A justiça francesa declarou o ex-Presidente Nicolas Sarkozy
culpado de financiamento ilegal de campanha, por ter excedido o limite
de gastos autorizados nas eleições de 2012.
O tribunal considerou que o antigo chefe de Estado francês, que liderou o país entre 2007 e 2012, beneficiou de um sistema de dupla contabilidade criado para poder ultrapassar os limites de despesas com a campanha impostos pela legislação francesa.
A nova condenação surge sete meses depois de Sarkozy ter sido
condenado, em primeira instância, a três anos de prisão, um dos quais
efetivo em prisão domiciliar, por corrupção e tráfico de influências,
estando, no entanto, em liberdade até decisão do recurso interposto.
O Ministério Público francês pediuuma pena de prisão efetiva de seis meses, uma pena suspensa de seis meses e uma multa de 3.750 euros.
Sarkozy, que não esteve presente hoje no tribunal de Paris para o anúncio do veredito, foi acusado de ter gastado quase o dobro
do valor máximo legal (22,5 milhões de euros) na candidatura à
reeleição em 2012, que perdeu para o socialista François Hollande.
Sarkozy negou ter sido responsável por qualquer irregularidade.
O antigo Presidente, atualmente com 66 anos, não foi acusado pelo
sistema de faturas falsas usado no processo para ocultar os gastos
excessivos da campanha, mas de ter ignorado alertas claros sobre os
riscos de ultrapassar o limite e de ter beneficiado com a fraude, que
lhe permitiu ter financiamentos além dos autorizados pela lei.
O processo envolve ainda outros 13 arguidos, acusados nomeadamente de fraude ou cumplicidade.
Segundo a acusação, a campanha de Sarkozy custou cerca de 43 milhões de euros, valor largamente superior ao teto de 22,5 milhões de euros permitido por lei.
A acusação defende que o preço real dos cerca de 40 eventos realizado
em 2012 pela empresa Bygmalion, que dá nome ao caso, foi drasticamente
reduzido, e o restante foi pago pelo partido UMP – posteriormente
rebatizado como Republicanos — com base em “subvenções fictícias”.
A farmacêutica anunciou um medicamento que mostrou ser eficaz
no combate às novas variantes de covid-19, que têm causado grande
preocupação a muitos países.
Chama-se molnupiravir e é um medicamento antiviral oral experimental contra a covid-19 da Merck & Co.
De acordo com a TSF,
deverá ser eficaz no tratamento das variantes já conhecidas do
SARS-CoV-2, incluindo a Delta, mais transmissível e atualmente dominante
em vários países. O anúncio foi feito pela própria farmacêutica, num
comunicado divulgado na quarta-feira.
Tendo em conta que o molnupiravir não tem como alvo a proteína
espícula do vírus, que difere entre variantes, o medicamento deve ser
igualmente eficaz no tratamento da doença, independentemente da evolução
do vírus, garantiu Jay Grobler, diretor executivo do departamento de doenças infecciosas e vacinas da Merck.
A Merck avançou ainda que os dados mostram que o fármaco é mais eficaz quando administrado no início do curso da infeção.
A empresa norte-americana, refere a TSF, testou o antiviral em
amostras recolhidas nos primeiros ensaios clínicos do medicamento.
A variante Delta não estava em grande circulação na altura, mas o
molnupiravir foi, entretanto, testado em amostras de laboratório da
variante responsável pelo mais recente aumento de hospitalizações e
mortes por covid-19, nos Estados Unidos.
De recordar que em 2021, a farmacêutica tinha já anunciado que um
ensaio preliminar revelou que após cinco dias de tratamento com
molnupiravir, nenhum dos pacientes que recebeu várias doses de fármaco
testou positivo.
A Merck está atualmente a conduzir dois ensaios de Fase III do antiviral, um para o tratamento de covid-19 e outro para a prevenção da doença.
O reforço do enviesamento conservador no Supremo Tribunal dos
Estados Unidos durante o mandato de Donald Trump já colheu frutos com a
inacção do órgão judicial perante a lei do aborto no Texas. A decisão
do Supremo em Dezembro sobre uma lei semelhante no Mississipi pode
ditar o seu fim definitivo.
O poder está dividido nos órgãos legislativos, executivos e
judiciais, que são independentes entre si, certo? Errado, pelo menos nos
Estados Unidos. Esta divisão que todos aprendemos na escola não se
aplica na práctica no país mais poderoso do mundo, onde a politização dos tribunais,
especialmente do Supremo, está à vista para todos, e pode agora ser
decisiva no futuro do direito à interrupção voluntária da gravidez.
Havia já um precedente jurídico com quase 50 anos, mas isso não
impediu que a lei no estado do Texas que proíbe o aborto depois das seis
semanas de gravidez avançasse – e esse avanço deveu-se à inacção do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, que não agiu perante um recurso de emergência para proibir a lei.
A 1 de Setembro, o Supremo justificou a sua decisão dizendo que não
isto não significa que a lei do Texas seja constitucional, mas que
apenas não aceitou o pedido de emergência em causa. No entanto, este
argumento não chega para os activistas que temem que o direito ao aborto
nos EUA esteja perto do fim.
Em causa está o caso Roe v. Wade, uma decisão
judicial de 1973 em que o Supremo abriu um precedente ao reconhecer o
direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG) até ao ponto em que o
feto é viável, o que acontece geralmente entre as 24 e 28 semanas.
A actual maioria conservadora de 6-3 do Supremo é a
razão para o avanço da lei texana, mas primeiro é preciso entender como o
tribunal funciona e como se chegou a esta diferença entre liberais e
conservadores neste órgão judicial.
Nos Estados Unidos, a função dos nove juízes do Supremo é avaliar a constitucionalidade das leis. O cargo é vitalício
e nunca vai a votos precisamente para assegurar que os juízes possam
tomar decisões neutras apenas base na Constituição e para evitar que os
seus pareceres sejam influenciados pela vontade popular ou por lobbys que façam doações para as campanhas eleitorais, como acontece no Congresso, no Senado e nas Presidenciais.
No entanto, a instrumentalização política do Tribunal acaba por
acontecer na mesma já que quando algum juiz se demite ou morre, o
sucessor é escolhido pelo Presidente, que tende a escolher candidatos
cujo histórico de decisões mostre se é mais conservador
ou mais liberal. O Supremo é também um tema constante nas campanhas
eleitorais e é usado como um argumento para convencer eleitores
indecisos.
Quando o Presidente faz a escolha, o Comité Judiciário do Senado
reúne-se para analisar os candidatos, seguindo-se uma audição que pode
durar alguns dias. No final, o Comité dá o seu parecer favorável ou
desfavorável ao resto do Senado, que repete um processo parecido e leva o
candidato a votos perante os 100 Senadores. Se for aprovado, o nomeado
torna-se membro do Supremo.
Visto que cargo no Supremo Tribunal é vitalício, o timing das
mortes ou demissões dos juízes acaba por poder influenciar as decisões
judiciais durante décadas dependendo do Presidente a quem cabe fazer as
novas escolhas – e essa é uma arma que os Republicanos não têm tido medo
de usar, escolhendo juízes jovens e garantindo o controlo do Supremo durante um geração.
