos dois vice-presidentes do país.

https://zap.aeiou.pt/vice-presidente-zimbabue-abuso-sexual-384643

 

Variante inglesa em 29 países europeus - Estirpe do Brasil mais transmissível e ilude sistema imunitário !

A variante britânica do SARS-CoV-2, presente em 29 países da União Europeia, é responsável por mais de metade das infeções totais. A estirpe detetada no Brasil, apesar de pouco prevalecente na Europa, pode ter uma carga viral até dez vezes mais elevada do que o vírus original e é capaz de iludir o sistema imunitário.


A variante britânica do SARS-CoV-2 estava, até há uma semana, presente em 29 países da União Europeia (UE) e Espaço Económico Europeu (EEE), num total de 10.700 casos, sendo agora responsável por mais de metade das infeções totais.

A informação é avançada à agência Lusa pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), que indica que, até 22 de fevereiro, “foram identificados cerca de 10.700 casos em 29 países da UE/EEE” da mutação inicialmente detetada no Reino Unido em novembro passado.

“A variação está a aumentar em toda a região [na Europa] e estima-se que seja agora responsável por mais de 50% de todos os casos na maioria dos Estados-membros”, acrescenta a agência europeia em resposta escrita enviada à Lusa.

Aludindo às evidências científicas, o ECDC assinala que esta variação (que é a que está mais presente a nível europeu) é também “mais transmissível” que o vírus original, o que pode ter “implicações sobre a eficácia das medidas”.

É provável que conduza a uma maior gravidade da doença e, portanto, as taxas de internamento podem aumentar”, acrescenta este centro europeu, que presta apoio aos Estados-membros em crises sanitárias como a atual pandemia.

No que toca à variante detetada na África do Sul, também até 22 de fevereiro, tinham sido “identificados cerca de 650 casos em 15 países da UE/EEE”, de acordo com o ECDC.

Este centro europeu observa que se registou “transmissão comunitária em alguns surtos comunicados por alguns Estados-membros” e que esta mutação do SARS-CoV-2 registada na África do Sul “é suscetível de ter um impacto significativo na eficácia da vacina para, pelo menos, algumas das vacinas atualmente aprovadas”.

Já no que toca à variante brasileira, detetada em viajantes do Brasil, até 22 de fevereiro, tinham sido “identificados cerca de 50 casos em oito países da UE/EEE”.

Num relatório divulgado em meados de fevereiro, o ECDC já tinha avisado que, apesar da redução da incidência do SARS-CoV-2 nas últimas semanas, a situação epidemiológica “ainda é motivo de grande preocupação” na Europa, pelo que apelou a intervenções de saúde pública “imediatas”.

Na altura, os peritos da agência europeia de saúde pública indicaram que as novas e mais contagiosas variantes do SARS-CoV-2 detetadas no Reino Unido, África do Sul e Brasil “suscitam preocupações”.

No documento, o ECDC apontou o “aumento substancial no número e proporção de casos” da mutação do Reino Unido na UE/EEE, bem como que estes países têm “notificado cada vez mais” casos da estirpe da África do Sul.

Já a variante brasileira “está a ser notificada a níveis mais baixos, possivelmente porque está principalmente ligada ao intercâmbio de viagens com o Brasil”, adiantou o organismo na altura, numa alusão à interrupção de viagens decretada por alguns países europeus.

Recentemente, o Governo português decidiu prolongar até dia 16 de março as medidas restritivas do tráfego aéreo, mantendo-se suspensos todos os voos comerciais e privados com origem ou destino no Brasil e Reino Unido.

Estirpe mais transmissível e ilude sistema imunitário

Essa estirpe detetada no Brasil, a P.1, poderá, no entanto, ter uma carga viral até dez vezes mais elevada e é capaz de iludir o sistema imunitário de quem já possuía anticorpos, revelam dois estudos preliminares.

“Provavelmente faz as três coisas ao mesmo tempo: é mais transmissível, invade mais o sistema imunitário e, provavelmente, deve ser mais patogénica”, disse esta terça-feira à agência espanhola EFE Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do grupo da USP que participou da investigação realizada pelo Centro Brasil-Reino Unido para a Descoberta e Diagnóstico de Abrovírus.

O estudo preliminar, realizado por investigadores brasileiros e ingleses e divulgado na última sexta-feira, sugere que a nova variante detetada no estado do Amazonas seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível do que as que a precedem e “provavelmente” isso é um dos fatores responsáveis pela segunda vaga da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Os cientistas também concluíram que a nova estirpe é capaz de evadir o sistema imunológico e causar uma nova infeção em parte dos indivíduos já infetados pelo SARS-CoV-2, concretamente entre 25 e 61%.

“Não se podem explicar tantos casos a não ser pela perda de imunidade”, disse Ester Sabino, que coordenou o estudo juntamente com o investigador Nuno Faria, da Universidade de Oxford.

O estudo preliminar, baseado num modelo matemático realizado pelo Imperial College London, baseia-se na análise de genomas de 184 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes diagnosticados com covid-19 em laboratórios de Manaus entre novembro de 2020 e janeiro de 2021.

A capital do Estado do Amazonas, Manaus, foi um dos focos da pandemia no Brasil, quer na primeira, quer na segunda vaga da pandemia, e vive um colapso da saúde desde o final do ano passado devido à explosão de casos e de internações por covid-19.

A investigação, que teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), ainda não foi revista por outros cientistas ou publicada em revistas científicas, mas está disponível online.

Da mesma forma, um outro estudo também divulgado na última sexta-feira por investigadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) da região amazónica indica que a carga viral no corpo de indivíduos infetados com a P.1 pode ser até dez vezes maior.

O Brasil, um dos países mais atingidos pela pandemia no mundo, acumula 10.587.001 infeções desde o registo do primeiro caso da doença, em 26 de fevereiro do ano passado, e 255.720 mortes.

https://zap.aeiou.pt/variante-inglesa-brasil-ilude-imunitario-384625

 

OMS diz que é prematuro e “não realista” pensar-se que a pandemia acaba este ano

O diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS diz que é prematuro pensar-se que a pandemia termina até ao fim do ano, mas que é possível é reduzir as hospitalizações e as transmissões e impedir que surjam novas variantes do vírus.


Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), avisou que é prematuro e “não realista” pensar-se que a pandemia de covid-19 termina até ao fim de 2021.

Ainda assim, o responsável disse que pode ser possível reduzir as hospitalizações e as transmissões e impedir que surjam novas variantes do vírus. “Se controlarmos a transmissão, controlamos a pandemia”, declarou.

Soumya Swaminathan, cientista chefe da OMS, acrescentou: “não podemos erradicar o vírus até ao final do ano, mas podemos reduzir as hospitalizações e a severidade da doença”.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informou esta segunda-feira que até ao fim de maio serão entregues 237 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 a 142 países.

As vacinas serão entregues a países que fazem parte do mecanismo COVAX, uma iniciativa da OMS para garantir uma vacinação contra o novo coronavírus que seja equitativa. Esta segunda-feira, o Gana e a Costa do Marfim foram os primeiros países a começar a vacinar os profissionais de saúde com doses fornecidas através do COVAX.

“Mais 11 milhões de doses serão entregues esta semana”, garantiu o responsável, que falava numa conferência de imprensa online a partir de Genebra. Na terça-feira, disse, a iniciativa COVAX publicará a primeira ronda de atribuições das vacinas.

A medida é encorajadora, mas é também lamentável, acrescentou, que alguns países continuem a dar prioridade à vacinação de adultos mais jovens, mais saudáveis e com menor risco de doença nas suas próprias populações, à frente dos profissionais de saúde e das pessoas mais idosas de outros países.

O responsável máximo da OMS avisou que os países não estão a competir na luta contra a covid-19, porque se trata de uma “corrida comum”, e acrescentou: “Não estamos a pedir aos países que ponham as suas próprias populações em risco. Estamos a pedir a todos os países que façam parte de um esforço global para reprimir o vírus em todo o mundo”.

Tedros lembrou ainda o objetivo da OMS de começar a vacinação em todos os países do mundo nos primeiros 100 dias do ano e alertou que já só faltam 40 dias e que para concretizar o objetivo é precisa “a cooperação de todos os parceiros”.

O diretor-geral salientou também que as vacinas não são suficientes para manterem os países seguros e alertou que na última semana o número de casos de covid-19 aumentou no mundo pela primeira vez em sete semanas, na Europa mas também do Sudeste Asiático, no Mediterrâneo Oriental e nas Américas.

O aumento de casos, afirmou, é dececionante, mas não surpreendente, sendo que em alguns países se deveu ao relaxamento de medidas de saúde pública e mais circulação de pessoas, a par da circulação de variantes do vírus.

Macron não levanta restrições antes de abril

O Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou esta segunda-feira que será impossível levantar as restrições antes de abril, sendo que o país registou, na semana passada, uma média de 21 mil novas infeções diárias.

“Ainda temos de aguentar por várias semanas. Entre quatro e seis semanas”, afirmou Macron em resposta a um jovem que lhe perguntou se o recolher obrigatório, atualmente em vigor entre as 18h00 e as 06h00, poderia passar a começar às 19h00. A conversa aconteceu durante uma visita do Presidente a uma unidade industrial realizada esta segunda-feira em Stains, na região de Paris.

A atual hora de recolhimento está em vigor desde o dia 16 de janeiro, antecipando em duas horas a hora que estava imposta desde 15 de dezembro (20h00), para tentar diminuir o avanço da pandemia.

O avanço da pandemia fez com que novas restrições locais passassem a ser aplicadas, como o confinamento domiciliário durante o fim de semana nas cidades de Nice (sul) e Dunquerque (norte), bem como nas suas áreas de influência.

O Governo também colocou sob vigilância reforçada 20 departamentos, onde vive cerca de 40% da população do país, incluindo a região de Paris, estando agendado para 06 de março a decisão de tornar esse confinamento parcial também nessas áreas.

A França contabiliza, desde o início da pandemia e até domingo, 3,7 milhões de infetados e 86.454 mortos, dos quais 122 ocorreram em hospitais nas últimas 24 horas.

Tóquio faz apelo a Pequim

O Japão apelou à China para não efetuar testes anais em cidadãos japoneses para detetar a covid-19, alegando “sofrimento psicológico” causado pelo procedimento. O pedido do Governo surge após notícias de que o pessoal diplomático dos Estados Unidos na China se tinha queixado de ter sido sujeito a estes testes intrusivos, algo que Pequim negou.

A China, que conseguiu conter a pandemia dentro das suas fronteiras, estimou no mês passado que estes testes, realizados com recurso a um cotonete, introduzido no ânus, aumenta a taxa de deteção de pessoas infetadas, em comparação com as amostras recolhidas na garganta ou no nariz.

O Japão, no entanto, enviou um pedido oficial à China através da sua embaixada em Pequim, pedindo que os seus nacionais fossem dispensados dos testes, depois de os expatriados japoneses terem expressado “profundo sofrimento psicológico” após os testes, disse o porta-voz do Governo nipónico, Katsunobu Kato, na segunda-feira à noite.

“Nesta fase, não recebemos qualquer resposta a dizer que vão mudar. Vamos continuar a apelar”, acrescentou, observando que não tinha informações sobre a utilização deste método fora da China.

Os métodos de amostragem da China são “baseados na ciência” e “de acordo com a evolução da situação epidemiológica e as leis e regulamentos em vigor”, disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, quando questionado sobre o assunto.

No mês passado, os meios de comunicação social nos Estados Unidos informaram que funcionários do Departamento de Estado norte-americano se tinham queixado de tais testes, mas Pequim desmentiu que tivesse feito essa exigência.

As autoridades chinesas estão a utilizar este método para testar pessoas consideradas em alto risco de contrair o vírus, incluindo residentes de zonas onde foram detetados casos em viajantes internacionais. No entanto, Pequim admitiu que uma utilização de testes retais seria difícil, porque “não é prática“.

https://zap.aeiou.pt/prematuro-pandemia-acaba-ano-384455

 

Duterte demite embaixadora no Brasil filmada a agredir funcionária !

