quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Com a esquerda às turras e a direita dividida, a França espera pela recandidatura de Macron !


Perante as lutas internas na esquerda francesa e a fragmentação do eleitorado de direita nos Republicanos e nos dois candidatos de extrema-direita, o caminho parece mais fácil para que Emmanuel Macron seja reeleito. No entanto, o Presidente francês ainda não anunciou oficialmente se se vai recandidatar.

A dois meses das eleições presidenciais em França — com a primeira volta marcada para 10 de Abril e a segunda para dia 24 — o actual chefe de Estado, Emmanuel Macron, é favorito à vitória, apesar de ainda não ter confirmado oficialmente que se vai recandidatar, lembra o Público.

De acordo com Brice Teinturier, do instituto de sondagens Ipsos, Macron tem um núcleo fiel de eleitores que conquistou com a sua mensagem de “nem de esquerda nem de direita” em 2017, mesmo sem ter conseguido avançar com todas as reformas que prometeu.

Segundo os analistas franceses, o anúncio da recandidatura deve acontecer até ao final de Fevereiro e a demora explica-se pela França ter assumido a presidência rotativa do Conselho da União Europeia e também com as visitas diplomáticas pela Europa que Macron tem feito no âmbito da tensão entre a Ucrânia e a Rússia.

O Presidente tem começado já a procurar apoios, piscando o olho ao Partido Socialista, cujo suporte ajudaria a apagar a imagem de político de direita que o mandato de Macron criou.

A verdade é que a esquerda tem tido dificuldades em afirmar-se na política francesa nos últimos anos, depois do mandato único servido por François Hollande, que decidiu não se recandidatar em 2017.

A candidata do PS e actual autarca de Paris, Anne Hidalgo, tem apenas 2% das intenções de voto nas sondagens. O partido está ainda dividido porque a ex-Ministra da Justiça, Christiane Taubira, venceu a primária popular promovida por organizações independentes dos partidos. Mesmo assim, Taubira tem apenas 2,5% nas sondagens.

Jean-Luc Mélenchon, do França Insubmissa, tem sido o homem forte de uma muito fragmentada esquerda francesa, e isso nota-se nas sondagens, sendo o candidato mais bem colocado, com 11%. O ecologista Yannick Jadot conta com 4,5% das intenções de voto e o único esquerdista que tem crescido é o comunista Fabien Roussel, que está agora nos 4%.
Direita Republicana em crise

Já à direita, especula-se que o ex-Presidente Nicolas Sarkozy pode apoiar publicamente um segundo mandato de Macron, depois de figuras que lhe eram próximas nos Republicanos, como o deputado e antigo Ministro Eric Woerth, já terem manifestado o seu apoio ao actual Presidente.

Mesmo assim, é pouco provável que Sarkozy se manifeste publicamente, o que seria uma má notícia para Valérie Pécresse, candidata dos Republicanos que já parte numa desvantagem na luta pelo segundo lugar perante as dificuldades em afirmar-se com a ascensão dos candidatos de extrema-direita — Marine Le Pen e Éric Zemmour — que têm roubado eleitorado à direita tradicional.

De acordo com o Le Monde, Sarkozy considera Pécresse “aborrecida” e a candidata tem também uma reputação de ser uma “burguesa de Versalhes” que não conhece a realidade dos trabalhadores.

A candidata também já tentou puxar o seu discurso mais à direita, mas o seu uso da expressão “grande substituição” — uma teoria da conspiração de extrema-direita de que há um plano de substituição demográfica dos europeus por imigrantes árabes e que já inspirou ataques terroristas — valeu-lhe uma condenação generalizada nos media e por outros candidatos.

Dois nomes na extrema-direita

Se na direita clássica, o uso destas expressões vale a condenação, na extrema-direita o seu uso é desinibido. Éric Zemmour, ex-jornalista que fundou o partido Reconquista, cujo nome é inspirado pelas cruzadas, é o novo grande nome na extrema-direita francesa, que durante anos ficou apenas ligada a Marine Le Pen.

O candidato, que já foi comparado a Donald Trump, tem cerca de 15% das intenções de voto nas sondagens, ao nível de Le Pen e Pécresse.

Apesar de defenderem ambos políticas nacionalistas e de serem fervorosos críticos do sistema de imigração em França, a economia é o tema que separa Zemmour e Le Pen, com o primeiro a ser mais liberal na luta contra o “Estado obeso” e a segunda a defender um maior intervencionismo e investimento nos serviços públicos.

A União Nacional, partido de Le Pen, tem perdido algumas figuras importantes que passaram para o lado de Zemmour, como Stéphane Ravier, Nicolas Bay e até Marion Maréchal, que é sobrinha da candidata.

https://zap.aeiou.pt/franca-espera-recandidatura-de-macron-463118


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