O presidente da Jordan Brand, Larry Miller, revelou que, há 56 anos, matou um adolescente nas ruas de Filadélfia, nos Estados Unidos.
O presidente da Jordan Brand — marca do ex-jogador de basquetebol Michael Jordan — sempre pareceu usufruir de uma vida de conforto e privilégios, com grandes conquistas e amizades de celebridades. Mas, afinal, não é bem assim.
Miller recebeu as luvas vermelhas de Muhammad Ali, uma bola de basquetebol comemorativa de Obama e até notas assinadas do próprio Michael Jordan. Mas manteve um segredo obscuro bem guardado.
Numa entrevista à revista Sports Illustrated, Larry Miller falou sobre o tempo que passou na prisão, depois de ter assassinado um adolescente, em 1965, quando tinha apenas 16 anos.
Miller pertencia ao gangue Cedar Avenue desde os 13 anos e na altura em que matou o outro adolescente tinha 16.
Depois de um amigo de Miller ter sido morto por um membro de um gangue rival, o adolescente ficou bêbado com os amigos e foi em busca de vingança — disparou uma arma de calibre .38 em direção ao peito de Edward White, de 18 anos, que acabou por ter morte imediata no local.
“Isso é o que torna as coisas ainda mais difíceis para mim, não foi por nenhuma razão”, disse, citado pela BBC.
“Quer dizer, não havia nenhuma razão válida para isto acontecer (…) Penso nisto todos os dias”, continuou.
Larry Miller cumpriu pena de prisão pelo assassinato e, apesar de não ter mentido sobre o assunto em nenhuma entrevista de emprego, admite que o manteve em segredo por muito tempo.
No próximo ano, o empresário, agora com 72 anos, vai lançar um livro de memórias onde fala sobre o acontecimento trágico.
“Isto estava a consumir-me”, disse, explicando que revelar o seu passado irá libertá-lo e fazer com que possa discutir as suas experiências com jovens em risco e pessoas que se encontram na prisão, mostrando que continuam a poder desempenhar um papel na sociedade.
O diretor da Jordan Brand queria que os factos se tornassem públicos nos seus termos e na sua linha temporal, revelando-os agora, antes que qualquer detalhe pudesse ser conhecido antes da publicação do livro.
“Esta foi uma decisão realmente difícil para mim”, disse.
Nos últimos meses, Miller tem informado as pessoas do seu círculo interno — incluindo Jordan, Knight, o comissário da NBA Adam Silver e vários executivos da Nike — para garantir que descobriam a partir de si próprio.
“Fiquei impressionado com o quão positiva tem sido a resposta”, disse Miller, chamando ao processo “um verdadeiro exercício de libertação”.
“Trata-se realmente de garantir que as pessoas compreendam que ex-presos podem dar um contributo [à sociedade].”, continuou.
Miller está na Nike desde 1997 e gere as operações da área ligada ao basquetebol, como as marcas de Michael Jordan e a Converse.
Em comunicado, a Nike disse à BBC News que a vida de Miller foi “uma incrível história de segundas oportunidades”.
“Estamos orgulhosos de Larry Miller e da esperança e inspiração que a sua história pode oferecer”, disse a empresa, acrescentando que apoia políticas que ajudam ex-prisioneiros a “abrir novas portas de oportunidade e a seguir em frente com as suas vidas”.
Miller espera que a sua história possa ajudar a afastar jovens em situação de risco de uma vida de violência e inspirar pessoas que estão presas a saber que “ainda podem contribuir para a sociedade.”
“O erro de uma pessoa, ou o pior erro que cometeu na sua vida, não deve controlar o que acontece com o resto da sua vida”, concluiu.
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