Esta segunda-feira, Rodrigo Duterte anunciou ter assinado a demissão da embaixadora das Filipinas no Brasil, Marichu Mauro.

O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, demitiu a embaixadora no Brasil, depois de esta ter sido filmada a agredir um membro do pessoal doméstico filipino.

Duterte disse, na segunda-feira à noite, ter aprovado uma recomendação para despedir Marichu Mauro, revogar os seus benefícios de reforma e impedi-la de ocupar cargos públicos para o resto da vida.

A embaixadora filipina no Brasil foi demitida após meses de espancamento de uma funcionária na residência oficial em Brasília, ataques que foram filmados pelo circuito interno de videovigilância e divulgados pelos meios de comunicação.

Mauro tinha sido chamada a Manila no final do ano passado, após a estação de televisão brasileira GloboNews ter transmitido imagens de câmaras de videovigilância correspondentes a um período de oito meses, mostrando os vários abusos que infligia à funcionária, também ela filipina.

As imagens, gravadas entre março e outubro de 2020, foram utilizadas para justificar uma queixa apresentada ao Governo filipino contra a diplomata, nomeada embaixadora no Brasil em 2018.

Milhões de filipinas trabalham no estrangeiro como empregadas domésticas. O dinheiro que enviam para casa para as suas famílias representa uma parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB) filipino.

No entanto, algumas destas trabalhadoras domésticas trabalham em condições difíceis e mesmo perigosas. Os casos de abuso físico ou psicológico são numerosos.

https://zap.aeiou.pt/duterte-demite-embaixadora-no-brasil-384480

 

Trump e Melania foram vacinados em privado em janeiro, antes de abandonarem a Casa Branca !

Donald Trump e Melania Trump foram vacinados discretamente em janeiro antes de abandonarem a Casa Branca, admitiu um conselheiro do ex-Presidente dos EUA a vários meios de comunicação do país.


Segundo o New York Times, a revelação aconteceu durante a Conferência de Ação Política Conservadora, em Orlando, na Flórida, onde Donald Trump disse durante o discurso que “todos deviam tomar a vacina”.

Foi nessa altura que um jornalista questionou um assessor sobre se o antigo Presidente já tinha sido vacinado contra a covid-19. A resposta foi positiva, acrescentando ainda que a inoculação do ex-presidente e de Melania Trump teria ocorrido um mês antes, ou seja, em janeiro de 2021 – altura em que o republicano abandonou a Casa Branca.

O NYT associa o secretismo da vacinação de Trump com o facto de uma uma grande dos seus apoiantes demonstrarem resistência a serem vacinados.

Por exemplo, no dia 25 de fevereiro, uma sondagem da plataforma de notícias norte-americana Axios mostrava que 41% dos republicanos diziam que não tencionavam ser vacinados quando a vacina estivesse disponível. Apenas 33% disse que planeia ser vacinado.

Também por isso, ao contrário do que aconteceu com Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris, Trump terá preferido fazê-lo longe das câmaras.

Não se sabe que tipo de vacina e quantas doses terá recebido o casal Trump, que esteve infetado com covid-19 em outubro e que recuperou durante a campanha presidencial de 2020.

Atualmente, o casal está a viver na Florida.

https://zap.aeiou.pt/trump-melania-vacinados-privado-384479

 

Ex-presidente do Peru forçou esterilizações ilegais para reduzir pobreza no país !

O ex-Presidente peruano Alberto Fujimori e os seus ministros da Saúde Eduard Yong, Marino Costa e Alejandro Aguinaga foram acusados esta segunda-feira em tribunal de terem utilizado e forçado a esterilização de mulheres andinas para “reduzir a pobreza” no Peru.


Segundo a acusação, durante o programa de esterilização irregular promovido pelo ex-presidente no seu segundo mandato (1995-2000), 18 mulheres acabaram por morrer, cinco delas na sequência de ferimentos graves causados pela própria intervenção cirúrgica, que também deixou sequelas físicas em cerca de 1.300 outras.

O procurador Pablo Espinoza, representante da Primeira Procuradoria Criminal Supraprovincial, apresentou os argumentos das denúncias contra o ex-presidente (1990-2000), três ex-ministros e três outros ex-funcionários do Ministério da Saúde no início de uma audiência feita por videoconferência, liderada pelo magistrado Rafael Martinez.

Trata-se de um dos casos mais emblemáticos de presumível violação dos direitos humanos que se aguarda há mais de 20 anos para ser julgado no país, depois de uma outra denúncia ter sido subestimada pela acusação, há já alguns anos.

O ex-Presidente, que já cumpre uma pena de 25 anos de prisão por abusos aos direitos humanos, esteve representado pelo seu advogado, César Nakazaki, uma vez que decidiu não estar presente na audiência, argumentando que não pode ser acusado no caso porque não estava incluído no acordo que permitiu a sua extradição do Chile.

Fujimori, Yong, Costa, Aguinaga e o ex-diretor-geral de Saúde Ulisses Aguilar são acusados como presumíveis autores de delitos contra o corpo, vida e saúde, acusações agravadas com lesões graves e a morte de cinco mulheres, bem como de lesões graves para as outras 1.300.

As vítimas mortais, camponesas pobres e de etnia quíchua, morreram na sequência de complicações nas operações às trompas do Falópio a que foram submetidas em condições sem o rigor médico, sem preparação prévia e sem acompanhamento médico-sanitário pós-cirurgias.

A acusação referiu que, durante o seu segundo mandato, Fujimori tinha a maioria no Congresso e alterou as leis para legalizar a esterilização, incluindo-a como um método de planeamento familiar.

Pablo Espinoza acrescentou que o objetivo da esterilização da população mais vulnerável era “reduzir a pobreza” e que, para isso, o então Executivo desenvolveu “toda uma artimanha legal para evitar ser responsável” por eventuais complicações na Contraceção Cirúrgica Voluntária (AQV), tal como foi oficialmente chamado.

