Mais de dez mil apoiantes de Isabel Díaz Ayuso manifestaram-se contra liderança de Casado à frente da sede do partido em Madrid.
Segundo o Público, o líder popular viu-se forçado a convocar a comissão diretiva do partido para esta segunda-feira.
O Partido Popular espanhol está envolvido numa guerra pública entre o atual líder, Pablo Casado, e a presidente do Governo da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que ameaça fragmentar o principal partido da oposição em Espanha em benefício do seu rival, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), no poder, e da extrema-direita, representada pelo Vox.
Os primeiros dados das sondagens já refletem o conflito no partido e permitem dar números ao impacto, mas o efeito pode ser ainda maior.
Narciso Michavila, presidente da consultora GAD3 e assessor eleitoral de Casado no PP, afirmou este domingo ao El País que “desde quinta-feira vivemos como se tivesse rebentado uma barragem – é um terramoto“.
A GAD3 está a fazer trabalho de campo desde quinta-feira para uma sondagem NIUS/Mediaset, que será divulgada na segunda-feira, e onde se percebe o grande impacto que as acusações cruzadas entre Pablo Casado e Isabel Díaz Ayuso tiveram no eleitorado do PP.
“O beneficiado direto é o Vox, mas politicamente também o PSOE. Primeiro, porque a queda do PP ajuda-os diretamente a consolidar a sua posição e, segundo, porque sempre há muito mais voto ao centro”, explicou Michavila.
A Electomania publicou este domingo a antecipação do seu habitual painel eleitoral (ElectoPanel) em que o Vox já supera o PP no segundo lugar.
Os socialistas aparecem destacados com 25,7% dos apoios, com o partido de extrema-direita a seguir, com 21,8%, e os populares em terceiro, com 19,9%.
Outra sondagem, publicada este domingo pelo Ok Diario, com trabalho de campo feito no sábado, mostra o PSOE à frente, com 25,4%, o Vox em segundo, com 22,1% e o PP a obter 21,7%.
Comparado com a anterior sondagem do mesmo jornal digital, o PP perde seis pontos percentuais, enquanto o Vox sobe 5%.
A 15 de fevereiro, na última atualização feita pelo site Electoracia.com, que vai juntando todas as sondagens políticas publicadas em Espanha e calcula a média, os socialistas surgiam à frente dos populares, com 24,8% contra 22,3%, seguidos a curta distância pelo Vox, com 20,7%.
A queda na popularidade do partido é uma consequência da polémica entre as duas principais figuras do PP espanhol da atualidade.
Não têm olhado a meios para atingir o opositor, principalmente desde que a aposta arriscada de Casado nas eleições de Castela e Leão, no passado dia 13. O partido não só perdeu a maioria absoluta que tinha, como ainda se viu nas mãos do Vox para poder continuar a governar.
Oportunidade que o primeiro-ministro e líder do PSOE, Pedro Sánchez, não deixou de aproveitar politicamente, ao oferecer a Casado o presente envenenado de deixar passar o governo do PP em Castela e Leão em troca do compromisso do líder do PP de que o seu partido nunca aceitaria acordos com o Vox e poria um ponto final aos que já tem, nomeadamente na Andaluzia, onde os populares governam com apoio da extrema-direita.
A oferta socialista toca no cerne da grande diferença entre Casado e Ayuso, enquanto o atual líder do PP é favorável à linha sanitária em torno do Vox, a segunda quer ir atrás do eleitorado do partido de Santiago Abascal, inclinando o discurso do PP mais para a direita.
Comissão e protesto
O atual líder tentou resistir até onde pôde em convocar a comissão diretiva do partido para analisar a crise, mas acabou por não resistir e este domingo soube-se que os dirigentes vão mesmo reunir-se na manhã de segunda-feira, segundo avançaram à Europa Press fontes da direção nacional do PP.
Se a atual fratura dentro do partido de centro-direita não estivesse já exposta nos jornais, rádios e nos telejornais, este domingo saiu à rua a ameaça de gangrena com dez mil apoiantes da presidente da Comunidade de Madrid a juntarem-se ao pé da sede nacional do partido para apupar Casado e gritar, entre outras palavras de ordem, “Casado demissão” e “Ayuso presidente”.
A preocupação é tanta que há quem pense dentro do partido que a saída de Teodoro García Egea de secretário-geral não será suficiente para acalmar os críticos e que apenas a demissão de Casado conseguirá ajudar a serenar as hostes.
O braço direito do líder é considerado “tóxico” e numa ronda telefónica pelos líderes autonómicos do partido foi o que Casado ouviu de todos, segundo alguns jornais espanhóis. Dentre todos os cenários possíveis postos em cima da mesa, a saída de Egea é a única que entra em todos.
Segundo a Europa Press, nas últimas horas multiplicam-se as vozes a pedir a convocatória de um congresso extraordinário para conseguir que o dano não seja irreparável e que os tiros nos pés disparados esta semana não venham ajudar Santiago Abascal a concretizar o seu sonho de transformar o Vox no grande partido da direita em Espanha.
Alberto Núñez Feijóo, o respeitado presidente da Junta da Galiza, defendeu publicamente essa hipótese, ao afirmar que uma “hemorragia” desta dimensão não é solucionável com gazes e pensos e que a solução não pode esperar pelo congresso ordinário porque o partido não aguenta até julho com “esta ferida aberta”.
https://zap.aeiou.pt/socialistas-e-vox-beneficiam-com-a-guerra-no-partido-popular-espanhol-463604
Segundo o Público, o líder popular viu-se forçado a convocar a comissão diretiva do partido para esta segunda-feira.
