Assinalam-se este mês os 42 anos da série de livros de ficção científica de Douglas Adams. Mais de quatro décadas depois, a história excêntrica continua relevante e a atrair fãs.
Muitos filósofos questionaram-se durante séculos sobre as questões mais profundas sobre a vida, o universo e tudo mais – mas afinal, a resposta era um simples 42. Ou pelo menos foi isso que o “À Boleia pela Galáxia”, que faz precisamente 42 anos este mês, nos ensinou.
O livro inaugurou a famosa série de ficção científica de Douglas Adams e conta a história do britânico Arthur Dent quando este acorda e descobre que a Terra está prestes a ser destruída para se poder construir uma auto-estrada intergaláctica.
Seguem-se muitas aventuras excêntricas e a roçar no absurdo com extraterrestres, supercomputadores e ao eternamente deprimido e aborrecido robô Marvin The Paranoid Android, que inspirou a conhecida música dos Radiohead.
A série literária, na verdade, começou como uma série de rádio na BBC em 1978. Passou desde então pelo pequeno e grande ecrãs e inspirou adaptações ao teatro, livros de quadradinhos e jogos de computador.
Mas o seu formato mais conhecido foi enquanto livro, publicado originalmente em Outubro de 1979. Shamini Bundell, jornalista de vídeo na revista científica Nature, confessa-se uma fã aguerrida da série desde criança.
“Sou uma enorme fã de ficção científica e uma geek. Lembro-me em particular de numa altura ter toda a série original de rádio e ouvi-la todas as noites no meu pequeno leitor de CDs junto à cama”, revela à Weekend Edition, citada pelo NPR.
Bundell acredita que a história continua relevante nos dias de hoje por ser uma paródia daquilo que ainda acontece pelo mundo nos dias de hoje e por causa da destruição do planeta – já que nos livros os Vogons, uma raça extraterrestre, destrói planetas para abrir caminho para a construção de um desvio no hiperespaço.
“Há muitas piadas no livro sobre burocracia, os Vogons a serem um exemplo de que não fazem nada sem formulários assinados três vezes”, explica Bundell, que compara os aliens aos líderes mundiais em questões como as alterações climáticas, onde há muita conversa e pouca acção.
Para além de continuar actual no plano político, a série tocou também muitos fãs a nível pessoal, como no caso de Amit Oz, um chefe em Hong Kong que de mudou de Israel para a China quando era criança.
“O facto da vida ser só uma aventura cujo objectivo é a diversão. Estamos aqui para aproveitar ao máximo o que temos à nossa volta e ser uma boa pessoa”, explica Oz sobre os livros. “Acho que isso foi uma boa base quando o meu próprio mundo se estava a tornar uma aventura”, refere.
Como seria de esperar, a parte favorita da série é o Milliways, o restaurante onde os clientes podem ver o Big Bang ao contrário enquanto comem. “Tem piada porque os aliens de todo o lado vão para fazer algo que é muito humano, que é sentarem-se e comer”, afirma.
A influência do “À Boleia pela Galáxia” está “por todo o lado“, segundo Marcus O’Dair, autor do livro The Rough Guide to the Hitchhiker’s Guide to the Galaxy.
“Podemos vê-lo na cultura, onde há rumores de que a história de Adams inspirou tudo desde a banda Level 42 até ao programa de comédia The Kumars at No.42. Podemos vê-lo na tecnologia: com a verdadeira “faca que torra” ou nos serviços de tradução na orelha que fazem lembrar o Babel fish. O sinal mais visível da sua ubiquidade é, no entanto, o facto de podermos celebrar o seu aniversário não aos 40 ou 50 anos, mas aos 42 – e toda a gente sabe porquê”, remata.
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