Sanções dos Estados Unidos a Cuba têm como objetivo castigar “os indivíduos responsáveis pela opressão da população cubana”. Ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, numa reação, fala em medidas “sem fundamento e caluniosas” e pede que os EUA se sancionem a si próprios pelos “atos de repressão diários e pela brutalidade policial que custou 1.021 vidas em 2020”.
A administração Biden anunciou ontem a aplicação de novas sanções ao regime cubano, as quais têm como alvo o ministro da Defesa e uma unidade especial de forças pertencente ao ministério do Interior por, segundo as autoridades norte-americanas, estarem diretamente envolvidos na violação de direitos humanos durante os recentes protestos contra o regime.
Num comunicado, Joe Biden afirma que as sanções são “apenas o início” de um esforço que tem em vista sancionar “os indivíduos responsáveis pela opressão da população cubana”. A tomada de posição surge numa altura em que a administração democrata estava já a ser pressionada por ativistas, congressistas e cubano-americanos.
Tal como era expectável, desde que tomou posse, Joe Biden tem apostado em políticas que revertem as decisões tomadas por Donald Trump ao longo dos últimos quatro anos, como as restrições ao comércio e às viagens e a outro tipo de aproximação, numa antítese do que tinha sido feito com Obama.
Durante a passagem pela Casa Branca, o 44.º presidente dos EUA restabeleceu as relações diplomáticas com Havana, em 2015, e foi o primeiro chefe de Estado norte-americano a visitar a ilha (em 2016) desde que Calvin Coolidge o fez em 1959.
No entanto, os mais recentes desenvolvimentos políticos e sociais no território obrigaram Biden a apostar numa abordagem distinta, já que representa a inviabilização de qualquer política que possa ser interpretada como uma cedência ao governo de Miguel Díaz-Canel.
Numa reação às sanções anunciadas em Washington, Bruno Rodríguez, ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, caracterizou-as como “sem fundamento e caluniosas”. Na opinião do oficial, os EUA deveriam aplicar sanções a si próprios pelos “atos de repressão diários e pela brutalidade policial que custou 1.021 vidas em 2020”.
As medidas foram tomadas no âmbito do Global Magnisky Act, aprovado pelo Congresso em 2012 com o objetivo de perseguir os “perpetradores de violações sérias de diretos humanos e de corrupção em todo o mundo”, lembra o The Washington Post.
Quando os protestos se iniciaram, vários comunicados foram emitidos pelas agências governamentais norte-americanas. No caso do departamento de Estado, Antony Blinken afirmou que “a partir de 11 de julho, dezenas de milhares de cubanos (…) tomaram as ruas para exigirem pacificamente o respeito das suas liberdades fundamentais e um futuro melhor”.
A resposta que encontraram, segundo Blinken, foi uma “repressão violenta dos protestos, com a detenção de milhares de pessoas simplesmente por exercerem o direito humano da liberdade e de reunião pacífica”.
A questão cubana é especialmente cara para Joe Biden, que em novembro de 2020 não conseguiu os votos da população cubano-americana nas eleições presidenciais — dado que surpreendeu os analistas políticos.
Agora, os congressistas democratas que enfrentam o escrutínio eleitoral em 2022 pressionam Biden a agir mais veemente na defesa do povo cubano, de forma a melhorar as suas chances de reeleição numas eleições que prometem ser críticas para o futuro da presidência de Biden e do próprio partido democrata a longo prazo.
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