A informação foi avançada à Lusa por fontes europeias, que indicaram que o “primeiro pacote de medidas restritivas foi apresentado hoje em COREPER II [Comité de Representantes Permanentes dos Governos dos Estados-Membros da União Europeia]”, abrangendo uma “lista de 27 entidades”, bem como “nomes de membros da Duma”, a câmara baixa da Assembleia Federal da Rússia (parlamento), num total de cerca de 350.
As mesmas fontes especificaram que, no que toca às sanções financeiras, “a Comissão Europeia irá propor restrições às relações económicas da União Europeia (UE) com as duas regiões” separatistas, de Donetsk e Lugansk, estando ainda previsto o “congelamento de bens de dois bancos privados russos”.
Estas sanções – que ainda terão de ser aprovadas pelos Estados-membros – surgem após o Presidente russo, Vladimir Putin, ter assinado, na segunda-feira à noite, um decreto que reconhece as regiões separatistas de Lugansk e de Donetsk, no Donbass (leste), e de ter ordenado a entrada das forças armadas russas naqueles territórios ucranianos numa missão de “manutenção da paz”.
Hoje à tarde, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão analisar, numa reunião informal marcada de urgência em Paris, a imposição destas sanções à Rússia.
Para o final do dia, está ainda marcada uma nova reunião dos embaixadores dos Estados-membros junto da UE (COREPER II), para o aval final a este pacote de sanções.
“Para já, não está em cima da mesa a convocação de uma reunião de líderes” da UE, adiantaram as fontes europeias à Lusa.
Na segunda-feira, Vladimir Putin ordenou a mobilização do exército russo para “manutenção da paz” nos territórios separatistas no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.
Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa russo que “as Forças Armadas da Rússia assumam as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk.
Em 2014, a Rússia invadiu o leste da Ucrânia e anexou a península da Crimeia, território ucraniano.
A guerra no leste da Ucrânia entre as forças de Kiev e separatistas pró-Rússia fizeram até ao momento mais de 14 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
Também hoje, em declarações durante a conferência de imprensa diária da Comissão Europeia, em Bruxelas, o porta-voz principal da instituição apontou sem especificar que “estas sanções incluirão os envolvidos na decisão de reconhecimento da independência destes territórios”.
De acordo com Eric Mamer, o pacote de sanções “será dirigido às entidades dos territórios em questão, mas também fazendo que a própria Rússia pague um custo e que seja mais difícil a continuação das atividades russas nestas áreas e na Ucrânia em geral”.
“O que podemos dizer é que as propostas que são colocadas sobre a mesa dos ministros dos Negócios Estrangeiros não são simplesmente um espelho do que foi proposto para a Crimeia em 2014”, adiantou o porta-voz.
Falando numa “violação flagrante” das leis internacionais com o reconhecimento russo, Mamer adiantou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, “tem estado em contacto com os vários chefes de Estado e de Governo da UE e com os parceiros internacionais para […] coordenar as sanções”.
Donetsk e Lugansk: Putin reconhece independência e envia militares para “manter a paz”
Alemanha suspende gasoduto russo Nord Stream 2
O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que Berlim tomou medidas para interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para distribuição de gás natural russo à Alemanha.
Scholz disse aos jornalistas em Berlim que o Executivo alemão está a tomar medidas para responder às ações de Moscovo na Ucrânia.
“Sem essa certificação, o Nord Stream 2 não pode ser colocado em funcionamento“, disse Scholz durante uma conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro irlandês, Micheal Martin, acrescentando que o assunto vai ser “reexaminado” pelo governo alemão.
Por outro lado, Scholz apelou aos esforços diplomáticos entre os “ocidentais” e a Rússia para que seja evitada “uma catástrofe”, referindo-se ao reconhecimento da Rússia da independência das autoproclamadas repúblicas populares (separatistas) do leste da Ucrânia.
”São importantes as primeiras sanções para evitar um novo agravamento e uma catástrofe”, disse o chanceler alemão.
“O objetivo de todos são os esforços diplomáticos“, acrescentou Scholz, sublinhando que “oitenta anos depois do final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) uma guerra ameaça a Europa de Leste”.
Reino Unido apresenta sanções
Esta manhã, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou a “primeira tranche” de sanções, que incluem cinco bancos russos com operações no Reino Unido e três executivos de alto padrão.
“O Reino Unido está a sancionar os seguintes bancos: Rossiya, IS Bank, General Bank, Promsvyazbank e o Black Sea Bank, assim como três indivíduos” – Gennady Timchenko, Igor Rotenberg e Boris Rotenberg.
Os indivíduos não vão poder viajar até ao Reino Unido e nenhuma instituição, empresa ou cidadão britânico pode estabelecer negócios com estas três pessoas. Além disso, os bens que detêm nas instituições bancárias britânicos estão, a partir de agora, congelados.
“Esta é a primeira tranche do que estamos preparados para fazer. Temos mais sanções já prontas para serem implantadas, em conjunto com as dos Estados Unidos e da União Europeia”, anunciou, citado pelo Expresso.
Boris criticou ainda o Presidente russo por “violar flagrantemente os Acordos de Minsk ao reconhecer a independência das províncias de Donetsk e Luhansk” e o seu “tom inflamatório”, ao negar que a Ucrânia tenha tradição de ser um Estado soberano.
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