O governo austríaco anunciou que, se ocupação de camas de Unidades de Cuidados Intensivos com pacientes covid-19 atingir nível crítico, pessoas não imunizadas poderão sair de casa apenas em casos excepcionais, como compras essenciais e trabalho.
O governo da Áustria anunciou vai fechar ainda mais o cerco aos não vacinados contra a covid-19, preparando-se mesmo para impor o confinamento compulsivo aos que recusarem imunizar-se, revela o Deutsche Welle.
De acordo com as novas regras, se mais de 600 camas de Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) estiveram ocupadas por pacientes com covid-19 (33% das camas disponíveis), os não vacinados apenas poderão sair de casa em casos excepcionais — como fazer compras essenciais ou ir trabalhar.
Não estão incluídas nestas regras as pessoas que não possam vacinar-se, como os menores de 12 anos, para as quais não há uma vacina aprovada na Áustria.
“Estamos perto de cair numa pandemia de não vacinados“, disse o chanceler federal austríaco, Alexander Schallenberg.
Atualmente, 220 camas de UCI estão ocupadas com pacientes covid-19 na Áustria, o equivalente a aproximadamente 11% do total de camas disponíveis.
No país, cerca de 61,5% da população está completamente imunizada contra a doença, de acordo com a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford.
No entanto, um estudo recente do Austrian Corona Panel Project (ACPP), da Universidade de Viena, mostrou que 17% dos austríacos recusa vacinar-se contra a covid-19, e 8% estão hesitantes.
Schallenberg descartou a possibilidade de um novo confinamento para vacinados e recuperados da doença. “As decisões que tomamos hoje não têm efeito sobre os que foram vacinados”, reforçou.
Para o chanceler austríaco, deve ficar claro para toda a população que “há muita responsabilidade sobre os ombros dos não vacinados“, referindo-se à ocupação das UCIs, que também repercute em pacientes com outras doenças.
“Como chanceler federal, não deixarei que o sistema de saúde fique sobrecarregado porque ainda temos muitos hesitantes e procrastinadores”, afirmou.
Restrições mesmo com testes negativos
Se for excedida a marca das 500 camas de UCI ocupadas com pacientes covid-19 (25% da capacidade total), as pessoas não vacinadas serão impedidas de entrar em locais como restaurantes, hotéis, eventos, instituições culturais, instalações de lazer e eventos esportivos, mesmo que apresentem um teste negativo de coronavírus.
“Vamos diferenciar entre os protegidos e os testados”, realçou por seu turno o ministro da Saúde, Wolfgang Mückstein, que apelou a todos os austríacos que se vacinem. “Há uma alternativa às restrições: vacinação“, enfatizou o ministro, lembrando que as restrições podem ser evitadas, caso mais pessoas se vacinem.
Alguns políticos criticaram a decisão do governo. Herbert Kickl, líder do FPÖ, Partido da Liberdade, de extrema-direita, considera que “o governo federal já não sabe o que fazer”. Este “é um passo que nos recorda os capítulos mais sombrios da nossa história. Com a ameaça de privação de liberdade, as pessoas são coagidas a vacinar-se”, diz Kickl.
Em setembro, nas eleições municipais, a Áustria foi surpreendida pelo desempenho de um novo partido criado para se opor às restrições impostas na pandemia de covid-19. O MFG, Menschen-Freiheit-Grundrechte, conquistou um lugar no parlamento do estado da Alta Áustria, após obter mais de 6% dos votos.
Segundo Michael Brunner, líder do MFG, a principal preocupação do novo partido é a proteção dos direitos fundamentais. “Os nossos antepassados lutaram muito por esses direitos e não vamos desistir”, disse Brunner, que critica abertamente o uso de máscaras, a realização de testes de coronavírus e a vacinação de crianças e jovens contra a covid-19.
Europa com regras mais duras – e resistências à vacina
Muitos países da Europa têm vindo a impor regras a não vacinados, para incentivar que as pessoas se imunizem. A Alemanha, por exemplo, aboliu os testes gratuitos, já que, em muitos locais, é obrigatório apresentar comprovativo de vacinação, de recuperação ou um teste negativo.
Em Itália, desde 15 de outubro que todos os trabalhadores (cerca de 23 milhões de pessoas) têm que apresentar um passaporte sanitário para acader ao seu local de trabalho.
Os trabalhadores devem comprovar que se vacinaram contra a covid-19 ou que estão recuperados da doença. Quem não apresentar o documento e tiver que faltar ao trabalho devido à doença, não recebe salário nos dias em que estiver parado.
Atualmente, uma nova onda de covid-19 alastra pela Europa, sobretudo em países do Centro e do Leste do continente, onde as taxas de vacinação são mais baixas. A subida nos casos em vários países levou vários governos a impor novamente restrições, e deixou em alerta os restantes.
A Rússia, que regista há vários dias recordes sucessivos no número de mortes devido ao coronavírus, decretou uma semana de férias pagas para tentar conter o avanço da doença. Assim, os dias de 30 de outubro a 7 de novembro não serão considerados dias úteis, e os trabalhadores ficarão em casa, embora os seus salários sejam mantidos.
Na terça-feira, o presidente da Câmara de Moscvo, Serguei Sobyanin, afirmou que os cidadãos com mais de 60 anos não vacinados terão que ficar em casa durante os próximos quatro meses.
Além da Rússia, também outros países do Leste Europeu enfrentam forte resistência da população à vacina.
Na União Europeia, os Estados-membros com menores taxas de vacinação encontram-se no leste do continente, como são os casos da Bulgária, Roménia, Croácia, Polónia, Estónia e Letónia — país que entratanto decretou um novo confinamento de quatro semanas, com escolas, lojas e restaurantes fechados.
A Roménia, com uma morte por coronavírus a cada cinco minutos, enfrenta agora por seu turno um novo problema: escassez de caixões.
https://zap.aeiou.pt/austria-confinar-nao-vacinados-contra-covid-19-440052
Nenhum comentário:
Postar um comentário