Esta terça-feira, a Grécia atingiu um novo máximo de casos
diários de covid-19 e os Países Baixos alargam as restrições em vigor no
país até 20 de abril. No Brasil, Bolsonaro falou ao país para
tranquilizar a população e o Governo brasileiro pediu ajuda
internacional para a vacinação da população.
A petição será dirigida à ONU, à Organização Mundial da Saúde (OMS) e
à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),
assim como ao G20 [fórum internacional que integra Governos e
governadores dos bancos centrais de 19 países e a UE], aos parlamentos
dos Estados Unidos, do Reino Unido e da China e aos laboratórios
produtores de vacinas.
O documento destaca que esse pedido “ocorre num momento em que a
sombra nefasta da morte paira sobre milhões de brasileiros e quando
novas formas do vírus da covid-19” se estão a converter “numa ameaça global“.
O texto acrescenta que, até ao momento, pouco mais de 5% dos 212
milhões de brasileiros foram vacinados e que o país enfrenta sérias
dificuldades para garantir a continuidade do programa de imunização,
devido aos problemas causados pela enorme procura no mundo.
Ainda assim, o Governo brasileiro garante ter acordos prévios para
cerca de 500 milhões de doses de vacinas de vários laboratórios, que
devem chegar ao país ao longo deste ano, o que para os senadores “poderá
ser tarde”.
O documento revê a “situação dramática” do Brasil, que ultrapassou já
a barreira das três mil mortes num só dia devido à covid-19, e diz que o
Senado “se vê obrigado” a fazer “um doloroso alerta: o avanço da
pandemia no Brasil representa um risco real para o mundo”.
A moção, apresentada pela senadora Kátia Abreu com o apoio de 65 dos
81 membros da Câmara Alta, foi aprovada num momento em que o Brasil
enfrenta a pior fase da pandemia, com hospitais em colapso na maioria do país, que é o segundo mais afetado pela covid-19 no mundo, depois dos Estados Unidos.
Esta terça-feira, dia em que o país bateu o recorde trágico de 3.251
mortes diárias, o presidente brasileiro falou em rede nacional, tentando
tranquilizar a população e prometendo 500 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
“Quero tranquilizar o povo brasileiro e afirmar que as vacinas estão
garantidas. Ao final do ano, teremos alcançado mais de 500 milhões de
doses para vacinar toda a população. Muito em breve, retomaremos a nossa
vida normal”, afirmou Jair Bolsonaro.
A mensagem foi transmitida no dia em que o Brasil teve o seu dia mais
trágico desde o início da pandemia, após ter ultrapassado, pela
primeira vez, os três mil mortos (3.251) devido à covid-19 num único
dia, num total de 298.676 vidas perdidas.
Em relação ao número de infeções, foram contabilizados 82.493 casos
positivos nas últimas 24 horas, totalizando 12.130.019 diagnósticos de
covid-19 em solo brasileiro.
“Em nenhum momento, o Governo deixou de tomar medidas importantes
tanto para combater o coronavírus como para combater o caos na economia,
que poderia gerar desemprego e fome. (…) Neste mês, intercedi
pessoalmente junto à fabricante Pfizer para a antecipação de 100 milhões
de doses, que serão entregues até setembro de 2021. E também com a Janssen, garantindo 38 milhões de doses para este ano”, argumentou o mandatário.
“Hoje, somos produtores de vacina em território nacional. (…) Quero destacar que hoje somos o quinto país que mais vacinou no mundo.
Temos mais de 14 milhões de vacinados e mais de 32 milhões de doses de
vacina distribuídas para todos os estados da federação, graças às ações
que tomamos logo no início da pandemia”, salientou, na mensagem que
durou cerca de quatro minutos.
No entanto, quando se considera a administração de vacinas contra a
covid-19 por 100.000 habitantes, o Brasil cai para a 58.ª posição,
segundo o ranking mundial de imunização, atualizado diariamente pelo
jornal The New York Times.
Segundo um consórcio formado pela imprensa local, 6,04% de uma
população de 212 milhões de habitantes receberam a primeira dose de
alguma vacina contra a covid-19, enquanto que 2,05% receberam as duas
doses.
“Solidarizo-me com todos aqueles que tiveram perdas em sua família.
Que Deus conforte seus corações! Estamos fazendo e vamos fazer de 2021 o
ano da vacinação dos brasileiros. Somos incansáveis na luta contra o coronavírus. Essa é a missão e vamos cumpri-la. Deus abençoe o nosso Brasil”, concluiu Bolsonaro.
Enquanto falava ao país, vários cidadãos foram às suas janelas, em
várias cidades do país, bater em panelas, num ato de protesto contra a
gestão do chefe de Estado na pandemia.
Os protestos refletem a forte queda do apoio ao Presidente detetada
pelas últimas sondagens, que o mostram com um decréscimo da aprovação ao
longo das últimas semanas.
A defesa de Bolsonaro pelas vacinas contrasta com declarações
anteriores, em que afirmou que os imunizantes podem provocar efeitos
colaterais. O Presidente também chegou a declarar que não será vacinado
contra a covid-19.
Grécia atinge novo máximo de contágios
A Grécia atingiu um novo máximo de casos diários de covid-19 esta terça-feira com 3.586 infetados, o maior número desde que começou a pandemia, segundo anunciou a Organização Nacional de Saúde Pública (EODY).
Desta forma, o total de contágios no país helénico desde que foi
confirmado o primeiro paciente, em fevereiro do ano passado, chegou aos
242.347.
Além disso, foi também registado um novo recorde de pacientes entubados, com 699 pessoas ligadas a ventiladores.
A maioria dos casos confirmados esta
terça-feira localizou-se na região de Ática, que atingiu os 1.779
contágios e superou o seu próprio máximo de casos diários.
A taxa de positividade situou-se em 5,6%,
muito abaixo dos 12,1% registados na segunda-feira, e foi confirmada a
morte de 51 pacientes, o que eleva o total de óbitos diagnosticados com
covid-19 para os 7.582.
No entanto, a presença do SARS-CoV-2 nas águas residuais estabilizou-se ou até diminuiu em grande parte do país.
Na semana de 15 a 21 de março, a carga viral
nas águas de cidades na ilha de Creta, como Retimno ou Iráklio, foi
reduzida em 87% e 53%, respetivamente, enquanto nas águas da capital
baixou 27%, em comparação com a semana anterior, quando se registou uma
grande subida.
O ministro da Saúde grego, Vassilis Kikilias, comemorou ter ultrapassado o milhão de pessoas que receberam pelo menos uma dose da vacina contra o vírus.
“Um milhão de passos mais perto da liberdade”, afirmou o ministro na rede social Twitter.
Desde que a campanha de vacinação começou no
final de dezembro, a Grécia já administrou 1.469.020 doses, sendo que
471.056 pessoas receberam as duas doses, o que representa 4,3% dos 11
milhões de habitantes do país.
Países Baixos alargam restrições por causa da Covid-19
Os Países Baixos alargam até 20 de abril as restrições em vigor, no
âmbito do combate à pandemia de covid-19, que se agrava no país,
anunciou esta terça-feira o Governo.
“O número de contaminações está a subir, novamente, e há mais internamentos hospitalares”, disse o primeiro-ministro Mark Rutte numa conferência de imprensa.
“Esta é atualmente a preocupante realidade, e por isso não podemos
abandonar as medidas em vigor”, sublinhou o governante neerlandês, que
reduziu o recolher obrigatório numa hora.
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