A queda de água mais alta da América do Norte está novamente a fluir, depois de uma tempestade ter trazido a precipitação tão necessária naquela área atingida pela seca.
A cascata do Parque Nacional de Yosemite, no estado norte-americano da Califórnia, já “chora” água, depois de um período de seca, noticia o Travel and Leisure.
Na semana passada, uma das webcams captou a água a fluir em força. A ABC7 comparou as imagens com algumas captadas de antes da tempestade.
Segundo o National Park Service, a tempestade fez-se sentir durante cerca de 36 horas e a neve pode ter contribuído para a subida substancial de rios e riachos.
A forte precipitação, que foi o resultado de duas tempestades que convergiram, é um “acontecimento raro”. Brian Ochs, meteorologista do Serviço Meteorológico Nacional, disse que a nova água que cai pela cascata pode dever-se – pelo menos em parte – ao quão seco o solo tem estado.
“O solo seco pode ter tido menos probabilidades de absorver a água”, explicou.
Depois de um período de seca, Tony McDaniel, porta-voz do Instituto de Turismo do Condado de Yosemite Mariposa, congratulou-se com a chuva. “Foi muito bem recebida. Ver Yosemite não só a transbordar de cores, como também de água é uma bela visão e penso que todos na região estão felizes por isso.”
Este ano, a Califórnia viveu um dos verões mais quentes de que há registo, assolado por incêndios e seca severa.
A falta de água foi tão grave que uma cidade costeira da Califórnia implorou aos turistas que a conservassem, encerrando as casas de banho do lobby de um hotel para ajudar no esforço.
Um carro abandonado, estacionado há 47 anos numa rua italiana, tornou-se numa atração turística daquele país.
Em 1974, Angelo Fregolent estacionou o seu Lancia Fulvia 1961 à porta do quiosque que geria com a sua esposa, Bertilla Modolo, em Conegliano, no nordeste de Itália.
“Geri o quiosque debaixo de minha casa durante 40 anos, juntamente com a minha esposa Bertilla, dez anos mais nova do que eu”, contou Fregolent, agora com 94 anos, em declarações ao Il Gazzettino.
“Quando abri o negócio, fiquei feliz por ter o Lancia Fulvia estacionado em frente porque descarregava os jornais no porta-bagagens e depois levava-os para dentro”, continuou.
Depois de o casal se reformar, o carro ficou estacionado no mesmo local e, desde então, passou a fazer parte da paisagem daquela pitoresca cidade italiana, escreve o jornal The Independent.
Tanto turistas como residentes locais começaram a tirar fotografias com o carro antigo, tornando-o uma atracão turística à medida que as imagens se tornavam virais nas redes sociais.
Após quase cinco décadas, as autoridades da cidade decidiram retirar o carro e transferiram-no, a 20 de outubro, para a Auto e Moto d’Epoca Motorshow, em Pádua — onde ficará em exposição ao lado de carros clássicos.
Depois, o Lancia Fulvia será restaurado para reparar quaisquer danos que tenha adquirido durante os 47 anos que ficou parado à porta do velho quiosque de Fregolent para ser colocado no exterior de uma escola que fica ao pé da casa do casal.
O epidemiologista norte-americano Dorry Segev participou, esta terça-feira, na Web Summit, e afirmou que se todos fossem vacinados e usassem máscara durante um mês, a pandemia acabava.
O SARS‐CoV‐2 desapareceria se todas as pessoas do mundo elegíveis para a vacinação contra a covid-19 fossem inoculadas e se, da mesma forma, usassem máscara durante um mês.
Esta foi a previsão traçada por Dorry Segev, epidemiologista da Escola de Medicina John Hopkins, durante a sua intervenção desta terça-feira, no palco Q&A da Web Summit.
Segundo o Observador, o especialista só encontra um culpado para a pandemia não acabar: os “condutores bêbedos de 2021”.
“Se uma pessoa conduzir bêbeda dentro da própria propriedade, não quero saber. Mas se o fizer fora dela, já me diz respeito porque é ilegal e põe toda a gente em perigo. É o mesmo com quem não se quer vacinar”, explicou.
Na intervenção, o epidemiologista disse ainda considerar que a “politização da saúde pública” foi “um erro”.
“Essa foi a coisa que fizemos mal. Gerámos um movimento forte e zangado”, lamentou. “Precisamos de mais compaixão”, propõe, contando que já convenceu muitas pessoas a vacinarem-se depois de as ouvir e de conversar com elas calmamente.
“Estar na linha da frente é desolador, frustrante e revoltante”, descreve. “Como é que isto aconteceu? De onde vem esta rejeição?”, questiona, referindo-se aos movimentos antivacinas e lembrando que estes “têm impacto na saúde pública”.
Neste contexto, defende, é preciso vincar “o contrato social”, não hesitar em impor regras no espaço público e não deixar de apurar responsabilidades, quer de governos, quer dos media, incluindo de redes sociais como o Facebook. Aliás, isso já está a acontecer, “doutra forma Donald Trump teria sido reeleito Presidente dos Estados Unidos”, acredita.
Mas, ao mesmo tempo, frisa, é possível “dar às pessoas outras hipóteses” em certas circunstâncias.
“Se tivéssemos dado hipóteses às pessoas, talvez não tivesse havido este grau de rejeição”, estima, explicitando que “máscaras e testes regulares são eficazes se as pessoas não se quiserem vacinar”.
Além disso, acrescenta, em certas circunstâncias, “é razoável, do ponto de vista científico, haver outras opções para além da vacina”, desde que se assegure a logística e avalie os riscos.
O epidemiologista considera que impor regras de vacinação funciona, mas não deve excluir a adoção de “outras opções eficazes, quando estas opções façam sentido”
“Infelizmente, acho que a covid-19 não vai desaparecer, mas é só ‘um feeling’”, confessou, afastando o caráter científico da sua impressão.
“Vai tornar-se endémico, vai haver contínuas variantes, vamos precisar de reforçar a nossa imunidade continuadamente”, antecipa, sublinhando que, para além disso, “as variantes não querem saber de fronteiras” e as respostas à pandemia ainda têm muitas diferenças geográficas.
“Agora precisamos de pensar além-fronteiras, doutra forma teremos mais variantes e mais mortíferas”, acredita, defendendo “soluções de longo prazo”, que possam vir a adaptar-se aos fluxos da pandemia.
Com mais de mil oradores, 700 investidores, 1.250 startups e 1.500 jornalistas, a Web Summit decorre até quinta-feira, em modo presencial, depois de a última edição ter sido online.
No segundo dia, a COP26 conseguiu dois importantes compromissos internacionais. Além de um acordo global para travar a desflorestação, traçaram o objetivo de reduzir em 30% as emissões de metano.
Mais de 100 países, entre eles Portugal. mas também os Estados Unidos e a União Europeia como entidade, comprometeram-se esta terça-feira a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, em comparação com 2020.
A decisão foi anunciada em Glasgow, no Reino Unido, onde decorre até dia 12 a 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26).
O metano é um gás com poderoso efeito de estufa, muito superior ao mais ‘mediático’ dióxido de carbono, e, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, um dos que podem ser reduzidos mais rapidamente.
“Reduzi-lo abrandaria imediatamente o aquecimento global”, disse Ursula von der Leyen, lembrando que o metano é responsável por cerca de 30% do aquecimento do planeta desde a revolução industrial.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, salientou também que o metano é “um dos gases com efeito de estufa mais poderosos”, salientando depois que os países signatários do compromisso representam 70% do PIB mundial.
“Hoje, os Estados Unidos, a União Europeia, e parceiros, lançaram formalmente o Global Methane Pledge (Compromisso Global do Metano), uma iniciativa para reduzir as emissões globais de metano e manter possível o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius (acima dos valores médios da era pré-industrial). Um total de mais de 100 países, representando 70% da economia global e quase metade das emissões antropogénicas de metano, subscreveram agora o compromisso”, lê-se num comunicado do Governo norte-americano.
Os Estados Unidos e a União Europeia já tinham anunciado em setembro que estavam a trabalhar no acordo, ao qual se juntaram 103 países, entre eles, além de Portugal, o Brasil, o Canadá, a França, a Alemanha, a Indonésia, o México, a Nova Zelândia, a Arábia Saudita ou o Reino Unido, entre outros.
Na nota, os Estados Unidos salientam que os países signatários não só se comprometem em reduzir as emissões de metano como a avançar para a utilização de melhores metodologias de inventário disponíveis para quantificar emissões de metano.
Os Estados Unidos e a União Europeia “também se orgulham de anunciar uma expansão significativa do apoio financeiro e técnico para apoiar a implementação do compromisso. Filantropos globais comprometeram-se com 328 milhões de dólares em financiamento para apoiar o aumento da escala deste tipo de estratégias de mitigação do metano em todo o mundo. O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, e o Fundo Verde para o Clima comprometeram-se a apoiar o acordo através de assistência técnica e financiamento de projetos. A Agência Internacional de Energia servirá também como parceiro de implementação”, diz-se no comunicado.
De acordo com o documento a concretização do Compromisso Global de Metano reduzirá em pelo menos 0,2 graus Celsius o aquecimento global até 2050, “proporcionando uma base fundamental para os esforços globais de mitigação das alterações climáticas”.
Além disso, segundo a Avaliação Global do Metano da Coligação Clima e Ar Limpo (CCAC) e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), conseguir os objetivos até 2030 do compromisso hoje divulgado evitaria mais de 200.000 mortes prematuras, centenas de milhares de idas a urgências hospitalares relacionadas com a asma, e mais de 20 milhões de toneladas de perdas de colheitas por ano até 2030.
O metano (CH4), emitido pela agricultura e pecuária, combustíveis fósseis e resíduos, é o segundo gás com efeito de estufa mais importante ligado à atividade humana depois do dióxido de carbono (CO2). Ainda que pouco falado, tem um efeito de aquecimento cerca de 29 vezes superior ao CO2 durante um período de 100 anos, e cerca de 82 vezes durante um período de 20 anos.