“O Estado manifestou a intenção de esterilizar todos os pobres, porque não há vítimas de outras camadas sociais”, frisou Espinosa, argumentando ainda que o não protegeu os direitos das mulheres andinas. “São das camadas mais pobres e vulneráveis da população, em que as famílias são numerosas e as mulheres podem ser agredidas pelos seus parceiros quando adotam um método anticoncecional”.

Segundo um documento assinado pelo ex-ministro Marino Costa, apresentado pela acusação, o Ministério da Saúde peruano planeava realizar 150 mil operações cirúrgicas em 1997. Em agosto desse ano, prosseguiu, 43% das intervenções já tinham sido realizadas.

Espinosa denunciou também que os profissionais de saúde peruanos foram coagidos a cumprir ou a exceder as metas de esterilização e que, em troca, receberam incentivos, enquanto as vítimas foram ameaçadas – os filhos não receberiam mais cuidados médicos se as mulheres recusassem ou receberiam cestas básicas gratuitas se aceitassem.

Antes do início da audiência, Humberto Abanto, advogado de Marino Costa, pediu que a audiência fosse suspensa porque o ex-ministro viajou para o Chile para ser alvo de uma intervenção cirúrgica.

No entanto, o juiz Rafael Martinez rejeitou o pedido porque o réu tinha “pleno conhecimento” da data da audiência e que não procurou os meios necessários para se dotar de capacidade técnica para aceder ao julgamento através da Internet.

A audiência, que começou segunda-feira em Lima, contou com a participação de um intérprete do dialeto quéchua, que foi traduzindo a apresentação das acusações na sessão, que foi suspensa depois de cinco horas de trabalho, sendo esta terça-feira retomada com a resposta da defesa dos visados.

https://zap.aeiou.pt/ex-presidente-peru-forcou-esterilizacoes-384468

 

ONU revela provas de envolvimento do Governo russo no envenenamento de Navalny !

Especialistas da ONU que investigaram o envenenamento do líder da oposição russa, Alexei Navalny, disseram esta segunda-feira que as provas apontam para um “provável envolvimento” de altos funcionários do Estado russo.


As duas investigadoras, que durante quatro meses analisaram o caso ocorrido em agosto do ano passado, indicaram que o veneno usado contra Navalny, o Novichok, é uma dessas provas.

“O conhecimento necessário para manusear e desenvolver novas formas de Novichok, como o encontrado nas amostras retiradas de Navalny, só pode ser encontrado em organizações estatais”, observam, numa carta oficial enviada às autoridades russas em dezembro e cujos pormenores foram divulgados esta segunda-feira, depois da cláusula de confidencialidade, que durava dois meses, ter expirado.

Ages Callamard e Irene Khan também apelaram a uma investigação internacional sobre a tentativa de envenenamento do líder da oposição na Rússia.

“Dada a resposta inadequada das autoridades nacionais, o uso de armas químicas e o aparente padrão repetido de assassínios seletivos, acreditamos que uma investigação internacional deve ser realizada com urgência“, pedem as investigadoras, lembrando que os resultados deste processo podem ser particularmente úteis a Navalny, que se encontra a cumprir uma pena de prisão.

Callamard e Khan lamentaram a este respeito que, “em contraste com a falta de iniciativa do Governo [russo] para investigar o envenenamento, as autoridades tenham agido com firmeza para garantir que Navalny fosse preso imediatamente após o seu regresso à Rússia, depois de passar vários meses na Alemanha com o único objetivo de recuperar a sua saúde”.

Outra prova de que o Estado russo terá estado envolvido no ataque a Navalny é o facto de que este se encontrava sob vigilância das autoridades quando foi envenenado, “pelo que é improvável que terceiros tenham administrado o químico proibido sem conhecimento das forças de vigilância”.

Mesmo no “caso improvável” de o ataque não ter sido obra das autoridades, Callamard e Khan garantiram que o regime de Vladimir Putin “teria falhado na sua obrigação de proteger Navalny”, que já tinha sido ameaçado em ocasiões anteriores e sujeito a, pelo menos, duas outras tentativas de envenenamento.

O Governo russo “não pode escapar das suas obrigações de direitos humanos, negando a sua responsabilidade no caso”, concluem as duas investigadoras, reiterando o seu pedido para que Navalny seja libertado.

Por outro lado, as relatores consideram que o envenenamento do advogado e ativista “foi feito deliberadamente para enviar um aviso sinistro e claro a quem critica e se opõe ao Governo, dizendo-lhes que este é o destino que os espera”.

O uso do Novichok viola a convenção internacional sobre o uso de armas químicas, acrescentaram as especialistas da ONU, que também consideram o ataque contrário às leis de direitos humanos que são contra execuções arbitrárias e tortura ou tratamento desumano de detidos.

O envenenamento de Navalny, concluem as investigadoras, “responde a uma tendência, observada há décadas, de assassínios ou tentativas de assassínio contra cidadãos russos e críticos do Governo, dentro ou fora do país”, um comportamento que, na sua opinião, “exige uma resposta da comunidade internacional”.

Navalny adoeceu gravemente durante um voo da Sibéria para Moscovo em agosto. Foi levado primeiro a um hospital em Omsk, no sudoeste da Sibéria e, depois, para Berlim para receber tratamento. Laboratórios alemães, franceses e suecos determinaram que foi envenenado por um agente nervoso Novichok da era soviética.

Navalny há muito considera o Kremlin responsável pelo seu envenenamento. Moscovo nega as acusações e o Presidente russo Vladimir Putin afirmou que Navalny não era “suficientemente importante” para ser um alvo do Kremlin – e, se fosse, a Rússia teria “terminado o trabalho”.

https://zap.aeiou.pt/onu-revela-provas-envenenamento-384457

 

terça-feira, 2 de março de 2021

A Cidade do México proibiu tampões menstruais com aplicador - Agora, as mulheres estão furiosas !

A Cidade do México já tinha proibido outros objetos compostos por plástico, como é o caso de copos e palhinhas, mas agora foi mais longe e resolveu banir os tampões menstruais que contém aplicadores. No entanto, a decisão da capital mexicana deixou as mulheres furiosas.