Nas eleições intercalares de 2014, os Republicanos assumiram controlo
do Senado e um homem em específico tornou-se uma das maiores dores de
cabeça para Barack Obama: Mitch McConnell, Senador do
Missouri que se tornou líder da maioria Republicana da câmara superior
do Congresso e, mais tarde, um dos maiores aliados de Trump, apesar da
relação dos dois já ter visto melhores dias.
Após a morte do juiz Antonin Scalia em 2016, um dos mais conservadores do Supremo, Barack Obama apontou como substituto Merrick Garland
– o actual procurador-geral de Joe Biden e uma escolha mais liberal -,
mas McConnell recusou sequer levar a nomeação do Presidente Democrata a
votos.
O argumento usado? 2016 era um ano de eleições, por
isso devia ser dada a oportunidade aos americanos de escolher o próximo
Presidente e deixar a cargo desse novo chefe de Estado a escolha do
próximo juiz. Mal Donald Trump assumiu a presidência em Janeiro de 2017,
Neil Gorsuch, a sua escolha para substituir Scalia, foi aprovada.
No entanto, McConnell contrariou o próprio argumento meras horas depois da morte de Ruth Bader Ginsburg no ano passado. O Senador e grande aliado de Trump garantiu que ia deixar o Presidente escolher um novo juiz, apesar de 2020 também ser um ano de eleições e da morte de RBG ter sido ainda mais perto do sufrágio do que a de Scalia.
Em 115 juízes que já integraram o Supremo, apenas 37 propostas dos
chefes de Estado não foram aprovadas, tendo 11 destas sido rejeitadas
pelo Senado, o que mostra o abalo que o bloqueio de McConnell causou nas convenções políticas.
A influência de Trump no sistema judicial norte-americano não se
limita ao Supremo, já que Mitch McConnell também deixou na gaveta as
escolhas de Obama para os tribunais de recurso, que ouvem mais de 50 mil
casos por ano contra os menos de 100 do Supremo. Os juízes são também
vitalícios e têm de ser aprovados no Senado.
Um dos mais mediáticos é o Tribunal do Nono Circuito, que foi alvo de
críticas de Trump depois de ter bloqueado algumas das suas medidas mais
polémicas, como o impedimento da entrada de muçulmanos nos EUA ou o
financiamento de emergência para a muralha. Devido aos bloqueios de
McConnell, Trump nomeou 10 dos 29 juízes que integram o Nono Circuito, enquanto Obama escolheu apenas sete nos seus dois mandatos.
Para além dos tribunais de recurso, existem também os tribunais de distrito. O perfil dos juízes de Trump é também mais radicalmente conservador,
já que os seus antecessores Republicanos escolheram alguns magistrados
liberais devido a uma convenção informal que obrigava ao diálogo entre
os partidos.
A regra ditava que o Senado não aprovava as escolhas se os dois
Senadores do Estado em questão não gostassem do nomeado. Ou seja,
supondo que os dois Senadores Democratas californianos não gostavam da
escolha do Presidente para um tribunal da Califórnia, o Senado não
aprovava o nomeado e o chefe de Estado tinha de escolher uma
alternativa.
McConnell ignorou esta tradição e o Senado
Republicano aprovou escolhas de Trump mesmo que os Senadores fossem
contra – o que permitiu que o Presidente enviesasse completamente o
sistema judicial para os conservadores em apenas quatro anos.
“Quando assumi a Presidência, tinha mais de 100 juízes nos tribunais federais por escolher. Foi como um grande e bonito presente para todos nós“, disse Donald Trump.
Apesar dos Republicanos não controlarem o Senado actualmente, caso o
partido o recupere nas intercalares do próximo ano e McConnell volte à
presidência, há a possibilidade de voltar a bloquear escolhas de Biden para o Supremo num ano de eleições, tal como fez com Obama mas não fez com Trump.
Numa entrevista
ao Politico, McConnell disse que está mais preocupado com as eleições
de 2022 do que com o que poderá eventualmente acontecer em 2024, mas
também não fechou a porta a um bloqueio a Biden. “Não excluo qualquer
opção sobre como lidar com nomeações se estiver numa posição de
maioria”, respondeu.
Pode o toma-lá-dá-cá político no Supremo pôr em causa a sua legitimidade?
Se as políticas dos conservadores podem ser debatidas, uma coisa não
se põe em questão: não têm medo de usar ao máximo o poder a seu favor,
mesmo que isso vá contra convenções já estabelecidas nos corredores
políticos dos Estados Unidos e são tremendamente eficazes na implementação da sua agenda.
Esta abordagem agressiva dos Republicanos tem levado a muitos apelos,
especialmente da ala mais progressista, a que os Democratas, que se
encaram como um partido mais civilizado e diplomático, também descalcem as luvas e assumam estratégias mais duras.
Na altura da nomeação apressada após a morte de Ruth Bader Ginsburg,
David Sirota, jornalista progressista e ex-crítico mediático da campanha
de Bernie Sanders, explicou ao NPR que os Democratas tinham poder para tentar atrasar o processo e que seria “completamente doido” não o usar.
Sirota lembrou que já não já não se aplica o filibuster – uma regra que permite que uma minoria de 41 Senadores efectivamente governe ao poder bloquear as votações,
o que tem causado muitos impasses políticos nos últimos anos – no caso
da confirmação de juízes, mas que haveria outros “procedimentos
parlamentares” que pudesse atrasar a confirmação de Coney Barrett.
Recorde-se que o fim do filibuster para as nomeações para o
Supremo, conhecido como a “opção nuclear”, foi inicialmente introduzido
pelos Democratas em 2013, que estavam fartos de ver as suas escolhas de
Obama bloqueadas por uma minoria Republicana.
No entanto, o tiro saiu pela culatra quando McConnell, que tinha criticado a mudança em 2013, fez a mesma coisa para assegurar a aprovação de Gorsuch, usando a decisão anterior como um precedente.
“O Senado funciona num sistema de consentimento unânime, o que
significa que cada Senador define os procedimentos normais que podem
acontecer a cada dia. E cada Senador pode opor-se a isso”, afirmou
Sirota, sugerindo também que se os Democratas “lutassem a sério” contra os Republicanos, isso poderia a apoiar o caso de uma “expansão do tribunal”. No entanto, isso ainda não aconteceu.
Já Aaron Belkin, director de um grupo de activistas chamado Take Back the Court que defende que os Democratas adoptem o mesmo “jogo duro constitucional” que os Republicanos, usando tácticas que são legais mas que quebram com tradições de fair play partidário centenárias.
No Boston Globe,
o activista explica os candidatos Democratas podem falar quanto
quiserem de propostas como aumentar os impostos sobre os ricos ou
expandir o sistema de saúde, mas que isso não vai dar em nada enquanto
os Republicanos usarem o filibuster ou o Supremo para matarem qualquer lei progressista. “A casa está literalmente a arder e ninguém está a falar sobre isso”, afirma.
A opção mais falada pelos progressistas é a do alargamento do tribunal,
o que efectivamente anularia a maioria conservadora, passando-se de
nove para 13 juízes. Joe Biden já namoriscou com a ideia, criando em
Abril uma comissão para avaliar a hipótese e também a possibilidade de
se criarem limites de termos para os juízes.
Kamala Harris e Pete Buttigieg, na altura candidatos nas primárias
Democratas e agora ambos membros da administração de Biden, também
disseram que estavam abertos a alargar o Supremo. Biden não se mostrou
um apoiante da ideia, mas também não a descartou completamente.