Especialistas saúdam acordo
Especialistas na área do ambiente saudaram o compromisso assumido na cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas, encarando-o como sendo muito positivo na luta contra o aquecimento global.
“Cortar as emissões de metano é essencial para se conseguir manter o aquecimento global nas metas pretendidas”, disse Helen Mountford do World Resources Institute.
“Uma ação rápida e forte na redução da emissão de metano iriá trazer inúmeros benefícios para todo o mundo, desde limitar o aquecimento global como melhorar a saúde pública e a qualidade da comida”, acrescentou.
Também para Maria Pastukhova, especialista em energia da organização E3G, um grupo de reflexão europeu, independente, sobre alterações climáticas, o acordo é encorajador.
“O Acordo, feito por países que emitem metade do metano do mundo, é um passo positivo e há muito esperado, pondo em evidência a segunda maior causa do aquecimento global causada pela humanidade. O verdadeiro trabalho começa agora. Antes da COP27, o compromisso tem de conseguir a adesão dos três maiores emissores, China, Rússia, e Índia, apoiados por mecanismos transparentes de governação e monitorização”, afirmou.
China, Rússia, e Índia não se juntaram aos 103 países que assinaram o Compromisso Global para o Metano.
Maria Pastukhova alertou que a indústria do gás, petróleo e carvão devem intensificar esforços para reduzir drasticamente as emissões relacionadas com a energia, mostrando resultados tangíveis nos próximos anos.
A especialista também salientou que a redução das emissões de metano não pode substituir “a necessidade de um esforço global contínuo para reduzir a procura de combustíveis fosseis”, se o mundo quiser alcançar a meta de não deixar que as temperaturas globais subam além de 1,5 graus Celsius em relação à época pré-industrial.
Os ataques ainda não foram reivindicados. Ouviu-se uma primeira explosão, seguindo-se um tiroteio. Dez minutos depois, ouviu-se uma segunda explosão, ainda maior que a primeira.
Pelo menos 15 pessoas morreram e 34 ficaram feridas quando duas explosões e um tiroteio abalaram o maior hospital militar do Afeganistão, em Cabul. Segundo a Reuters, as explosões aconteceram à entrada do hospital Sardar Mohammad Daud Khan, no centro da capital afegã, e as forças de segurança foram enviadas para a área, afirmou o porta-voz do Ministério do Interior.
Ainda não há confirmação no número de mortos, mas um responsável talibã em condição de anonimato afirmou que há pelo menos 15 mortos e 34 feridos. O grupo de ajuda humanitária italiano Emergency, que tem um hospital acerca de três quilómetros do local, avançou que já recebeu nove feridos.
Várias imagens partilhadas nas redes sociais mostram uma nuvem de fumo na zona das explosões e testemunhas afirmam que pelo menos dois helicópteros sobrevoaram a área. Ainda ninguém reivindicou as explosões, mas a agência de notícias Bakhtar afirma que testemunhas disseram que um número de combatentes do Estado Islâmico entraram no hospital e envolveram-se em confrontos com as forças de segurança.
Um trabalhador do hospital afirma que ouviu uma grande explosão, seguindo-se alguns minutos de tiros. Cerca de dez minutos depois, ouviu-se uma segunda explosão, ainda maior que a primeira.
Recorde-se que o Estado Islâmico, que já levou a cabo uma série de ataques em mesquitas e noutros alvos, incluindo no aeroporto de Cabul, desde que os talibãs voltaram ao poder em Agosto, já tinham atacado o hospital em 2017, tendo matado mais de 30 pessoas.
Os ataques do grupo têm causado preocupação sobre a possibilidade do Afeganistão voltar a ser um refúgio para grupos terroristas, tal como aconteceu antes da invasão norte-americana em 2001. Na altura, o governo talibã era aliado da Al-Qaeda, o grupo que levou a cabo os ataques do 11 de Setembro.
A forma de a Facebook dar prioridade à informação tem o efeito colateral de amplificar os conteúdos mais extremos, disse esta segunda-feira Frances Haugen, ex-funcionária e denunciante da empresa, durante o evento de abertura da Web Summit em Lisboa.
“Um dos custos humanos da série de decisões que a Facebook tomou é que há muitas pessoas que têm a mesma experiência que eu, que entrei a querer trabalhar sobre a desinformação e descobri coisas que acreditava estarem a colocar vidas em risco“, disse Frances Haugen quando questionada sobre as motivações que a levaram a denunciar as alegadas más práticas da empresa.
A ex-funcionária da Facebook forneceu em setembro dezenas de milhares de documentos internos à Securities and Exchange Commission (SEC), reguladora dos mercados financeiros nos Estados Unidos, e ao “Wall Street Journal”. Adiantou que em lugares como os Estados Unidos “isso pode causar jantares de Ação de Graças arruinados“.
“Em lugares mais frágeis do mundo, que quase universalmente não têm os sistemas de segurança básicos do Facebook, os sistemas que até o próprio Mark [Zuckerberg] disse que a classificação baseada no engajamento é perigosa, as consequências são mais graves“, afirmou.
Haugen deu o exemplo da Etiópia, “onde um incidente de violência étnica está a acontecer agora e está a ser amplificado nas redes sociais”, onde há 100 milhões de pessoas, que falam seis línguas e 95 dialetos.
“Quando a base de segurança é língua por língua, essa não chega aos lugares mais frágeis do mundo“.
Haugen alega que os documentos comprovam que a empresa liderada por Mark Zuckerberg tem mentido sobre a eficácia dos seus esforços para erradicar o discurso do ódio e da violência e a desinformação na rede social.
A 6 de outubro, depois de uma audição de Haugen no Congresso, Zuckerberg disse que a ex-funcionária está a pintar uma falsa imagem da empresa.
Zuckerberg revelou em 28 de outubro que a Facebook vai mudar de nome para Meta, numa tentativa de abranger a sua visão de realidade virtual para o futuro.
Frances Haugen foi contratada pela Facebook em 2018. Entre 2019 e maio de 2021, quando deixou a empresa, foi gestora de produto no departamento de integridade cívica.
De acordo com o Público, o debate sobre o papel do Facebook na sociedade deve continuar nos próximos dias. Esta terça-feira, o responsável de assuntos globais da empresa, Nick Clegg, terá oportunidade de se defender das críticas de Haugen.
Mais tarde, Chris Cox, responsável pelos muitos produtos do grupo, falará dos planos para o metaverso. Do lado dos críticos, participa o magnata Roger Mcnamee, um dos primeiros mentores de Mark Zuckerberg que, com os anos, se tornou dos maiores críticos da empresa.
A edição de 2021 da Web Summit decorre até 4 de Novembro na FIL e na Altice Arena, em Lisboa.
Joe Biden quer impor-se como uma voz importante no combate às alterações climáticas depois da saída de Trump do Acordo de Paris, mas alguns aspectos da sua agenda são ainda mais nocivos para o clima do que as do seu antecessor. O seu grande pacote social também continua preso no Congresso.
Os Estados Unidos voltaram à coligação High Ambition das Nações Unidos, o grupo de países que se comprometeu a garantir que a temperatura média global não vai subir mais do que 1.5ºC — um dos principais objectivos do Acordo de Paris.
Este grupo vai também apelar esta terça-feira a que os governos aumentem os seus esforços para cortar nas emissões de gases com efeito de estufa e também na dependência no carvão para que o objectivo seja alcançado. A nível dos países ricos e também mais poluidores, a coligação quer que se dobrem os financiamentos dados aos países mais pobres para que estes se adaptem às consequências da crise climática. O fim dos subsídios à indústria de combustíveis fósseis também é uma exigência.
O regresso dos EUA enquanto maior economia mundial e segundo maior poluidor à coligação vem dar mais força às tentativas de se focar a Cimeira Climática Cop26 da ONU, que está a reunir mais de 120 líderes mundiais em Glasgow, na Escócia, e é a maior deste género desde a assinatura dos Acordos de Paris em 2015, na limitação do aumento da temperatura, que tem sido um dos pontos mais difíceis nas negociações.
Um responsável norte-americano afirmou que a coligação High Ambition foi “instrumental em Paris na garantia de que essa alta ambição fosse escrita no Acordo de Paris e vai ser instrumental em Glasgow para garantir que se concretiza.
A High Ambition nasceu na preparação para o Acordo de Paris pela mão do chefe para as negociações das Ilhas Marshall, Tony de Brum. Apesar do pequeno tamanho do país da Oceânia, com apenas 60 mil habitantes, o líder teve uma grande influência nas conversas, passando meses a reunir-se com líderes de países desenvolvidos e em desenvolvimento para angariar mais apoiantes da ideia.
As Ilhas Marshall são um dos países que mais tem a perder com as alterações climáticas, com a sua existência ameaçada nos próximos 100 anos devido ao aumento do nível das águas do mar.
“A coligação High Ambition criou o critério para aquilo que tem de acontecer nesta cimeira: entrar no caminho para se limitar o aumento da temperatura até 1.5ºC com acções reais e melhorados, como a descontinuação do uso do carvão, uma adaptação às mudanças no mar, com pelo menos o dobro dos actuais níveis de financiamento para as adaptações e com a garantia de que todos temos os recursos para lidar com esta crise, incluindo com as perdas e danos que já estamos a viver hoje”, afirma Tina Stege, a embaixadora para o clima das Ilhas Marshall e sobrinha de De Brum, que faleceu em 2017, citada pelo The Guardian.
Depois de se saber que apenas um país está a cumprir as metas do Acordo de Paris, há vários receios de que o objectivo do 1.5º não seja cumprido a tempo, apesar de ser um imperativo apoiado pela ciência. Mesmo assim, este objectivo implica um corte nas emissões de pelo menos 45% até 2030, em comparação com os números de 2010. Um aumento da temperatura além deste valor amplificará ainda mais os efeitos das alterações climáticas, com o derretimento dos glaciares e o aumento do nível das águas do mar a inundar completamente países insulares, a maior frequência de fenómenos extremos como incêndios, furações ou inundações e a devastação da biodiversidade.