Sem esperar a decisão, mais de 30 organizações entraram com uma queixa oficial no órgão de anti-discriminação da cidade, acusando o poder local – atualmente dirigido por Claudia Sheinbaum – de violar os direitos das mulheres.

A organização Menstruación Digna argumenta que os governantes da cidade esqueceram-se que mais de 30% das pessoas na Cidade do México vivem na pobreza e mais de 2% não têm acesso a água potável, o que torna o uso de alternativas, como os copos menstruais, que são mais caros, mais desafiantes.

As ativistas defendem que, com a proibição, os governantes estão a ajudar a ampliar as diferenças de género e a gerar “pobreza menstrual”.

A norma entrou em vigor em janeiro deste ano, e o Twitter foi de imediato dominado por críticas de utilizadores que alegavam que o poder local não emitiu um aviso prévio sobre a implementação da nova regra.

Vários ativistas questionam a razão pela qual se decidiu proibir um produto tão vital que produz uma quantidade uma pequena de lixo.

“Embora a proporção [de plástico] possa ser pequena, é importante para nós”, explicou Marina Robles, responsável pela pasta do Meio Ambiente, ao VICE.

Robles garante que esta “foi uma medida muito técnica, bem estudada, associada à forma do aplicador do tampão, pois este pode ficar preso na garganta e no estômago dos animais”, acrescentou.

Nas redes sociais muitas mulheres questionam por que razão o produto foi proibido enquanto a Coca-Cola continua a vender vários tipos de garrafas de plástico em todo o país.

Para já, como a nova lei que proíbe os absorventes internos com aplicador de plástico está a ser aplicada em algumas lojas e não em outras, as mulheres da capital mexicana estão a tentar comprar o máximo de tampões que conseguem.

https://zap.aeiou.pt/cidade-mexico-proibiu-tampoes-aplicador-383843

 

Governador de Nova Iorque volta a ser acusado de assédio sexual !

O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, foi acusado por outra ex-assessora de assédio sexual, que foi sua assistente executiva e conselheira de políticas de saúde até novembro do ano passado.


Segundo noticiou no sábado o New York Times, Charlotte Bennett, de 25 anos, indicou que Cuomo lhe fez perguntas sobre a sua vida sexual, se era monógama e se tinha tido sexo com um homem mais velho, factos que diz terem ocorrido na primavera de 2020.

Em junho do mesmo ano, o governador terá dito à jovem que se sentia sozinho na pandemia, questionando-a: “Quem foi a última pessoa que abraçaste?”. Charlotte Bennett acredita que estes comentários foram de natureza sexual, tendo informoado a chefe de gabinete sobre o sucedido, acabando por ser transferida uma semana depois.

A alegada vítima não solicitou uma investigação formal porque “queria seguir em frente”. Cuomo, de 63 anos, negou os factos e pediu uma investigação independente.

No início do mês, a ex-assessora Lindsey Boylan, de 35 anos, também acusou o governador de a ter beijado e de lhe ter pedido que jogasse ‘strip poker’ quando se encontravam num jato privado, contando que Cuomo lhe tocava sem consentimento e fazia comentários inapropriados sobre a sua aparência, entre 2016 e 2018.

https://zap.aeiou.pt/eua-governador-nova-iorque-assedio-sexual-384126

 

Mais de 75% dos refugiados sírios podem sofrer de stress pós-traumático !

Mais de três quartos dos refugiados sírios podem estar a sofrer de distúrbios mentais, como transtorno de stress pós-traumático (TEPT), dez anos após o início da guerra civil no país.


De acordo com um artigo do Guardian, divulgado esta segunda-feira, a Syria Relief – uma instituição de caridade do Reino Unido – está a pedir mais investimento nos serviços de saúde mental para os refugiados, após uma pesquisa com deslocados ter detetado sintomas de TEPT.

Uma pesquisa com 721 sírios que vivem no Líbano, na Turquia e em Idlib, na Síria, revelou que 84% tinham pelo menos sete dos 15 principais sintomas de TEPT. “Não saio de casa de maneira alguma, apenas fico na barraca. Às vezes, tenho episódios de stresse em que tenho vontade de partir tudo e bater no meu marido”, disse uma mulher no Líbano, que não quis ser identificada.

A mulher contou que se tem esforçado para recuperar da guerra – incluindo da batalha por Aleppo, em 2015 – da perda de um filho recém-nascido devido a uma doença e de uma tentativa de violação. Medicada por um especialista, indicou que é difícil encontrar o fármaco por causa da escassez de medicamentos no Líbano.

Segundo o relatório da Syria Relief, apenas 15% dos refugiados no Líbano afirmam ter acesso a apoio à saúde mental. Entre os sírios deslocados em Idlib, o número cai para 1%. Na cidade, somente duas das 393 pessoas que participaram da pesquisa não apresentaram sintomas de TEPT.

Ibrahim Hanano, deputado na cidade fronteiriça de Tel al-Karameh, disse que há uma necessidade desesperada de apoio em áreas rurais.

“Há uma grande quantidade de pessoas que precisam desse tipo de apoio. Existem pessoas que realmente não conseguem se recuperar, têm graves lesões psicológicas e físicas”, afirmou. “A única coisa que podemos fazer é tentar documentar a sua situação”, para transmitir esses dados “às ONG’s locais” que consigam atuar nessas zonas.

O diretor de comunicação da Syria Relief, Charles Lawley, autor do relatório, referiu: “Temos muito mais sucesso em obter ajuda para questões físicas, como alimentos ou educação. Este é o dano que se pode ver da guerra, mas o que quero mostrar é que há uma enorme quantidade de danos que não se podem ver – o trauma mental”.

Diana Rayes, pesquisadora norte-americana sobre saúde mental entre deslocados sírios, disse que a pesquisa da Syria Relief não é suficiente para tirar conclusões, mas mostrou a necessidade de se dar mais atenção ao assunto.

“Sabemos que houve impactos multigeracionais de TEPT e traumas na população. Sabemos que isso afetará as crianças nascidas durante o conflito”, apontou Rayes, acrescentando que é importante abordar a saúde mental e o trauma.