Este toma-lá-dá-cá político no Supremo pode também fazer estragos na legitimidade pública do maior tribunal dos EUA. A taxa de aprovação
do órgão, que costuma oscilar entre os 50% e 60%, o valor muito
superior ao do Congresso e geralmente também ao do Presidente, mas essa
taxa está agora no seu valor mais baixo em décadas.
“A controvérsia sobre as nomeações recentes, as ameaças de
alargamento do tribunal e os sussurros de que certos precedentes estão
prestes a ser revertidos têm colocado o tribunal sob mais atenção e ameaçado a sua legitimidade.
E a autoridade final do tribunal depende da sua legitimidade. Se o
tribunal for visto como demasiado político, vai perder este precioso
recurso”, nota o The Conversation, que acrescenta que reverter o Roe v. Wade iria expor o Supremo como uma “instituição que faz leis em vez de as interpretar”.
Já o juiz liberal Stephen Breyer disse recentemente que se vai
reformar e que não quer morrer como membro do Supremo, o que poderá
causar uma nova guerra para o substituir.
Os Democratas têm apelado a que Breyer o faça enquanto o partido
controla o Congresso e a Casa Branca. No entanto, Breyer não deu uma
data específica, mas disse que vai ter em conta o contexto político de quando se vai reformar.
O juiz mostra-se também contra a possibilidade de alargamento do
Supremo. “Se um partido poderia fazê-lo, então parece-me que o outro
partido poderia fazê-lo também. Na superfícia, acho que quando se começa
a mexer nestas coisas, as pessoas vão perder a confiança no tribunal“, revelou em entrevista à Fox News.
O futuro do direito ao aborto
Já há algum tempo que vários estados Republicanos estavam a desafiar
legalmente o direito ao aborto nos EUA. Em 2019, a Georgia, o Kentucky, o
Louisiana, o Missouri, o Mississippi, o Ohio, o Louisiana, o Utah, o
Arkansas ou o Alabama – começaram aprovar leis que limitavam o acesso ao aborto, várias com o mesmo critério das seis semanas usado na legislação que já avançou no Texas.
Este ano, o Idaho, o Oklahoma e a Carolina do Sul também aprovaram
leis semelhantes, que ainda não entraram em vigor por terem sido
desafiadas em tribunal. Desta forma, o Texas tornou-se o primeiro estado
a, na práctica, proibir o aborto, já que a grande maioria das mulheres
ainda não sabe que está grávida às seis semanas de gestação.
A lei no Texas proíbe também a interrupção das gravidezes em casos de violação e incesto e inclui a particularidade de dar aos cidadãos o poder para a colocar em práctica,
ilibando os políticos e funcionários públicos no Texas de
responsabilidades por imporem o cumprimento de uma lei que pode vir
ainda a ser revertida e declarada inconstitucional.
Agora, qualquer cidadão, incluindo aqueles que não vivem no Texas,
pode processar qualquer mulher que faça um aborto e qualquer pessoa que a
ajude no processo, como os médicos ou até um motorista da Uber que a
leve à clínica, mesmo que desconheça o propósito da viagem.
Os condenados terão de pagar 10 mil dólares (cerca
de 8500 euros) mais os custos judiciais se ficar provado em tribunal que
auxiliaram alguém na realização de um aborto, mas os queixosos não têm
de pagar nada caso percam o processo.
Encorajados pela maioria conservadora no Supremo e na esperança que os processos chegassem até este tribunal e levem a uma revogação do Roe v. Wade, os estados mais conservadores têm avançado com estas leis.
Uma possível decisão final do Supremo pode estar mais perto agora que o médico Alan Braid, que admitiu que quebrou a lei no Texas
e fez um aborto num artigo no Washington Post, foi processado por dois
cidadãos de fora do estado, um no Illinois e outro no Arkansas.
O Supremo anunciou também que vai analisar a 1 de Dezembro a lei no Mississipi,
que proíbe o aborto após as 15 semanas. Esta proposta chega ao maior
tribunal dos EUA depois de já ter sido chumbada por tribunais inferiores
– mas a simples escolha do Supremo de aceitar avaliar a sua
constitucionalidade já é um mau agoiro para os defensores do aborto.
Resta agora aguardar pela decisão final – o debate pode finalmente
chegar ao fim caso os juízes confirmem as decisões dos tribunais
inferiores e defendam o precedente da decisão de 1973, ou então pode esperar-se ainda mais polémica sobre a politização do Supremo caso o direito ao aborto seja revogado.
O Canadá concedeu asilo a quatro pessoas que esconderam o
ex-analista de sistemas da CIA, Edward Snowden, nos seus apartamentos em
Hong Kong quando este estava em fuga.
Segundo a agência France-Presse, Supun Thilina Kellapatha e
Nadeeka Dilrukshi Nonis, e os filhos Sethumdi e Dinath, chegaram a
Toronto na terça-feira e devem seguir para Montreal, informou a
organização For the Refugees. Em 2019, o grupo auxiliou duas outras
pessoas que ajudaram Snowden, Vanessa Rodel e a filha Keana.
Originais do Sri Lanka, Kellapatha, Nonis e os filhos foram
deportados após os pedidos de asilo em Hong Kong terem sido rejeitados.
Um sétimo membro do grupo que ajudou Snowden, Sri Lanka Ajith
Pushpakumara, permanece em Hong Kong, onde a “sua segurança ainda está em risco“, indicou o For the Refugees.
“Estamos felizes com o resultado final – pelo menos para seis dos
sete”, disse o presidente do For the Refugees, Marc-Andre Seguin.
“Embora saudemos a chegada e o início de um novo capítulo na vida desta
família, não podemos ignorar que Ajith ficou para trás”, acrescentou o
responsável.
Em 2013, Snowden revelou milhares de documentos confidenciais,
expondo a vasta vigilância dos Estados Unidos (EUA) posta em prática
após os ataques de 11 de setembro. Após fugir, ficou detido em Hong
Kong. O grupo de refugiados concordou em abrigá-lo durante duas semanas
até que pudesse voar para a Rússia, onde vive agora.
O papel do grupo na fuga de Snowden só foi revelado no filme de Oliver Stone sobre Snowden, lançado em 2016.
Governo chinês tem apostado numa estratégia de zero casos, o
que significa que cidades inteiras são colocadas em isolamento quando
surge um único caso. Uma das brechas ao sistema implementado são os
visitantes que chegam do exterior, pelo que estão a ser construídas
novas infraestruturas para estes poderem fazer quarentena quando chegam
ao país.
Em dezembro de 2019, a China, com especial destaque para a província de Wuhan, foi o primeiro país a sentir as consequências da pandemia — que na altura ainda não o era — da SARS-CoV-2.
Os relatos e as imagens que nos chegavam davam conta de cidades
inteiras confinadas como forma de limitar a propagação de um vírus sobre
o qual muito pouco sabia, para além de que estava a provocar uma onda
da pneumonias mortais como os médios nunca viram.
Quase dois anos volvidos, e com os principais focos de infeções a
transferirem-se para o ocidente, a China tem vindo a tentar o que os
especialistas classificam como a estratégia de zero casos, ou seja, sempre que um único caso de covid-19 é detetado as autoridades regionais decretam um confinamento rigoroso
nas localidades onde entendem ser provável que exista risco de
contágio. Esta tem sido a abordagem desde, sensivelmente, o início do
segundo semestre de 2020 e sempre que se regista um surto.
