A Covax visa fornecer vacinas contra a covid-19 a 20% da população de 200 países e territórios que estão incluídos no sistema através de um sistema de financiamento que permite a 92 economias de baixo ou médio rendimento acesso à vacina.
A Covax é uma parceria mundial que visa combater a desigualdade no acesso a vacinas contra a covid-19. A CEPI (Coligação para as Inovações de Preparação para Epidemias), a Gavi (Aliança Global para as Vacinas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) são codirigentes desta iniciativa.
Inicialmente, esperava-se que este programa pudesse arrancar em paralelo com as vacinações nos países mais ricos, mas a previsão temporária da Covax para a distribuição das vacinas só foi divulgada há cerca de duas semanas.
Iryna Mazur, do serviço de imprensa da Gavi, informou o Expresso de que os países de baixo e médio rendimento podem contar com as primeiras entregas de vacinas da Covax este mês. Aliás, o Gana foi o primeiro a recebê-las e a OMS estima distribuir 336 milhões de doses na primeira metade do ano, chegando aos dois mil milhões no final de dezembro.
Ao semanário, Faten Aggad, conselheira sénior do Alto Comissário da União Africana para as relações com a União Europeia, disse que este valor é “insuficiente para o nosso continente, que precisa de vacinar pelo menos 65% da população para alcançar a imunidade de grupo”.
Para o especialista, a única hipótese de haver uma parceria igualitária, seria a África e a Europa avançarem “para lá deste conceito de intermediação e permitir aos países africanos terem acesso direto às vacinas usando os seus próprios recursos”. Isto porque, salientou, é muito difícil que, mesmo os países africanos com um setor farmacêutico forte, como a África do Sul e o Senegal, avancem para a produção de vacinas no continente.
“Não se arranja espaço para que os países africanos tenham a responsabilidade de tomar conta de si próprios” nem para que os cidadãos africanos “tenham a possibilidade de responsabilizar os seus governos na eventualidade de estes falharem, não providenciando as vacinas necessárias”, justificou Aggad.
Índia disponível para apoiar Angola
A embaixadora da Índia em Angola, Pratibha Parkar, revelou que o executivo indiano está disponível para apoiar países africanos no acesso à vacina contra a covid-19, estando a analisar uma solicitação de Angola neste âmbito.
“Claro que há muito interesse nas vacinas”, disse a diplomata indiana, em entrevista à Lusa, acrescentando que já houve contactos entre os dois países nesse sentido e o pedido está a ser avaliado. “Abordaram-nos e o governo indiano está a analisar”, declarou, acrescentando que a Índia já doou muitas vacinas à iniciativa Covax e vários países africanos estão em negociações com a Índia neste âmbito.
“A Índia tem, primeiro, de cuidar dos seus cidadãos, da nossa população de 1,3 mil milhões de pessoas, mas o governo assegurou que vai desempenhar um papel importante no fornecimento de vacinas a quase todos os países do mundo”, reforçou Pratibha Parkar.
A Índia tem uma indústria farmacêutica florescente, associada à produção de medicamentos genéricos de baixo custo, estando também a produzir vacinas contra a covid-19, que vão ser exportadas para vários países, incluindo o Brasil e os Emirados Árabes Unidos.
Além das vacinas nacionais, Covaxin, produzidas nos laboratórios da Bharat Biotech, o país produz também vacinas da Astrazeneca no Instituto Sérum (Covishield), tendo administrado já cerca de 12 milhões de doses das duas vacinas aprovadas.
O setor farmacêutico e da saúde é uma das áreas de cooperação que a Índia quer intensificar com Angola, segundo a embaixadora, que apresentou cartas credenciais ao chefe de Estado angolano, João Lourenço, a 22 de outubro do ano passado.
Angola prevê vacinar 53% da população, num total de 16, 4 milhões de pessoas, em duas fases, confirmou esta semana, em Luanda, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta. Na primeira fase, serão vacinadas 6,4 milhões de habitantes e na segunda, mais dez milhões.
A previsão do Governo angolano é receber, em duas fases, cerca de 15 milhões de doses da vacina contra a doença.
https://zap.aeiou.pt/covax-paises-mais-pobres-384077
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