Mais de 5,6 milhões de pessoas fugiram da Síria desde 2011 e 6,6 milhões foram deslocadas internamente.

https://zap.aeiou.pt/refugiados-sirios-stress-pos-traumatico-384199

 

Iémen irá enfrentar a pior fome já vista nas últimas décadas !

De acordo com a ONU, a situação humanitária no Iémen é muito grave e o país irá enfrentar a pior fome à qual o mundo já assistiu. Esta situação pode ser revertida se os seus vizinhos contribuam generosamente, alertou o chefe humanitário da ONU na passada quarta-feira. Guterres também já reagiu.

Mark Lowcock referiu que os países do Golfo, especialmente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que contribuíram em 2018 e 2019, reduziram drasticamente os seus apoios no ano passado.

Esta situação forçou as agências internacionais a reduzir a distribuição de alimentos e outras ajudas humanitárias. Em 2019 os apoios rondavam os 14 milhões de dólares todos os meses, mas em 2020 apenas se registaram contributos na ordem dos 9 milhões, recorda a Time.

Os 4 milhões de pessoas que não conseguiram receber comida no ano passado “passaram pelo processo longo, lento, brutal, doloroso e agonizante de morrer à fome”, disse Lowcock num entrevista virtual a grupo de jornalistas.

O conflito devastador no país mais pobre do mundo árabe eclodiu em 2014, quando rebeldes Houthi, apoiados pelo Irão, tomaram a capital do Iémen, Sanaa, e grande parte do norte do país. Isto levou uma a coalizão militar árabe apoiada pelos EUA, e liderada pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, de modo a intervir numa tentativa de restaurar o governo do presidente do Iémen, Abed Rabu Mansour Hadi.

O conflito matou cerca de 130.000 pessoas e gerou o pior desastre humanitário do mundo. Metade das instalações de saúde foram fechadas ou destruídas e quatro milhões de iemenitas foram expulsos das suas casas. Para piorar a situaçõa, no ano passado surgiu a pandemia de covid-19, várias epidemias de cólera e a desnutrição severa de crianças, que causaram milhares de mortes adicionais.

No entanto, Lowcock realçou que a nova política do presidente dos EUA, Joe Biden, para o Iémen visa terminar a guerra de seis anos e interromper o apoio à coalizão.

O responsável das Nações Unidas disse que agora cabe às partes beligerantes do Iémen aproveitar a oportunidade construir um governo que represente “todos” e atenda às necessidades das pessoas, incluindo a reconstrução da economia e a restauração dos meios de subsistência de milhões de pessoas. Se isso acontecer, o governo poderá receber apoio internacional.

Para manter a situação no país “estável”, Lowcock sublinha que o país necessita de apoios na ordem dos 3,85 mil milhões de dólares.

“Cada dólar conta”

Neste sentido, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu hoje aos doadores para que financiem “com generosidade” a ajuda humanitária ao Iémen, “a fim de evitar que a fome engula” um país que já devastado pela guerra.

“Cada dólar conta”, garantiu numa conferência virtual co-organizada pela Suécia e pela Suíça. “A fome está a acabar com o Iémen. Temos de correr se queremos evitar que a fome e a inanição roubem milhões de vidas”, alertou Guterres na conferência.

Apesar do apelo, é improvável que a resposta dos doadores atinja os objetivos da ONU, visto que a pandemia de covid-19 e as suas consequências devastadoras atingiram as economias de todo o mundo.

O secretário-geral do Conselho de Refugiados da Noruega, Jan Egeland, que está a realizar uma visita de uma semana ao Iémen, alertou também que os grupos de ajuda estão “catastroficamente” subfinanciados e sobrecarregados.

“É ultrajante que as organizações de ajuda tenham de implorar e raspar o fundo da panela para fornecer um mínimo de comida para ajudar a manter os iemenitas vivos, quando os países que fazem a guerra e causam tanto sofrimento ainda estão dispostos a muito mais na luta”, considerou.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, liderou a delegação do país na conferência, organizada numa altura em que a administração Biden tem reunido esforços para pôr fim ao conflito.

Países ricos, como os Estados Unidos, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, reduziram drasticamente a ajuda ao Iémen no ano passado devido às exigências da pandemia, a alegações de corrupção e também ao receio de que a ajuda possa não estar a chegar aos destinatários pretendidos nos territórios controlados pelos rebeldes.

A chefe do Governo da Noruega, Ine Eriksen Soereide, afirmou que seu país vai canalizar 200 milhões de coroas suecas (cerca de 19 milhões de euros), acrescentando estar “profundamente preocupada” com a situação.

https://zap.aeiou.pt/iemen-enfrentar-pior-fome-guterres-384355

Jornalistas estrangeiros denunciam “declínio da liberdade” na China

A China utilizou as medidas para controlar o coronavírus, a intimidação e restrições de visto para limitar a cobertura jornalística estrangeira em 2020, dando início a um “rápido declínio da liberdade na media”, denunciou o Foreign Correspondents’ Club of China (FCCC).


Segundo noticiou esta segunda-feira a agência Reuters, o relatório anual do FCCC revelou que este é terceiro ano consecutivo em que os jornalistas indicam não ter havido melhorias nas condições de trabalho.

“Todos os braços do poder estatal – incluindo os sistemas de vigilância introduzidos para conter o coronavírus – foram usados ​​para assediar e intimidar jornalistas [estrangeiros], os seus colegas chineses e as pessoas” que estes tentaram entrevistar, indica o relatório.

De acordo com o documento, as autoridades usaram as medidas de saúde pública para negar aos jornalistas o acesso a áreas sensíveis, ameaçando-os com quarentena forçada. Foram também levantadas restrições de visto.

Pelo menos 13 correspondentes receberam credenciais de imprensa válidas por seis meses ou menos, disse a FCCC. Normalmente, os repórteres estrangeiros destacados na China recebem vistos de um ano, renováveis por iguais períodos. Os jornalistas terão também sido usados ​​como “peões” nas disputas diplomáticas do país.