Como não poderia deixar de ser, os indivíduos que chegam ao país — os
poucos que estão autorizados a fazê-lo — estão também obrigados a
cumprir um severo regime de isolamento, o qual, na cidade de Guangzhou, deveria ser feito em quartos de hotéis escolhidos pelas autoridades locais. No entanto, o vírus parecia encontrar sempre brechas por onde escapar.
Em junho, a província de Guangdong, onde fica a
cidade de Guangzhou ou Shenzhen, conseguiu conter um destes surtos, mas
os responsáveis pela monitorização da pandemia rapidamente informaram
que mais teria de ser feito para que episódios do género fossem evitados num território responsável por receber cerca de 90% dos visitantes provenientes do exterior — sejam eles estrangeiros ou chineses que queiram regressar a casa, o que significava cerca de 30 mil pessoas em isolamento nos cerca de 300 equipamentos designados para o efeito.
Uma das medidas implementadas foi a ou construção de um complexo com 5 mil quartos, com uma área correspondente a 46 campos de futebol e onde deverão trabalhar 4 mil
funcionários do setor da saúde. Tudo para que seja possível acolher os
visitantes e garantir que o vírus não escapa para a população — que,
desta forma, acaba por estar mais distante do que com a solução
anterior.
Para além das dimensões do complexo, batizado
Estação Internacional de Saúde de Guanghou, há outras características
suas que impressionam. Por exemplo, cada um dos quartos está equipado
com uma câmara vídeo, um termómetro que funciona por inteligência artificial e as refeições são servidas aos hóspedes por robôs, de forma a reduzir o contacto humano ao mínimo possível. “É muito provavelmente o centro de quarentena mais moderno e sofisticado do mundo“, descreveu Yanzhong Huang, colaborador para a área da saúde no departamento de relações internacionais da autoridade local.
Este é, no entanto, apenas a primeira de muitas infraestruturas do género que o Governo pretende construir no país. O processo de construção de um complexo semelhante em Donggguan já está a decorrer — deverá ter 2 mil quartos — e a próximo na lista deverá ser Shenzhen, dois hubs do país que recebem com frequência visitantes com o intuito de fazer negócio do mercado chinês.
“Esta não é apenas uma medida provisória. Os
responsáveis chineses acreditam que esta pandemia vai demorar algum
tempo a terminar, pelo que a China vai continuar a fazer um controlo
apertado das suas barreiras”, explicou Huang. “Estruturas como esta são
uma forma de institucionalizar a estratégia de zero casos“, referiu à CNN.
Na China, todos os visitantes provenientes do exterior eram obrigados a cumprir uma quarentena de duas semanas num hotel, seguidas de mais uma
em instalações do Estado chinês ou, no caso dos cidadãos chineses, em
contexto domiciliário — mesmo aqueles com vacinação completa.
Recentemente, o período inicial foi revisto para 21 dias.
Nas vésperas da abertura do complexo — que demorou menos de três meses a construir —, os primeiros de 184 trabalhadores da área da saúde destacados para trabalhar no complexo já começam a chegar. Pela frente terão períodos de trabalho de 28 dias e antes de regressarem a casa terão, também eles de cumprir uma semana de quarentena, seguida de outras duas semanas de isolamento nas suas residências para poderem sair.
Apesar da grande dimensão da infraestrutura, os responsáveis estimam que esta fique com lotação completa rapidamente.
“Se considerarmos que um voo internacional transporta, em média, 300
pessoas, com todas elas a ter que fazer quarentena durante 21 dias, é fácil perceber que vai ficar cheio rapidamente”, apontou. Huang.
A possibilidade de criminalizar e até equiparar à violação o
acto de remover o preservativo a meio das relações sexuais sem informar a
parceira está a ser debatido em vários países, como a Austrália e os
EUA. Houve já condenações históricas na Suíça e na Nova Zelândia.
Cindy tinha 30 anos quando em 2016 saiu num primeiro encontro com o
homem que tinha conhecido no Tinder. Depois de os dois irem para sua
casa depois de jantar, aquilo que Cindy esperava que fosse uma aventura
de Verão rapidamente teve uma viragem negativa.
“Ele tirou o preservativo sem me dizer a meio do sexo.
Eu acabei por ir junto aquilo porque ele era mais velho e eu não queria
arruinar o momento. Senti-me terrível depois”, revelou a administrativa
ao New York Post.
Já Sara também tem uma história parecida. A jovem identificada com este nome fictício num estudo de 2017 realizado pela advogada de direitos civis Alexandra Brodsky disse ao parceiro que o uso de protecção não era negociável. “Eu criei um limite. Fui muito explícita”, afirma.
No entanto, Sara descobriu mais tarde que o homem com quem estava a
sair há algumas semanas tinha removido o preservativo em segredo.
“Acabei por falar com ele sobre isso mais tarde. Ele disse-me “não te
preocupes com isso, confia em mim”. Não me esqueci disso, porque ele já tinha provado que não merecia a minha confiança“, revela.
Uma estudante caloira na universidade que usa o nome falso Rebecca
também detalhou a sua história a Brodsky, quando o namorado tirou o
preservativo sem a avisar. A mulher lembra-se das preocupações que teve
sobre uma possível gravidez ou transmissão de doenças e
sobre a quebra de confiança no companheiro e recorda que o homem se
recusou a ajudá-la a pagar a contracepção de emergência.
Mais tarde, já depois de ter terminado os estudos e quando estava a
trabalhar numa linha de apoio a vítimas de violação, Rebecca ouviu
relatos semelhantes ao seu, que começavam quase sempre com a frase “eu não sei se isto é violação, mas…”
E para muitos, é, e Cindy, Sara e Rebecca estão longe de ser as últimas vítimas desta práctica, conhecida como stealthing. De acordo com um estudo de 2017, 12% das mulheres entre 21 e 30 anos já tiveram um parceiro que removeu o preservativo a meio das relações sexuais sem o consentimento, enquanto outra investigação concluiu que 10% dos jovens rapazes admitiu já ter retirado a protecção sem avisar a parceira.
As preocupações sobre doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes também não são infundadas, já que um inquérito de 2019 concluiu que os homens que praticam stealthing têm uma probabilidade muito maior de estar infectados
com uma DTS (uma taxa de 29,5% em relação a 15,1%) e que também têm uma
probabilidade de causar gravidezes indesejadas de 46,7%.
Para além das preocupações com as consequências físicas, o stealthing deixa
também marcas psicológicas nas vítimas, que têm dificuldade em confiar
nos parceiros novamente e que se sentem humilhadas e desrespeitadas por
verem a sua autonomia corporal ignorada.
“Senti-me violada e desiludida porque convidei alguém para o meu
quarto para partilhar este momento pessoal e não consenti. Depois da
última vez, fiquei emocionalmente desligada. Primeiro queria zangar-me e
gritar, mas a desilusão esgotou-me… Agora só tento ter mais cuidado”, revela Adrianna ao New York Post, que já foi vítima de stealthing quatro vezes, todas com homens que conheceu em aplicações de namoro.
