Um conjunto de bancos russos vão ser excluídos do sistema SWIFT e, dessa forma, “desconectados do sistema financeiro”, anunciou a presidente da Comissão Europeia nesta noite de sábado.
O Japão vai juntar-se aos países ocidentais e bloquear o acesso de alguns bancos russos ao sistema SWIFT. A decisão foi anunciada neste domingo pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
O SWIFT é o principal sistema de comunicação que os bancos utilizam para realizar transações transfronteiriças e movimenta diariamente milhares de milhões de dólares.
As opiniões dividem-se, um pouco, entre os especialistas, sobre o impacto prático desta decisão – alguns temem consequências graves, outros admitem que poderá não ser tão traumático assim (sobretudo tendo em conta as sanções que já tinham sido impostas aos bancos russos).
Mas a importância geopolítica do sistema não é de somenos, tendo em conta que o próprio Kremlin disse em 2019 que veria uma decisão destas como uma “declaração de guerra” por parte do Ocidente.
A Comissão Europeia anunciou que o Ocidente vai “impor medidas restritivas que irão evitar que o banco central russo possa usar as reservas internacionais para tentar contornar o impacto das nossas sanções”.
Reação russa
Entretanto, a Rússia já reagiu às sanções. O banco central da Rússia aumentou a taxa diretora em 10,5 pontos para 20%, anunciou hoje a instituição.
“O conselho de administração do Banco da Rússia decidiu elevar a taxa diretora para 20% por ano”, acrescentou, citado pelas agências de notícias russas.
O banco tomou ainda várias medidas para assegurar a liquidez dos bancos do país afetados pelas sanções ocidentais, incluindo a libertação de reservas de capital acumuladas no valor de 733 mil milhões de rublos (6,2 mil milhões de euros) para empréstimos ao consumo e hipotecários.
Além disso, concedeu aos bancos sancionados a capacidade de tomar uma decisão sobre a não deterioração da avaliação da situação financeira dos clientes quando criam reservas para perdas, se a situação financeira do mutuário piorar após 18 de fevereiro e se for devido ao efeito das sanções.
O Banco da Rússia está também a introduzir uma proibição temporária de corretores que executem transações de venda de títulos em nome de não residentes a partir de hoje.
Perigos de excluir Rússia do SWIFT
Alguns dos maiores bancos norte-americanos alertaram o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre os perigos de expulsar a Rússia do sistema de troca de informação financeira SWIFT, destacando as consequências negativas globais.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que cita fontes financeiras, alguns dos principais bancos dos Estados Unidos da América (EUA), como o JPMorgan Chase e o Citigroup, avisaram o Presidente de que a retirada da Rússia deste sistema financeiro por onde passa a esmagadora maioria das transações bancárias internacionais, transmitindo 42 milhões de mensagens por dia, pode ter implicações contraproducentes.
Entre os efeitos negativos estão um aumento da inflação, a facilitação da aproximação da Rússia à China e o bloqueio de informação no Ocidente sobre as transações financeiras russas, além da possibilidade de encorajar a criação de um sistema alternativo que pode eventualmente prejudicar a supremacia do dólar no sistema financeiro internacional.
Segundo a Bloomberg, o governo norte-americano não descarta essa possibilidade, mas não está seriamente a ponderar tirar a Rússia da SWIFT, uma vez que isso isolaria completamente o país, incluindo as trocas energéticas que são permitidas ao abrigo das sanções atuais, e poderia ter mais ramificações, podendo causar uma crise energética na Europa e ameaçando o rendimento de muitos cidadãos russos.
Os democratas e os republicanos na comissão das Relações Externas do Senado apresentaram duas iniciativas sobre as possíveis sanções, mas a proposta dos republicanos não fala na SWIFT, ao contrário da dos democratas, que autoriza o presidente a usar este sistema como uma das sanções possíveis.
https://zap.aeiou.pt/swift-russia-swift-riscos-464800
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