Vladimir Putin pediu, esta terça-feira, à câmara alta do Parlamento russo, o Conselho da Federação, permissão para usar a força do exército russo fora do território nacional.
O pedido foi feito esta tarde e já foi aprovado. A notícia surge menos de 24 horas depois de Putin ter autorizado a mobilização de tropas nas repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk.
De acordo com o Público, a medida autoriza o Governo russo a enviar contingentes das Forças Armadas para os dois territórios, reconhecidos como Estados independentes por Moscovo desde segunda-feira. A autorização entra imediatamente em vigor e o Governo pode começar a mobilizar tropas.
Apesar disso, o responsável russo Andrei Rudenko disse que a Rússia não prevê por agora deslocar tropas para as repúblicas separatistas, apesar de ter assinado um tratado de assistência mútua com os dois territórios pró-russos.
“Não vamos especular. De momento, não estamos a planear enviar nada para lado nenhum”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo à agência de notícias russa Interfax, quando questionado sobre o envio de uma possível ajuda militar para Donetsk e Lugansk.
Rudenko assinalou que a Rússia pode recorrer ao envio de tropas, com base no tratado de assistência mútua ratificado hoje pelas partes, caso surja uma ameaça contra Donetsk e Lugansk. “Se houver uma ameaça, é claro que forneceremos assistência de acordo com o tratado que foi ratificado.”
Os textos dos acordos bilaterais entre Moscovo e as duas repúblicas separatistas também implicam a proteção conjunta das suas fronteiras com a Rússia e a possibilidade de uso de bases militares e de infraestruturas militares.
Um dos artigos dos tratados estabelece expressamente que, para garantir a segurança, a paz e a estabilidade, cada uma das partes concederá à outra o direito de construir, usar e melhorar as suas infraestruturas militares e bases militares nos respetivos territórios.
As formas de execução deste direito estarão sujeitas a outros acordos separados.
Além disso, as partes poderão tomar as medidas à sua disposição para combater em conjunto “contra atos de agressão de outros países ou grupos de países” e para prestar uma assistência mútua caso seja necessária, incluindo assistência militar.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse esta terça-feira que a Rússia “continua aberta ao diálogo” sobre a crise na Ucrânia. “Mas queremos saber sobre o que vamos dialogar. Se for apenas para humilhar a Rússia e culpá-la de tudo, não haverá diálogo”, afirmou.
“Momento mais perigoso da segurança europeia numa geração”
Também esta tarde, o secretário-geral da NATO descreveu a situação como o “momento mais perigoso na segurança europeia” para uma inteira geração.
“Tudo indica que a Rússia continua a planear um ataque em grande escala à Ucrânia. Continuamos a apelar à Rússia para se afastar. Nunca é tarde de mais para não atacar”, disse Jens Stoltenberg, em conferência de imprensa.
Para Stoltenberg, as ações da Federação Russa são uma “violação flagrante do direito internacional”. A NATO, salvaguardou, vai “continuar a fornecer um forte apoio político à Ucrânia“.
Vladimir Putin reconheceu oficialmente a independência das repúblicas separatistas de Luhansk e Donetsk, a leste da Ucrânia, esta segunda-feira, num discurso ao país no qual o Presidente russo sublinhou que a ideia da existência da Ucrânia foi criada pela Rússia durante a União Soviética.
A declaração foi encarada como provocatória. A mobilização de tropas russas para a “manutenção da paz” nos dois territórios separatistas por parte de Putin teve como reação a imposição de sanções esta terça-feira.
https://zap.aeiou.pt/parlamento-aprova-pedido-de-putin-463986
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