O Partido Popular espanhol está envolvido numa guerra pública entre o atual líder, Pablo Casado, e a presidente do Governo da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que ameaça fragmentar o principal partido da oposição em Espanha em benefício do seu rival, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), no poder, e da extrema-direita, representada pelo Vox.
Os primeiros dados das sondagens já refletem o conflito no partido e permitem dar números ao impacto, mas o efeito pode ser ainda maior.
Narciso Michavila, presidente da consultora GAD3 e assessor eleitoral de Casado no PP, afirmou este domingo ao El País que “desde quinta-feira vivemos como se tivesse rebentado uma barragem – é um terramoto“.
A GAD3 está a fazer trabalho de campo desde quinta-feira para uma sondagem NIUS/Mediaset, que será divulgada na segunda-feira, e onde se percebe o grande impacto que as acusações cruzadas entre Pablo Casado e Isabel Díaz Ayuso tiveram no eleitorado do PP.
“O beneficiado direto é o Vox, mas politicamente também o PSOE. Primeiro, porque a queda do PP ajuda-os diretamente a consolidar a sua posição e, segundo, porque sempre há muito mais voto ao centro”, explicou Michavila.
A Electomania publicou este domingo a antecipação do seu habitual painel eleitoral (ElectoPanel) em que o Vox já supera o PP no segundo lugar.
Os socialistas aparecem destacados com 25,7% dos apoios, com o partido de extrema-direita a seguir, com 21,8%, e os populares em terceiro, com 19,9%.
Outra sondagem, publicada este domingo pelo Ok Diario, com trabalho de campo feito no sábado, mostra o PSOE à frente, com 25,4%, o Vox em segundo, com 22,1% e o PP a obter 21,7%.
Comparado com a anterior sondagem do mesmo jornal digital, o PP perde seis pontos percentuais, enquanto o Vox sobe 5%.
A 15 de fevereiro, na última atualização feita pelo site Electoracia.com, que vai juntando todas as sondagens políticas publicadas em Espanha e calcula a média, os socialistas surgiam à frente dos populares, com 24,8% contra 22,3%, seguidos a curta distância pelo Vox, com 20,7%.
A queda na popularidade do partido é uma consequência da polémica entre as duas principais figuras do PP espanhol da atualidade.
Não têm olhado a meios para atingir o opositor, principalmente desde que a aposta arriscada de Casado nas eleições de Castela e Leão, no passado dia 13. O partido não só perdeu a maioria absoluta que tinha, como ainda se viu nas mãos do Vox para poder continuar a governar.
Oportunidade que o primeiro-ministro e líder do PSOE, Pedro Sánchez, não deixou de aproveitar politicamente, ao oferecer a Casado o presente envenenado de deixar passar o governo do PP em Castela e Leão em troca do compromisso do líder do PP de que o seu partido nunca aceitaria acordos com o Vox e poria um ponto final aos que já tem, nomeadamente na Andaluzia, onde os populares governam com apoio da extrema-direita.
A oferta socialista toca no cerne da grande diferença entre Casado e Ayuso, enquanto o atual líder do PP é favorável à linha sanitária em torno do Vox, a segunda quer ir atrás do eleitorado do partido de Santiago Abascal, inclinando o discurso do PP mais para a direita.
Comissão e protesto
O atual líder tentou resistir até onde pôde em convocar a comissão diretiva do partido para analisar a crise, mas acabou por não resistir e este domingo soube-se que os dirigentes vão mesmo reunir-se na manhã de segunda-feira, segundo avançaram à Europa Press fontes da direção nacional do PP.
Se a atual fratura dentro do partido de centro-direita não estivesse já exposta nos jornais, rádios e nos telejornais, este domingo saiu à rua a ameaça de gangrena com dez mil apoiantes da presidente da Comunidade de Madrid a juntarem-se ao pé da sede nacional do partido para apupar Casado e gritar, entre outras palavras de ordem, “Casado demissão” e “Ayuso presidente”.
A preocupação é tanta que há quem pense dentro do partido que a saída de Teodoro García Egea de secretário-geral não será suficiente para acalmar os críticos e que apenas a demissão de Casado conseguirá ajudar a serenar as hostes.
O braço direito do líder é considerado “tóxico” e numa ronda telefónica pelos líderes autonómicos do partido foi o que Casado ouviu de todos, segundo alguns jornais espanhóis. Dentre todos os cenários possíveis postos em cima da mesa, a saída de Egea é a única que entra em todos.
Segundo a Europa Press, nas últimas horas multiplicam-se as vozes a pedir a convocatória de um congresso extraordinário para conseguir que o dano não seja irreparável e que os tiros nos pés disparados esta semana não venham ajudar Santiago Abascal a concretizar o seu sonho de transformar o Vox no grande partido da direita em Espanha.
Alberto Núñez Feijóo, o respeitado presidente da Junta da Galiza, defendeu publicamente essa hipótese, ao afirmar que uma “hemorragia” desta dimensão não é solucionável com gazes e pensos e que a solução não pode esperar pelo congresso ordinário porque o partido não aguenta até julho com “esta ferida aberta”.
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