A entrevista de Diana à BBC, em 1995, contribuiu “significativamente para o medo, paranóia e isolamento” que ela viveu nos seus últimos anos, disse o príncipe William, considerando que a entrevista não deveria voltar a ser exibida.
Num vídeo publicado no Twitter, o filho mais velho de Diana reagiu ao facto de um inquérito interno na estação de televisão britânica ter concluído, na quinta-feira, que o jornalista Martin Bashir teve um “comportamento desonesto” para garantir a famosa entrevista com a princesa Diana, numa “violação grave” das normas da emissora.
O inquérito pretendeu esclarecer as acusações feitas pelo irmão de Diana, Charles Spencer, de que o jornalista Martin Bashir usou documentos falsos e outras manobras para persuadir Diana a aceitar dar a entrevista.
Spencer alegou que Bashir mostrou extratos bancários falsos relacionados com o ex-secretário particular da irmã e de outro ex-membro da família real com o objetivo de obter acesso à princesa.
O presidente da BBC, Richard Sharp, disse na quinta-feira que a companhia aceita as conclusões da investigação, acrescentando que “houve falhas inaceitáveis”.
John Birt, diretor-geral da BBC na época da entrevista, que foi transmitida no âmbito do programa de reportagens “Panorama”, pediu desculpas a Charles Spencer num comunicado.
“Agora sabemos que a BBC abrigou um repórter desonesto no ‘Panorama’ que inventou um testemunho elaborado e detalhado, mas totalmente falso, das suas relações com o conde Spencer e a princesa Diana”, disse.
“Uma falsa narrativa”
Perante os novos esclarecimentos, William considera que a forma como a entrevista foi obtida influenciou aquilo que Diana acabou por dizer.
O filho da princesa diz que a entrevista contribuiu também para piorar a relação dos pais e “desde então magoou inúmeras outras pessoas”.
O duque de Cambridge faz duras críticas à estação de televisão, que não investigou mais cedo as alegações que foram feitas e que se aproveitou da fragilidade da princesa.
William considera que a entrevista não deveria voltar a ser exibida, uma vez que contribuiu para criar “uma falsa narrativa” sobre Diana, narrativa essa que durante 25 anos “foi comercializada pela BBC e por outros meios”.
A entrevista, na qual Diana disse que “éramos três neste casamento” (referindo-se ao relacionamento do príncipe Carlos com Camilla Parker-Bowles), foi vista por milhões de telespectadores e abalou a monarquia.
Carlos e Diana estavam separados desde 1992 e, depois da entrevista, acabariam por se divorciar em 1996. Diana morreu num acidente de carro em 1997, quando ainda tinha apenas 36 anos.
“Os erros da BBC não só prejudicaram a minha mãe e a minha família, como prejudicaram o público”, conclui William.
Da mesma forma, também Harry, o filho mais novo de Diana, reagiu às informações hoje reveladas, através de um comunicado. “A nossa mãe era uma mulher incrível. Ela era resistente, corajosa e inquestionavelmente honesta. O efeito cascata de uma cultura de exploração e práticas antiéticas acabou por custar-lhe vida.”
O duque de Sussex agradeceu a todos “aqueles que assumiram alguma forma de responsabilidade” sobre esta entrevista.
“Esse é o primeiro passo em direção à justiça e à verdade. No entanto, o que me preocupa profundamente é que práticas como essas – e ainda pior – ainda são comuns”, rematou.
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