Kim Yo-jong é a irmã mais nova de Kim Jong-un e fala-se de
que pode estar na calha para suceder o seu irmão na liderança da Coreia
do Norte.
Quando recentemente o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pediu o fim da guerra na Península da Coreia, a resposta inicial foi uma rejeição do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte.
Esta tem sido a típica resposta de Pyongyang sempre que surge a ideia
de transformar o armistício de 1953 entre as duas Coreias em guerra num
tratado de paz.
Portanto, foi uma surpresa quando, no dia seguinte, uma mensagem um tanto mais calorosa emergiu de Kim Yo-jong, a irmã do líder supremo da Coreia do Norte, Kim Jong-un, que declarou a ideia “admirável”.
Contudo, especificou uma série de pré-condições que precisariam de ser atendidas:
“O que precisa de ser abandonado são as atitudes fraudulentas, o
preconceito ilógico, os maus hábitos e a postura hostil de justificar os
seus próprios atos e ao mesmo tempo culpar o nosso justo exercício do
direito à autodefesa”.
Este é o tipo de mensagem que normalmente se esperaria vir do próprio
Kim Jong-un, como tal isso gerou uma discussão sobre quanto peso o
mundo pode dar a uma declaração da sua irmã mais nova.
Quem é Kim Yo-jong?
A irmã do líder supremo chamou a atenção internacional pela primeira
vez em 2018, quando se tornou o primeiro membro da dinastia Kim da
Coreia do Norte a visitar a Coreia do Sul como diplomata. Fez parte da
delegação nacional para os Jogos Olímpicos de Inverno em PyeongChang,
nos quais os dois países competiram como uma equipa.
Yo-jong reuniu-se com o presidente Moon e apareceu em oportunidades
para fotos ao lado do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e do
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe — que será sucedido por Fumio Kishida.
Após o que foi relatado como o seu triunfo diplomático nos Jogos Olímpicos de Inverno, o seu perfil cresceu ao encontrar-se com o presidente chinês, Xi Jinping, e esteve presente em todos os três encontros cara a cara entre o seu irmão e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No entanto, pouco se sabe sobre a infância de Kim Yo-jong — até mesmo a sua data de nascimento está envolta em incertezas.
Yo-jong é a filha mais nova do relacionamento do ex-líder supremo Kim
Jong-il com Ko Yong-hui, que era originalmente do Japão e, portanto, teria sido considerada como pertencente a uma casta inferior no complexo sistema songbun da Coreia se Kim Jong-il não tivesse retirado o registo oficial sobre a sua origem.
Diz-se que Kim Yo-jong frequentou a mesma escola particular com o seu
irmão mais velho em Berna, Suíça, depois disso frequentou a
Universidade Kim Il-sung, em Pyongyang, onde estudou ciências da
computação.
Em 2009, os problemas de saúde de Kim Jong-il tornaram a sucessão um
assunto de debate urgente e ficou cada vez mais claro que Kim Jong-un
estava a ser preparado para assumir a liderança após a sua morte. Mas no
funeral de Kim Jong-il, Kim Yo-jong foi fotografada ao lado de familiares mais velhos.
Yo-jong foi elevada ao politburo duas vezes, em 2017 a 2019 e 2020 a 2021. Além disso, também é líder do Departamento de Propaganda e Agitação,
no qual tem impulsionado o culto à personalidade em torno do seu irmão,
bem como feito declarações regulares sobre as relações externas da
Coreia do Norte.
Acredita-se que seja casada com Choe Song, o filho mais novo do secretário do Partido dos Trabalhadores Coreanos, Choe Ryong Hae, o que lhe dá outra fonte de poder político.
Presumível herdeira?
Quanto poder Kim Yo-jong realmente tem? Um incidente de junho de 2020
mostra até que ponto pode exercer a sua vontade na Coreia do Norte.
Em retaliação ao uso de balões por desertores sul-coreanos para
lançar panfletos de propaganda no Norte, advertiu que tinha ordenado que
o departamento encarregado dos assuntos intercoreanos “realizasse de
forma assertiva a próxima ação”, acrescentando que: “Em pouco tempo, uma
cena trágica do inútil escritório de ligação conjunta norte-sul seria
visto completamente colapsado”.
No dia seguinte, o edifício explodiu, sugerindo que, quando Kim Yo-jong pede algo, isso acontece.
Outro episódio interessante pode revelar detalhes sobre as relações de poder entre Yo-jong e o seu irmão. Em março de 2020, Kim Yo-jong emitiu a sua primeira declaração oficial,
atacando o gabinete presidencial da Coreia do Sul, a chamada Casa Azul,
que pediu ao Norte que parasse os seus exercícios de disparo. A
norte-coreana referiu-se à liderança como “uma mera criança” e “uma
criança queimada com medo do fogo”.
Dois dias depois, Kim Jong-un enviou uma mensagem de condolências
pelo surto de covid-19 no sul. Isto “sublinhou a sua amizade e confiança
inabaláveis para com o presidente Moon e disse que ele continuará a
enviar silenciosamente os seus melhores votos para que o presidente Moon
supere isto”.
A mensagem deixou os observadores da Coreia confusos sobre se os irmãos estavam em desacordo sobre as relações Norte-Sul ou se isso era uma demonstração de diplomacia “good cop, bad cop” (“polícia bom, polícia mau”).
Esta é uma família onde muitos dos possíveis candidatos do sexo masculino ao poder foram executados ou assassinados
— incluindo Kim Jong-nam, meio-irmão de Kim Jong-un que foi assassinado
com o agente nervoso VX no aeroporto de Kuala Lumpur em 2017; e o seu
tio, Jang Song-thaek, que terá sido executado por um pelotão de
fuzilamento em 2013, após ser acusado de ser contra-revolucionário.
Portanto, a situação do relacionamento de Kim Yo-jong com o seu irmão
é tão examinada quanto a saúde física de Kim Jong-un quando se trata de
se — e quando — pode estar em posição de desafiar o derradeiro poder na Coreia do Norte.
Na Coreia do Norte, parece que para alcançar a liderança é necessário agarrar o poder da trindade dos militares, do partido e do povo.
Tanto Kim Jong-il quanto Kim Jong-un tornaram-se figuras importantes da
Comissão de Defesa Nacional, assim como o partido através do Partido
dos Trabalhadores Coreanos (KWP).
Kim Yo-jong pode ter alcançado o reconhecimento de nome na sua
capacidade de porta-voz de negócios estrangeiros e tem acesso ao poder
no KWP. Mas ainda não foi nomeada para um cargo na Comissão de Defesa
Nacional.
Se isso acontecer em breve, pode ser um sinal de que a Coreia do Norte está a preparar-se para a sua primeira mulher líder.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse esta
quinta-feira que foi alvo de troça em Portugal pelo facto de o seu
Governo defender o uso de fármacos sem comprovação científica contra a
covid-19.
A declaração de Bolsonaro deu-se durante a sua
habitual transmissão em vídeo nas redes sociais, em que, entre outros
temas, voltou a defender aquilo a que chama de “tratamento precoce” contra a covid-19, um conjunto de fármacos sem eficácia contra a doença, como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e nitazoxanida.