O porta-voz do Ministério das Relações Externas chinês, Wang Wenbin, referiu que as alegações são “infundadas”. “Sempre recebemos a media e os jornalistas de todos os países para cobrir notícias na China de acordo com a lei”, disse, indicando que o país se opõe ao “preconceito ideológico” e às “notícias falsas em nome da liberdade de imprensa”.

A China expulsou mais de uma dezena de jornalistas estrangeiros de organizações de media norte-americanas em 2020. Washington também reduziu o número de jornalistas autorizados a trabalhar nos Estados Unidos (EUA) em quatro órgãos de comunicação estatais chineses.

Em setembro, a Austrália ajudou dois dos seus correspondentes estrangeiros a deixar a China, após serem questionados pelo Ministério de Segurança do Estado do país.

Em 2020, as autoridades chinesas detiveram Cheng Lei, um cidadão australiano que trabalhava para a media estatal chinesa, e Haze Fan, um cidadão chinês que trabalhava para a Bloomberg News, por suspeita de colocarem em risco a segurança nacional. Ambos permanecem detidos.

https://zap.aeiou.pt/jornalistas-estrangeiros-liberdade-china-384179

Facebook paga 650 milhões para encerrar litígio sobre vida privada nos EUA !

O juiz federal norte-americano James Donato aprovou a indemnização de 650 milhões de dólares (540 milhões de euros) a 1,6 milhões de utilizadores do estado norte-americano do Illinois por parte do Facebook.


Este acordo, assinado na sexta-feira e tornado público este domingo pela agência France-Presse, coloca um ponto final no litígio entre estes cidadãos e a rede social sobre a proteção da vida privada.

O início do processo remonta a 2015, quando o advogado de Chicago Jay Edelson processou o Facebook, alegando que a rede social recolheu ilegalmente dados biométricos para identificar rostos. Dados estes que violavam uma lei de privacidade do Illinois aprovada em 2008.

No final de janeiro de 2020, o Facebook concordou em pagar 550 milhões de dólares, depois de não ter conseguido a nulidade deste processo, que assumiu a forma de uma‘ação coletiva em 2018 após a reclamação inicial de 2015. Contudo, em julho de 2020, o juiz do caso, o juiz distrital James Donato, decidiu que esse valor era insuficiente.

Durante o julgamento, descobriu-se que o Facebook armazenava dados biométricos sem o consentimento dos utilizadores, violando assim a lei estadual. Em 2019, o Facebook propôs que o recurso de reconhecimento facial fosse apenas opcional.

Segundo o juiz, esta é uma decisão “histórica” e representa uma “grande vitória para os consumidores na polémica área da privacidade digital”.

“Este é um dos maiores acordos já alcançados na sequência de uma violação de privacidade”, afirmou James Donato, acrescentando que cada um dos queixosos irá receber uma indemnização de, pelo menos, 345 dólares.

Segundo a AFP, o Facebook, por sua vez, não comentou esta decisão.

https://zap.aeiou.pt/facebook-650-milhoes-encerrar-litigio-384200

 

“Retoma da normalidade” - Bruxelas propõe este mês livre-trânsito digital para vacinados e recuperados !

A Comissão Europeia vai apresentar este mês uma proposta legislativa para criar um livre-trânsito digital que permita retomar as viagens em altura de pandemia de covid-19, comprovando a vacinação ou a recuperação dos cidadãos.


A informação foi esta segunda-feira avançada pela presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, que através da rede social Twitter anunciou que a Comissão Europeia vai “apresentar este mês uma proposta legislativa para um livre-trânsito digital”.

“O objetivo é fornecer provas de que uma pessoa foi vacinada, resultados dos testes para aqueles que ainda não conseguiram obter uma vacina e informação sobre a recuperação da covid-19”, precisou a responsável, dando assim seguimento à intenção que tem vindo a ser abordada há várias semanas na União Europeia (UE).

Ursula von der Leyen garantiu, ainda, que este certificado digital “respeitará a proteção de dados, segurança e privacidade”.

A ideia de criar este certificado digital para permitir a retoma do setor das viagens e do turismo começou a ser abordada no início deste ano.

“Quanto à questão de como poderia ser o livre-trânsito digital: apresentaremos uma proposta legislativa em Março”, disse Ursula von der Leyen numa videoconferência com deputados alemães.

A ideia de criar este certificado digital para permitir a retoma do sector das viagens e do turismo começou a ser abordada no início deste ano e há várias semanas que a intenção tem vindo a ser discutida na União Europeia.

Temido diz que certificado prevê “retoma da normalidade”

A ministra da Saúde, Marta Temido, sublinhou esta segunda-feira que o certificado de vacinação, cuja proposta deverá ser apresentada este mês pela Comissão Europeia, permitirá “retomar a normalidade” do quotidiano dos cidadãos europeus “nas melhores condições possíveis”.

“Hoje, mais do que nunca, impõe-se uma abordagem comum nos movimentos dos nossos cidadãos em segurança”, começou por sublinhar Marta Temido, em conferência de imprensa após uma reunião remota com os ministros da Saúde dos 27 Estados-membros da UE, à qual presidiu, a partir do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Questionada sobre quais as informações que estarão disponíveis no livre-trânsito digital, Marta Temido foi de encontro às informações reveladas por Ursula von der Leyen e disse que “é claro que um dos aspetos que um documento desse tipo poderá referir é o estado vacinal” dos cidadãos, isto é, “a circunstância de a pessoa já ter sido ou não vacinada”.

“Mas poderá referir outras informações importantes, por exemplo, quanto à circunstância de a pessoa já ter sido submetida a um teste [de diagnóstico da covid-19] e o resultado desse teste ou informação sobre se a pessoa já teve ou não covid-19”, acrescentou ainda.

Para a ministra, este livre-trânsito digital trata-se de um “utensílio importante” que permite aos cidadãos “enfrentar um mundo onde a covid-19 circula como doença” e onde se pretende “retomar a normalidade (…) nas melhores condições possíveis”.

