terça-feira, 1 de novembro de 2011

Três novos Planetas e um objecto misterioso descobertos para lá do nosso Sistema Solar

Três planetas -- cada orbitando a sua própria estrela gigante moribunda -- foram descobertos por uma equipa internacional de cientistas. Usando o Telescópio Hobby-Eberly, astrónomos observaram as estrelas dos planetas -- HD 240237, BD +48 738, e HD 96127 -- a dezenas de anos-luz do nosso próprio Sistema Solar. De acordo com o líder da equipa, Alex Wolszczan, da Universidade Estatal da Pennsylvania, EUA, uma das estrelas tem um outro objecto misterioso em órbita. A nova pesquisa fornece mais dados sobre a evolução de sistemas planetários em torno de estrelas à porta da morte. Também ajuda os astrónomos a melhor compreender como o conteúdo metálico influencia o comportamento das mesmas. A pesquisa será publicada na edição de Dezembro da revista Astrophysical Journal.

Os três recém-descobertos sistemas planetários são mais evoluídos que o nosso próprio Sistema Solar. "Cada das três estrelas está a inchar e já se tornaram em gigantes vermelhas -- uma estrela moribunda que em breve irá engolir qualquer planeta que orbite demasiado perto," afirma Wolszczan. "Embora possamos esperar um destino similar em relação ao nosso Sol, que eventualmente se tornará numa gigante vermelha e possivelmente irá consumir a Terra, não temos de nos preocupar durante mais cinco mil milhões de anos." Wolszczan também afirma que uma das estrelas -- BD +48 738 -- está acompanhada não só por um planeta do tamanho de Júpiter, mas também por um segundo objecto misterioso. De acordo com a equipa, este objecto pode ser outro planeta, uma estrela de baixa-massa, ou -- mais interessante -- uma anã castanha, que é um corpo estelar intermédio em massa entre as estrelas mais frias e os planetas gigantes. "Vamos continuar a observar este objecto estranho e, daqui a alguns anos, esperamos ser capazes de revelar a sua identidade," acrescenta Wolszczan.

As três estrelas e os seus planetas têm sido particularmente úteis para a equipa de pesquisa porque ajudaram a iluminar mistérios actuais de como as estrelas moribundas se comportam dependendo do seu conteúdo metálico. "Primeiro, sabemos que estrelas gigantes como HD 240237, BD +48 738 e HD 96127 são especialmente barulhentas. Isto é, parecem nervosas, porque oscilam muito mais do que o nosso bem mais jovem Sol. Esta oscilação perturba o processo de observação, o que torna muito complicada a descoberta de planetas em órbita," afirma Wolszczan. "No entanto, com perseverança eventualmente fomos capazes de avistar os planetas em órbita de cada estrela."

Um planeta prestes a ser consumido pela sua estrela gigante moribunda.
Crédito: Mark Garlik/HELAS

Assim que Wolszczan e sua equipa confirmaram que HD 240237, BD +48 738 e HD 96127 tinham realmente planetas, mediram o conteúdo metálico das estrelas e descobriram algumas correlações interessantes.


"Descobrimos uma correlação negativa entre a metalicidade da estrela e a sua oscilação. Ao que parece, quanto menor conteúdo metálico, mais nervosa e oscilante é," explica Wolszczan. "O nosso próprio Sol também vibra ligeiramente, mas dado que é muito mais jovem, a sua atmosfera é muito menos turbulenta."

Wolszczan também realça que, à medida que as estrelas começam a inchar devido à fase de gigante vermelha, as órbitas planetárias alteram-se e até podem intersectar-se, e os planetas e luas mais próximos são eventualmente engolidos pela estrela. Por esta razão, é possível que HD 240237, BD +48 738 e HD 96127 tenham tido mais planetas em órbita, que entretanto tenham sido consumidos. "É interessante notar que, destas três estrelas, nenhuma tem um planeta a uma distância menor que 0,6 UA -- isto é, 0,6 vezes a distância entre a Terra e o Sol," afirma Wolszczan.

As observações de estrelas moribundas, do seu conteúdo metálico, e de como afectam os planetas em órbita, podem fornecer pistas acerca do destino do nosso próprio Sistema Solar. "Claro, daqui a cerca de 5 mil milhões de anos, o nosso Sol torna-se numa gigante vermelha e provavelmente engole os planetas e luas mais interiores. No entanto, se cá ainda estivermos, digamos, daqui a mil ou três mil milhões de anos, podemos viver na lua de Júpiter, Europa, durante os milhares de milhões de anos que restam," salienta Wolszczan. "Europa é um deserto gelado e não é nada habitável hoje em dia, mas à medida que o Sol continua a aquecer e a crescer, a Terra ficará demasiado quente, enquanto à mesma altura, Europa começa a derreter e poderá passar um bom par de milhar de milhões de anos na zona habitável -- não muito quente, não muito frio, coberta por vastos e lindos oceanos."

Fonte: Astronomia Online
Núcleo de Astronomia
Centro Ciência viva do Algarve

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