“Eu vi um deboche [troça] de uma televisão
portuguesa em cima da gente. Não sei viram esse filme aí. O repórter
falando que entrevistou o [Hamilton] Mourão [vice-presidente do Brasil].
Perguntaram o que é que o Mourão tomou [quando esteve infetado] e ele
falou ‘tomei isso'”, começou por contar Bolsonaro.
“Daí, a repórter brasileira pergunta: ‘tomou
isso? mas não tem comprovação científica contra a covid-19!’ e o Mourão
respondeu: ‘mas eu estou vivo’. Piada em Portugal. Piada!“, criticou o mandatário brasileiro.
Após ser diagnosticado com covid-19 em
dezembro do ano passado, Hamilton Mourão fez uso de hidroxicloroquina,
azitromicina e nitazoxanida, segundo informou a própria assessoria da
vice-presidência na ocasião.
Segundo o chefe do Estado, os que falam contra o “tratamento precoce” “tremem” e “falam fino” quando recebem um diagnóstico positivo da doença e passam a “tomar qualquer” coisa.
Bolsonaro aconselhou os brasileiros infetados
com o novo coronavírus a procurar um profissional de saúde, assegurando
que a “maioria dos médicos” com quem tem conversado receita esses
fármacos aos seus pacientes.
O líder brasileiro insinuou ainda que o
ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que cumpre quarentena nos Estados
Unidos da América (EUA) após ter sido infetado na sua deslocação à
Assembleia Geral das Nações Unidas, possa ter usado medicamentos
ineficazes contra a covid-19.
“Quero que a imprensa, quando o Queiroga
voltar ao Brasil… Vocês não vão ter coragem de perguntar, mas vai ter
repórter que vai. ‘Senhor Marcelo Queiroga, o senhor está vacinado com
as duas doses, é um homem que nunca foi visto sem máscara no Brasil e
contraiu o vírus’. Ninguém quer dizer que a vacina não serve para nada. Perguntem para ele, se fez algum tratamento inicial nos EUA”, disse.
Jair Bolsonaro, um dos chefes de Estado mais
céticos em relação à gravidade da pandemia em todo o mundo, voltou na
quinta-feira a questionar a eficácia das vacinas, sugerindo que as
farmacêuticas teriam algum “interesse comercial” com a terceira dose
contra a doença.
“Porquê essa pressão por vacina? Há interesse
comercial? Ora, pessoal, não era suficiente uma ou duas doses? As
empresas não diziam que era assim? Pois, se tem a terceira dose, tem que
ser de graça, ou não é? Não é direito do consumidor?”, questionou o
mandatário.
Bolsonaro, que recusa o rótulo de “negacionista”,
disse ainda que a vacina “não é recomendável” para quem já foi infetado
porque, segundo o Presidente, quem contraiu o coronavírus “tem mais
anticorpos do que qualquer vacina”, argumento usado pelo próprio para
justificar o facto de ainda não ter recebido o imunizante.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela
pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao totalizar 596.749 óbitos e
21,4 milhões de infeções pelo novo coronavírus.
A covid-19 provocou pelo menos 4.771.320
mortes em todo o mundo, entre 233,23 milhões infeções pelo novo
coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais
recente balanço da agência France-Presse.
O líder norte-coreano, Kim Jong-un, expressou vontade em
restaurar as linhas de comunicação paralisadas com a Coreia do Sul, nos
próximos dias, rejeitando as ofertas de diálogo dos Estados Unidos da
América (EUA), informou esta sexta-feira a imprensa estatal.
A declaração de Kim Jong-un é um esforço aparente
para abrir um fosso entre Seul e Washington, uma vez que deseja que a
Coreia do Sul o ajude a aliviar as sanções económicas e outras
concessões lideradas pelos EUA.
O Conselho de Segurança da ONU adiou uma reunião à porta fechada de emergência para discutir os recentes testes militares da Coreia do Norte,
de quinta para sexta-feira, a pedido da Rússia, China e outros
Estados-membros, que disseram que precisavam de mais tempo para se
preparar, segundo diplomatas.
A reunião foi solicitada pelos EUA, Reino Unido e França.
Durante um discurso no parlamento, na quarta-feira, Kim Jong-un disse
que o restabelecimento, no início de outubro, das linhas diretas
internacionais, que estão inativas há mais de um ano, realizaria os
desejos do povo coreano em restaurar a paz entre as duas Coreias, de
acordo com a Agência Central de Notícias da Coreia.
Kim Jong-un ainda acusou a Coreia do Sul de estar “empenhada em implorar apoio externo e cooperação, enquanto chama por colaboração internacional, na serventia aos EUA”, em vez de se comprometer a resolver as questões de forma independente entre as duas Coreias.
O líder norte-coreano ecoou os apelos da sua irmã Kim Yo-jong para
que Seul abandonasse a “atitude de trato duplo” e o “ponto de vista
hostil” sobre os testes balísticos e outros desenvolvimentos.
Alguns especialistas dizem que a Coreia do Norte está a pressionar a
Coreia do Sul para reduzir as críticas em relação aos testes com
mísseis, que são proibidos por resoluções do Conselho de Segurança da
ONU, como parte do seu objetivo de se afirmar como potência nuclear.
O Ministério de Unificação da Coreia do Sul respondeu que vai se preparar para a restauração das linhas diretas, dizendo que são necessárias para discutir e resolver muitas questões pendentes.
Sobre os EUA, Kim Jong-un rejeitou as repetidas ofertas dos
norte-americanos para retomar as negociações sem pré-condições,
chamando-as de uma tentativa de esconder a “política hostil”, acrescentando que as “ameaças militares” permanecem inalteradas.
A Administração Biden “está a promover o ‘engajamento diplomático ‘e o
“diálogo sem pré-condições’, mas isso não passa de um truque mesquinho
para enganar a comunidade internacional e ocultar seus atos hostis”,
disse Kim Jong-un.
“Os EUA estão totalmente inalterados ao exibir ameaças militares
e perseguir uma política hostil em relação à Coreia do Norte, mas
utiliza formas e métodos mais astutos para fazer isso”, acrescentou.
Kim Jong-un avisou que reforçaria o seu arsenal nuclear e ficaria
longe das negociações com Washington, se a Casa Branca não abandonasse a
sua “política hostil”, termo usado para descrever as sanções lideradas
pelos EUA e exercícios militares regulares entre Washington e Seul.
Identidade das autoras da partida — ou crime — só foi
conhecida esta semana. Partido estima que mais de um milhão de panfletos
tenha sido desperdiçado, mas ativistas aponta, para 5 milhões, qualquer
coisa como 72 toneladas de papel.
Na antecâmara das eleições alemãs do último domingo, um grupo de ativistas criou um website — com o aspeto mais profissional possível — a publicitar os seus serviços de entregas de panfletos. O objetivo? Convencer a AfD, partido da extrema-direita,
a comprar os seus serviços e, em vez de proceder à efetiva distribuição
dos panfletos, devolvê-los ao partido poucos dias antes da eleição. À
partida, pode parecer um plano um tanto rebuscado, mas resultou mesmo e os ditos panfletos não chegaram às mãos dos eleitores antes das urnas abrirem.