John Kerry, o embaixador dos EUA para o clima e ex-Secretário de Estado de Obama, afirmou que o objectivo traçado em Paris “baseou-se no trabalho duro da coligação High Ambition e nos pequenos países insulares e em desenvolvimento”. “Eles consideraram que era um imperativo — e graças a Deus que sim. A ciência agora acompanha esse facto, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, a Agência Internacional Energética e outros já deixaram bem claro que é isto que precisamos de alcançar“, afirmou.
“Os Estados Unidos querem liderar através do exemplo”
No discurso na cimeira, Joe Biden tentou voltar a afirmar os EUA como um dos líderes na linha da frente no combate às alterações climáticas, depois da administração Trump ter abandonado o Acordo de Paris há cerca de um ano e promovido teorias negacionistas. A Casa Branca voltou a integrar o compromisso em Fevereiro deste ano.
O presidente norte-americano alertou para “a ameaça existencial para a existência humana como a conhecemos” e apelou a que outros líderes levem a sério a mudança profunda que tem de acontecer na produção de energia, numa Cop26 que tem de agir como “um pontapé de saída para uma década de ambição e inovação para preservar os nosso futuro partilhado”.
“Vamos encontrar-nos com os olhos da História sobre nós. Vamos fazer o que é necessário? Ou vamos condenar as futuras gerações a sofrer?“, questionou Biden. “Vamos demonstrar ao mundo que os Estados Unidos não estão só de volta à mesa de discussão mas esperemos que a liderar com o poder do nosso exemplo. Sei que esse não tem sido o caso, e é por isso que a minha administração está a trabalhar ainda mais para mostrar o nosso compromisso através de acções e não palavras”, acrescentou, numa alfinetada a Donald Trump.
Ainda antes de chegar a Glasgow, Biden já tinha deixado críticas à política climática — ou, melhor dizendo, à falta dela — do seu antecessor. “Acho que não devia pedir desculpa, mas peço desculpa pelo facto dos Estados Unidos, a última administração, ter saído do Acordo de Paris e ter-nos colocado numa desvantagem”, condenou. A Rússia e a China, outros dois grandes poluidores, também não escaparam à mira de Biden, com o chefe de Estado dos EUA a mostrar-se “desapontado” com a falta de acção dos dois países. Recorde-se que nem Vladimir Putin nem Xi Jinping estão presentes na cimeira.
Na sua mensagem na Cop26, Biden avisou que neste momento “estamos a falhar” e que “não há tempo para indecisões ou discussões entre nós”. “Este é o desafio das nossas vidas colectivas, uma ameaça existencial para a existência humana como a conhecemos e o custo da nossa inacção aumenta a cada dia em que a adiamos”, rematou, lembrando a “responsabilidade esmagadora” dos grandes poluidores, como os EUA, na ajuda a países mais pequenos.
Biden quer também reconstruir a credibilidade verde norte-americana com o anúncio de um plano para controlar a emissão de metano, que a administração considera a forma mais potente de combater a crise climática a curto prazo. Esta terça-feira, o líder dos EUA vai revelar que uma aliança de 90 países, incluindo o Brasil, vai impor novas medidas para cortar as emissões globais de metano em 30% até ao final da década.
O compromisso, conhecido como Global Methane Pledge, inclui dois terços da economia global e metade dos 30 maiores emissores de metano. No entanto, os pesos pesados China, Índia e Rússia não integram o grupo. A intenção da administração da Casa Branca já tinha sido anunciada em Setembro, mas as autoridades americanas continuaram a tentar angariar mais países para a aliança.
Com uma agenda climática empatada dentro do seu próprio partido, Biden pode também respirar de alívio sobre algumas das mudanças nas regulações que a aliança exige, já que não precisam de ser aprovadas pelo Congresso. Os EUA dizem estar a trabalhar com a União Europeia sobre quais os incentivos a dar e as regulações a aplicar.
O foco vai cair sobre as indústrias do petróleo e gás, que são responsáveis por 30% das emissões de metano nos EUA, com a Casa Branca a esperar que 75% de todas as emissões no país sejam afectadas. A regra que regulava a detecção de vazamentos e reparações na indústria petrolífera, que foi revogada por Trump, também vai voltar, e começar a ser aplicada pela primeira vez à produção de gás.
Outro dos trunfos de Joe Biden nesta cimeira é uma declaração conjunta que será adoptada por mais de cem países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre as quais a floresta boreal do Canadá, a floresta amazónica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.
Os líderes mundiais vão comprometer-se a deter a desflorestação até 2030 para combater as alterações climáticas, anunciou o Governo britânico. A iniciativa, que beneficiará de um financiamento público e privado de 19,2 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), é essencial para alcançar o objectivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, segundo o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
“Esses formidáveis ecossistemas abundantes – essas catedrais da natureza – são os pulmões do nosso planeta”, estão no centro da vida de comunidades ao absorver uma grande parte do carbono libertado na atmosfera, dirá Boris Johnson no seu discurso, de acordo com excertos divulgados pelo seu gabinete. Com o compromisso, que está a ser classificado como “sem precedentes” e que pretende nomeadamente restaurar terras degradadas, combater incêndios e apoiar as comunidades indígenas, os países terão, para o chefe do governo britânico, “a oportunidade de terminar a longa história de uma humanidade conquistadora da natureza tornando-se antes guardiães”.
Entre os signatários do compromisso estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França. Numa das sessões desta terça-feira da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP 26), os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em actividades ligadas à desflorestação, segundo o comunicado de Downing Street. Actualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém de actividades como a agricultura e a indústria madeireira. Biden deu mais autorizações para explorações fósseis em seis meses do que Trump num ano
Mas apesar destes gestos promissores, muitos activistas consideram que estas promessas não chegam. A Greenpeace, por exemplo, refere que o objectivo de 2030 para o compromisso sobre a desflorestação é demasiado distante no tempo e que dá, assim ‘luz verde’ a “mais uma década de desflorestação”. “Os povos indígenas exigem que 80% da floresta amazónica seja protegida até 2025, e eles têm razão, é o que é preciso fazer”, insistiu Carolina Pasquali, responsável da Greenpeace no Brasil.
O problema da destruição de territórios indígenas para a agricultura ou exploração petrolífera não é exclusivo do Brasil. Nos EUA, houve até marchas em Washington no primeiro feriado oficial dedicado aos povos indígenas contra a administração Biden e as promessas quebradas sobre o combate às alterações climáticas e protecções das tribos afectadas.
No seu primeiro dia enquanto presidente, o chefe de Estado rasgou a autorização para o polémico oleoduto Keystone, um enorme projecto de oito mil milhões de dólares que levaria o crude canadiano até às refinarias na costa do Golfo. Mas há outros projectos de exploração petrolífera onde Biden não tem sido tão assertivo.
Um dos principais pontos de origem das críticas é a construção do oleoduto da gigante petrolífera canadiana Enbridge, que teve um reforço de nove mil milhões de dólares no investimento. O oleoduto vai ligar Alberta, no Canadá, ao Wisconsin, nos EUA — um estado onde vivem mais de 80 mil nativos e 11 tribos reconhecidas a nível federal.
Muitos activistas esperavam também que Biden, que fez o combate à emergência climática um dos principais focos da sua campanha eleitoral, revertesse a sua posição nas autorizações para o projecto Linha 3, uma parte do oleoduto da Enbridge, e também para uma outra construção —Dakota Access Pipeline (DAPL) — que levaria petróleo deste a Dakota do Norte até ao sul do país. No entanto, Biden não interveio, deixando as decisões nas mãos dos tribunais.
“A credibilidade climática de Biden está em jogo. Acho que nesta fase, é muito claro que apenas o governo federal pode fazer o que tem de ser feito sobre a Linha 3, DAPL e outros projectos também”, criticou Bill Mckibben, co-fundador do grupo de activistas 350.org, citado pelo Financial Times.
Já em Glasgow, também se ouviram muitas vozes críticas a insurgirem-se contra a administração norte-americana à porta da cimeira, já que o seu pacote de medidas sociais Build Back Better, que inclui a maior parte da sua agenda climática, continua empatado no Congresso. Muitas das medidas mais importantes e significativas também tiveram de cair, devido às exigências do Senador Democrata Joe Manchin, que tem grandes ligações à indústria petrolífera.
Segundo escreve o The Guardian, Manchin já recebeu mais dinheiro em doações da indústria de petróleo e gás do que qualquer outro Senador, tendo conseguido mais do dobro do segundo maior beneficiário. O Senador da Virgínia Ocidental também é o que mais dinheiro recebeu do sector das minas de carvão e dos operadores de oleodutos e tem usado o seu voto favorável como moeda de troca para que muitas das medidas que prejudicam estas indústrias, como o maior investimento nas energias renováveis, caiam.
“Biden está em Glasgow de mãos vazias, com nada mais do que palavras no papel. É humilhante e insuficiente dado o momento em que estamos”, condenou Varshini Prakash, directora do movimento progressista Sunrise, que procura pressionar os líderes políticos a agir perante a crise climática.
Nos primeiros seis meses da administração Biden foram também emitidas mais 2500 autorizações para a exploração de gás e petróleo, numa quebra de uma promessa eleitoral, como revelou o NPR. Trump demorou um ano para chegar a este valor e as acusações de hipocrisia a Biden não tardaram, já que o actual presidente não tem poupado nas críticas ao seu antecessor.
O líder da Rede Ambiental Indígena, Tom Goldtooth, afirmou que está em Glasgow para “denunciar a conferência dos poluidores“. “Não é uma conferência climática — foi apropriada por interesses corporativos. Se nós, pessoas indígenas, não viermos, estamos no menu. Estamos aqui para defender os nossos povos, queremos viver”, declarou.
A activista sueca Greta Thunberg também marcou presença nos protestos à porta da Cop26. “Esta Cop26 até agora é como todas as outras Cops que não nos levaram a lado nenhum. Dentro da Cop ali estão só políticos e pessoas com poder a fingir que levam o nosso futuro a sério“, criticou a fundadora do movimento de greves de estudantes pelo combate às alterações climáticas.
