O novo Presidente dos Estados Unidos falou com o seu homólogo russo, esta terça-feira, naquela que foi a primeira conversa telefónica entre os dois líderes mundiais.
Na chamada telefónica, Biden divergiu da postura mais complacente do seu antecessor, Donald Trump, em relação à Rússia, procurando aumentar a pressão sobre Putin, mas também preservar espaço para a diplomacia entre os dois países. Isto numa altura em que se aproxima o fim da vigência do tratado de controlo de armas nucleares entre ambos, segundo dois responsáveis da administração Biden ouvidos pela AP.
Na chamada, solicitada pelo chefe de Estado russo na semana passada, Biden defendeu que os dois países devem concluir uma extensão por cinco anos do tratado “New START”, o último entre os dois países sobre a questão, adiantaram as mesmas fontes.
Nos últimos dias, o sucessor de Trump manteve contactos com os aliados europeus, nomeadamente Reino Unido, França e Alemanha, e ainda esta terça-feira conversou com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.
Biden disse que a sua administração está a avaliar o impacto do ataque cibernético SolarWinds, que penetrou nos sistemas informáticos de diversos departamentos do Governo norte-americano, incluindo o do Tesouro, e ainda informações de que a Rússia ofereceu recompensas a militantes radicais islâmicos talibãs para matar soldados norte-americanos no Afeganistão.
O Presidente norte-americano, ainda segundo as mesmas fontes, disse mesmo que os Estados Unidos podem retaliar através de sanções para se assegurarem de que a Rússia não comete tais atos com impunidade.
Em relação às alegadas interferências russas nas eleições norte-americanas de 2016 e 2020, Biden disse a Putin ter elementos concretos sobre as mesmas.
Outro assunto levantado pelo novo Presidente norte-americano foi a detenção do oposicionista Alexei Navalny e a repressão de manifestantes pacíficos com recurso a violência pelas forças policiais, atos que no passado sábado a Administração norte-americana já tinha condenado.
Segundo o comunicado emitido pelo Kremlin, o Presidente russo afirmou na conversa telefónica que uma “normalização” das relações bilaterais é desejável para os interesses dos dois países, mas também para os “de toda a comunidade internacional, dada a responsabilidade especial dos dois em manter a segurança e estabilidade no mundo”.
Tal como no caso norte-americano, o comunicado russo refere que os dois países trocaram documentação tendo em vista a extensão do acordo “New START”. “Nos próximos dias, as duas partes irão concluir os procedimentos necessários para assegurar o contínuo funcionamento” do pacto, que expira a 5 de fevereiro, refere ainda o Kremlin.
O New START foi assinado, em 2010, entre o ex-Presidente norte-americano Barack Obama e o ex-Presidente russo Dimitri Medvedev, limitando o arsenal de cada país a 1550 ogivas nucleares e 700 mísseis balísticos e bombardeiros, contemplando ainda medidas de controlo rigorosas para verificar o cumprimento.
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