Tal como noticia o The Washington Post, o website criado vendia os serviços da empresa como “confiável, pontual e barata“,
o que terá sido o suficiente para convencer a AfD a entregar-lhe a
distribuição de pelo menos um milhão de panfletos — as ativistas, que se
opõem às políticas do partido, falam em cinco milhões.
Organizadas num grupo intitulado Centro para a Beleza Política (ou
Center for Political Beauty, na versão em inglês), que é também um coletivo artístico,
as ativistas posicionam-se contra a retórica contra refugiados ou
tentativas de desvalorizar o holocausto, pontos que têm sido
frequentemente evocados pela AfD — que nestas eleições também prometeu,
caso fosse eleito, acabar com as medidas restritivas destinadas a conter
a covid-19.
A partida, se assim lhe quisermos chamar, poderá custar ao grupo um
processo judicial, já que a AfD promete não deixar impune o ato. Segundo
o Público, que cita a agência noticiosa alemã Deutsche Presse-Agentur, o partido ainda não contabilizou o prejuízo decorrente do ato, mas já se sabe que uma queixa criminal deverá mesmo acontecer. “Na verdade, não se pode falar em ‘ação artística‘”, disse o porta-voz do partido.
Apesar de só esta semana a identidade dos autores da peripécia ter
sido revelada, dias antes das eleições a AfD já teria comunicado parte
do sucedido, uma “operação fraudulenta“, tal como classificou Tino Chrupalla, membro da direção do partido. “Os panfletos são agora inúteis para a nossa campanha. Este era precisamente o objetivo daqueles por trás desta operação. Eles estão a tentar prejudicar intencionalmente a AfD nas eleições”, disse o político.
Apesar do teor do ato — apreciado por uns, criticado por outros —,
este parece ser do agrado de muitos alemães, já que ao longo das últimas
horas, com recurso a uma iniciativa de crowdfunding, o grupo de ativistas conseguiu angariar 100 mil euros destinados a ajudar na reciclagem dos panfletos que permaneceram na sua posse mas também para defender a “liberdade artística“.
Quem enviar donativos recebe isqueiros e t-shirts com o logótipo da
empresa de distribuição de panfletos que afinal não existe — mas que o
coletivo apelidou de “líder do mercado mundial na não-distribuição de panfletos nazis“.
Segundo explicou Thilda Rosenfeld, membro do grupo, ao The Washington Post, o seu objetivo era “manter o lixo fora da campanha eleitoral“, apesar de numa primeira fase estarem apenas a tentar implementar uma “ideia”. “Quando vimos que estava a resultar ficamos surpreendidas porque a AfD escolheu-nos várias vezes“, disse Rosenfeld.
Se a ação do grupo teve algum impacto nas eleições e respetivos resultados,
nunca se saberá. A verdade é que nas últimas eleições federais, há
quatro anos, a AfD conseguiu eleger pela primeira vez um deputado para o
Parlamento alemão e afirmou-se como a terceira força política no país.
No último domingo, caiu para sexta, com um resultado
nacional manifestamente inferior ao de 2017, apesar de ter sido a mais
votada nos estados federados da Turíngia e da Saxónia.
Em 2020, foram registados mais de 3300 avistamentos e ursos
na prefeitura de Iwate, quando em 2017 tinham sido apenas 700. Ataques
mortais são cada vez mais comuns.
Para muitas pessoas, a possibilidade de, no normal decorrer do dia,
se cruzarem com um urso é para além de remota, praticamente impossível.
Os animais não frequentes, por exemplo, na Europa. No entanto, este é um
problema com que os cidadãos japonenes têm que viver e, de preferência,
evitar. Recentemente, uma região japonesa adotou uma medida original
para aumentar a proteção da sua população: financiou a criação de uma
música rock que será amplamente divulgada e tocada para que todos a
possam ouvir.
Na letra, os versos estão repletos de conselhos para os habitantes
caso se vejam frente-a-frente com um uso, por exemplo, o facto de ser
inútil virar as costas e começar a fugir em passo apressado ou fingir-se
de morto. A música foi escrita por um grupo de sexagenários locais —
também responsáveis pela sua interpretação.
Yuuzen Taguchi, vocalista do grupo, admitiu à agência AFP que muitos
dos conselhos presentes na canção já lhe foram úteis no passado, quando
ele próprio se deparou com um urso perto de um campo. “É muito
assustador quando um deles aparece à tua frente. Queres fugir, mas os
meus avós ensinaram-me há muitos anos que se eu alguma vez encontrasse
um urso não deveria inverter o caminho que estava a fazer e começar a
fugir. Esses ensinamentos vem do conhecimento rural, onde vivi com ursos
por perto quando era criança”, explicou.
Em 2020, foram registados mais de 3300 avistamentos e ursos na
prefeitura de Iwate, quando em 2017 tinham sido apenas 700. Não é por
isso de estranhar que notícias de ataques sejam frequentes, com muitos a
terminar na morte dos cidadãos. As autoridades esperam que a música,
que será transmitida, por exemplo, nos altifalantes dos centros
comerciais, ajude a manter a população segura.
O autor da letra, Kaoru Toudou, revelou que a escreveu originalmente a
pensar num estilo mais blues, mas Taguchi acabaria por lhe dar uma
roupagem mais rock com os seus “vocais uivantes”. “Diz-se que que os
ursos são criaturas tímidas, por isso acho que ao ouvirem a música tocar
lá foram podem fugir”, explicou Toudou. “Esse é o poder do
rock’n’roll”.
Uma luta entre cartéis mexicanos para controlar as rotas do
tráfico de cocaína no Equador resultou em 116 reclusos mortos numa
prisão de alta segurança. Muitas das vítimas foram massacradas com
motosserras ou decapitadas com facões.
Na quarta-feira, enquanto as autoridades tentavam retomar a prisão
Litoral, na cidade de Guayaquil, foram encontrados corpos em vários
zonas do edifício. Um dia antes, imagens publicadas nas redes sociais
mostravam reclusos das gangues Los Choneros e Los Lobos a lutar com
facões, armas e granadas, no terceiro episódio do género registado este ano.
O coronel Mario Pazmiño, ex-diretor da inteligência militar do Equador, disse ao Guardian
que a escalada da violência foi impulsionada por grupos mexicanos que
disputam o controle das rotas de tráfico através de gangues locais.
“Este tipo de violência tem aumentado à medida que gangues lutam pelo
controle das prisões”, indicou. “A violência, o desmembramento, a
decapitação, são estratégias para semear o terror entre os reclusos para ganhar o controle territorial – não apenas dentro da prisão, mas fora”, acrescentou.
O Presidente do Equador, Guillermo Lasso, anunciou o estado de
emergência de 60 dias nas prisões, indicando disse que destacaria o
exército e direcionaria 24 milhões de dólares (cerca de 21 milhões de
euros) em fundos para pacificar as prisões.
“A violência extrema se normalizou nas prisões”, referiu Itania
Villarreal, ex-diretora da instituição estatal que trabalha para
reabilitar reclusos, sublinhando: “Já ocorreram os assassinatos mais
atrozes e desumanos, com decapitações, queimaduras, até mesmo com uso de
motosserras”.
“O sistema penitenciário entrou em colapso”, notou
Villarreal, culpando as autoridades por não realocarem membros de
gangues em prisões de segurança máxima e pela falta de funcionários nas
penitenciárias.
