Um dia depois de a Rússia anunciar que estava a realizar “exercícios militares” perto da fronteira ucraniana, a Ucrânia indicou também estar a proceder a manobras militares. Joe Biden e Angela Merkel apelaram esta quarta-feira à Rússia para que reduza a sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.
De acordo com o Diário de Notícias, um dia depois de a Rússia anunciar que estava a realizar “exercícios militares” perto da fronteira ucraniana, em resposta às ações consideradas ameaçadoras da NATO, a Ucrânia indicou também estar a proceder a manobras militares junto à fronteira com a Crimeia.
“Declaram que não estão interessados em reativar o conflito, mas na realidade enviam recursos para armar o Exército ucraniano, aumentam a presença de navios de guerra no mar Negro, planeiam manobras conjuntas, fornecem armas letais, preparam os militares ucranianos”, afirmou o secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev.
Biden e Merkel pedem a retirada de militares russos
O presidente norte-americano, Joe Biden, e a chanceler alemã, Angela Merkel, apelaram esta quarta-feira à Rússia para que reduza a sua presença militar na fronteira com a Ucrânia.
Segundo comunicado do gabinete de Angela Merkel, a chefe de Governo alemã manteve uma conversa telefónica com Biden, durante a qual ambos concordaram em apelar à Rússia para “que reduza os seus recentes reforços de tropas” na fronteira oriental da Ucrânia, a fim de permitir “uma desescalada” da situação.
Antes, a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer, acusou a Rússia de “provocação” e saudou a Ucrânia pela sua “contenção”, indicando que o reforço de tropas na fronteira é seguido “com preocupação”. Segundo o gabinete do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 80.000 soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia.
Os Estados Unidos estimam que a Rússia deslocou nos últimos dias entre 15.000 e 25.000 soldados para a Crimeia ou para próximo da fronteira com a Ucrânia.
A representante norte-americana na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Courtney Austrian, afirmou que a concentração de tropas russas na fronteira com a Ucrânia é a maior desde 2014.
“As atividades militares unilaterais da Rússia servem apenas para desestabilizar ainda mais uma situação já volátil e ameaçam desfazer o frágil cessar-fogo no leste da Ucrânia”, disse a representante dos Estados Unidos na OSCE.
A reunião do Conselho Permanente da OSCE, convocada a pedido da Ucrânia, abordou esta quarta-feira o movimento de tropas russas, no quadro de um mecanismo da organização multilateral para fomentar a transparência e a confiança mútua.
A delegação russa, que participou no encontro desta quarta-feira depois de ter estado ausente de uma reunião semelhante no sábado passado, referiu que a Ucrânia é que está a realizar “atividades militares inusuais” na região de Donbass, onde desde 2014 o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos se defrontam.
A União Europeia (UE), Estados Unidos e Canadá destacaram, porém, o “facto positivo” de a Rússia estar presente no fórum da OSCE para analisar a situação, lamentando, contudo, a atitude “pouco construtiva” de Moscovo, “que não avançou qualquer informação nova ou relevante”.
A UE referiu que as explicações russas “dificilmente podem considerar-se satisfatórias”, uma vez que não dão qualquer informação relevante para justificar um movimento de tropas tão inusitado.
Nesse sentido, pediu à Rússia que participe “de boa-fé” na reunião e que mostre “uma transparência total” sobre as suas atividades militares, algo a que está comprometida no mecanismo da OSCE, conhecido como “Documento de Viena”.
A Rússia, contudo, enfatizou que pode movimentar as suas tropas dentro do seu território com total liberdade e que o Ministério da Defesa russo enquadrou a movimentação de tropas para a fronteira com a Ucrânia na avaliação anual da capacidade de suas Forças Armadas após o inverno.
Já esta quarta-feira, a Rússia afirmou que pelo menos cinco aviões de transporte militar dos EUA chegaram à Ucrânia nos últimos dias.
“Só nos últimos dias chegaram a território da Ucrânia cinco aviões de transporte militar procedentes de bases aéreas norte-americanas”, declarou Nikolai Patrushev, o secretário do Conselho de Segurança russo, numa reunião realizada na Crimeia, a península anexada pela Rússia em 2014.
Segundo o gabinete do Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cerca de 80.000 soldados russos estão estacionados na fronteira com a Ucrânia e na Crimeia.
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