Uma jovem portuguesa também contou ao DN que teve uma experiência
parecida quando dormiu com um amigo que tirou a protecção e teve de
tomar a pílula do dia seguinte. “A experiência foi horrível. As hormonas
têm muitos efeitos e tive de fazer tudo sozinha. Ele não mostrou qualquer preocupação,
não perguntou sequer como eu estava. Senti-me só e desprezada”,
explica, dizendo que não aceita ter relações sem preservativo, que pedir
para o usarem é um “direito” e que “negá-lo é violência”.
A psicoterapeuta Kathryn Smerling revela ao tablóide nova-iorquino
que muitas vítimas sentem “muita vergonha” e que se perguntam como é que
deixaram isso acontecer. “Algumas têm de aprender a falar sobre o que
lhes aconteceu antes se sentirem confortáveis novamente a ter sexo com
alguém”, explica, dizendo que notou um aumento nas queixas nos últimos
anos.
O mesmo inquérito que traçou o perfil dos homens mostrou também que
estes tendem a ser mais hostis com as mulheres, uma tese que foi também
suportada no estudo de Brodsky, que detalhou fóruns online onde homens dão dicas
sobre como tirar o preservativo sem serem apanhados e justificam o acto
dizendo que é um “impulso natural” e que têm o direito a “espalhar a
semente”.
O estudo de Alexandra Brodsky marcou uma mudança na forma como o stealthing é
encarado, que é ainda visto por muitos como algo inofensivo. A autora
estudou as molduras penais sobre o acto, que descreveu como “adjacente à violação”
e disse que pode ser entendido como uma forma de “transformar o sexo
consensual e não consensual” porque as circunstâncias mudam sem a
aprovação de ambas as partes.
Aos poucos, a lei está a acompanhar a tendência
Foi para combater a prevalência do stealthing que a deputada
na Assembleia da Califórnia Cristina Garcia apresentou recentemente uma
proposta de lei que já foi aprovada nas duas câmaras da legislatura do
estado norte-americano e que torna a remoção do preservativo sem
consentimento uma ofensa civil. A lei está agora na secretária do governador Gavin Newsom, que tem até 10 de Outubro para a assinar.
Caso avance, a Califórnia vai tornar-se o primeiro estado nos EUA a reconhecer o stealthing
como uma violação à lei. A legislação permite às vítimas processar os
homens que retirem os preservativos pelas acusações de abuso sexual e exigir indemnizações. Os estados do Wisconsin e do Nova Iorque estão a ponderar leis semelhantes.
Já há vários anos que Garcia estava a tentar aprovar legislação sobre o stealthing.
Em 2017, a deputada introduziu uma lei que criminalizaria a práctica e
que poderia levar à prisão dos homens, mas a proposta não passou,
escreve o Washington Post.
Os analistas na altura disseram que o stealthing já poderia ser considerado um abuso sexual em delito, apesar de não estar especificado no código criminal na Califórnia.
Contudo, seria muito difícil conseguir condenações
porque teria de se provar que o preservativo não saiu acidentalmente,
pelo que a designação de ofensa civil pode fazer com que seja mais fácil
as vítimas conseguirem justiça devido às exigências menos restrictas
nas provas.
Brodsky mostrou-se contente sobre a proposta e revelou ao Washington Post que a lei pode ajudar as vítimas. “Acho que muitas sobreviventes vão sentir-se ouvidas pelo facto da legislatura estadual concordar que o que lhes aconteceu foi errado”, afirma.
A Suíça também fez manchetes mundiais em 2017 quando um tribunal no
país condenou um homem a 12 meses de prisão suspensa por violação depois
deste ter removido o preservativo sem permissão.
O caso de Julian Assange foi também muito mediático, depois do fundador do WikiLeaks ter sido acusado de violação por ter alegadamente rompido o preservativo propositadamente a uma de duas mulheres suecas com quem terá tido relações sexuais.
Em Abril deste ano, houve também uma condenação histórica na Nova Zelândia, com um homem a receber uma pena de três anos e nove meses de prisão
por ter tirado a protecção durante as relações com uma trabalhadora
sexual num bordel em 2018. A mulher pediu ajuda ao gerente do
estabelecimento e foi chamada a polícia.
O Partido Liberal da Austrália, está também a tentar criminalizar o stealthing,
propondo uma mudança na legislação que abranja explicitamente a
práctica. “Sexo sem consentimento é agressão sexual. E a agressão sexual
é crime. No fim de contas, retirar o preservativo sem consentimento é violação“, defendeu a líder liberal Elizabeth Lee.
E em Portugal? Segundo revela Rita Mota e Sousa, magistrada do Ministério Público, ao DN, o acto pode já ser penalizado com a lei existente.
“A
pessoa quereria, consentiria naquela relação sexual se soubesse que não
havia preservativo? É importante que haja tipicidade na lei penal, para
que as pessoas saibam se o que fazem é crime ou não. Pode-se entender
que a pessoa, sendo ludibriada, está a ser constrangida a um acto que
não consentiu. E nesse sentido acho que o stealthing cabe na actual letra da lei. Porque a relação sexual tem de ser consentida no todo“, explica.
Mas as opiniões dividem-se, já que a professora de Direito Penal Inês
Ferreira Leite revela ao mesmo jornal que a explicitação tem de ser
acrescentada à actual legislação nº 164 do Código Penal [violação],
porque o acto pode não ser penalizado com a actual redacção.
O órgão regulador das telecomunicações russo Roskomnadzor
ameaçou hoje bloquear o YouTube se a rede social se recusasse a levantar
a suspensão das contas alemãs do canal de televisão público russo RT.
A autoridade das telecomunicações russa declarou que pediu ao Google,
a empresa-mãe da rede social, “que levantasse o mais rápido possível as
restrições impostas aos canais do RT DE e Der Fehlende Part no
YouTube”.
“A legislação prevê a suspensão total ou parcial do acesso caso o proprietário de uma plataforma não execute uma recomendação do Roskomnadzor”, afirmou.
O portal norte-americano do Google bloqueou as contas do RT DE e Der
Fehlende Part na terça-feira por violarem as regras internas da
comunidade ao disseminar “informações falsas” sobre o novo coronavírus e
por querer contornar a suspensão do download.
É “um ato de agressão de informação sem precedentes por parte do YouTube”,
reagiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado divulgado
na madrugada de hoje, acusando as autoridades alemãs de terem
“obviamente incentivado, até mesmo insistido” nessa decisão.
“O objetivo desta agressão aos projetos do grupo russo é óbvio: silenciar as fontes
de informação que não se encaixam num enquadramento mediático
confortável” para as autoridades na Alemanha, declarou a diplomacia
russa, observando nesta ação “a continuação de uma guerra de informação
contra a Rússia”.
Neste contexto, “a tomada de medidas retaliatórias simétricas contra
os meios de comunicação alemães na Rússia (…) parece não apenas
apropriada, mas também necessária”.
A RT, que também transmite em inglês, francês e espanhol, é vista
como parte dos esforços de propaganda internacional do Kremlin.
O YouTube bloqueou as suas contas porque a RT DE queria, através do
seu canal Der Fehlende Part, contornar a proibição de transmissão de
novos vídeos por uma semana por causa da disseminação de desinformação sobre a covid-19, segundo os meios de comunicação alemães.
De acordo com a RT, esta suspensão deveria ser levantada hoje.
A Rússia intensificou os ataques contra as principais redes sociais e plataformas digitais nos últimos meses, acusando-as de estar a serviço dos interesses ocidentais.