Mais de 200 reclusos morreram no Equador este ano, mais do que o
dobro do número do ano passado. Em fevereiro, 79 pessoas foram mortas
enquanto gangues rivais lutavam pelo controle em três prisões. Em julho,
mais 22 presos perderam a vida na mesma prisão.
As prisões em toda a América Latina estão sobrelotadas e controladas
por gangues criminosas que as usam como quartéis-generais para coordenar
o tráfico de drogas e outras atividades criminosas.
A Rolls-Royce anunciou na quarta-feira que vai deixar de
vender veículos movidos a gasolina até 2030. Daí em diante, a marca
britânica irá passar a ser totalmente elétrica.
A empresa quer entrar no mercado dos carros elétricos, adaptando-se assim à realidade de um mercado que mostra grandes preocupações com a sustentabilidade, sobretudo no que diz respeito à emissão zero de carbono no meio ambiente.
Numa publicação no LinkedIn, Torsten Müller-Ötvös, CEO da marca britânica, lançou o tema ao convocar os seus seguidores para o anúncio de um “empreendimento histórico”.
“Fiz uma promessa pública de que levaríamos o primeiro Rolls-Royce
totalmente elétrico ao mercado na década atual. Agora a nossa empresa
está a embarcar num empreendimento histórico para criar o primeiro carro luxuoso deste tipo. Irá acontecer mais cedo do que muitos pensavam ser possível”, adiantou.
Em comunicado, a marca anunciou ainda o nome do primeiro Rolls-Royce elétrico: o Spectre, que irá estar à venda em 2023. Porém, os testes do novo carro nas estradas públicas irão começar brevemente.
“Com este novo produto, estabelecemos as nossas credenciais para a
eletrificação completa de todo o nosso portefólio de produtos até 2030″,
referiu Torsten Muller-Otvos.
Uma profecia que se confirma
Charles Rolls profetizou um futuro elétrico para os automóveis, destaca o comunicado.
Em abril de 1900, o fundador da marca experimentou um carro elétrico
chamado de Columbia e considerou esta alternativa como a ideal.
Rolls referiu que “o automóvel elétrico é esplendidamente silencioso e limpo.
Não há nenhum odor ou vibração e será muito pertinente quando as
estações de recarga forem uma realidade. Mas não acredito que sejam
operacionais neste momento – pelo menos nos próximos anos”.
Uma estátua recentemente inaugurada em Sapri, em Itália, está
a ser alvo de críticas de muitos italianos que a consideram uma “ofensa
às mulheres e à história” que devia homenagear.
No último sábado, em Salerno, no sul de Itália, vários políticos,
entre os quais o ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, estiveram
presentes na cerimónia de inauguração de uma estátua que pretende
prestar tributo ao poema escrito, em 1857, por Luigi Mercantini.
O poema em causa, chamado “La Spigolatrice di Sapri”
e muito estudado no ensino italiano, conta a história de uma mulher que
se apaixona pelo revolucionário italiano Carlo Pisacane e de como a sua
tentativa de insurreição contra o Reino de Nápoles acabou por se
revelar um fracasso.
Pisacane esperava que os napolitanos se juntassem a ele e aos seus
300 homens numa revolução mas, em vez disso, estes aliaram-se aos
governantes e o revolucionário foi morto, assim como todos os seus
seguidores.
No entanto, conta a revista Vice,
a escultura saiu completamente ao lado do que os italianos estavam à
espera. Em vez de retratar Pisacane, ou os seus homens, a escultura
retrata a respigadora do poema, que usa um vestido justo ao corpo e
cobre os seios com uma mão enquanto olha para o mar atrás de si.
A escultura já se tornou viral em Itália, pelos motivos errados, com
muitos a considerarem que é inapropriada e ofensiva. É o caso de Laura
Boldrini, deputada do Partido Democrata, que escreveu na sua conta do Twitter que era “uma ofensa às mulheres e à história que era suposto celebrar”.
“Como é que as instituições podem aceitar a representação das
mulheres como um corpo sexualizado? O machismo é um dos males de
Itália”, considerou ainda a parlamentar.
A senadora Monica Cirinnà também usou o Twitter
para mostrar a sua indignação: “Esta estátua nada diz sobre a
autodeterminação da mulher que optou por não trabalhar para se erguer
contra o opressor Bourbon”, mas sim uma “bofetada na cara da história e das mulheres que ainda são apenas vistas como corpos sexualizados”.
Por sua vez, o responsável pela figura, o escultor Emanuele Stifano, partilhou uma publicação no Facebook na qual se mostrou “chocado e desanimado” com as críticas.
“Quando faço uma escultura, sempre tendo a cobrir o mínimo possível o
corpo humano, independentemente do sexo”, explicou, acrescentando que,
como esta está voltada para o mar, tal como no poema, ‘aproveitou’ a
“brisa do mar que bate para dar movimento à saia longa, destacando o
corpo”.
“Trata-se de sublinhar uma anatomia que não deveria ser um retrato fiel de uma camponesa do século XIX, mas antes representar um ideal de mulher, evocar o seu orgulho, o despertar de uma consciência, tudo num momento de grande páthos”, escreveu.
Em declarações à Associated Press, o autarca de Sapri,
Antonio Gentile, também afirmou que a perceção de sexismo “está nos
olhos de quem vê” e recusou a hipótese de a escultura vir a ser retirada
pois, considerou, isso só acontece “em países onde a democracia foi
suspensa”.
Uma alemã de 96 anos, que enfrenta acusações por ajudar e
incitar o assassinato de milhares de prisioneiros de campos de
concentração nazis foi detida pelas autoridades após fugir da casa de
repouso, na quinta-feira, quando o seu julgamento estava prestes a
começar.
Irmgard Furchner, que foi secretária no campo de concentração de Stutthof
quando tinha 18 anos, não compareceu no tribunal, embora tenha deixado a
casa de repouso em Quickborn, Pinneberg, de táxi. Posteriormente, foi
emitido um mandado de prisão, noticiou esta quinta-feira o Independent. Algumas horas depois foi detida.
Furchner já havia “anunciado que não queria comparecer” no tribunal,
no entanto, devido à sua idade e condição, não se esperava que “evitasse
ativamente o julgamento”, disse o oficial do tribunal Frederike
Milhoffer. A acusação foi remarcada até 19 de outubro.
A mulher é acusada de auxiliar no assassinato em 11.387 pessoas e
cumplicidade em sete casos de tentativa de homicídio. Está a ser julgada
por um tribunal de menores porque tinha 18 anos quando começou a
trabalhar no campo.
Em 2011, John Demjanjuk, ex-guarda do campo de
Sobibor, foi condenado por ajudar e encorajar o assassinato de 28.000
pessoas. No início de 2021, um homem de 100 anos foi acusado de
cumplicidade no assassinato de 3.518 pessoas, enquanto era guarda do
campo de Sachsenhausen.
Furchner insistiu que não tinha conhecimento de execuções no campo ou
sobre o assassinato sistemático de judeus, polacos e prisioneiros de
guerra soviéticos, embora a media alemã tenha revelado que o crematório
do campo podia ser visto a partir do seu escritório. Mais de 65.000
prisioneiros foram mortos em Stutthof.