“Estão a fingir que levam a sério a presença de pessoas que ja estão a ser seriamente afectadas hoje pela crise climática. A mudança não vai partir dali de dentro — aquilo não é liderança. Nós dizemos basta de “blá blá blá”. Chega da exploração de pessoas e da natureza do planeta”, rematou a activista de 18 anos.
O mundo atingiu esta segunda-feira a marca de 5 milhões de mortes confirmadas por covid-19, menos de dois anos após o início de uma pandemia que devastou países pobres, mas também abateu nações ricas com sistemas de saúde de primeira linha.
Em menos de dois anos, 5 milhões de mortos — algo como metade da população portuguesa. “Uma vergonha global”, considera o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, “uma marca arrasadora que nos recorda que estamos a fracassar em grande parte do mundo”.
Esta segunda-feira, Guterres realçou que enquanto os países ricos avançam para terceiras doses da vacina, apenas cerca de 5% de pessoas em África estão totalmente inoculadas.
Mas apesar da escassa vacinação nos países em desenvolvimento, é nos países mais ricos que se regista maior número de mortes por covid-19.
Juntos, os Estados Unidos, a União Europeia (UE), o Reino Unido e o Brasil – países com rendimento médio-alto ou alto – representam um oitavo da população mundial, mas somam quase metade de todas as mortes oficialmente notificadas.
Os Estados Unidos, sozinhos, registaram mais de 745 mil óbitos — número superior ao de qualquer outra nação, em números absolutos.
Segue-se o Brasil, com mais de 607 mil vidas perdidas. Os dois países juntos somam quase 25% do total de mortes, embora representem menos de 7% da população mundial.
O total de mortes oficialmente notificadas no mundo, calculado pela Universidade Johns Hopkins, nos EUA, é, à hora desta edição, de 5.004.153, com 247.000.948 casos confirmados em todo o mundo.
O número é semelhante ao total de pessoas mortas em batalhas entre nações desde 1950, segundo estimativas do Peace Research Institute Oslo, instituição privada de pesquisa em estudos de paz e conflitos, com sede na Noruega.
A covid-19 é agora a terceira principal causa de morte em todo o mundo, depois das doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
Apenas a Gripe Espanhola de 1918, que vitimou 50 milhões de pessoas (3% da população mundial) e a SIDA, que levou a vida a 36,3 milhões de pessoas, provocaram mais mortos do que a covid-19.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais de mortes na pandemia devem ser ainda maiores, devido à falta de testes em larga escala e de pessoas que morrem em casa sem atenção médica, especialmente em regiões mais pobres.
Os países em situação mais grave doenças cardíacas e derrame desde que o primeiro caso foi detetado, na cidade de Wuhan, na China, transformando diferentes lugares no mapa mundo em “zonas vermelhas”.
Atualmente, o vírus afeta principalmente a Rússia, a Ucrânia e outros países do Leste Europeu, especialmente onde as teorias da conspiração, a desinformação e a desconfiança no governo têm prejudicado os esforços de vacinação.
Na Ucrânia, apenas 17% da população adulta está completamente vacinada. Na Arménia, apenas 7%.
Entre os continentes, a situação é pior na Europa, cujos óbitos aumentaram 14% na semana passada em relação à semana anterior, e na Ásia, com uma subida de 13%.
Em África, por outro lado, as mortes caíram 21%, apesar do lento ritmo de vacinação. Ao todo, as mortes globais subiram 5% na última semana, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Desigualdade
“O que é singularmente diferente sobre esta pandemia é que ela atingiu com mais força os países com mais recursos“, observou a epidemiologista Wafaa El-Sadr, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. “Essa é a ironia da covid-19“.
Nações mais ricas com expectativas de vida mais longas têm proporções maiores de idosos, de residentes em lares e de sobreviventes de cancro, que são especialmente vulneráveis à doença causada pelo coronavírus, aponta El-Sadr.
Já países mais pobres tendem a ter mais crianças, adolescentes e jovens adultos, que são menos propensos a adoecer gravemente.
Mas o padrão que ressalta em grande escala, ao comparar países, é diferente quando são examinados de perto. Em cada nação desenvolvida, quando as infecções são rastreadas, as regiões e bairros mais pobres são os mais atingidos.
Nos EUA, por exemplo, a covid-19 teve um impacto muito maior nas populações negra e hispânica, que são mais propensas a viver em regiões mais pobres e têm menos acesso a cuidados de saúde.
A economia também desempenhou um papel importante na campanha global de vacinação, com os países ricos a ser acusados de bloquear a distribuição de vacinas.
Enquanto os EUA e outros países desenvolvidos já estão a administrar doses de reforço das vacinas, milhões de pessoas em África não receberam sequer a primeira dose.
África continua a ser a região menos vacinada do mundo, com apenas 5% de sua população de 1,3 mil milhões de pessoas totalmente vacinada.
Tem
capacidade para 40.000 pessoas e localiza-se no sul de Doha. Este é o
sexto estádio a ser inaugurado antes do mundial de 2022, que está
programado para o próximo ano no Qatar.
O
mundial de futebol de 2022 está cada vez mais perto e o Qatar – país
anfitrião do evento – tem realizado múltiplos investimentos em
infraestruturas que tenham capacidade para receber as equipas e os
adeptos.
Uma das obras realizada foi a construção do estádio Al
Thumama, sendo que toda a sua arquitetura foi pensada ao pormenor. O
design do estádio foi inspirado no gahfiya, um boné tradicional usado
pelos homens em todo o Médio Oriente.
Mas mais importante do que
isso: a infraestrutura foi pensada para manter os espetadores e
jogadores a uma temperatura confortável, já que o o evento da FIFA se
vai realizar num país conhecido pelas temperaturas elevadas.
De
acordo com Ibrahim M Jaidah, arquiteto responsável pela grandiosa obra,
da mesma forma que o gahfiya protege a cabeça dos homens do sol quente
que se faz sentir no Médio Oriente, o estádio também terá capacidade
para manter uma boa temperatura ambiente que ajudará os jogadores na sua
exibição e tornará o local mais agradável para os visitantes. Isto só
será possível com a ajuda de um complexo sistema de refrigeração que
conta com jatos de água, ar-condicionado e ventiladores.
“Os
jogadores precisam de ar mais fresco – mais do que os espetadores, pois
estão a correr”, referiu Saud Abdulaziz Abdul Ghani, responsável pela
execução do projeto de refrigeração.
“Em cada local, o nosso
desafio foi fornecer a tecnologia e a temperatura adequadas para as
diferentes zona do estádio. Na zona dos espetadores, o ar é arrefecido
sob os assentos”, explica Ghani. Por outro lado “o facto de o estádio
ser todo branco no exterior também ajuda a manter uma boa temperatura”,
acrescenta.
O estádio foi construído perto do deserto e embora
não haja nada particularmente “sustentável” na construção de
infraestruturas nestes locais, o Al Thumama conta com um design
ecológico que reduz a pegada de carbono.
Segundo o New Atlas,
a água será reutilizada para irrigar a vegetação e as árvores que
cobrem a maior parte da área imediata. O estádio é também parcialmente
alimentado por um enorme painel solar instalado nas proximidades. Um
outro painel alimenta os sistemas de ar condicionado do edifício.
Além das instalações desportivas, o novo estádio possui ainda uma mesquita, um hotel e áreas comerciais.
A
preparação para o mundial de 2022 tem sido uma tarefa grandiosa para o
país e resultou em projetos notáveis como o Diamond in the Desert e o
Estádio Al Wakrah. No entanto, este último projeto também gerou alguma
controvérsia, pois houve vários relatos de maus tratos condições aos
trabalhadores da obra.
O mundial de 2022 realiza-se no Qatar de
21 de novembro a 18 de dezembro e promete maravilhar os espetadores com
os seus estádios. São oito projetos no total.
No Japão, os votos dos eleitores rurais valem mais do que os votos dos eleitores das cidades. Será este um sistema adequado ou injusto? As opiniões dividem-se.
O Partido Liberal Democrata (PLD) é o maior partido do Japão e tem-se mantido regularmente no poder desde a sua fundação, em 1955. Este fenómeno é, em grande parte, explicado pelo facto de que, no Japão, os votos de eleitores provenientes de zonas rurais contam mais do que os dos habitantes de zonas urbanas.
Isto faz com que pequenas aldeias como Chizu — que tem apenas 6.660 habitantes — tenham um número desproporcionalmente grande de lugares no Parlamento e maior probabilidade de ver as suas preocupações atendidas pelos políticos nacionais.
Nas próximas eleições legislativas, espera-se que o PLD consiga obter a maioria, muito graças ao apoio das áreas rurais que recebem uma grande fatia do dinheiro dos contribuintes, escreve o The New York Times. Em Chizu, por exemplo, a ligação entre representação política e acesso aos cofres públicos é inconfundível.
Nem todos concordam com este sistema, considerando-o injusto e contrário aos princípios da democracia. Os críticos dizem que estas disparidades vão contra o princípio democrático de “uma pessoa, um voto”.
“As políticas do Japão são focadas nas áreas rurais”, disse Junichiro Wada, economista político da Universidade de Yokohama. Por sua vez, Yusaku Horiuchi, professor de estudos japoneses na Dartmouth College, diz que os eleitores rurais tendem a eleger políticos — geralmente do PLD — que mantêm o status quo.
Por outro lado, há quem argumente que se o sistema não fosse assim, as áreas rurais japonesas estaria ainda mais deterioradas.
Yuko Kasuya, professora de política na Universidade Keio, em Tóquio, é uma dessas pessoas. “Um contra-argumento seria que, OK, você pode ter uma distribuição muito eficiente e igualitária de subsídios, mas isso significaria que as áreas rurais não teriam estradas, não teriam shoppings e não teriam instalações básicas”.