Em particular, forçou o Google e a Apple a bloquear uma série de
conteúdo na Rússia relacionado ao opositor ao Kremlin Alexei Navalny.
O Presidente chinês, Xi Jinping, quer aumentar o investimento
em cientistas e intelectuais que têm uma “inclinação política correta” e
estão imbuídos de sentimentos patrióticos para servir a sua nação,
avançou na terça-feira a agência de notícias estatal Xinhua.
A China pretende aumentar o investimento em pesquisas e no desenvolvimento até 2025, apostando também nos talentos domésticos até 2030, informou a Xinhua, citando comentários de Xi Jinping numa conferência de imprensa de dois dias, em Pequim.
Promover o talento intelectual tornou-se uma prioridade mais urgente
para a China, à medida que os Estados Unidos (EUA) fecham cada vez mais
as suas portas para estudantes e académicos chineses e restringem a
exportação de tecnologia e partilha de ideias.
“Devemos ter determinação e confiança em nutrir o nosso talento de
forma autóctone”, afirmou Xi Jinping durante o encontro. “[Devemos]
insistir na inclinação política correta, melhorar continuamente o
trabalho dos intelectuais, inspirar pessoas talentosas a sentir um patriotismo profundo, seguir em frente e servir ao país”, referiu.
Desde que se tornou Presidente, em 2013, Xi reafirmou a primazia do
Partido Comunista na sociedade, adotou um papel mais assertivo no
cenário global e entrou em conflito com os EUA em questões como o
comércio e os direitos humanos na China.
Na terça-feira, disse ainda que a China pretende liderar o mundo em
“ciências estratégicas” até 2034. Washington há muito acusa as
autoridades chinesas de se envolverem em pirataria intelectual e de roubarem ideias norte-americanas, algo que Pequim nega.
A construtora chinesa Evergrande anunciou, esta quarta-feira,
a venda de 19,93% das ações do banco comercial Shengjing Bank a um
conglomerado estatal, por 9993 milhões de yuans (1322 milhões de euros),
numa altura em que regista falta de liquidez.
Em comunicado, enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande
indicou que, após a transação, a sua participação no Shengjing Bank caiu de 34,5% para 14,57%.
A empresa chinesa vai transferir 1753 milhões de ações um preço unitário de 5,7 yuans (75 cêntimos de euro).
O dinheiro provavelmente não vai para a tesouraria da construtora, já
que o Shengjing Bank exigiu que o lucro líquido que a Evergrande
obtiver com esta operação pague as dívidas que tem com o banco.
O conglomerado que adquiriu a participação é identificado no
documento como Shenyang Shengjing Finance Investment Group, um grupo
estatal, formado por diferentes instituições da cidade de Shenyang –
onde o banco tem sede – e da província de Liaoning.
O motivo dado para a transação são os “problemas de liquidez” da Evergrande, que “afetaram material e adversamente o Shengjing Bank”.
Em maio, o portal de notícias económicas Caixin informou que os
reguladores bancários chineses estavam a investigar mais de 100 mil
milhões de yuans (13.227 mil milhões de euros) em transações entre a
Evergrande e o Shengjing Bank, que detém “grande quantia” de títulos da,
até agora, sua principal acionista.
Embora a Evergrande tenha assegurado que todas as operações com o
Banco Shengjing cumpriram os regulamentos estabelecidos, o
vice-presidente da câmara de Shenyang pediu às empresas públicas da
região que aumentassem “gradualmente” a sua participação na entidade,
para “acelerar a sua conversão para um bom banco”.
No comunicado emitido esta manhã, a construtora garantiu que a entrada do grupo estatal vai “ajudar a estabilizar as operações do banco” e “aumentar e manter o valor” da participação que a imobiliária manteve.
A notícia foi bem recebida pelos investidores na Bolsa de Valores de
Hong Kong, com as ações da Evergrande a subirem mais de 13,1%, na sessão
da manhã.
A Evergrande, com um passivo total de cerca de 256 mil milhões de euros, tem de enfrentar hoje o pagamento de 47,5 milhões de dólares (40,6 milhões de euros) de juros sobre obrigações emitidas fora da China.
Na passada quinta-feira, terminou o prazo para o pagamento de 84
milhões de dólares (cerca de 71 milhões de euros) de obrigações também
emitidas no estrangeiro.
Esta terça-feira, dois altos generais dos Estados Unidos
afirmaram, no Senado, que aconselharam o Presidente norte-americano a
não retirar as forças militares do Afeganistão.
O general Kenneth McKenzie, líder do comando central
norte-americano, disse que, no início do ano, recomendou que cerca de
2.500 militares ficassem no Afeganistão, caso contrário o Exército
afegão iria colapsar perante os talibãs em pouco tempo. Da mesma forma,
admitiu ter aconselhado, no ano passado, a manutenção de 4.500
militares, ainda à Administração Trump.
Segundo o Expresso, McKenzie garantiu também ter falado com o Presidente Joe Biden sobre a recomendação do general Scott Miller,
comandante do Exército norte-americano no Afeganistão até julho, que
também era a favor de manter alguns milhares de militares no terreno.
“Eu estava presente quando essa discussão ocorreu e estou confiante
de que o Presidente ouviu todas as recomendações e refletiu bastante
sobre elas”, afirmou. Apesar de não ter revelado a sua “recomendação
pessoal” ao Presidente, garantiu que a sua “opinião pessoal” formou a
sua recomendação.
No mês passado, numa entrevista à ABC, Biden foi confrontado
com o facto de os seus assessores conselheiros militares lhe terem dito
que se devia “manter 2.500 tropas” no Afeganistão. Questionado sobre se
tal era verdade, o governante respondeu: “Não. Ninguém me disse isso, que eu me lembre.”
Também esta terça-feira, na Comissão das Forças Armadas do Senado, o general Mark Milley
confirmou que concordava com a ideia de deixar 2.500 tropas no país,
mas recusou-se a classificar a resposta de Joe Biden como “falsa”. “Não
vou caracterizar uma declaração do Presidente dos EUA.”
Questionado sobre se a retirada dos militares e a evacuação de civis
em Cabul tinham prejudicado a imagem internacional dos EUA, o chefe do
Estado-Maior Conjunto disse que aliados e adversários estavam a rever
“intensamente” a credibilidade de Washington.
“Creio que ‘prejuízo’ [da imagem internacional] é uma palavra que poderia ser utilizada”, afirmou o militar, citado pelo Diário de Notícias.
Os talibãs “eram e continuam a ser uma organização terrorista, e que ainda não romperam completamente os laços com a Al-Qaeda”.
“Resta saber se os talibãs conseguirão ou não consolidar o poder, ou
se o país se fragmentará novamente numa guerra civil”, disse Milley,
acrescentando que é preciso “continuar a proteger o povo americano dos ataques terroristas que possam surgir do Afeganistão”.
Joe Biden ordenou, em abril, a retirada completa das forças
norte-americanas do Afeganistão antes de 11 de setembro, mantendo o
estabelecido no acordo alcançado com os talibãs pelo então Presidente
Donald Trump.
O Afeganistão vive tempos de dúvida e muito medo, com a
situação financeira a complicar-se. O sistema bancário do país está à
beira do colapso e a guerra interna no topo da hierarquia dos talibãs só
acrescenta problemas. Enquanto isso, a influência dos país vizinhos é
questionada e pode ser decisiva.