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia Margaritis Schinas sublinhou, contudo, que não é possível adiantar informações sobre o projeto final desta proposta, que será formalmente apresentada pelo executivo comunitário a 17 de março, segundo indicou.

Ainda assim, Schinas explicou que o conceito deste “produto europeu” terá uma “componente digital forte”, no qual estarão disponíveis informações “como a vacinação [contra a covid-19] ou não, resultados dos testes, a recuperação, questões de segurança, legislação sobre privacidade dos dados, todos os requisitos de segurança necessários”.

“Estamos cientes dos enormes esforços e sacríficos que a população europeia está a fazer neste momento. Sabemos que carregam um enorme fardo às costas, e queremos aliviar esse fardo, queremos organizar de forma segura a abertura da União Europeia”, salientou o vice-presidente executivo, pedindo, por isso, “confiança” que está a ser desenvolvido Comissão Europeia.

Já a comissária europeia da Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, sublinhou que a UE está a aguardar que “nas próximas semanas de março” se assista a “um aumento de produção” de vacinas contra a covid-19, acrescentando ainda estar “à espera também da avaliação de outras vacinas nas próximas semanas”.

“Até hoje, 33 milhões de doses foram administradas e, pelo menos, 11 milhões de europeus já foram vacinados”, apontou, garantindo, de seguida, que a Comissão Europeia está a trabalhar “no sentido de estabelecer contactos com as empresas para tentar aumentar a capacidade de vacinas“, garantiu.

Marta Temido presidiu esta segunda-feira a uma reunião, por videoconferência, com os ministros da Saúde dos 27 Estados-membros da UE, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da UE, na qual se discutiram as novas variantes da covid-19, bem como uma nova abordagem à testagem e os processos de vacinação nos países.

https://zap.aeiou.pt/bruxelas-propoe-livre-transito-384315

 

Covax permite que países mais pobres comecem a receber a vacina mas só garante 20% da vacinação !

A Covax visa fornecer vacinas contra a covid-19 a 20% da população de 200 países e territórios que estão incluídos no sistema através de um sistema de financiamento que permite a 92 economias de baixo ou médio rendimento acesso à vacina.


A Covax é uma parceria mundial que visa combater a desigualdade no acesso a vacinas contra a covid-19. A CEPI (Coligação para as Inovações de Preparação para Epidemias), a Gavi (Aliança Global para as Vacinas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são codirigentes desta iniciativa.

Inicialmente, esperava-se que este programa pudesse arrancar em paralelo com as vacinações nos países mais ricos, mas a previsão temporária da Covax para a distribuição das vacinas só foi divulgada há cerca de duas semanas.

Iryna Mazur, do serviço de imprensa da Gavi, informou o Expresso de que os países de baixo e médio rendimento podem contar com as primeiras entregas de vacinas da Covax este mês. Aliás, o Gana foi o primeiro a recebê-las e a OMS estima distribuir 336 milhões de doses na primeira metade do ano, chegando aos dois mil milhões no final de dezembro.

No entanto, mesmo que o processo ocorra sem atrasos, a Covax só garante a vacinação de 20% da população.

Ao semanário, Faten Aggad, conselheira sénior do Alto Comissário da União Africana para as relações com a União Europeia, disse que este valor é “insuficiente para o nosso continente, que precisa de vacinar pelo menos 65% da população para alcançar a imunidade de grupo”.

Para o especialista, a única hipótese de haver uma parceria igualitária, seria a África e a Europa avançarem “para lá deste conceito de intermediação e permitir aos países africanos terem acesso direto às vacinas usando os seus próprios recursos”. Isto porque, salientou, é muito difícil que, mesmo os países africanos com um setor farmacêutico forte, como a África do Sul e o Senegal, avancem para a produção de vacinas no continente.

“Não se arranja espaço para que os países africanos tenham a responsabilidade de tomar conta de si próprios” nem para que os cidadãos africanos “tenham a possibilidade de responsabilizar os seus governos na eventualidade de estes falharem, não providenciando as vacinas necessárias”, justificou Aggad.

Índia disponível para apoiar Angola

A embaixadora da Índia em Angola, Pratibha Parkar, revelou que o executivo indiano está disponível para apoiar países africanos no acesso à vacina contra a covid-19, estando a analisar uma solicitação de Angola neste âmbito.

“Claro que há muito interesse nas vacinas”, disse a diplomata indiana, em entrevista à Lusa, acrescentando que já houve contactos entre os dois países nesse sentido e o pedido está a ser avaliado. “Abordaram-nos e o governo indiano está a analisar”, declarou, acrescentando que a Índia já doou muitas vacinas à iniciativa Covax e vários países africanos estão em negociações com a Índia neste âmbito.

“A Índia tem, primeiro, de cuidar dos seus cidadãos, da nossa população de 1,3 mil milhões de pessoas, mas o governo assegurou que vai desempenhar um papel importante no fornecimento de vacinas a quase todos os países do mundo”, reforçou Pratibha Parkar.

A Índia tem uma indústria farmacêutica florescente, associada à produção de medicamentos genéricos de baixo custo, estando também a produzir vacinas contra a covid-19, que vão ser exportadas para vários países, incluindo o Brasil e os Emirados Árabes Unidos.

Além das vacinas nacionais, Covaxin, produzidas nos laboratórios da Bharat Biotech, o país produz também vacinas da Astrazeneca no Instituto Sérum (Covishield), tendo administrado já cerca de 12 milhões de doses das duas vacinas aprovadas.

O setor farmacêutico e da saúde é uma das áreas de cooperação que a Índia quer intensificar com Angola, segundo a embaixadora, que apresentou cartas credenciais ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, a 22 de outubro do ano passado.

Angola prevê vacinar 53% da população, num total de 16, 4 milhões de pessoas, em duas fases, confirmou esta semana, em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta. Na primeira fase, serão vacinadas 6,4 milhões de habitantes e na segunda, mais dez milhões.

A previsão do Governo angolano é receber, em duas fases, cerca de 15 milhões de doses da vacina contra a doença.

https://zap.aeiou.pt/covax-paises-mais-pobres-384077

 

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