Um novo método permite agora estimar o volume de magma armazenado debaixo dos vulcões, fornecendo informações essenciais sobre potenciais erupções futuras.
A maioria dos vulcões ativos na Terra estão adormecidos, o que significa que não entraram em erupção durante centenas ou mesmo milhares de anos, e normalmente não são considerados perigosos para a população local. Ainda assim, uma equipa de vulcanólogos desenvolveu uma técnica que pode prever o potencial devastador dos vulcões.
Os cientistas usaram o zircão, um minúsculo cristal contido em rochas vulcânicas, para perceber o volume de magma que pode ser extraído quando o vulcão Nevado de Toluca (que se situa no México) despertar. A equipa chegou à conclusão que cerca de 350 km3 de magma estão, atualmente, debaixo do Nevado de Toluca e que a sua erupção poderia causar uma grande devastação.
O novo estudo, que descreve esta nova técnica aplicável à maioria dos vulcões em todo o mundo, foi publicado na revista científica Nature Communications em novembro.
Um fator determinante para perceber o perigo dos vulcões é o volume de magma em erupção armazenado dentro de si, pois isso está relacionado com a magnitude das erupções futuras. Contudo, o magma é armazenado em profundidades inacessíveis e, até agora, não podia ser medido diretamente.
Os vulcanólogos usaram uma nova abordagem combinando geocronologia de zircão e modelagem térmica para determinar o volume de magma presente nos reservatórios vulcânicos. “O zircão é um pequeno cristal encontrado em rochas provenientes de vulcões e contém urânio e tório”, explica Gregor Weber, um dos autores do estudo.
“A decadência desses elementos radioativos permite-nos datar quando estes se cristalizaram. Além disso, o zircão só cristaliza se houver uma temperatura específica. Com esses dois parâmetros, podemos determinar a velocidade com que o magma está a arrefecer”, refere o especialista.
De acordo com o geólogo, essas informações podem ser convertidas num volume de magma através do uso de modelagem térmica.
Esta metodologia foi aplicada no vulcão mexicano Nevado de Toluca, também chamado de Xinantécatl. Os resultados foram usados para determinar o tamanho máximo possível de uma futura erupção deste vulcão, que com 350 km3 poderia ter um efeito potencialmente devastador. “O vulcão pode acordar rapidamente se o magma profundo for reiniciado”, avisa Weber.
O novo método é essencial para avaliar o risco vulcânico quantitativamente, ou seja, “saber o tamanho de um reservatório vulcânico é importante para identificar vulcões com maior probabilidade de produzir uma erupção de grande magnitude no futuro. O nosso método é uma nova forma de avaliar os candidatos a essas erupções ”, explica Weber.
Esta abordagem é aplicável à maioria dos tipos de vulcões, estejam eles ativos ou adormecidos, e fornece informações valiosas sobre quais sistemas vulcânicos precisam de ser monitorizados mais de perto, diz o SciTechDaily.
https://zap.aeiou.pt/cristais-zircao-vulcoes-perigosos-358473
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