“Eu era a estenógrafa do comandante Hoppe e dos seus assistentes, mas
fiz a maior parte do meu trabalho para Hoppe”, testemunhou Furchner em
1954, num julgamento contra os líderes do campo, acrescentando que nada
sabia sobre os assassinatos no campo.
O promotor Maxi Wantzen disse que Hoppe foi responsável por cumprir as ordens de execução no campo, compilando listas de deportação para Auschwitz-Birkenau e ordenando o assassinato em massa por meio de gás venenoso em Stutthof.
As autoridades mexicanas encontraram um novo campo de
extermínio em terrenos de Nuevo Laredo, no estado de Tamaulipas, na
fronteira com os Estados Unidos da América (EUA), onde o crime
organizado executou e queimou pessoas, foi hoje conhecido.
“[O campo] foi localizado na semana passada durante uma busca por
desaparecidos na estrada que liga Monterrey a Nuevo Laredo. Ainda havia
indícios de barris quentes usados para cremar os corpos”, disse Geovanni Barrios, um ativista que está empenhado nos trabalhos de procura de pessoas em Tamaulipas.
A área é protegida pela Guarda Nacional, onde a Comissão Nacional de
Busca de Pessoas (CNBP) e a Procuradoria-Geral de Tamaulipas continuam a
enterrar os restos mortais.
Bilhetes de identidade, roupas, machados e telemóveis
foram encontrados no chão, e presume-se que tenham sido utilizados
recentemente, porque alguns barris de estanho usados para queimar corpos
de pessoas ainda fumegavam.
Numa entrevista à W Rádio, a comissária Nacional de Busca disse na terça-feira que se trata de um “crematório clandestino de grandes dimensões” que “operou até recentemente”. Karla Quintana garantiu que as operações de busca poderão durar vários meses.
Este campo está localizado próximo ao quilómetro 26 da rodovia que
liga Monterrey (Nuevo León) e Nuevo Laredo (Tamaulipas), batizada pelos
residentes como a “estrada da morte”.
Só este ano, estima-se que mais de 80 pessoas, tanto no México como nos EUA, desapareceram nesta estrada,
com o agravamento da violência, devido aos conflitos entre grupos de
criminosos e ao poderoso cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG).
“Em todo o estado de Tamaulipas estamos inundados de sepulturas
clandestinas, porque as autoridades não fizeram o seu trabalho”,
denunciou o ativista Geovanni Barrios – da organização não governamental
Justicia Tamaulipas – que considerou que a nova descoberta “demonstra a vulnerabilidade da sociedade contra o crime organizado”.
As autoridades atribuem os desaparecimentos como consequência do
aumento dos conflitos entre cartéis na região, sobretudo nas cidades
fronteiriças estratégias de Tamaulipas, onde se trafica droga e também
milhares de migrantes, negócio que agora concorre com o narcotráfico.
O México sofre uma grave crise com mais de 90 mil desaparecidos sem
localizar desde 1964, ano em que começaram a ser registados, embora a
grande maioria tenha sucedido a partir de 2007, com o início da chamada
guerra do narcotráfico, durante o governo de Felipe Calderón
(2006-2012).
A justiça francesa declarou o ex-Presidente Nicolas Sarkozy
culpado de financiamento ilegal de campanha, por ter excedido o limite
de gastos autorizados nas eleições de 2012.
O tribunal considerou que o antigo chefe de Estado francês, que liderou o país entre 2007 e 2012, beneficiou de um sistema de dupla contabilidade criado para poder ultrapassar os limites de despesas com a campanha impostos pela legislação francesa.
A nova condenação surge sete meses depois de Sarkozy ter sido
condenado, em primeira instância, a três anos de prisão, um dos quais
efetivo em prisão domiciliar, por corrupção e tráfico de influências,
estando, no entanto, em liberdade até decisão do recurso interposto.
O Ministério Público francês pediuuma pena de prisão efetiva de seis meses, uma pena suspensa de seis meses e uma multa de 3.750 euros.
Sarkozy, que não esteve presente hoje no tribunal de Paris para o anúncio do veredito, foi acusado de ter gastado quase o dobro
do valor máximo legal (22,5 milhões de euros) na candidatura à
reeleição em 2012, que perdeu para o socialista François Hollande.
Sarkozy negou ter sido responsável por qualquer irregularidade.
O antigo Presidente, atualmente com 66 anos, não foi acusado pelo
sistema de faturas falsas usado no processo para ocultar os gastos
excessivos da campanha, mas de ter ignorado alertas claros sobre os
riscos de ultrapassar o limite e de ter beneficiado com a fraude, que
lhe permitiu ter financiamentos além dos autorizados pela lei.
O processo envolve ainda outros 13 arguidos, acusados nomeadamente de fraude ou cumplicidade.
Segundo a acusação, a campanha de Sarkozy custou cerca de 43 milhões de euros, valor largamente superior ao teto de 22,5 milhões de euros permitido por lei.
A acusação defende que o preço real dos cerca de 40 eventos realizado
em 2012 pela empresa Bygmalion, que dá nome ao caso, foi drasticamente
reduzido, e o restante foi pago pelo partido UMP – posteriormente
rebatizado como Republicanos — com base em “subvenções fictícias”.
A farmacêutica anunciou um medicamento que mostrou ser eficaz
no combate às novas variantes de covid-19, que têm causado grande
preocupação a muitos países.
Chama-se molnupiravir e é um medicamento antiviral oral experimental contra a covid-19 da Merck & Co.
De acordo com a TSF,
deverá ser eficaz no tratamento das variantes já conhecidas do
SARS-CoV-2, incluindo a Delta, mais transmissível e atualmente dominante
em vários países. O anúncio foi feito pela própria farmacêutica, num
comunicado divulgado na quarta-feira.
Tendo em conta que o molnupiravir não tem como alvo a proteína
espícula do vírus, que difere entre variantes, o medicamento deve ser
igualmente eficaz no tratamento da doença, independentemente da evolução
do vírus, garantiu Jay Grobler, diretor executivo do departamento de doenças infecciosas e vacinas da Merck.
A Merck avançou ainda que os dados mostram que o fármaco é mais eficaz quando administrado no início do curso da infeção.
A empresa norte-americana, refere a TSF, testou o antiviral em
amostras recolhidas nos primeiros ensaios clínicos do medicamento.
A variante Delta não estava em grande circulação na altura, mas o
molnupiravir foi, entretanto, testado em amostras de laboratório da
variante responsável pelo mais recente aumento de hospitalizações e
mortes por covid-19, nos Estados Unidos.
De recordar que em 2021, a farmacêutica tinha já anunciado que um
ensaio preliminar revelou que após cinco dias de tratamento com
molnupiravir, nenhum dos pacientes que recebeu várias doses de fármaco
testou positivo.
A Merck está atualmente a conduzir dois ensaios de Fase III do antiviral, um para o tratamento de covid-19 e outro para a prevenção da doença.
O reforço do enviesamento conservador no Supremo Tribunal dos
Estados Unidos durante o mandato de Donald Trump já colheu frutos com a
inacção do órgão judicial perante a lei do aborto no Texas. A decisão
do Supremo em Dezembro sobre uma lei semelhante no Mississipi pode
ditar o seu fim definitivo.
