Há quase dois séculos, os cientistas já sabiam o que causava as alterações climáticas graças ao trabalho da cientista norte-americana Eunice Foote.
Muito antes da atual divisão política sobre as alterações climática, e mesmo antes da Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-1865), uma cientista norte-americana chamada Eunice Foote documentou a causa subjacente da atual crise climática.
O ano era 1856. O breve artigo científico de Foote, publicado no The American Journal of Science and Arts, foi o primeiro a descrever o extraordinário poder do dióxido de carbono para absorver calor — a força motriz do aquecimento global.
O dióxido de carbono é um gás transparente, inodoro e sem sabor que se forma quando as pessoas queimam combustíveis, incluindo carvão, petróleo, gasolina e madeira.
À medida que a superfície da Terra aquece, pode-se pensar que o calor seria apenas irradiado de volta para o Espaço. Mas não é assim tão simples. A atmosfera fica mais quente do que o esperado principalmente devido aos gases com efeito de estufa, como dióxido de carbono, metano e vapor de água atmosférico, que absorvem o calor que sai.
Eles são chamados de “gases com efeito de estufa” porque, não ao contrário do vidro de uma estufa, eles prendem o calor na atmosfera da Terra e irradiam-no de volta para a superfície do planeta. A ideia de que a atmosfera retém o calor era conhecida, mas não a causa.
Foote realizou uma simples experiência. Ela colocou um termómetro em cada um de dois cilindros de vidro, bombeou dióxido de carbono num e ar no outro e colocou os cilindros ao sol. O cilindro que continha dióxido de carbono ficou muito mais quente do que aquele com ar, e Foote percebeu que o dióxido de carbono absorveria fortemente o calor da atmosfera.
A descoberta de Foote da alta absorção de calor do dióxido de carbono levou-a a concluir que “se o ar se tivesse misturado com uma proporção maior de dióxido de carbono do que atualmente, um aumento da temperatura” resultaria.
Alguns anos depois, em 1861, o conhecido cientista irlandês John Tyndall também mediu a absorção de calor do dióxido de carbono e ficou tão surpreendido que algo “tão transparente à luz” pudesse absorver calor tão fortemente que ele fez várias centenas de experiências.
Tyndall também reconheceu os possíveis efeitos sobre o clima, dizendo que “toda a variação” de vapor de água ou dióxido de carbono “deve produzir uma mudança no clima”. Ele também observou a contribuição de outros gases, como o metano, para as alterações climáticas, escrevendo que “uma adição quase insignificante” de gases como o metano teria “grandes efeitos no clima”.
Dióxido de carbono já estava a aumentar em 1800
Por volta de 1800, as atividades humanas já estavam a aumentar dramaticamente o dióxido de carbono na atmosfera. A queima de mais e mais combustíveis fósseis – carvão e eventualmente petróleo e gás – acrescentou uma quantidade cada vez maior de dióxido de carbono ao ar.
A primeira estimativa quantitativa das alterações climáticas induzidas pelo dióxido de carbono foi feita por Svante Arrhenius, um cientista sueco e vencedor do Nobel.
Em 1896, ele calculou que “a temperatura nas regiões árticas aumentaria 8 ou 9 graus Celsius se o dióxido de carbono aumentasse para 2,5 ou 3 vezes” o seu nível naquela época.
A estimativa de Arrhenius era provavelmente conservadora: desde 1900, o dióxido de carbono atmosférico aumentou de cerca de 300 partes por milhão (ppm) para cerca de 417 ppm como resultado da atividade humana, e o Ártico já aqueceu cerca de 3,8 graus.
Nils Ekholm, um meteorologista sueco, concordou, escrevendo em 1901 que “a queima atual de carvão mineral é tão grande que se continuar […] deve, sem dúvida, causar um aumento muito óbvio na temperatura média da Terra”.
Ekholm também observou que o dióxido de carbono agia numa camada alta na atmosfera, acima das camadas de vapor de água, onde pequenas quantidades de dióxido de carbono importavam.
Tudo isto foi compreendido há mais de um século.