Em Chizu, as pessoas dão muito valor aos seus direitos de voto. “A população rural tem os seus próprios problemas que a população urbana não entende. Mesmo que a população seja pequena, as nossas vozes devem ser ouvidas”, disse um habitante da aldeia ao NY Times.
“O Japão não deve ser um lugar onde a população continua a diminuir e as pessoas apenas se mudam para Tóquio. Precisamos de maximizar os poderes da agricultura, pesca, silvicultura, turismo, indústrias de serviços e pequenas e médias empresas nesta área”, acrescentou.
O lago Tuz, no centro da Turquia, acolheu durante séculos colónias de flamingos. No verão, os animais chegavam para procriar, alimentando-se das algas do lago. Este ano, a imagem idílica foi substituída por uma mais desoladora, com flamingos mortos no leito ressequido do lago.
Já não resta uma única gota de água no lago de 1.665 quilómetros quadrados, o segundo maior da Turquia. O Tuz (Salt Lake, em inglês) é vítima de uma seca provocada pelas alterações climáticas e décadas de políticas agrícolas que esgotaram as águas subterrâneas.
De acordo com o The Independent, Tuz não é o único: outros lagos turcos também recuaram, afetados pela baixa precipitação e práticas insustentáveis de irrigação.
Especialistas em Clima advertem que toda a bacia mediterrânica, que inclui a Turquia, está particularmente em risco de seca severa e desertificação.
Um estudo, conduzido pela Universidade Ege, mostra que os níveis de água no Lago Tuz começaram a baixar a partir do ano 2000. Segundo a Agência Estatal Anadolu, o lago recuou completamente este ano devido ao aumento das temperaturas, evaporação intensificada e chuva insuficiente.
O mesmo estudo indicou ainda um declínio acentuado dos níveis das águas subterrâneas em torno do Lago Tuz, um lago hipersalino que atravessa as províncias turcas de Ankara, Konya e Aksaray.
Os grupos ambientalistas argumentam que as pobres políticas agrícolas governamentais desempenham um papel significativo na deterioração dos lagos turcos.
“Se não lhes pagarem dinheiro suficiente, os agricultores vão plantar o que quer que seja de água intensiva e ganhar dinheiro. E se simplesmente lhes disserem que não é permitido, eles não vão votar nessa pessoa nas próximas eleições”, disse Levent Kurnaz, cientista do Bogazici University’s Center for Climate Change and Policy Studies.
O uso excessivo das águas subterrâneas está também a tornar a região mais suscetível à formação de depressões.
“Continuam a dizer às pessoas que não devem utilizar as águas subterrâneas para esta agricultura e as pessoas não estão a ouvir. Existem cerca de 120 mil poços não licenciados na região, e todos estão a bombear água como se essa água durasse para sempre”, afirmou Kurnaz.
A seca e as mortes de flamingos no Lago Tuz foram apenas um de um conjunto de desastres ecológicos a atingir a Turquia neste verão, em parte devido às alterações climáticas.
Na China de hoje, refletir sobre a guerra pode ter consequências graves. Recentemente, o antigo jornalista de investigação Luo Changping foi preso por ridicularizar o filme chinês de propaganda “A Batalha do Lago Changjin”, um drama sobre o Exército Voluntário Popular durante a Guerra da Coreia.
A longa metragem foi lançada no âmbito das comemorações do centésimo aniversário do Partido Comunista da China.
Com um orçamento de produção de 200 milhões de dólares, o filme é realizado pelos premiados cineastas Chen Kaige, Tsui Hark e Dante Lam e protagonizado pelo célebre ator Wu Jing.
O lançamento ocorreu no Dia Nacional da China, e a receita de bilheteria na China Continental ultrapassou 4 mil milhões de yuans (cerca de 520 milhões de euros) em menos de 10 dias.
O filme conta a história do heroísmo altruísta dos soldados voluntários chineses para vencer dramaticamente o exército americano na batalha do Reservatório de Chosin. A batalha do Reservatório de Chosin
A batalha aconteceu entre 27 de novembro e 13 de dezembro de 1950, um mês depois de o líder chinês, Mao Tsé-Tung, ter lançado oficialmente a China na Guerra da Coreia.
A guerra de três anos entre a Coreia do Norte, apoiada pelos soviéticos, e a Coreia do Sul, apoiada pelas Nações Unidas, começou depois de as forças militares norte-coreanas terem cruzado a fronteira e entrado na Coreia do Sul, em 25 de junho de 1950.
Sob o slogan “resistir aos EUA para apoiar a Coreia”, Mao ordenou o ataque do exército de libertação chinês às tropas das Nações Unidas, compostas principalmente por forças dos EUA, para impedir a unificação da Coreia sob forças capitalistas.
Para evitar declarar guerra contra a ONU e os EUA, as tropas chinesas foram nomeadas “Exército Voluntário Popular”. Cerca de 3 milhões de civis chineses e pessoal militar serviram na Guerra da Coreia.
Durante a guerra, 120.000 soldados chineses do 9º Exército Voluntário Popular foram enviados para o campo de batalha na Coreia do Norte, a meio do inverno, para atacar 30.000 soldados das Nações Unidas no Reservatório Chosin.
O exército voluntário chinês estava tão pouco equipado que dezenas de milhares de soldados morreram congelados, quando as temperaturas no Reservatório Chosin chegaram aos 30°C negativos.
Segundo relatórios oficiais chineses, o exército teve 48.156 baixas durante o combate, com quase 29.000 mortes não vinculadas à batalha.
Quanto às tropas da ONU, foram registadas 17.843 vidas perdidas, sendo 7.338 mortes devido ao tempo brutalmente frio.
Contudo, as tropas das Nações Unidas conseguiram bater em retirada e evacuar 98.100 refugiados e civis que queriam escapar a um regime militar apoiado pelos soviéticos no nordeste da Coreia do Norte, numa região cercada pelo Exército Popular da Coreia. Controvérsia e crítica
A escolha da batalha como filme de propaganda patriótico é controversa, porque a Guerra da Coreia foi um período muito doloroso para China e Coreia.
Estima-se que a Coreia do Norte e a China tenham perdido, cada uma, entre 200.000 e 400.00 soldados, enquanto o exército sul-coreano perdeu 162.394.
O exército norte-americano perdeu 36.574 vidas na Guerra da Coreia, e as forças aéreas da União Soviética perderam 335 aviões e 299 vidas.
A intervenção chinesa na Guerra da Coreia foi altamente controversa até há pouco tempo, porque a guerra causou enormes perdas de ambos os lados. Mais de três milhões de civis coreanos morreram na guerra.
Segundo o analista chinês Adam Ni, radicado na Alemanha, a batalha do Reservatório de Chosin foi considerada pelo próprio 9º Exército Voluntário Popular uma “falha com um custo massivo”.
“Mesmo antes do fim da batalha, já havia no Centro do Partido um documento intitulado ‘Autocrítica do 9º Grupo Militar sobre a batalha na frente leste‘, declarando-a um fracasso de alto custo. Hoje, esse fracasso é celebrado“, escreve Adan Ni.
No entanto, na China de hoje, refletir sobre a guerra pode ter consequências graves. O antigo jornalista de investigação Luo Changping foi preso por “infringir a reputação e honra dos mártires nacionais” depois de ter escrito um comentário nas redes sociais chinesas.
“Depois de meio século, as pessoas neste país pouco refletem sobre a causa dessa guerra. A situação é como a das tropas congeladas da altura, elas não questionaram a ‘grave decisão’ vinda de cima”, opinou Changping.
Apesar de a maior parte dos comentários negativos sobre o filme e críticas sobre a intervenção da China na Guerra da Coreia serem silenciados e censurados, a mensagem de Luo espalhou-se pelas redes sociais.
Propaganda concertada
Recentemente, o internauta @fangshimin partilhou duas interpretações ditas “pessoais” de bloggers chinesas sobre o filme, para mostrar o esforço de propaganda das autoridades em defender um patriotismo “a sangue quente” e o desejo de lutar pelo país.
“Aqui vai o roteiro de propaganda de Batalha do Lago Changjing“, diz o utilizador.
É comum ver bloggers pró-governo chinês a partilhar os pontos de vista das autoridades. Um exemplo notável foi a enxurrada de vídeos sobre a vida dos uigures em Xinjiang.
Jornalistas de investigação apontaram na altura que a chamada “experiência partilhada por mais de mil uigures” parecia tirada de uma cartilha comum, o que sugeria que os vídeos eram parte de uma campanha coordenada de influência.
@fangshimin acredita que as bloggers usaram a mesma tática para discutir o filme patriótico. Ambas diziam que tinham um avô que tinha lutado na Batalha do Reservatório de Chosin e que a história mostra que é necessário suprimir a masculinidade efeminada e a cultura de fãs.
O governo chinês anunciou recentemente que vai apertar as regras aplicáveis aos programas televisivos, e lançou uma campanha de comunicação para abolir os “homens efeminados” e a cultura de fãs.
O filme criou também um debate sobre as batalhas à volta da edição chinesa da Wikipédia.
William Long, conhecido blogger de tecnologia, notou que alguns utilizadores da Wikipédia estão continuamente a tentar editar a nota original sobre o termo chinês Batalha do Reservatório de Chosin, para sugerir que a China teve uma “vitória decisiva” no confronto.
O repórter do New York Times Evan Hill, realça entretanto que no exterior da China o espaço para expressão crítica sobre a história do país está também a encolher.
Segundo Hill, Hollywood tem embarcado alegremente numa auto-censura à sua produção artística — em nome dos lucros no mercado chinês.
“É muito engraçado que o cinema ocidental não produza nada sobre o nacionalismo anti-China. A indústria de Hollywood quer desesperadamente dinheiro, e entretanto o filme mais popular do mundo vai ser sobre soldados chineses a derrotar soldados americanos na Guerra da Coreia.”
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou hoje aos líderes mundiais para salvarem a humanidade das alterações climáticas, alertando que se está “a cavar a nossa própria sepultura” e que é tempo de dizer “basta”.