O poder está dividido nos órgãos legislativos, executivos e
judiciais, que são independentes entre si, certo? Errado, pelo menos nos
Estados Unidos. Esta divisão que todos aprendemos na escola não se
aplica na práctica no país mais poderoso do mundo, onde a politização dos tribunais,
especialmente do Supremo, está à vista para todos, e pode agora ser
decisiva no futuro do direito à interrupção voluntária da gravidez.
Havia já um precedente jurídico com quase 50 anos, mas isso não
impediu que a lei no estado do Texas que proíbe o aborto depois das seis
semanas de gravidez avançasse – e esse avanço deveu-se à inacção do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, que não agiu perante um recurso de emergência para proibir a lei.
A 1 de Setembro, o Supremo justificou a sua decisão dizendo que não
isto não significa que a lei do Texas seja constitucional, mas que
apenas não aceitou o pedido de emergência em causa. No entanto, este
argumento não chega para os activistas que temem que o direito ao aborto
nos EUA esteja perto do fim.
Em causa está o caso Roe v. Wade, uma decisão
judicial de 1973 em que o Supremo abriu um precedente ao reconhecer o
direito à interrupção voluntária da gravidez (IVG) até ao ponto em que o
feto é viável, o que acontece geralmente entre as 24 e 28 semanas.
A actual maioria conservadora de 6-3 do Supremo é a
razão para o avanço da lei texana, mas primeiro é preciso entender como o
tribunal funciona e como se chegou a esta diferença entre liberais e
conservadores neste órgão judicial.
Nos Estados Unidos, a função dos nove juízes do Supremo é avaliar a constitucionalidade das leis. O cargo é vitalício
e nunca vai a votos precisamente para assegurar que os juízes possam
tomar decisões neutras apenas base na Constituição e para evitar que os
seus pareceres sejam influenciados pela vontade popular ou por lobbys que façam doações para as campanhas eleitorais, como acontece no Congresso, no Senado e nas Presidenciais.
No entanto, a instrumentalização política do Tribunal acaba por
acontecer na mesma já que quando algum juiz se demite ou morre, o
sucessor é escolhido pelo Presidente, que tende a escolher candidatos
cujo histórico de decisões mostre se é mais conservador
ou mais liberal. O Supremo é também um tema constante nas campanhas
eleitorais e é usado como um argumento para convencer eleitores
indecisos.
Quando o Presidente faz a escolha, o Comité Judiciário do Senado
reúne-se para analisar os candidatos, seguindo-se uma audição que pode
durar alguns dias. No final, o Comité dá o seu parecer favorável ou
desfavorável ao resto do Senado, que repete um processo parecido e leva o
candidato a votos perante os 100 Senadores. Se for aprovado, o nomeado
torna-se membro do Supremo.
Visto que cargo no Supremo Tribunal é vitalício, o timing das
mortes ou demissões dos juízes acaba por poder influenciar as decisões
judiciais durante décadas dependendo do Presidente a quem cabe fazer as
novas escolhas – e essa é uma arma que os Republicanos não têm tido medo
de usar, escolhendo juízes jovens e garantindo o controlo do Supremo durante um geração.
Nas eleições intercalares de 2014, os Republicanos assumiram controlo
do Senado e um homem em específico tornou-se uma das maiores dores de
cabeça para Barack Obama: Mitch McConnell, Senador do
Missouri que se tornou líder da maioria Republicana da câmara superior
do Congresso e, mais tarde, um dos maiores aliados de Trump, apesar da
relação dos dois já ter visto melhores dias.
Após a morte do juiz Antonin Scalia em 2016, um dos mais conservadores do Supremo, Barack Obama apontou como substituto Merrick Garland
– o actual procurador-geral de Joe Biden e uma escolha mais liberal -,
mas McConnell recusou sequer levar a nomeação do Presidente Democrata a
votos.
O argumento usado? 2016 era um ano de eleições, por
isso devia ser dada a oportunidade aos americanos de escolher o próximo
Presidente e deixar a cargo desse novo chefe de Estado a escolha do
próximo juiz. Mal Donald Trump assumiu a presidência em Janeiro de 2017,
Neil Gorsuch, a sua escolha para substituir Scalia, foi aprovada.
No entanto, McConnell contrariou o próprio argumento meras horas depois da morte de Ruth Bader Ginsburg no ano passado. O Senador e grande aliado de Trump garantiu que ia deixar o Presidente escolher um novo juiz, apesar de 2020 também ser um ano de eleições e da morte de RBG ter sido ainda mais perto do sufrágio do que a de Scalia.
Em 115 juízes que já integraram o Supremo, apenas 37 propostas dos
chefes de Estado não foram aprovadas, tendo 11 destas sido rejeitadas
pelo Senado, o que mostra o abalo que o bloqueio de McConnell causou nas convenções políticas.
A influência de Trump no sistema judicial norte-americano não se
limita ao Supremo, já que Mitch McConnell também deixou na gaveta as
escolhas de Obama para os tribunais de recurso, que ouvem mais de 50 mil
casos por ano contra os menos de 100 do Supremo. Os juízes são também
vitalícios e têm de ser aprovados no Senado.
Um dos mais mediáticos é o Tribunal do Nono Circuito, que foi alvo de
críticas de Trump depois de ter bloqueado algumas das suas medidas mais
polémicas, como o impedimento da entrada de muçulmanos nos EUA ou o
financiamento de emergência para a muralha. Devido aos bloqueios de
McConnell, Trump nomeou 10 dos 29 juízes que integram o Nono Circuito, enquanto Obama escolheu apenas sete nos seus dois mandatos.
Para além dos tribunais de recurso, existem também os tribunais de distrito. O perfil dos juízes de Trump é também mais radicalmente conservador,
já que os seus antecessores Republicanos escolheram alguns magistrados
liberais devido a uma convenção informal que obrigava ao diálogo entre
os partidos.
A regra ditava que o Senado não aprovava as escolhas se os dois
Senadores do Estado em questão não gostassem do nomeado. Ou seja,
supondo que os dois Senadores Democratas californianos não gostavam da
escolha do Presidente para um tribunal da Califórnia, o Senado não
aprovava o nomeado e o chefe de Estado tinha de escolher uma
alternativa.
McConnell ignorou esta tradição e o Senado
Republicano aprovou escolhas de Trump mesmo que os Senadores fossem
contra – o que permitiu que o Presidente enviesasse completamente o
sistema judicial para os conservadores em apenas quatro anos.
“Quando assumi a Presidência, tinha mais de 100 juízes nos tribunais federais por escolher. Foi como um grande e bonito presente para todos nós“, disse Donald Trump.
Apesar dos Republicanos não controlarem o Senado actualmente, caso o
partido o recupere nas intercalares do próximo ano e McConnell volte à
presidência, há a possibilidade de voltar a bloquear escolhas de Biden para o Supremo num ano de eleições, tal como fez com Obama mas não fez com Trump.
Numa entrevista
ao Politico, McConnell disse que está mais preocupado com as eleições
de 2022 do que com o que poderá eventualmente acontecer em 2024, mas
também não fechou a porta a um bloqueio a Biden. “Não excluo qualquer
opção sobre como lidar com nomeações se estiver numa posição de
maioria”, respondeu.