O sistema bancário do Afeganistão está à beira do colapso. O alerta é do director-executivo do Banco Islâmico do Afeganistão, um dos maiores do país.
“Há grandes levantamentos a acontecerem”, salienta Syed Moosa Kaleem Al-Falahi em declarações à BBC. “Só estão a acontecer levantamentos, a maioria dos bancos não está a funcionar e não fornece todos os serviços”, refere ainda.
A economia do país já estava em crise antes da tomada de poder por
parte dos talibãs, dependendo muito da ajuda internacional. Mas, agora,
com a instabilidade política e social e com o congelamento de fundos, após o triunfo dos talibãs, a situação complicou-se ainda mais.
Os EUA congelaram 10 mil milhões de dólares de reservas
do Banco Central do Afeganistão, pressionando o país por causa dos
direitos humanos, em especial das mulheres e das etnias minoritárias.
O Afeganistão tem também barrado o acesso a fundos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.
A ONU já veio avisar que o país precisa de aceder a essa ajuda internacional para evitar “uma crise económica severa”.
China e Rússia como tábuas de salvação
Enquanto isso, os talibãs estão a virar-se para “a China e a Rússia”, em busca de financiamento, segundo nota à BBC o director-executivo do Banco Islâmico do Afeganistão.
A China está particularmente interessada na reconstrução do Afeganistão e já cedeu ao país milhões de dólares em alimentos e vacinas contra a covid-19.
Mas com a inflação a disparar, a moeda do país em queda e muitas
pessoas a perderam os seus empregos, a questão humanitária começa a
ganhar força.
O Programa Mundial Alimentar das Nações Unidas já alertou que apenas 5% das famílias têm comida suficiente todos os dias.
Talibãs divididos entre políticos e militares
Como se tudo isso não bastasse, surgem muitas dúvidas quanto ao poder instalado no país.
Os rumores sobre divisões internas nos talibãs
continuam depois do desaparecimento de Mullah Abdul Ghani Baradar,
co-fundador dos talibãs e que chegou a ser apontado como
primeiro-ministro, tendo depois passado a vice-primeiro-ministro do
Governo que foi anunciado como “temporário”.
Baradar já voltou a aparecer em público após se ter especulado que teria sido morto numa discussão com um líder militar dos talibãs por causa da formação do novo Governo.
A revista britânica The Spectatoravança também a possibilidade de ele ter sido feito “refém” e não é certa a sua influência actual no seio do grupo.
Está em causa “uma divisão político-militar”, com os
líderes armados do grupo, os que lutaram na frente de batalha, a
sentirem que “algo lhes é devido por 20 anos de luta”, como aponta a Al Jazeera.
Assim, Baradar pertence ao lado mais diplomático que é pela moderação
para apacificar o povo e a comunidade internacional, tendo, inclusive,
defendido mais lugares para as minorias étnicas no Governo e também a
manutenção da bandeira com as cores verde, vermelho e preto, a par da
bandeira dos talibãs, como reporta o The Spectator.
Mas do outro lado estão os talibãs combatentes que “ainda aguardam os despojos da guerra”, como nota a Al Jazeera.
Contudo, também nas bases do grupo, os combatentes mais rasos estarão a percorrer grandes e pequenas cidades, saqueando os bens das famílias de antigas autoridades do país.
Pelo meio há receios de que estes anseios pessoais levem a um clima de terror, onde ninguém estará a salvo.
Quem manda mesmo no Afeganistão?
No meio de toda esta situação delicada, é preciso entender também qual é o papel que os vizinhos Paquistão e Irão estão a ter na actual realidade do Afeganistão, e no seu futuro.
Os dois países têm sido acusados, pela comunidade internacional, de apoiar os talibãs e as suas acções terroristas.
A The Spectator assegura que o Paquistão influenciou a formação do novo Governo,
garantindo que “as posições-chave fossem para os leais” ao país,
sobretudo da temível rede Haqqani, onde se integram os combatentes mais
temíveis dos talibãs, e assegurando que os mais diplomatas que
negociaram a saída dos EUA “fossem rebaixados”.
A rede Haqqani é liderada por Sirajuddin Haqqani, cuja cabeça os EUA têm a prémio, como um dos terroristas mais procurados do mundo. A discussão de Baradar terá sido com ele.
A The Spectator nota que, na formação do novo Governo talibã, Baradar foi o grande derrotado, o que indicia que venceu a ala mais militarista do grupo.
Entretanto, ninguém sabe do paradeiro do grande líder militar dos
talibãs, Haibatullah Akhunzada, surgindo rumores de que pode estar
morto.
Este vazio de liderança está a alimentar as divisões internas e ninguém sabe como tudo isto vai acabar.
Além disso, questiona-se quem manda verdadeiramente no Afeganistão nesta altura.
Mas parece evidente que o Governo dos talibãs será uma espécie de “marioneta” da verdadeira fonte de poder, “uma shura secreta”,
ou seja, um “corpo consultivo” localizado em Kandahar, onde estarão “os
verdadeiros tomadores de decisão”, segundo destaca a Al Jazeera.
Talibãs instrumentalizados pelo Paquistão
Por outro lado, surge a ideia de que os talibãs poderão ser “meros fantoches” das autoridades paquistanesas, até porque o Paquistão teve um papel decisivo na tomada de poder no Afeganistão.
O antigo vice-presidente do Afeganistão, Amrullah Saleh, já defendeu que os talibãs são instrumentalizados pelos serviços secretos do Paquistão, conhecidos como ISI.
A facção militarista dos talibãs “está profundamente incorporada no
aparato de segurança do Paquistão”, segundo a The Spectator que explica
que o seu aparecimento está profundamente associado ao Paquistão e à
chamada “Universidade da Jihad” que se localiza precisamente no Paquistão. Muitos dos líderes talibãs foram “formados” nessa “Universidade”.
A grande dúvida, agora, é perceber “como o Paquistão administrará o seu novo poder
no Afeganistão”, constata The Spectator. Era um poder que procurava
“desde a invasão soviética, há mais de 40 anos, mas, como um cão a
perseguir um carro, parecem incertos sobre o que fazer agora que o
tomaram”, acrescenta a publicação.
Em termos geopolíticos, o controlo do Governo do Afeganistão permite ao Paquistão ganhar “profundidade estratégica” na região,
e, portanto, ganhar força na eterna disputa com a Índia, como refere o
analista de política internacional Zia Pacha Khan, um afegão-americano,
num artigo divulgado pela agência de notícias online do Afeganistão, The Khaama Press.
Uma “guerra em grande escala”?
O Paquistão tem tido um “papel duplo”, apoiando os
esforços americanos no Afeganistão, mas também ajudando os talibãs que
têm “santuários e portos seguros” naquele país, onde têm também acesso a
“propaganda maciça, financiamento e apoio ao recrutamento”, como
destaca Zia Pacha Khan.
Mas, neste jogo de interesses, os ânimos entre Afeganistão e Paquistão podem agravar-se, nomeadamente se os sentimentos anti-Paquistão crescerem entre uma população afegã movida pela emoção do nacionalismo.