“É hora de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matarmo-nos a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como uma latrina (…) e de cavar a nossa própria sepultura”, afirmou o dirigente português, perante dezenas de chefes de Estado e de governo presentes na cerimónia de abertura da Cimeira de Líderes Mundiais da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), que decorre hoje e na terça-feira em Glasgow, na Escócia.
Face à continuação da exploração dos recursos do planeta além do limite suportável, o secretário-geral da ONU pediu a alternativa de “salvar o futuro e salvar a humanidade” e “manter vivo o objetivo” do aumento da temperatura de 1,5 graus e de redução das emissões em 45%, embora, avisou, ainda se esteja longe disso.
António Guterres pediu o fim do “vício em combustíveis fósseis, que está a levar” o clima “ao limite”, e que, apesar de recentes anúncios até podem dar a impressão de que a humanidade “está a dar a volta por cima”, “isso é uma ilusão”, apontando que, na verdade, o planeta deverá aquecer 2,7 graus até ao fim do século.
“Embora as promessas recentes sejam reais e verosímeis e haja sérias dúvidas sobre algumas delas, ainda estamos a caminho de uma catástrofe. No melhor cenário, as temperaturas subirão bem acima de dois graus”, acrescentou.
Guterres afirmou também que há um “défice de credibilidade e um superávite de confusão sobre redução de emissões, com metas e métricas diferentes”.
“Por isso, além dos mecanismos estabelecidos no Acordo de Paris, hoje anúncio que irei constituir um grupo de especialistas para propor padrões claros para medir e analisar os compromissos de emissão zero de atores não estatais”, disse o secretário-geral da ONU.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas Sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
Há
uma nova criptomoeda a tomar de assalto o mercado de moedas digitais:
Shiba Inu. Embora 1 SHIB seja vendido apenas a 0,00007049 dólares, o
mercado de Shiba está avaliado em 38 mil milhões de dólares.
Embora
a Bitcoin e a Ethereum sejam as moedas digitais mais conhecidas, há
centenas de outras criptomoedas. Num mercado altamente volátil, o seu
valor aumenta e diminui do dia para a noite. No caso da Shiba Inu
(SHIB), a ascensão foi meteórica.
O mercado de Shiba vale agora cerca de 38 mil milhões de dólares, de acordo com o portal CoinMarketCap, com 1 SHIB a ser vendido por cerca de 0,00007049 dólares.
Um
investidor sortudo tornou-se multimilionário graças a esta criptomoeda
emergente. Uma carteira virtual, que entretanto tornou-se viral no
Twitter, comprou o equivalente a 8 mil dólares em SHIB desde agosto do
ano passado e não mexeu no seu investimento durante mais de 200 dias,
relata a VICE. Agora, as 70 biliões de moedas têm um valor que oscila entre 5 e 6 mil milhões de dólares.
Com
cerca de 549 biliões de tokens em circulação, a carteira digital
partilhada nas redes sociais detém sensivelmente 12% de todas as SHIB em
circulação no mercado atualmente. Este valor é monstruoso se pensarmos
que o inventor da Bitcoin, Satoshi Nakamoto, detém 1 milhão de Bitcoins,
uma imensidão que representa apenas 5% de todas as tokens em
circulação.
No entanto, ser multimilionário no papel e realmente ter esse dinheiro são duas coisas bem diferentes.
Se
o portador da carteira decidisse descarregar todos os 70 biliões de
moedas de uma vez só usando a Uniswap, poderia ter um custo altíssimo. A
interface do site revela que para trocar tanto Shiba por USDC, uma
moeda estável digital que está associada ao dólar, primeiro teria uma
taxa de cerca de 3 milhões, dado o tamanho da transação.
Depois,
a Uniswap estima que a negociação resultaria num impacto de preço
chocante de 99%, deixando o vendedor de SHIB com cerca de 5 milhões de
dólares em USDC.
Elon Musk até foi provocado pelos próprios
criadores da Shiba Inu através do Twitter, que perguntaram quantas
tokens de SHIB é que ele tinha. “Nenhuma”, respondeu sem grandes rodeios
o fundador da Tesla.
Os sete anos entre 2015 e 2021 foram provavelmente os mais quentes já registados, anunciou este domingo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), num relatório que alerta que o clima está a entrar em “território desconhecido”.
Este relatório anual sobre o estado do clima “tem por base os dados científicos mais recentes que mostram que o planeta está a mudar diante dos nossos olhos”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, citado no texto.
“Das profundezas dos oceanos ao topo das montanhas, da fusão dos glaciares aos incessantes eventos climáticos extremos, ecossistemas e comunidades em todo o mundo estão a ser destruídos“, acrescenta o relatório.
O texto, elaborado a partir de observações no solo e de satélites de serviços meteorológicos de todo o mundo, foi divulgado no início da Conferência sobre as Mudanças Climáticas da ONU, COP26, este domingo.
A cidade escocesa de Glasgow acolhe a conferência, na qual a comunidade internacional deverá intensificar a luta para limitar o aquecimento global e mantê-lo, idealmente, num máximo de +1,5ºC por ano.
A COP26 “deve ser um ponto de inflexão para as pessoas e para o planeta”, defendeu Guterres.
O relatório é baseado nos registos históricos das temperaturas no planeta e, em particular, usa o período de 1850 a 1910, que os especialistas climáticos da ONU (IPCC) usam como base para comparar com os dias de hoje.
A humanidade está a emitir atualmente muito mais do que o dobro das emissões de gases de efeito estufa em comparação com a referida época.
No entanto, estes registos históricos não levam em consideração fenómenos meteorológicos anteriores, que são registados graças à paleontologia climática. Tom alarmante
O tom do relatório da OMM é alarmante, relacionando secas, incêndios florestais e grandes inundações em diferentes regiões do planeta com a atividade humana.
“O ano de 2021 é menos quente do que os últimos anos devido à influência de um episódio moderado de La Niña ocorrido no início do ano. O La Niña tem um efeito de arrefecimento temporário sobre a temperatura média global e afeta as condições meteorológicas e climáticas. A marca do La Niña foi claramente observada no Pacífico tropical“, realça o texto.
No entanto, a temperatura média dos últimos 20 anos ultrapassou a barreira simbólica de +1°C pela primeira vez.
“As persistentes precipitações superiores à média registadas durante o primeiro semestre do ano em algumas partes do norte da América do Sul, especialmente no norte da Bacia do Amazonas, ocasionaram inundações graves e de longa duração na região“, acrescenta o texto.
E, ao mesmo tempo, “pelo segundo ano consecutivo, ocorreram grandes secas que devastaram grande parte da região subtropical da América do Sul. As precipitações ficaram abaixo da média na maior parte do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e norte da Argentina”.
Os especialistas reconhecem que usaram um sistema de “atribuição rápida”, ou seja, o estudo de eventos naturais extremos logo após sua ocorrência, para determinar até que ponto eles são responsabilidade da atividade humana.
“O IPCC observou que houve um aumento de chuvas fortes no Leste Asiático, mas há um baixo nível de confiança em relação à influência humana”, reconhece o texto.
Homens que faziam a segurança do presidente brasileiro na capital italiana deram murros e empurraram repórteres. Segundo a Globo, a “retórica beligerante” de Bolsonaro contra os jornalistas “está na raiz desse tipo de ataque”.
Jornalistas brasileiros que acompanham a visita de Jair Bolsonaro a Roma foram hostilizados pelo presidente e agredidos na noite deste domingo por homens que faziam a segurança do chefe de Estado brasileiro durante uma caminhada no centro da capital italiana.
As agressões foram dirigidas a jornalistas da Globo, Folha e UOL, relata a Deutsche Welle.
O primeiro incidente envolveu a jornalista Ana Estela de Sousa Pinto, do jornal Folha de S.Paulo, que relatou ter sido empurrada por um segurança enquanto aguardava em frente à embaixada brasileira na capital italiana, onde Bolsonaro está alojado.
Pouco depois, Bolsonaro deixou o prédio e fez uma caminhada improvisada para se encontrar com algumas dezenas de apoiantes que se concentravam em frente à embaixada, tendo-se então gerado um tumulto no local.
Nesse momento, os jornalistas aproximaram-se para tentar colocar perguntas, tendo sido afastados de forma violenta do presidente brasileiro. O correspondente da Globo, Leonardo Monteiro, perguntou a Bolsonaro por que motivo não compareceu aos eventos do G20 na manhã deste domingo.
“É a Globo? Você não tem vergonha na cara….”, disse Bolsonaro. Seguidamente, o jornalista levou um murro no estômago de um segurança e foi empurrado com violência.
O jornalista Jamil Chade, do portal UOL, começou a filmar a violência contra os jornalistas, tendo então sido empurrado por um segurança — que lhe agarrou e torceu o braço, tirando-lhe o telemóvel Seguidamente, o segurança atirou o aparelho ao chão, relatou o jornalista.
Chade também perguntou a Bolsonaro por que motivo não estará presente na Cimeirs do Clima COP26, em Glasgow, ao que o presidente respondeu que “não te devo satisfação”.
Pouco antes do início dos tumultos, uma assistente da Globo que aguardava para gravar imagens do presidente foi intimidada, tendo sido alvo de gritos de “infiltrada” por apoiantes do presidente.
O presidente brasileiro encontrava-se em Roma para participar na cimeira do G20. Ao contrário de outros líderes, a agenda de Bolsonaro tem sido pouco preenchida, e o chefe de estado brasileiro tem gastado boa parte do tempo em passeios e encontros com apoiantes. Este foi o terceiro passeio de Bolsonaro nas ruas da capital italiana em três dias.
Segundo os relatos dos jornalistas, não é claro se os responsáveis pelas agressões eram agentes da polícia ou seguranças particulares.
Este não é o primeiro incidente envolvendo agressões físicas e verbais a jornalistas que desagradam a Bolsonaro.
Em janeiro, um relatório divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) brasileiros anotou que Bolsonaro protagonizou 175 ataques contra a imprensa em 2020.
