O primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, e a líder da União Nacional (RN, na sigla em francês), Marine Le Pen, manifestaram esta terça-feira apoio à Polónia no conflito que mantém com a UE, a qual acusam de “imperialista”, “centralizadora” e “intervencionista”.
“A pressão ideológica na UE nunca foi tão forte como agora, quando se quer impor a ideia de sociedades abertas”, disse Viktor Órban, após ter recebido a líder da extrema-direita francesa, com quem participou numa conferência de imprensa.
Segundo Órban, a Comissão Europeia (CE) “deixou de ser a guardiã dos tratados” e comparou a UE com a antiga União Soviética, que impôs uma ditadura comunista no país durante mais de 40 anos.
“Os procedimentos de infração não são como os tanques soviéticos, mas ainda são uma forma de intervenção”, acrescentou, lembrando que os países do antigo bloco comunista conhecem a “doutrina Brejnev” (Leonid Brejnev, Presidente da extinta URSS entre 1964 e 1982) de soberania limitada.
“No bloco comunista, se algum país não aderisse à linha de Moscovo, poderia sofrer a intervenção dos seus parceiros. Foi o que aconteceu em 1968 na Checoslováquia“, defendeu, referindo-se à intervenção soviética naquele ano em resposta à tentativa de reformas democráticas.
A Polónia e a União Europeia têm sérias diferenças devido a uma decisão do Tribunal Constitucional polaco, que estabeleceu a primazia, em certos casos, do direito nacional sobre o comunitário.
“A UE está a caminhar para o federalismo, ao mesmo tempo que Bruxelas quer mais poderes e mais poder”, disse, por seu lado, Le Pen, de visita a Budapeste, defendendo tratar-se de uma forma de “imperialismo”.
A líder da extrema-direita francesa destacou a importância da soberania de cada um dos países da UE e, tal como Orbán, defendeu o direito da Polónia, “e de outros países”, à sua “própria identidade constitucional”.
Le Pen criticou fortemente a “brutalidade ideológica” da UE e manifestou apoio ao líder ultraconservador húngaro.
“A Hungria de 2021, sob a sua liderança, está mais uma vez na vanguarda da luta pela liberdade dos povos”, declarou a candidata à presidência francesa, que “saudou” a “coragem e determinação” do primeiro-ministro húngaro, garantindo-lhe que, se for eleita nas presidenciais de 2022, receberá “o apoio da França e do seu povo para reorientar uma União Europeia cuja brutalidade ideológica ameaça a própria ideia de soberania”.
Ambos os políticos destacaram a importância da luta contra a imigração, que, segundo Orbán, é atualmente “uma ferida aberta” para a Europa, defendendo os dois uma aproximação entre os partidos de direita europeus.
Desde que o partido de Orbán, o Fidesz, deixou o Partido Popular Europeu (PPE), em março passado, o primeiro-ministro húngaro procurou aliados europeus de direita e manteve contactos para formar uma nova força política continental com o homólogo polaco, Mateusz Morawiecki, da Lei e Justiça partido (PiS), e o líder da Liga italiana, Matteo Salvini, entre outros.
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