Pode o toma-lá-dá-cá político no Supremo pôr em causa a sua legitimidade?
Se as políticas dos conservadores podem ser debatidas, uma coisa não
se põe em questão: não têm medo de usar ao máximo o poder a seu favor,
mesmo que isso vá contra convenções já estabelecidas nos corredores
políticos dos Estados Unidos e são tremendamente eficazes na implementação da sua agenda.
Esta abordagem agressiva dos Republicanos tem levado a muitos apelos,
especialmente da ala mais progressista, a que os Democratas, que se
encaram como um partido mais civilizado e diplomático, também descalcem as luvas e assumam estratégias mais duras.
Na altura da nomeação apressada após a morte de Ruth Bader Ginsburg,
David Sirota, jornalista progressista e ex-crítico mediático da campanha
de Bernie Sanders, explicou ao NPR que os Democratas tinham poder para tentar atrasar o processo e que seria “completamente doido” não o usar.
Sirota lembrou que já não já não se aplica o filibuster – uma regra que permite que uma minoria de 41 Senadores efectivamente governe ao poder bloquear as votações,
o que tem causado muitos impasses políticos nos últimos anos – no caso
da confirmação de juízes, mas que haveria outros “procedimentos
parlamentares” que pudesse atrasar a confirmação de Coney Barrett.
Recorde-se que o fim do filibuster para as nomeações para o
Supremo, conhecido como a “opção nuclear”, foi inicialmente introduzido
pelos Democratas em 2013, que estavam fartos de ver as suas escolhas de
Obama bloqueadas por uma minoria Republicana.
No entanto, o tiro saiu pela culatra quando McConnell, que tinha criticado a mudança em 2013, fez a mesma coisa para assegurar a aprovação de Gorsuch, usando a decisão anterior como um precedente.
“O Senado funciona num sistema de consentimento unânime, o que
significa que cada Senador define os procedimentos normais que podem
acontecer a cada dia. E cada Senador pode opor-se a isso”, afirmou
Sirota, sugerindo também que se os Democratas “lutassem a sério” contra os Republicanos, isso poderia a apoiar o caso de uma “expansão do tribunal”. No entanto, isso ainda não aconteceu.
Já Aaron Belkin, director de um grupo de activistas chamado Take Back the Court que defende que os Democratas adoptem o mesmo “jogo duro constitucional” que os Republicanos, usando tácticas que são legais mas que quebram com tradições de fair play partidário centenárias.
No Boston Globe,
o activista explica os candidatos Democratas podem falar quanto
quiserem de propostas como aumentar os impostos sobre os ricos ou
expandir o sistema de saúde, mas que isso não vai dar em nada enquanto
os Republicanos usarem o filibuster ou o Supremo para matarem qualquer lei progressista. “A casa está literalmente a arder e ninguém está a falar sobre isso”, afirma.
A opção mais falada pelos progressistas é a do alargamento do tribunal,
o que efectivamente anularia a maioria conservadora, passando-se de
nove para 13 juízes. Joe Biden já namoriscou com a ideia, criando em
Abril uma comissão para avaliar a hipótese e também a possibilidade de
se criarem limites de termos para os juízes.
Kamala Harris e Pete Buttigieg, na altura candidatos nas primárias
Democratas e agora ambos membros da administração de Biden, também
disseram que estavam abertos a alargar o Supremo. Biden não se mostrou
um apoiante da ideia, mas também não a descartou completamente.
Este toma-lá-dá-cá político no Supremo pode também fazer estragos na legitimidade pública do maior tribunal dos EUA. A taxa de aprovação
do órgão, que costuma oscilar entre os 50% e 60%, o valor muito
superior ao do Congresso e geralmente também ao do Presidente, mas essa
taxa está agora no seu valor mais baixo em décadas.
“A controvérsia sobre as nomeações recentes, as ameaças de
alargamento do tribunal e os sussurros de que certos precedentes estão
prestes a ser revertidos têm colocado o tribunal sob mais atenção e ameaçado a sua legitimidade.
E a autoridade final do tribunal depende da sua legitimidade. Se o
tribunal for visto como demasiado político, vai perder este precioso
recurso”, nota o The Conversation, que acrescenta que reverter o Roe v. Wade iria expor o Supremo como uma “instituição que faz leis em vez de as interpretar”.
Já o juiz liberal Stephen Breyer disse recentemente que se vai
reformar e que não quer morrer como membro do Supremo, o que poderá
causar uma nova guerra para o substituir.
Os Democratas têm apelado a que Breyer o faça enquanto o partido
controla o Congresso e a Casa Branca. No entanto, Breyer não deu uma
data específica, mas disse que vai ter em conta o contexto político de quando se vai reformar.
O juiz mostra-se também contra a possibilidade de alargamento do
Supremo. “Se um partido poderia fazê-lo, então parece-me que o outro
partido poderia fazê-lo também. Na superfícia, acho que quando se começa
a mexer nestas coisas, as pessoas vão perder a confiança no tribunal“, revelou em entrevista à Fox News.
O futuro do direito ao aborto
Já há algum tempo que vários estados Republicanos estavam a desafiar
legalmente o direito ao aborto nos EUA. Em 2019, a Georgia, o Kentucky, o
Louisiana, o Missouri, o Mississippi, o Ohio, o Louisiana, o Utah, o
Arkansas ou o Alabama – começaram aprovar leis que limitavam o acesso ao aborto, várias com o mesmo critério das seis semanas usado na legislação que já avançou no Texas.
Este ano, o Idaho, o Oklahoma e a Carolina do Sul também aprovaram
leis semelhantes, que ainda não entraram em vigor por terem sido
desafiadas em tribunal. Desta forma, o Texas tornou-se o primeiro estado
a, na práctica, proibir o aborto, já que a grande maioria das mulheres
ainda não sabe que está grávida às seis semanas de gestação.
A lei no Texas proíbe também a interrupção das gravidezes em casos de violação e incesto e inclui a particularidade de dar aos cidadãos o poder para a colocar em práctica,
ilibando os políticos e funcionários públicos no Texas de
responsabilidades por imporem o cumprimento de uma lei que pode vir
ainda a ser revertida e declarada inconstitucional.
Agora, qualquer cidadão, incluindo aqueles que não vivem no Texas,
pode processar qualquer mulher que faça um aborto e qualquer pessoa que a
ajude no processo, como os médicos ou até um motorista da Uber que a
leve à clínica, mesmo que desconheça o propósito da viagem.
Os condenados terão de pagar 10 mil dólares (cerca
de 8500 euros) mais os custos judiciais se ficar provado em tribunal que
auxiliaram alguém na realização de um aborto, mas os queixosos não têm
de pagar nada caso percam o processo.
Encorajados pela maioria conservadora no Supremo e na esperança que os processos chegassem até este tribunal e levem a uma revogação do Roe v. Wade, os estados mais conservadores têm avançado com estas leis.
Uma possível decisão final do Supremo pode estar mais perto agora que o médico Alan Braid, que admitiu que quebrou a lei no Texas
e fez um aborto num artigo no Washington Post, foi processado por dois
cidadãos de fora do estado, um no Illinois e outro no Arkansas.