Em maio, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente mandou um jornalista da Folha “calar a boca”. Em agosto do mesmo ano, disse a um jornalista que tinha “vontade de encher tua boca com porrada, tá? Seu safado”.
Também são comuns agressões físicas e verbais por parte de apoiantes do presidente, que muitas vezes estimula os ataques.
Em julho deste ano, a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) incluiu Bolsonaro numa lista de 37 líderes de todo o mundo que a organização considera “predadores da liberdade de imprensa“.
A lista inclui ainda os chefes de Estado da Síria, Bashar al-Assad, e da China, Xi Jinping.
Alguns davam-no como morto, outros diziam que estava escondido no Paquistão ou a viver no subsolo em Kandahar. O misterioso líder supremo dos Taliban, mulá Hibatullah Akhundzada, apareceu em público pela primeira vez desde a sua nomeação, em 2016, anunciou o governo afegão este domingo.
“O comandante dos crentes, o xeque Hibatullah Akhundzada, apareceu diante de uma grande congregação na famosa madraça Darul Uloom Hakimah e falou durante 10 minutos com os seus bravos soldados e discípulos”, disse o governo dos Taliban numa mensagem que acompanha um registo de áudio.
No áudio publicado nas redes sociais dos Taliban, Akhundzada recita orações e bênçãos. De acordo com uma fonte local, o líder supremo dos Taliban chegou à escola corânica em Kandahar acompanhado por um comboio de dois veículos.
No seu discurso, Akhundzada não fez comentários políticos e pediu a bênção de Deus sobre a liderança dos Taliban.
O evento em Kandahar foi realizado sob fortes medidas de segurança e a divulgação de fotos ou vídeos não foi permitida, embora a imprensa Taliban tenha compartilhado o áudio de 10 minutos.
No áudio divulgado, Akhundzada ora também pelos mártires do movimento, pelos combatentes feridos e pelo sucesso dos funcionários do Emirado Islâmico neste “grande teste”.
“Que Deus recompense o povo do Afeganistão que lutou contra os infiéis e a opressão durante 20 anos”, declarou o líder religioso em seu discurso.
Após uma rápida campanha militar, acelerada pelo anúncio da retirada das tropas dos Estados Unidos do país, os Talibans voltaram ao poder em agosto passado.
Com exceção de raras mensagens anuais para marcar feriados islâmicos, o líder dos Taliban mantém a maior discrição possível sobre sua vida.
Até a retirada das forças americanas do Afeganistão em agosto, ninguém sabia onde se encontrava ou sequer se estava vivo. Uma única fotografia, com barba e turbante, foi distribuída pelos Taliban.
Akhundzada foi nomeado líder dos Taliban numa rápida transição de comando depois de um ataque de drone dos EUA ter matada o seu antecessor, o mulá Akhtar Mansour, em 2016.
Até então, Akhundzada era uma figura relativamente desconhecida e participava mais em assuntos religiosos e jurídicos do que de manobras militares.
Depois da nomeação como líder doa Taliban, Akhundzada obteve rapidamente a lealdade do egípcio Ayman al-Zawahiri, o líder da Al-Qaeda, que o nomeou “emir dos crentes”, reforçando a sua credibilidade no universo jihadista e sunita.
No seu papel como líder supremo, Akhundzada é responsável por manter a união dentro dos Taliban, uma missão complexa devido às lutas internas que fragmentam o movimento islâmico radical.
Os Taliban anunciaram em setembro passado que o seu líder supremo vivia em Kandahar “desde o início” do regresso ao poder e que iria “aparecer em público em breve “.
“Temos reuniões regulares com ele sobre o controlo da situação no Afeganistão e como administrar o nosso governo”, garantiu na quarta-feira o governador de Kandahar, mulá Yusef Wafa.
“Ele dá conselhos a todos os líderes do Emirado Islâmico do Afeganistão e seguimos as suas regras, os seus conselhos, e se temos um governo que progride, é graças a ele“, acrescentou.
Segundo observou um jornalista da AFP, realiza-se anualmente num lugar secreto de Kandahar um “seminário” de altos funcionários dos Taliban.
Há crianças afegãs refugiadas nos Estados Unidos que estão traumatizadas e já se magoaram a si e a outros menores num abrigo em Chicago.
Em Chicago, nos Estados Unidos, um abrigo recebeu várias crianças afegãs que fugiram do país após os talibãs terem assumido controlo. A ProPublica escreve que algumas destas crianças magoaram-se a si mesmas ou a outras pessoas. Outras até ameaçaram algum do pessoal que trabalha no abrigo. Há ainda alguns casos de menores que tentaram escapar ou disseram que queriam morrer.
O cenário dentro do abrigo é retratado por três funcionários e outras pessoas que têm conhecimentos das condições vividas lá dentro. A ProPublica também obteve documentos internos e relatórios da polícia que corroboraram algumas das situações descritas.
Os funcionários da organização sem fins lucrativos Heartland Alliance dizem que o abrigo não tem condições para receber as cerca de 40 crianças e jovens afegãos. Muitos deles, contam, têm problemas psicológicos e estão traumatizadas. As barreiras linguísticas e culturais só agravam a situação, nunca antes vivida por estes trabalhadores, assumem os próprios.
“Não sabemos se estão a dizer que vão se magoar até finalmente conseguirmos um tradutor na linha”, disse um trabalhador do abrigo.
“Eles podem estar a dizer-nos algo… Tentamos adivinhar. Tentamos comunicar com dicas, linguagem gestual, fazendo movimentos como se estivéssemos com fome ou precisássemos disto ou daquilo”, explicou ainda um membro do staff.
Há quatro abrigos da Heartland em Chicago que têm um total de 79 crianças afegãs, mas o de Bronzeville é onde estão a ser relatados os problemas. Um número representativo, tendo em conta que o governo norte-americano recebeu um total de 186 crianças e jovens.
“Estes jovens afegãos estão a enfrentar fardos de trauma muito altos e problemas de saúde mental por terem vivido num país devastado pela guerra, exacerbado pela sua chegada caótica e não tradicional sozinhas a um país estrangeiro”, disse a Heartland em comunicado. “Algo tão simples como um telefonema para casa é altamente emocional… E se os meus pais não responderem? Estarão mortos? Ausentes? Voltarei a vê-los? E se os talibãs me encontrarem aqui?”. São perguntas como estas que passam pela cabeças das crianças deste — e de outros — abrigos.
Embora os trabalhadores entendam que fatores fora do controlo da Heartland são os principais culpados pelos problemas, mostram-se insatisfeitos com a resposta da própria organização e do Office of Refugee Resettlement, o órgão federal que gere o restabelecimento de refugiados nos Estados Unidos.
Funcionários da Heartland dizem que fornecem “cuidados residenciais seguros e acolhedores 24 horas por dia, sete dias por semana, que incluem alimentação, roupa, abrigo, escola e cuidados médicos básicos”.
No Michigan, a resposta ao problema tem sido diferente. Lá, a Starr Commonwealth tem um intérprete em cada chalé que fala afegão, persa afegão ou ambos.
O Sleeping Bus Tour foi especialmente concebido para ajudar os passageiros a adormecer. Os turistas com saudades de viajar ou privação de sono são os alvos da iniciativa.
Em circunstâncias normais, adormecer durante uma viagem paga é um desperdício de dinheiro. Por mais estranho que pareça, o Sleeping Bus Tour nasceu com esse mesmo propósito.
“Quando estávamos a fazer um brainstorming sobre novas escursões, vi uma publicação de um amigo meu nas redes sociais que dizia que estava stressado com o trabalho, que não conseguia dormir à noite”, contou Kenneth Kong, diretor de marketing e desenvolvimento de negócios da Ulu Travel, a empresa por detrás deste novo conceito.
O que mais o intrigou foi o facto de saber que o amigo adormecia rápido e dormia tranquilamente quando viajava de autocarro. “Aquele post inspirou-nos a criar esta viagem que permite aos passageiros dormir no autocarro”, disse, em declarações à Associated Press.
A viagem de autocarro tem uma duração de cinco horas e leva os passageiros num itinerário de 83 quilómetros a bordo de um autocarro normal de dois andares.
O Sleeping Bus Tour não só é a primeira iniciativa deste género, como também a rota de autocarro mais longa de Hong Kong.
Segundo o Travel and Leisure, a experiência começa num restaurante, onde é servido um “menu ocidental de 2 pratos”, ou o que a empresa descreve como um “Food Coma Lunch”.
Depois de acomodados no autocarro, dá-se início à viagem, que inclui algumas paragens para fotografias e pausas para os passageiros irem casa de banho.
Os bilhetes para o Sleeping Bus Tour estão divididos em quatro categorias, desde o “Zero-decibel Sleeping Cabin” até à “VIP Panorama Cabin”. Os preços variam entre 15 e 100 euros por pessoa.
Um conjunto de estudos na área da psicologia chegou à conclusão que as pessoas tendem a ter mais simpatia com os milionários e respetivos privilégios quando estes se apresentam individualmente. Contrariamente, o “grupo” dos mais ricos revolta e sentimentos de injustiça junto cidadão comum.
Um conjunto de estudos na área da psicologia descobriu que a maioria das pessoas concorda com a ideia que, como grupo, os milionários devem pagar impostos correspondentes à dimensão da sua riqueza, mas considera que, enquanto pessoas individuais, estes deviam ser capazes de manter os valores, por muito altos que sejam. Trata-se de um paradoxo, que os cientistas acreditam estar relacionado com o que outras pesquisas anteriores na área da psicologia já evidenciavam: é mais fácil para o ser humano rever-se numa pessoa de forma isolada do que num grupo de indivíduos.
As conclusões da pesquisa dizem que as pessoas não têm tantos problemas com a desigualdade da distribuição da riqueza quando esta é enquadrada em termos mais pessoais, mesmo que o processo para lá chegar por uma empresa, por exemplo, seja semelhante. Pelo contrário, as pessoas tendem a achar que um milionário merece mais o seu dinheiro e são menos prováveis de apoiar a redistribuição de dinheiro. Às vezes, escreve a Science Alert, quando a discussão parte de um âmbito mais abrangente para um exemplo mais específico, as pessoas também tendem até a defender a ideia que se deve pagar mais aos milionários. Por outras palavras, os indivíduos parecem mais tolerantes com as pessoas que fazem parte do sistema do que com o sistema em si.