Assim, pode estar em ebulição uma “guerra em grande escala”
que será “uma catástrofe para a região”, mas que também terá “um grande
impacto internacional com o potencial de arrastar os EUA e a NATO”, ou
não fosse o Paquistão uma potência nuclear, como analisa Zia Pacha Khan.
Uma potencial guerra com o vizinho poderia ser um factor de união entre os talibãs divididos e as diferentes etnias do Afeganistão.
Por outro lado, apesar do seu poderio militar, o Paquistão está ciente de que os afegãos podem “prejudicar” a sua “ambição” em termos de estratégia económica na região.
Portanto, Paquistão e Afeganistão podem “destruir-se mutuamente”,
afiança ainda Zia Pacha Khan, concluindo que a aliança é o melhor
caminho para os dois países e para a região – e evidentemente também
para o mundo.
A corrente de lava que emergiu da erupção vulcânica em La Palma chegou ao mar numa zona de penhascos na costa de Tazacorte.
A lava foi caindo de forma lenta e a única
coisa que se podia ver de longe são as pedras incandescentes que caem no
mar, segundo a transmissão realizada pela Televisão Canária, a partir
de uma embarcação, e as imagens disponibilizadas a partir do navio do
Instituto Espanhol de Oceanografia Ramón Margalef.
A escuridão da noite não permite ver as colunas de vapor de água que supostamente se devem ter formado em resultado do choque térmico da lava com a água do mar, colunas que transportam gases que podem ser tóxicos para os olhos, pulmões e a pele.
Mas constata-se um fumo negro, que faz parte do processo produzido pela queda da lava no mar.
A lava tem estado a cair no mar a partir de
uma altura de 100 metros, por um penhasco situado nas proximidades da
praia El Guirre, em Tazacorte.
Depois da paragem na erupção na segunda-feira,
o magma, segundo explicaram os especialistas, emergiu de zonas mais
profundas, pelo que a lava está mais quente e se desloca com mais
rapidez, especialmente nos últimos metros.
Os vulcanólogos advertiram nestes dias a
população para que não se aproxime do rio de lava quando este entrar no
mar, porque podem ocorrer novas explosões e intensificar-se o fumo com
substâncias tóxicas para olhos, pulmões e pele.
O Presidente francês Emmanuel Macron exortou na terça-feira
os europeus a “saírem da sua ingenuidade” no cenário mundial e a
afirmarem a sua independência perante os Estados Unidos (EUA).
Segundo o Washington Post, este é um dos sinais de que a crise diplomática provocada pelo pacto AUKUS
– anunciado há duas semanas – pode ter repercussões de longa duração
nas relações transatlânticas. Numa conferência de imprensa para revelar
um acordo de defesa franco-grego, Macron disse que os europeus deveriam ser “respeitados”.
“Há pouco mais de 10 anos, os EUA estão muito focados em si mesmos e
têm interesses estratégicos que estão a ser reorientados para a China e
para o Pacífico”, referiu, acrescentando: “Eles têm o direito de fazer
isso”, mas “seríamos ingénuos, ou melhor, cometeríamos um erro terrível
se não quiséssemos arcar com as consequências”.
O pacto AUKUS colocou fim a um acordo através do qual a Austrália
compraria embarcações francesas a diesel. O ministro dos Negócios
Estrangeiros da França, Jean-Yves Le Drian, classificou o incidente como
uma “quebra de confiança entre os aliados”, ordenando aos embaixadores franceses que retornassem dos EUA e da Austrália.
Na semana passada, Macron e o Presidente dos EUA, Joe Biden, falaram
por telefone, com a França a indicar que enviaria o seu embaixador de
volta a Washington. Em declaração, ambos afirmaram que os EUA
“reconhecem a importância de uma defesa europeia mais forte e capaz, que
contribua positivamente para a segurança transatlântica e global e seja
complementar à NATO”.
Na terça-feira, Macron referiu que EUA são “um aliado histórico” e
que “esse continuará a ser o caso”. O foco europeu na sua própria defesa
seria complementar e não constituiria uma “alternativa à aliança com os EUA”, sublinhou.
Na conferência desta terça-feira, Macron e o primeiro-ministro grego,
Kyriakos Mitsotakis, destacaram o aprofundamento da cooperação de
defesa entre ambos os países, anunciando que a Grécia comprará navios de
guerra franceses por cerca de 2,9 mil milhões de euros e que criarão
uma parceria de defesa conjunta.
Mas para Nicholas Dungan, membro do Conselho do Atlântico, alcançar
“autonomia estratégica – em tecnologia, cibernética, inteligência, em
hardware militar – é um objetivo muito, muito elusivo” para a Europa.
“Os EUA não vão levar isso a sério e muitos países europeus também não
vão acreditar”, indicou.
“O objetivo da Europa (…) não deve ser a independência máxima, mas a interdependência máxima. Torne os EUA mais dependentes da Europa e tornará a Europa mais poderosa, não menos”, concluiu.
Uma equipa de cientistas chineses está a desenvolver uma arma
sónica, que gera um intenso pulso eletromagnético, capaz de destruir
redes de comunicação e de fornecimento de energia elétrica. A arma
poderá ter um alcance de três mil quilómetros.
Apesar de a arma ainda estar em fase de testes na Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores, poderá percorrer três mil quilómetros em aproximadamente 25 minutos.
Ao contrário dos mísseis balísticos, a nova arma deverá manter-se
dentro da atmosfera terrestre para evitar sistemas de alerta. Ao mesmo
tempo usa tecnologia do sigilo ativo para evitar ser detetada por
radares da terra, refere Sun Zheng, da Academia Chinesa de Tecnologia de Veículos Lançadores, citado pelo South China Morning Post.
Ainda assim, os especialistas frisam que a utilização da arma
invisível não representa riscos para a vida humana. Contudo, as fortes
ondas eletromagnéticas produzidas podem “provocar a destruição de dispositivos eletrónicos da rede de informação num raio de dois quilómetros”, refere a revista Tactical Missile Technology, citada pelo jornal chinês.
Segundo os investigadores, uma das principais vantagens desta
tecnologia é o facto do inimigo não conseguir saber quando esta está a
caminho.
Quando um objeto viaja pelo ar a uma velocidade extremamente elevada, as moléculas de ar são ionizadas pelo calor e formam uma fina camada de plasma sobre a superfície do objeto.
A camada de plasma pode absorver os sinais de radar, embora não todos. Para realizar a ocultação total, a nova arma irá converter o calor ambiental em eletricidade, e irá utilizar essa eletricidade para alimentar vários geradores de plasma localizados em diferentes zonas do corpo do míssil.
Além disso, a arma deverá utilizar explosivos químicos.
A explosão química pode comprimir um imã carregado eletricamente,
conhecido como “gerador de compressão de fluxo”, que converte a energia
de choque em rajadas curtas, porém extremamente potentes, de microondas.
O novo projétil utiliza super condensadores com uma densidade de
potência vinte vezes superior à das baterias. Estes condensadores são
carregados durante o percurso, convertendo a energia do gerador de calor
em eletricidade.
A arma “pode libertar 95% da energia em apenas 10 segundos,
permitindo que uma descarga instantânea cause danos por pulso
eletromagnético […] A arma de pulso eletromagnético de sigilo ativo,
baseada na regeneração de energia, ajusta-se à tendência atual de
desenvolvimento da guerra rápida, confronto forte e danos aos sistemas
de informação em todas as dimensões”, afirmou a equipa.