O Supremo anunciou também que vai analisar a 1 de Dezembro a lei no Mississipi,
que proíbe o aborto após as 15 semanas. Esta proposta chega ao maior
tribunal dos EUA depois de já ter sido chumbada por tribunais inferiores
– mas a simples escolha do Supremo de aceitar avaliar a sua
constitucionalidade já é um mau agoiro para os defensores do aborto.
Resta agora aguardar pela decisão final – o debate pode finalmente
chegar ao fim caso os juízes confirmem as decisões dos tribunais
inferiores e defendam o precedente da decisão de 1973, ou então pode esperar-se ainda mais polémica sobre a politização do Supremo caso o direito ao aborto seja revogado.
O Canadá concedeu asilo a quatro pessoas que esconderam o
ex-analista de sistemas da CIA, Edward Snowden, nos seus apartamentos em
Hong Kong quando este estava em fuga.
Segundo a agência France-Presse, Supun Thilina Kellapatha e
Nadeeka Dilrukshi Nonis, e os filhos Sethumdi e Dinath, chegaram a
Toronto na terça-feira e devem seguir para Montreal, informou a
organização For the Refugees. Em 2019, o grupo auxiliou duas outras
pessoas que ajudaram Snowden, Vanessa Rodel e a filha Keana.
Originais do Sri Lanka, Kellapatha, Nonis e os filhos foram
deportados após os pedidos de asilo em Hong Kong terem sido rejeitados.
Um sétimo membro do grupo que ajudou Snowden, Sri Lanka Ajith
Pushpakumara, permanece em Hong Kong, onde a “sua segurança ainda está em risco“, indicou o For the Refugees.
“Estamos felizes com o resultado final – pelo menos para seis dos
sete”, disse o presidente do For the Refugees, Marc-Andre Seguin.
“Embora saudemos a chegada e o início de um novo capítulo na vida desta
família, não podemos ignorar que Ajith ficou para trás”, acrescentou o
responsável.
Em 2013, Snowden revelou milhares de documentos confidenciais,
expondo a vasta vigilância dos Estados Unidos (EUA) posta em prática
após os ataques de 11 de setembro. Após fugir, ficou detido em Hong
Kong. O grupo de refugiados concordou em abrigá-lo durante duas semanas
até que pudesse voar para a Rússia, onde vive agora.
O papel do grupo na fuga de Snowden só foi revelado no filme de Oliver Stone sobre Snowden, lançado em 2016.
Governo chinês tem apostado numa estratégia de zero casos, o
que significa que cidades inteiras são colocadas em isolamento quando
surge um único caso. Uma das brechas ao sistema implementado são os
visitantes que chegam do exterior, pelo que estão a ser construídas
novas infraestruturas para estes poderem fazer quarentena quando chegam
ao país.
Em dezembro de 2019, a China, com especial destaque para a província de Wuhan, foi o primeiro país a sentir as consequências da pandemia — que na altura ainda não o era — da SARS-CoV-2.
Os relatos e as imagens que nos chegavam davam conta de cidades
inteiras confinadas como forma de limitar a propagação de um vírus sobre
o qual muito pouco sabia, para além de que estava a provocar uma onda
da pneumonias mortais como os médios nunca viram.
Quase dois anos volvidos, e com os principais focos de infeções a
transferirem-se para o ocidente, a China tem vindo a tentar o que os
especialistas classificam como a estratégia de zero casos, ou seja, sempre que um único caso de covid-19 é detetado as autoridades regionais decretam um confinamento rigoroso
nas localidades onde entendem ser provável que exista risco de
contágio. Esta tem sido a abordagem desde, sensivelmente, o início do
segundo semestre de 2020 e sempre que se regista um surto.
Como não poderia deixar de ser, os indivíduos que chegam ao país — os
poucos que estão autorizados a fazê-lo — estão também obrigados a
cumprir um severo regime de isolamento, o qual, na cidade de Guangzhou, deveria ser feito em quartos de hotéis escolhidos pelas autoridades locais. No entanto, o vírus parecia encontrar sempre brechas por onde escapar.
Em junho, a província de Guangdong, onde fica a
cidade de Guangzhou ou Shenzhen, conseguiu conter um destes surtos, mas
os responsáveis pela monitorização da pandemia rapidamente informaram
que mais teria de ser feito para que episódios do género fossem evitados num território responsável por receber cerca de 90% dos visitantes provenientes do exterior — sejam eles estrangeiros ou chineses que queiram regressar a casa, o que significava cerca de 30 mil pessoas em isolamento nos cerca de 300 equipamentos designados para o efeito.
Uma das medidas implementadas foi a ou construção de um complexo com 5 mil quartos, com uma área correspondente a 46 campos de futebol e onde deverão trabalhar 4 mil
funcionários do setor da saúde. Tudo para que seja possível acolher os
visitantes e garantir que o vírus não escapa para a população — que,
desta forma, acaba por estar mais distante do que com a solução
anterior.
Para além das dimensões do complexo, batizado
Estação Internacional de Saúde de Guanghou, há outras características
suas que impressionam. Por exemplo, cada um dos quartos está equipado
com uma câmara vídeo, um termómetro que funciona por inteligência artificial e as refeições são servidas aos hóspedes por robôs, de forma a reduzir o contacto humano ao mínimo possível. “É muito provavelmente o centro de quarentena mais moderno e sofisticado do mundo“, descreveu Yanzhong Huang, colaborador para a área da saúde no departamento de relações internacionais da autoridade local.
Este é, no entanto, apenas a primeira de muitas infraestruturas do género que o Governo pretende construir no país. O processo de construção de um complexo semelhante em Donggguan já está a decorrer — deverá ter 2 mil quartos — e a próximo na lista deverá ser Shenzhen, dois hubs do país que recebem com frequência visitantes com o intuito de fazer negócio do mercado chinês.
“Esta não é apenas uma medida provisória. Os
responsáveis chineses acreditam que esta pandemia vai demorar algum
tempo a terminar, pelo que a China vai continuar a fazer um controlo
apertado das suas barreiras”, explicou Huang. “Estruturas como esta são
uma forma de institucionalizar a estratégia de zero casos“, referiu à CNN.
Na China, todos os visitantes provenientes do exterior eram obrigados a cumprir uma quarentena de duas semanas num hotel, seguidas de mais uma
em instalações do Estado chinês ou, no caso dos cidadãos chineses, em
contexto domiciliário — mesmo aqueles com vacinação completa.
Recentemente, o período inicial foi revisto para 21 dias.
Nas vésperas da abertura do complexo — que demorou menos de três meses a construir —, os primeiros de 184 trabalhadores da área da saúde destacados para trabalhar no complexo já começam a chegar. Pela frente terão períodos de trabalho de 28 dias e antes de regressarem a casa terão, também eles de cumprir uma semana de quarentena, seguida de outras duas semanas de isolamento nas suas residências para poderem sair.
Apesar da grande dimensão da infraestrutura, os responsáveis estimam que esta fique com lotação completa rapidamente.
“Se considerarmos que um voo internacional transporta, em média, 300
pessoas, com todas elas a ter que fazer quarentena durante 21 dias, é fácil perceber que vai ficar cheio rapidamente”, apontou. Huang.