“Quando há um grupo de pessoas no topo, nós achamos que é injusto e pensamos quanta sorte ou quanto do sistema económico é que contribuiu para o processo que esteve na origem daquela riqueza”, explicou Jesse Walker, estudante na área do comportamento do consumidor na Universidade do estado do Ohio. “Mas quando olhamos para uma pessoa no topo, tendemos a pensar que ela é talentosa e trabalhadora, pelo que é mais merecedora de todo o dinheiro que fez.
Investigações científicas anteriores também mostraram que as pessoas tendem a atribuir mais os sucessos e fracassos de um indivíduo aos seus traços internos ou aspirações do que os resultados que têm origem na atividade de um conjunto de pessoas. Como tal, uma pessoa que consiga incluir-se no grupo de pessoas mais ricas do mundo será, mais provavelmente, considerada mais trabalhadora e mais talentosa do que o grupo como um todo. Esta tendência já está, provavelmente, refletida nos resultados deste estudo, assim como o que os especialistas chamam de “streaking star effect” (efeito da estrela às riscas, numa tradução literal para português), segundo o qual as pessoas se sentem mais inspiradas pelo sucesso de um indivíduo do que pelo sucesso de um grupo.
As conclusões apresentadas surgem de oito estudos diferentes, com um máximo de 600 participantes. O primeiro incluiu mais de 200 respondentes, a quem foi pedido que sugerissem uma remuneração adequada para os CEO’s. A metade dos participantes foi mostrada informações sobre os salários dos CEO’s das 350 maiores empresas dos Estados Unidos e como é que estes evoluíram — em média 372 vezes mais — face ao salário médio de um subordinado. A outra metade apenasleu sobre uma empresa específica, cujo salário do CEO cresceu de igual forma no mesmo período de tempo.
Entre os integrantes do primeiro grupo, todos concordaram que a maioria dos CEO’s nos Estados Unidos da América recebia demasiado dinheiro, sobretudo quando se comparava a quantia com a recebida pelo trabalhador médio. Pelo contrário, os integrantes do segundo grupo acharam que o CEO da empresa sobre a qual leram devia receber ainda mais, mesmo quando confrontados com os salários dos restantes trabalhadores.
Como tal, os cientistas responsáveis pelos estudos sugerem que a maneira como falamos sobre os milionários de forma individual, comparativamente com a forma como falamos sobre os milionários enquanto grupo, tem impacto no nosso discernimento relativamente aos impostos que são cobrados aos milionários, nomeadamente os impostos progressivos.
De forma a explorar esta premissa, um segundo estudo foi levado a cabo, tendo contado com a participação de 400 participantes. A estes, foi mostrada a capa da revista Forbes. Metade dos inquiridos viram um grupo de milionários na imagem (nenhum deles especialmente conhecido) e a outra metade viu apenas um milionário — apesar de todos terem tido acesso a uma pequena descrição biográfica dos indivíduos que estavam a ver. Posteriormente, foi pedido aos participantes que fizessem, por escrito, uma pequena reflexão sobre os milionários e respetivas riquezas.
Mais uma vez, os resultados reproduziram-se: os participantes consideram que a riqueza individual é mais justa e merecida do que a do grupo de 1% dos mais ricos do mundo. “As pessoas no nosso estudo ficavam claramente mais chateadas pela riqueza dos sete indivíduos juntos na fotografia da capa do que por aqueles que apareciam individualmente”, resumiu Jesse Walker. Ainda mais revelador é o facto de os participantes que viram a capa com os sete milionários apoiarem mais aplicação de impostos progressivos à riqueza face aos que viram a capa apenas com um único indivíduo.
Esta tendência também sugere que a forma como se apresenta a problemática da distribuição desigual da riqueza influência o pensamento das pessoas no que concerne a maneiras de a solucionar. Para comprovar também esta premissa, os investigadores avançaram para um terceiro estudo.
Neste caso, foi apresentado aos participantes o história de um ator de Bollywood, nascido no seio de uma família famosa com ligações à indústria cinematográfica. Metade dos inquiridos tiveram conhecimento do percurso da família, ao passo que a outra metade permaneceu “às escuras” sobre esta matéria. Uma das conclusões a que os investigadores chegaram foi a de que apenas os participantes que conheciam o contexto da ascensão do ator apoiavam que lhe fossem cobrados impostos mais altos.
“Se queres mudar o sistema, é preciso levar a que as pessoas pensem de maneira sistémica”, explicou o psicólogo Thomas Gilovich, da Cornell University, à Science Alert. No entanto, isto nem sempre é possível, sobretudo num ambiente jornalístico em que a história de um indivíduo é, regra geral, centro de atenção mediática e da discussão. Na realidade, os artigos tendem a priorizar a história de um indivíduo mesmo quando o assunto que se quer retratar é um coletivo. Como tal, a abordagem pode ajudar a moldar a opinião dos indivíduos e impedir que se avancem com políticas destinadas a diminuir as desigualdades económicas.
Os autores dos estudos argumentam que é por este motivo que termos como “os 1%” ou os “super ricos” — utilizados muito na sociedade norte-americana — conseguem originar contestações tão acesas. De facto, a centralização de protagonistas leva as pessoas a refletir mais sobre as vantagens, as quais alguns consideram injustas, do sistema. “Quando se se pensa nos “ricos” ou no “1%”, a mente viaja para atribuições situacionais muito mais rapidamente”, explica Gilovich. “Pensamos no sistema a ser manipulado, nos privilégios que os ricos têm, e por isso estamos muito mais dispostos a apoiar, por exemplo, um imposto progressivo para lidar com a crescente desigualdade de rendimentos”.
A mídia estatal síria noticia que mísseis solo-solo foram disparados de Israel na manhã de sábado, 31 de outubro, em direção aos subúrbios da capital, Damasco. Nenhum detalhe foi oferecido, exceto para alegar que alguns dos mísseis foram abatidos pelas defesas aéreas da Síria e feriram dois soldados sírios.
O DEBKAfile acrescenta que a principal rodovia da Síria ao Líbano foi alvo, assim como as bases do Hezbollah na área de Dimas a oeste da capital síria, para restringir as entregas de armas iranianas ao Hezbollah. Este último ataque foi incomum, pois usou mísseis terra-terra precisos em prol de um alto grau de precisão no ataque a alvos iranianos e pró-iranianos.
Essa ação ocorreu após a conversa do primeiro-ministro Naftali Bennett em Sochi com o presidente Vladimir Putin em 22 de outubro. O líder russo informou a Israel que Moscou não toleraria mais ataques aéreos capazes de desestabilizar o regime de Assad. Ele também pediu a Israel que avisasse com antecedência sobre os próximos ataques contra alvos iranianos na Síria em um estágio anterior ao atual. Uma consequência provável dessa conversa foi o recurso da IDF a mísseis de superfície extra-precisos para conter a presença militar iraniana na Síria, em vez de ataques aéreos noturnos de rotina .
Jean-Pierre Thibaudat, antigo escritor de cultura de um jornal francês, revelou um conjunto de manuscritos do tão aclamado quanto polémico escritor Louis-Ferdinand Céline.
A sua magnum opus é “Viagem ao Fim da Noite”, embora também seja conhecido pela obra “Morte a Crédito”. No entanto, o autor francês tem um lado negro: escreveu três panfletos que revelam uma identidade abertamente antissemita, facto que lhe terá valido a famosa acusação por parte de Jean-Paul Sartre de ter colaborado com os nazis.
Thibaudat levou os manuscritos a Emmanuel Pierrat, um advogado especializado em propriedade intelectual. “Esta é a maior descoberta literária de sempre”, disse Pierrat citado pelo The New York Times.
Os manuscritos estavam perdidos há mais de 75 anos, com Céline a alegar que tinham sido roubados do seu apartamento em Paris quando escapou para a Alemanha, em 1944, temendo que fosse castigado por ter colaborado com as forças nazis.
Céline voltou para França em 1951 após receber amnistia. O escritor culpou Oscar Rosembly, um vizinho que contratou para fazer a sua contabilidade, pelo desaparecimento dos papéis.
O acervo contém 6 mil páginas não publicadas que incluem uma versão completa de um romance que foi impresso, mas que estava inacabado, e outra obra totalmente desconhecida até hoje.
Thibaudat diz que recebeu os manuscritos de um benfeitor ou benfeitores anónimos há cerca de 15 anos. O escritor manteve-os em segredo este tempo todo — a pedido do tal benfeitor — até que a viúva de Céline morresse, para que uma “família antissemita” não lucrasse com o tesouro literário. A ideia é manter as obras sob domínio público e acessíveis a investigadores.
A controvérsia surgiu, entretanto, com os herdeiro de Céline a entrarem com uma ação judicial contra Thibaudat em fevereiro, acusando-o de manusear bens roubados e exigindo os manuscritos como legítimos proprietários dos bens do falecido escritor.
David Alliot, um investigador literário, diz que o problema para muitos franceses era que, embora Céline fosse um “génio literário”, era um ser humano com vários defeitos.
Émile Brami, livreiro judeu em Paris que dedicou a sua vida ao trabalho de Céline, diz que nos anos 90 encontrou a filha de Rosembly, Marie-Luce, que disse que ainda tinha “muitas coisas de Céline” na sua posse.
“As pessoas que me deram os manuscritos viram como uma forma de livrar-se deles”, disse Thibaudat numa entrevista telefónica. “Era um fardo para eles”.
O antigo escritor diz que não podia ter revelado os documentos sem cumprir a promessa que tinha feito ao benfeitor.
“Fui obrigado por este juramento. Eu não poderia trair as pessoas”, disse o gaulês. “Por isso estava à espera. Não achei que fosse demorar tanto”.